RAINHA-DAS-ERVAS

19/02/2020 23:36

Tanacetum parthenium   (L.) Sch. Bip.

Asteraceae (Compositae)


SinonímiasChrysanthemum parthenium (L.) Bernh., Matricaria parthenium L. (LORENZI; MATOS, 2008), Leucanthemum parthenium (L.) Gren & Godron, Pyrethrum parthenium (L.) Sm. (NEWALL; ANDERSON; PHILLIPSON, 2002), Parthenium matricaria Gueld. (SILVA, 2001.)

Nomes populares: Rainha-das-ervas, artemijo, margaridinha, olguinha, margaridinha-branca, camomila-pequena, macela-da-serra (LORENZI; MATOS, 2008), macela-do-reino, atanásia, atanásia-dos-jardins, artemísia, artemísia-dos-ervanários (NEWALL; ANDERSON; PHILLIPSON, 2002), matricária, erva made, monsenhor-amarelo, piretro-do-cáucaso, altamisa (Espanha, Costa Rica), Santa María (Espanha, México, Chiapas), feverfew (Costa Rica).

Origem ou Habitat: Nativa da região dos Bálcãs, naturalizada na Europa e cultivada na América (ALONSO, 2004). Apresenta comportamento anual no Nordeste do Brasil.

Características botânicas: Erva ereta, comumente perene, com até 50 cm de altura. Folhas pinatipartidas, com folíolos membranáceos. Flores com pequenos capítulos reunidos em corimbos, as externas do capítulo formam um pequeno anel de pétalas brancas em torno das centrais que são amarelas. Toda a planta tem sabor amargo e cheiro característico(LORENZI; MATOS, 2008).

Partes usadas: Folhas e inflorescências.

Uso popular: Uso interno: principalmente para enxaqueca (migrânea) e dores de cabeça, além de neuralgias, febre, dismenorréia, para ajudar na expulsão da placenta após o parto (CHEVALLIER, 1996), mal-estar gástrico, diarréia, reumatismo, câimbra, analgésica, antiinflamatória, vermífuga(LORENZI; MATOS, 2008), problemas de gases, infecções uterinas, calmante (FRANCO; FONTANA, 2004), zumbido, vertigem, odontalgia (NEWALL; ANDERSON; PHILLIPSON, 2002), para aumentar o apetite e melhorar a digestão (MILLS; BONE, 2000). Em todos os casos recomenda-se a infusão de folhas e flores frescas ou secas ou tinturas (LORENZI; MATOS, 2008). A decocção adoçada com mel ou açúcar é utilizada para resfriados, tosse e respiração difícil. A infusão quente era utilizada para remover o mau-humor e a ira, tratar resfriados e doenças febris e “limpar os rins”, enquanto que a infusão fria era considerada excelente como tônica. Evidências empíricas sugerem que seja benéfica na psoríase (MILLS; BONE, 2000).

Na Colômbia, emprega-se a decocção das folhas por via oral para parasitoses.

Na Guatemala e em Martinica utiliza-se a infusão da planta fresca ou seca como sedativa e contra os resfriados, e recomendam a aplicação na forma de cataplasma para tumores e câncer (ALONSO, 2004).

Uso externo: picadas de insetos, aliviar os incômodos do pós-parto (LORENZI; MATOS, 2008), úlceras, feridas, piolhos, lêndeas, para afugentar insetos (FRANCO; FONTANA, 2004) e após intervenções dentárias (bochechos). O extrato desta planta misturado à essência de tomilho é repelente e sua eficácia se prolonga por até 5 horas (SILVA, 2001).

Na Venezuela, extratos da planta toda são aplicados em gotas em casos de otite (ALONSO, 2004)..

Composição química: Óleo essencial (α-pineno, bornil-acetato, L-borneol, angelato, ácido cóstico, cânfora, β- farnesina, canina, 10-epicanina, artecanina, éteres espiroquetalenólicos), lactonas sesquiterpênicas (formadas principalmente pelo partenolídeo e seus derivados, além da crisantemonina em menor concentração), ácidos fenólicos, flavonóides (santina, apigenina e os metilésteres de 6-HO-campferol tanetina e queratagetina), guaianolídeos (crisantemina A e B), princípios amargos, fitosterina, melatonina (folhas), ácido tânico, ácido antêmico, cosmosiina, derivados acetilênicos (raízes). As sementes secas apresentam 22% de proteínas e 31,2% de gordura (ALONSO, 2004.

Ações farmacológicas: De acordo com vários ensaios clínicos duplo-cego controlados por placebo, conclui-se que seu uso está indicado especialmente como preventivo das intercrises de enxaqueca, reduzindo sua freqüência e sua intensidade, por melhorar os sintomas neurovegetativos associados, como náuseas, vertigens ou vômitos¹. Emenagogo (altas doses), antihelmíntico(MILLS; BONE, 2000). In vitro demonstrou atividades antiinflamatória, antimicrobiana, espasmolítica, antitumoral e inibidora da enzima angiotensina II (e então possivelmente hipotensora arterial).

Interações medicamentosas: Potencializa o efeito de drogas anticoagulantes e não deve ser administrada junto a elas; a potência farmacológica diminui quando administrada junto a drogas antiinflamatórias não esteroidais; não deve ser administrada junto a aminoácidos que contenham grupos sulfidrilos como a cisteína e a N-glicina¹. Por conter taninos, pode alterar a absorção de minerais de alimentos e/ou suplementos, como ferro, cálcio, zinco, cobre e magnésio, devendo ser administrada separadamente de vitaminas e minerais (LAVALLE, et al, 2000).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em geral os extratos desta planta são bem tolerados, mesmo que durante longos períodos. Devido ao gosto muito picante e desagradável, pode ocasionar desconforto durante a ingestão da infusão de forma contínua. Um estudo com pacientes em uso da planta por 6 meses, e outro por 10 anos, não demonstraram sinais de toxicidade (SCHULZ; HÄNSEL; TYLER, 2002). Foram descritas algumas dermatites de contato, nódulos pruriginosos e dores abdominais, principalmente por folhas frescas. Apesar de o óleo essencial conter cânfora, seriam necessárias doses extremamente elevadas para provocar estados convulsivos (ALONSO, 2004). Foi descrita uma “síndrome pós-matricária”, incluindo nervosismo, insônia, rigidez articular e dor, que pode ocorrer em algumas pessoas após descontinuar o uso (LAVALLE, et al, 2000).

Contra-indicações: Gravidez, amamentação (pelos princípios amargos), crianças menores de 2 anos (ALONSO, 2004), pessoas em sangramento ativo (LAVALLE, et al, 2000) e pessoas com hipersensibilidade conhecida à Tanacetum parthenium, partenolídeos ou outros membros da família Asteraceae/Compositae não devem fazer uso interno (MILLS; BONE, 2000). Usar com cuidado em pessoas em tratamento anticoagulante ou com histórico de hemorragias, distúrbios hemostáticos ou problemas hemostáticos relacionado à medicamentos. Deve-se interromper o uso pelo menos 15 dias antes de procedimentos odontológicos ou cirúrgicos (LAVALLE, et al, 2000).

Posologia e modo de uso: Infusão de 2 gr. de folhas e flores frescas ou secas em uma xícara, 2 vezes ao dia, antes das refeições (ALONSO, 2004).

Para lavagens locais, gargarejos ou bochechos, prepara-se um chá mais forte com 5-6 folhas e/ou flores(5).

Há propostas de preparações deverem conter de 0,2% a o,8 % de partenolídeo , apesar de não ser clara a participação desde composto na profilaxia da enxaqueca.

Observações: Apesar de não haver trabalhos evidenciando efeitos uterotônicos em animais, há uma vasta tradição cultural de seu emprego como estimulante uterino para promover a menstruação (ALONSO, 2004). Estudos clínicos sugerem que o tratamento para enxaqueca deve durar de 4-6 meses para se alcançar efeitos benéficos.

Recomenda-se que a dosagem seja reduzida gradualmente durante um mês quando do término do tratamento (MILLS; BONE, 2000), a interrupção abrupta pode aumentar a freqüência das enxaquecas (LAVALLE et al, 2000).

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 739-743.

CHEVALLIER, A. The Encyclopedia of Medicinal Plants. London: Dorling Kindersley, 1996. p. 139-309.

FRANCO, I. J.; FONTANA, V. L. Ervas e Plantas: A Medicina dos Simples. 9 ed. Erexim,RS: Livraria Vida, 2004. p. 125.

LAVALLE, J. B. et al. Natural Therapeutics Pocket Guide. Hudson, OH: Lexi-comp; Cincinnati, OH: Natural Health Resources, 2000. p. 432-433.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. p. 161.

MILLS, S.; BONE, K. Principles and Practice of Phytotherapy:Modern Herbal Medicine. [S. I.]: Churchill Livingstone, 2000. p. 385-391.

NEWALL, C. A.; ANDERSON, L. A.; PHILLIPSON, J. D. Plantas Medicinais: Guia Para Profissional de Saúde [Herbal Medicines]. Trad. De Mirtes F. de Oliveira Pinheiro. São Paulo: Premier, 2002.

  1. 191-193.

SILVA, R. C. Plantas Medicinais na Saúde Bucal. Vitória: Artgraf, 2001. p. 31.

SCHULZ, V.; HÄNSEL, R.; TYLER, V. E. Fitoterapia racional: um guia de fitoterapia para as ciências da saúde. 4. ed. Barueri, SP: Manole Ltda, 2002.

http://www.tropicos.org/Name/2701375 – acessado em: 12 de junho de 2012.

Tags: AnalgésicoAnti-inflamatórioCãibraCalmanteCefaléiaDiarreiasDismenorreiaEnxaquecaFebreFlatulênciaResfriadoReumatismoTosse

QUEBRA-PEDRA

18/02/2020 22:43

Phyllanthus niruri   L.

Phyllanthaceae (ex Euphorbiaceae)


SinonímiasPhyllanthus asperulatus Hutch, Phyllanthus filiformis Pav. ex baill, Phyllanthus lathyroides Kunth, Phyllanthus niruri var. genuinus Müll. Arg.

Nomes populares: Erva-pombinha, erva-de-bombinha, arrebenta-pedra e erva-de-quebrante.

Origem ou Habitat: América.

Características botânicas: Phyllanthus ninuri é uma erva ereta com até 50 cm de altura, caule muito fino, folhas dísticas, oblongas, curto-pecioladas e base assimétrica, com até 1 cm de comprimento, cuja disposição nos râmulos faz lembrar folhas compostas pinadas, com estípulas avermelhadas. Flores unissexuais, pequenas, amarelas ou esverdeadas, dispostas na parte inferior dos ramos. Fruto capsular medindo até 1 mm de diâmetro.

Euphorbia prostata é uma erva rasteira, pilosa, latescente, de talos rosados, folhas de 0,2-1,1 cm de comprimento e 0,5 cm de largura, simples, largo-elípticas até abovadas ou ovadas, assimétricas na base, membranosas, alternas. Inflorescência tipo ciátio isolado, saindo do caule e ramos laterais, de até 0,1 cm de diâmetro. Fruto tipo cápsula, de cerca de 0,1 cm de diâmetro.

Partes usadas: Toda a planta, folhas, frutos, sementes e raízes.

Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha as partes aéreas ou a planta toda são empregadas na forma de infuso ou decocto para o tratamento de pedras nos rins e como diurético ,dor nas costas.

Segundo a literatura o decocto da planta inteira é empregado contra febres palúdicas e hidropsia (acúmulo de serosidades em qualquer parte do corpo) (CUELLAR & ESTEVEZ, 1980). WENIGER & ROBINEAU (1988) citam o uso da planta inteira como depurativo, diurético, antidiabético e como febrífugo. A raiz de quebra-pedra é usada para curar a icterícia, quando raspada e moída com leite (CUELLAR & ESTEVEZ, 1980) ou como decocção com xarope de raspas de laranja (LUTZEMBERGER, 1985). Nas afecções hepáticas são usadas em chás caseiros tanto as raízes, quanto as folhas (SOUZA et al., 1991). As últimas também têm sido empregadas como tônico, antidiabético e para combater as cólicas renais e da bexiga proveniente de cálculos (CUELLAR & ESTEVEZ, 1980). O suco dos frutos é administrado nos casos de glicosúria (LUTZEMBERG, 1985.

Composição química: As partes aéreas de Phyllanthus niruri apresentam lignanas, alcalóides, triterpenos e flavonóides. A semente possui óleo fixo, contendo ácido linolênico, compostos flavônicos, triterpenóides derivados do lupeol e esteróides (GUPTA et al., 1984; SYAMASUNDAR et al.,1985; JOSHI et al.,1986; HNATYSZYN et al., 1987; NEGI & FAKHIR, 1988; TEMPESTA et al., 1988; SINGH et al., 1989; HUANG et al., 1992.

Alcalóides: nor‐securinina, securinina, filocrisina e filantina.

Flavonóides: Quercetina, quercetol, quercitrina , rutina, catequina, gallocatequina, niruriflavona, cianidina, antocianidina, astragalina, dentre outros.

Lignanas: Nirtetralina, hipofilantina, lintetralina, dentre outros.

Ácidos fenólicos: Salicilato de metila, ácido protocatecuico, ácido salicílico, dentre outros.

Taninos: Ácido gálico, corilagina, ácido elágico, elagitanina, dentre outros.

Terpenos: Limoneno, p-Cimeno e lupeol

Ácidos fenólicos: Ácido 1-cafeoil-5-feruloilquinico , ácido 4-sinapoilquinico , ácido 5 -p-coumaroilquinico, dentre outros. -Furanocumarinas: Isopimpinelina (Toxico)

Saponinas: Diosgenin, nirurisideo e β-glucogalina.

Ações farmacológicas: A ação antiespasmódica de extratos de Phyllanthus niruri pode estar relacionada aos alcalóides ou flavonóides presentes (CALIXTO et al., 1984; SOUSA et al., 1991). Estudos clínicos realizados com o chá de quebra-pedra permitiram concluir a respeito do seu efeito benéfico no tratamento de litíase, facilitando a eliminação de cálculos já formados. Além disso, houve um retardo no crescimento de cálculos vesicais a nível experimental em ratos. O uso por 3 meses não causou efeito tóxico crônico, assim como não provocou modificações no volume urinário ou nos parâmetros bioquímicos do sangue e urina analisados (SANTOS, 1990). Os extratos hidroalcoólicos de Phyllanthus niruri, P. tenellus, P. urinaria e P. corcovadensis mostraram potente ação antinoceptiva em vários modelos experimentais (GORSKI et al., 1993; SANTOS et al., 1995). Alguns compostos acíclicos (SINGH et al., 1989) e um efeito protetor de extratos aquosos contra substâncias citotóxicas (DHIR et al., 1990). Para extratos de Phyllanthus niruri e Phyllanthus amarus tem sido relatado um efeito benéfico no tratamento de hepatite B; entretanto, os resultados de vários experimentos realizados para demonstrar esta atividade, são conflitantes (VENKATESWARAN et al., 1987; MEHROTRA et al., 1990; THAMLIKITKUL et al., 1991; YEH et al., 1993; DOSHI et al., 1994; BLUMBERG et al., 1989; LEELARASAMEE et al., 1990; THYAGARAJAN et al., 1988; NIU et al., 1990). O extrato aquoso de P. niruri inibiu a transcriptase reversa do vírus tipo-1 da síndrome da imunodeficiência humana “HIV-1-RT” (OGATA et al., 1992).

O tratamento da hepatite B com quebra-pedra foi patenteado por uma empresa norte-americana, sendo que este efeito é obtido com cápsulas gastroresistentes, uma vez que as substâncias com atividade antiviral são degradadas no estômago (MATOS, 1994)..

Interações medicamentosas: não são relatadas e não há estudos.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Planta bem tolerada nas doses usuais, em altas doses pode causar diarréia, diurese acentuada e hipotensão.(ALONSO,2004).

Contra-indicações: A espécie Phyllanthus niruri deve ser evitada na gestação e lactação(ALONSO,2004); por precaução, as outras espécies de Phyllanthus também devem ser evitadas.

Posologia e modo de uso: Preparar o abafado com uma colher de sobremesa para 1 xícara de água quente , verter a água sobre a planta rasurada, cobrir por 10 minutos, coar e tomar 1 xícara 3x ao dia por 3 semanas.

Observações: Além da espécie Phyllanthus niruri outras espécies são utilizadas como por exemplo a Phyllanthus sellowianus Mull. Arg., Phyllanthus urinaria L., Phyllanthus tenellus Roxb. e uma planta de outro gênero da família Euphorbiaceae –Euphorbia prostata Aiton – são igualmente utilizadas como quebra-pedra.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BAGALKOTKAR, G. et al. Phytochemicals fromPhyllanthus niruriLinn. and their pharmacological properties: a review. Journal Of Pharmacy And Pharmacology, [s.l.], v. 58, n. 12, p.1559-1570, dez. 2006. Wiley.

CALIXTO, J.B. et al Antispasmodic effects of an alkaloid extracted from Phyllanthus sellowianus: a comparative study with papaverine. Bras. J. Med. Biol. Res., [S.I], v. 17, p. 313-21, 1984

CUELLAR, A.C.; ESTEVEZ, P.F. Estúdio fitoquímico preliminar de plantas cubanas. V. Phyllanthus niruri, Euphorbiaceae. Rev. Cub. Farm., v. 14, n. 1, p. 63-68, 1980.

DHIR, H. et al. Protection afforded by aquous extracts of Phyllanthus species against cytotoxicity induced by lead and aluminium salts. Phytotherapy Res., v. 4, n. 5, p. 6-172, 1990.

GORSKI, F. Potent antinociceptive activity of a hydroalcoholic extract of Phyllanthus corcovadensis. J. Pharm. Pharmacol., v. 45, p. 9-1046, 1993.

GUPTA, D.R.; AHMAED, B. Nirurin: a new prenylated flavanone glycoside from Phyllanthus niruri. J. Nat Prod., v. 47, n. 6, p. 63-958, 1984.

GUPTA, Mahabir P. (ed.). 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas. Santafé de Bogotá, D. C. – Colômbia: CYTED-SECAB, 1995.

HUANG, Y.L; CHEN, C.C.; OU, J.C. Isolintetralin: a new lignan from Phyffanthus niruri. Planta Med., v.58, p.473, 1992.

JOSHI. B.; GAWAD, D.H.; PELLETIER, S.W.; KARTHA, G.; BHANDARY, K. Isolation and structure (X-ray analysis) of ent-norsecurinine, an alkaloid from Phyllanthus rerun. J. Nat Prod., v.49, n.4, p. 614-20, 1986.

LEELARASAMEE, A.; TRAKULSOMBOON, S.; MAUNWONGYATHI, P.; SOMANABANDHU, A.; PIDETCHA, P.; MATRAKOOL, B.; LEBNAK, T.; RIDTHIMAT, W.;

CHANDANAYINGYONG, D. Failure of Phyllanthus amarus to eradicate hepatitis B surface antigen from symptomless earners. Lancet, v.335, n.8705, p. 1600-1, 1990.

LUTZENBERGER, L. Revisão da nomenclatura e observações sobre as angiospermas citadas na obra de Manuel Cypriano D’Ávila: “Da flora medicinal do Rio Grande do Sul”. Porto Alegre: Faculdade de Biologia da UFRGS, 1985.

LUTZENBERGER, L. Revisão da nomenclatura e observações sobre as angiospermas citadas na obra de Manuel Cypriano D’Ávila: “Da flora medicinal do Rio Grande do Sul”. Porto Alegre: Faculdade de Biologia da UFRGS, 1985. Dissertação de Bacharelado em Ciências Biológicas, ênfase em Botânica.

MATOS, F.J.A. Farmácias Vivas – Sistemas de Utilização de Plantas Medicinais Projetado para Pequenas Comunidades. Fortaleza: EUFC, 1994.

NEGI, R.S. & FAKHIR, T.M. Simplexine (14-hydroxy-4-methoxy-13,14-dihydronorsecurinine): an alkaloid from Phyilanthus simplex. Phytochemistry, v.27, n.9, p.3027-8,1988.

OGATA, T.; HIGUCHI, H.; MOCHIDA, S.; MATSUMOTO, H.; KATO, Α.; ENDO. T.; KAJI, Α.; KAJI, H. HIV-1 reverse transcriptase inhibitor from Phyilanthus niruri. AIDS Res. Hum. Retroviruses, v.8, η.11, p.1937-44, 1992.

QI, Weiyan; HUA, Lei; GAO, Kun. Chemical Constituents of the Plants from the Genus Phyllanthus. Chemistry & Biodiversity, [s.l.], v. 11, n. 3, p.364-395, mar. 2014.

SANTOS, D.R. Chá de quebra-pedra (Phyllanthus niruri) na litíase urinária em humanos e em ratos. Tese. Curso de Pós-Graduação em Nefrologia. Escola Paulista de Medicina. Doutorado. São Paulo. 1990.

SINGH et al., 1989)

SOUSA, M. P.; MATOS, M. E. O.; MATOS, F. J. A.; MACHADO, M. L. L; CRAVEIRO, A. A. Constituintes químicos ativos de plantas medicinais brasileiras. Fortaleza: EUFC, 1991.

SYAMASUNDAR, K.V.; SINGH, B.; THAKUR, R.S.; HUSAIN, Α.; KISO, Υ.; HIKINO. H. Antihepatotoxic principles of Phyilanthus nirvri herbs. J. of Ethnopharmacology, V.14, p.41-4, 1985.

VENKATESWARAN et al., 1987; MEHROTRA et al., 1990; THAMLIKITKUL et al., 1991; YEH et al., 1993; DOSHI et al., 1994; BLUMBERG et al., 1989;

LEELARASAMEE et al., 1990; THYAGARAJAN et al., 1988; NIU et al., 1990).

VENKATESWARAN, P.S.; MILLMAN, I.; BLUMBERG, B.S. Effects of an extract from Phyilanthus niruri on hepatitis Β and woodchuck hepatitis viruses: in vitro and in vìvo studies. Proc. Nati. Acad. Sci. USA., v.84, n.1, p.274-8. 1987.

KAUR, Navneet; KAUR, Baljinder; SIRHINDI, Geetika. Phytochemistry and Pharmacology of Phyllanthus niruri L.: A Review. Phytotherapy Research, [s.l.], v. 31, n. 7, p.980-1004, 17 maio 2017.

WENIGER & ROBINEAU 1988.

Tags: CólicaDepurativoDiuréticoFebreFebrífugaTônico

PITANGUEIRA

18/02/2020 22:21

Eugenia uniflora  L.

Myrtaceae


SinonímiasEugenia brasiliana (L.)Aubl., Plinia rubra L., Plinia pedunculata L.f., Plinia tetrapetala L., Myrtus brasiliana L.

Nomes populares: Pitangueira-vermelha, pitanga, pitanga-vermelha, ibipitanga, pitangatuba, pitangueira-de-jardim, pitangueira-do-campo.

Origem ou Habitat: É nativa do Brasil.

Características botânicas: Arbusto ou arvoreta medindo de 4-10 m de altura, de tronco tortuoso e liso, de cor pardo-clara, ramificado, copa estreita. Folhas simples, opostas, oval-lanceoladas, medindo até 7 cm de comprimento e 3 cm de largura, curto-pecioladas, glabras, brilhantes, as folhas jovens são avermelhadas. Flores brancas, hermafroditas, diclamídeas, tetrâmeras, actinomorfas, pétalas delicadas, caindo facilmente com a brisa. Frutos tipo drupa, globosos e sulcados, brilhantes, de cor vermelha, amarela-alaranjada ou preta, com polpa carnosa e agridoce, contendo uma ou duas sementes. As raízes rebrotam sob a árvore.

No Cerrado ocorre a espécie Eugenia pitanga (O.Berg)Kiaersk., de porte menor, até 1 metro de altura, com frutos e usos semelhantes.

Partes usadas: Folhas e frutos.

Uso popular: As folhas são usadas na forma de chás e banhos para tratamento de febres intermitentes, o chá contra diarreias persistentes, contra afecções do fígado, em gargarejos nas afecções da garganta e contra o reumatismo e gota. É tido popularmente como estimulante e excitante.

Os frutos são comestíveis, ao natural ou na forma de polpa para sucos e geleias. No Nordeste popularizou-se na forma de sorvete, picolé, refrescos, geleias, licor e vinho.

Na Argentina e Uruguai é utilizada para combater a hipertensão arterial.

No Paraguai é utilizada como eupéptica, aromática, hipolipemiante e hipoglicemiante.

Composição química: Frutos: vitaminas A, complexo B, C e os minerais cálcio, ferro e fósforo, ácidos cítrico e oxálico, pectinas e licopeno, óleo essencial composto por furanoelemeno, germacreno, gama-elemeno, selinadieno e oxidoselina. Contém ainda fibras insolúveis. A pitanga roxa apresenta consideráveis teores de fenólicos e carotenóides – as antocianinas e os flavonóis – com propriedades antioxidantes.

Folhas: ácidos gálicos, sitosterol, triterpenos, compostos fenólicos, flavonóides, triterpenóides, óleo essencial contendo limoneno, cineol, cânfora, compostos sesquiterpênicos, citronelol e geraneol.

Em folhas de pitangueira (Eugenia uniflora) coletadas no leste do Paraguai, foi assinalada a incidência dos flavonóides quercetina e miricetina, taninos macrocíclicos hidrolisáveis, obtidos do extrato metanólico das folhas.

Os compostos fenólicos foram investigados por vários autores, como eugeniflorinas D1 e D2, derivados da pentahidroxiindolizidina, as quais são atribuídas propriedades antidiabéticas.

Ações farmacológicas: Possui ação antioxidante, antibacteriana, antifúngica, anti-inflamatória, antidiarreica, analgésica, levemente calmante, efeito vasodilatador e redutor de batimentos cardíacos, possui ação inibitória sobre as enzimas a-glicosidase, maltase e sucrase. Apresenta atividade vaso-relaxante e hipoglicemiante.

Os frutos apresentam fibras insolúveis que auxiliam a função do trato intestinal.

Contra-indicações: É contra-indicada em pacientes com arritmias cardíacas.

Observações: Outros usos:

Corante – as antocianinas são pigmentos naturais e podem ser utilizadas como corante de alimentos.

Cosmético – as folhas de pitanga tem emprego na indústria cosmética do país, para extração do óleo essencial, que são usados na composição de xampu, sabonetes, cremes para a pele e o cabelo.

No Brasil, várias Myrtaceae possuem valor alimentício, como os gêneros Psydium (goiaba, araçá), Plinia (jabuticaba), Eugenia (pitanga, cereja-nacional, jambo e Cambuci); os gêneros Pimenta (pimenta) e Syzygium (cravo-da-índia) destacam-se como condimentos.

Referências: 

Espécies nativas da flora brasileira – plantas para o futuro,Região Sul,/ Lídio Coradin et al. Brasília, MMA, 2011.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

CORRÊA, M. P.. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas (1926-1978) (6 v.). Rio de Janeiro: IBDF, 1984.

SIMÕES, C. M. O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986.

Sobral, M., Proença, C., Souza, M., Mazine, F., Lucas, E. 2012. Myrtaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB010560).- acesso em 04 de outubro de 2012.

http://www.tropicos.org/Name/22101634 – acesso em 04 de outubro de 2012.

Tags: ComestívelDiarreiasEstimulanteEupépticaFebreHipoglicemianteHipolipemianteReumatismo

PERIQUITO

18/02/2020 22:05

Alternanthera ficoidea   (L.) P. Beauv.

Amaranthaceae


SinonímiasGomphrena ficoidea L., Achyranthes boliviana (Rusby) Standl., Alternanthera boliviana Rusby, Alternanthera paronychioides A. St.-Hil., Alternanthera paronychioides var. amazonica Huber, Alternanthera paronychioides var. boliviana (Rusby) Pedersen.

Nomes populares: Periquito, periquitinho, anador, periquito-ameno, apaga-fogo.

Origem ou Habitat: América do Sul.

Partes usadas: Partes aéreas (folhas, ramos e inflorescência).

Uso popular: Dor-de-cabeça, gripes e resfriados, febre.

O periquito é uma planta excelente para a topiaria (arte de adornar os jardins conferindo a grupos de plantas, por meio de podas e cortes, configurações diversas)

Ações farmacológicas: Possui atividade antiviral contra alguns vírus.

Referências: 

http://www.cabdirect.org/abstracts/19922270997/ Acesso 16 Maio 2016.

http://www.jardineiro.net/plantas/periquito-alternanthera-ficoidea.html/ Acesso 16 Maio 2016.

http://www.tropicos.org/Name/1101347 Acesso 12 Maio 2016.

Tags: CefaléiaFebreGripeResfriado

NONI

17/02/2020 22:09

Morinda citrifolia  L.

Rubiaceae 


SinonímiasMorinda asperula Standl., Morinda bracteata Roxb.,Morinda nodosa Buch.-Ham., Morinda tinctoria Noronha.

Nomes populares: Noni, cheesefruit, indian mulberry, yema de huevo.

Origem ou Habitat: O gênero Morinda compreende 50-80 espécies de plantas localizados na faixa tropical da África, Austrália e Ásia. O noni é nativo da Ásia (faixa costeira de Índia, Sri Lanka e sudeste do continente), Ilhas do Oceano Pacífico (Polinésia, Hawaii) e Austrália.

Características botânicas: Trata-se de uma pequena árvore que mede até 8 metros de altura; folhas oblongo-ovadas de 10-30 cm de comprimento, com ápice agudo e a base arredondada; flores brancas perfumadas, dispostas em cabeças globosas ou ovais, corola tubular de aproximadamente 10 mm; fruto tipo sincarpo; isto é, conjunto de frutos soldados entre si e procedentes de flores distintas; branco-cremoso, de forma oval, medindo de 5-7 cm de comprimento.

Partes usadas: Folhas, fruto e raiz.

Uso popular: As folhas, na forma de chá por infusão, é recomendado em casos de náuseas, febre, tosse, diarreia, disenteria, cefaleia, verminose, dismenorreia, arteriosclerose e fadiga em geral.

Na Thailandia, além destas recomendações, é utilizada para tratar hipertensão arterial, alergias e afecções da boca.

Na Malásia é indicada a decocção das folhas para tratar diabetes. Esta mesma decocção é indicada para uso externo em casos de feridas, sarnas, psoríase e úlceras cutâneas.

A decocção da raiz é empregada como anti-hipertensivo, anti-febril e como laxante. Em aplicações externas para dores reumáticas e gota.

O fruto é considerado estomacal, laxante, emenagogo, efetivo em metrorragias (sangramento uterino), leucorreia, diabetes e asma. Quando cozido é indicado para disenteria.

No Hawaii e Tahiti o suco do fruto é recomendado como anticancerígeno. (Alonso, 2004).

Composição química: Alcalóide Proxeronina, (no organismo é convertida em xeronina), lignanos, b-sitosterol, ácido ursólico, iridóides (citrifolinosídeo A, asperulosídeo, ácido asperulosídico, flavonóides (rutina), vitamina C, vitamina B1 (tiamina), vitamina B2 (riboflavina), beta-carotenos, escopoletina, sais minerais (cálcio, ferro, magnésio, fósforo, potássio), antraquinonas (damnacanthal, L-asperuloside, alizarina), corante morindina, selênio,(raiz).

Ações farmacológicas: Dentre as amplas propriedades apregoadas ao fruto, destacam-se: propriedade analgésica, antioxidante, anti-inflamatória, hipo-tensora arterial e anticancerígena. O bioquímico Ralph Heinicke dedicou muitos anos de sua vida na investigação da fruta noni, e em 1985, descobriu a proxeronina, a qual contribuiu para explicar as propriedades do fruto, que é tido como um regulador do metabolismo e das funções biológicas

Interações medicamentosas: Recomenda-se não administrar extratos de noni em pacientes que estão em tratamento com drogas anti-hipertensivas ou diuréticas, pela possibilidade de aumentar os efeitos.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Foram realizados estudos somente em animais e todos eles indicaram baixa toxicidade dos extratos de noni. (Alonso, 2004)

há relatos de hepatotoxicidade(Simões, 2017.

Contra-indicações: Não administrar suco ou extrato de noni durante a gestação, principalmente no último mês, devido aos efeitos relaxantes do tono muscular uterino.

Não administrar suco de noni em pacientes com insuficiência renal crônica devido ao alto conteúdo de potássio.

Posologia e modo de uso: Decocção: 2 colheres (chá) de raízes picadas para cada xícara de água. Tomar 2-3 xícaras diárias.

Suco do fruto: tomar 100 ml ao dia, divididos em duas partes, antes das refeições.

Observações: Existe uma planta chamada Morinda officinalis F.C. How, conhecida na China como “ba ji tian” e segundo a MTC, possui as propriedades picante, doce e amornante, usada para tonificar o rim e reforçar o yang, além de reforçar ossos e articulações, aquecer o útero e promover a fertilidade. A parte utilizada é a raiz. É contra-indicada em pacientes com dificuldade para urinar. É uma erva adstringente, e pode reter a urina; também é ressecante, e pode ressecar as fezes, agravando os casos de constipação. Muitas vezes é usada em associação com outras plantas.(BOTSARIS, 1995).

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BOTSARIS, A. S. FITOTERAPIA CHINESA E PLANTAS BRASILEIRAS. São Paulo, SP, Ícone Editora Ltda, 1995. pgs 440-441

farmacognosia:do produto natural ao medicamento?organizadores,Claúdia Maria Oliveira Simões …(et. al.).-,Porto Alegre : Artmed, 2017.

http://www.botanical-online.com/noni_propiedades_medicinales.htm – acesso em 23 de janeiro de 2013.

http://www.epharmacognosy.com/2012/06/morinda-root-bajitian-morinda.html – acesso em 05 de fevereiro de 2013.

http://www.tropicos.org/Name/27900127 – acesso em 23 de janeiro de 2013.

Tags: AlergiaCefaléiaDiarreiasDisenteriaEmenagogoFebreFeridasHipertensãoLaxanteNáuseaSarnaTosseVerminoses

MIL FOLHAS

17/02/2020 21:50

Achillea millefolium  L.

Asteraceae (Compositae)


SinonímiasChamaemelum millefolium (L.) E.H.L. Krause.

Nomes populares: Mil-folhas, aquiléia, atroveran, erva-de-carpinteiro, erva-de-cortaduras, erva-dos-carreteiros, milefólio, mil-em-rama, mil-folhada, nariz-sangrento, novalgina, pronto-alívio, erva-dos-militares,erva-dos-golpes, erva-dos-soldados, erva-de-cortaduras, erva-do-bom-deus, prazer-das-damas.

Origem ou Habitat: Nativa da Europa e amplamente cultivada em hortas domésticas em quase todo o Brasil.

Características botânicas: Herbácea perene, rizomatosa, ereta, aromática, entouceirada, de 30-50 cm de altura. Folhas compostas finamente pinadas, de 5-8 cm de comprimento. Flores brancas, em capítulos reunidos em uma panícula terminal. Existem variedades cultivadas com fins ornamentais com capítulos de cores variadas. Multiplica-se por estacas e por divisão de touceira.

Partes usadas: Folhas e flores.

Uso popular: Uso interno: infecção das vias respiratórias superiores, indisposição, astenia, flatulência, dispepsia, estimulante das funções digestivas, cálculos renais, dores reumáticas, como auxiliar no tratamento de gota, cólicas menstruais e renais, falta de apetite, náuseas, vômitos, discinesia hepatobiliar , colecistite, flebites, ajuda a regular o ciclo menstrual, reduz sangramento menstrual excessivo, diarréia, disenteria, febres, hipertensão, amenorréia, enurese noturna de criança, hemorragias internas e externas (uterina, pulmonar, hemorróidas, feridas, úlceras, queimaduras e varizes), dores de estômago e de dente, como antiinflamatória para bexiga, incontinência urinária, rins e intestinos, é benéfica na febre do feno, melhora a circulação venosa e tonifica veias varicosas, e associada a outras ervas ajuda na recuperação de gripes e resfriados. Desde muito tempo é utilizada na fabricação de bebidas amargas.

Uso externo: hemorróidas, prostatite, fissuras anais, contusões, dores musculares, doenças de pele, feridas, úlceras dérmicas, queimaduras, inflamações ginecológicas, eczemas, cãibras, como auxiliar no tratamento da psoríase, como suavizante e antipruriginoso em afecções dermatológicas, em condições espasmódicas dolorosas do baixo ventre(na forma de banhos de assento). É utilizada há séculos na cura de feridas.

Informações científicas: 👥 (HU*): Estudos sobre a eficácia de preparações com as partes aéreas da A. millefolium demonstraram redução dos efeitos colaterais provocados pela quimioterapia, como: náusea e vômito, estomatite e mucosite (Miranzadeh et al., 2014, 2015; Sheikhi et al., 2015).

🐁 (AN*): Preparações com as folhas e flores da planta, em animais, demonstraram efeito gastroprotetor, principalmente na redução de úlceras gástricas (Cavalcanti et al., 2006; Potrich et al., 2010). Também em animais foi reconhecido que seu uso provoca alívio em sintomas relacionados à dispepsia (Ali; Gopalakrishnan; Venkatesalu, 2017; Baggio et al., 2008; Borreli et al., 2012).

*HU: Estudos clínicos realizados em humanos; AN: estudos pré-clínicos realizados em animais.

Observação do uso clínico em Florianópolis: : A utilização da infusão preparada com as folhas da mil-folhas tem boa resposta em sintomas de gripes e resfriados. A espécie também pode ser utilizada em distúrbios menstruais e sintomas da TPM, associada à erva-cidreira (Melissa officinalis) e à alfavaca-anisada (Ocimum selloi).

Cuidados no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas, o seu uso concomitantemente a outros medicamentos deve ser cauteloso. Evitar o uso interno na gestação, lactação e em crianças menores de 12 anos. Não deve ser utilizada por indivíduos portadores de úlceras gastroduodenais ou oclusão das vias biliares. O uso acima das doses recomendadas pode causar cefaleia, tontura e inflamação. O uso prolongado pode provocar reações alérgicas (ANVISA, 2011, 2018). A tintura da planta não deve ser usada em gestantes, lactantes, alcoolistas e diabéticos, em função do teor alcoólico na formulação.

Posologia e modo de uso

Uso interno: 1 colher de sobremesa das folhas secas ou 10 cm de 1 folha fresca rasurada para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Para aliviar sintomas da TPM: infusão com 1 xícara de água fervente com 5 folhas de Ocimum selloi + 10cm de uma folha de Achillea millefolium + 5 folhas frescas de Melissa officinalis. Ter cautela no uso deste composto concomitantemente a ansiolíticos e medicamentos para tireoide.

Tintura: Utilizar 20 gramas das partes aéreas secas para 100 ml de álcool etílico 45% e armazenar em vidro escuro protegido da umidade e da luz. Tomar 5 ml da tintura, três vezes ao dia, entre as refeições ou tomar 2 a 4 ml, diluídos em meio copo com água, três a quatro vezes ao dia. A indicação dessa tintura é como auxiliar no alívio dos sintomas dispépticos, flatulência, inflamação, como colerético e antiespasmódico (ANVISA, 2018).

Observações: Planta de sabor amargo.

Composição química: Óleo essencial: borneol, acetato de bornila (oligoelemento), cânfora, 1,8-cineol, cineol, limoneno, sabineno, termineno-4-ol, terpineol e α-tujona (monoterpenos), cariofileno (sesquiterpeno), aquilicina, aquilina, milefina e milefolídeo (lactonas sesquiterpênicas), azuleno e camazuleno (derivados de lactonas sesquiterpênicas) e isoartemísia cetônica; taninos: condensados e hidrolisáveis, sendo que a glicose é o componente de carboidrato destes últimos; flavonóides: predominantemente glicosídeos de flavona apigenina- e luteolina-7-glicosídeos, além de artemetina, casticina, 5-hidroxi-3,6,7,4’-tetrametoxiflavona,, isoramnetina, rutina (glicosídeo de flavonol); alcalóides/bases: betonicina e estaquidrina (pirrolidínica), trigonelina (piridínica), betaína e colina (bases), e entre os alcalóides não caracterizados estão aquiceína, aquileína (possível sinônimo para L-betonicina), que produz aquiletina sob hidrólise alcalina, e moscatina/mosquatina, um glicoalcalóide mal definido; ácidos: aminoácidos (como alanina, ácido aspártico, ácido glutâmico, histidina, leucina, lisina, prolina e valina), ácidos graxos (como linoléico, mirístico, oléico, palmítico e esteárico), ácidos ascórbico, caféico, fólico, salicílico e succínico; outros componentes: composto cianogênico desconhecido, açúcares (como arabinose, galactose, dextrose, dulcitol, glicose, inositol, maltose e sacarose),resinas, cumarinas, saponinas, esteróides, ácido tânico.

  • Fenólicos: Luteolina 7-O-glicosídeo, apigenina 7-O-glicosídeo e ácido cafeico glicosídeo1; ácido 1,3-dicafeoilquínico, ácido 1,4-dicafeoilquínico, ácido cafeico, etc. (17 compostos)2; ácido salicílico e coniferina3;
  • Flavonoides: 5-Hidroxi-3,6,7,4′-tetrametoxiflavona, artemetina e casticina1, resveratrol, morina, miricetina, etc (54 compostos)2, apigenina, artemetina e luteolina-7-O-β-D-glicuronídeo3;
  • Guaianolídeos: Leucodina, 8α-angeloxi-leucodina, aquilina, 8α-angeloxi-aquilina e desacetilmatricarina1;
  • Monoterpenoides: Monoterpenos hidrocarbonetos [cis-crisantenol, α-pineno, β-pineno, etc (11 compostos)]2 e monoterpenos oxigenados [cânfora, borneol, acetato de bornila, etc (19 compostos)]2;
  • Sesquiterpenoides: Lactonas sesquiterpênicas (aquilinina A2, aquilinina B e aquilinina C1); sesquiterpeno oxigenado (viridiflorol)2; sesquiterpenos hidrocarbonetos (E)-β-cariofileno, β-cubebeno, germacreno-D)2; proazulenos (camazuleno2,3 e azuleno3), etc (mais de 30 compostos)2;
  • Triterpenos e esteróis: α-Amirina, β-amirina, taraxasterol, etc (8 compostos)2.

Referências: 

1. BLUMENTHAL, M. (ed.). The Complete German Comission E Monographs. Therapeutic Guide to Herbal Medicines. Austin, Texas: American Botanical Council, 1998. Pp. 233-234.

2. BRUNETON, Jean. Farmacognosia. Fitoquímica. Plantas Medicinales. Trad. Á. V. del Fresno; E. C. Accame; M. R. Lizabe. 2. ed. Zaragoza, Espanha: Acribia, 2001. Pp. 333-336.

3. CHEVALLIER, Andrew. The Encyclopedia of Medicinal Plants. London: Dorling Kindersley, 1996. Pp. 54.

4. CORRÊA, Anderson Domingues; SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo; QUINTAS, Luiz Eduardo M. 2 ed. Plantas Medicinais: do cultivo à terapêutica. Petrópolis/RJ: Vozes, 1999. Pp. 164.

5. CUNHA, A. Proença da; SILVA, Alda Pereira da; ROQUE, Odete Rodrigues. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. Pp. 474-475.

6. CUNHA, A. Proença da et al. Plantas e Produtos Vegetais em Cosmética e Dermatologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004. Pp. 203-204.

7. DRESCHER, Lírio (coord.). Herbanário da Terra – Plantas e Receitas. Laranja da Terra-ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001. Pp. 92.

8. FERRO, Degmar. Fitoterapia: Conceitos Clínicos. São Paulo: Atheneu, 2008. Pp. 201.

9. FRANCO, Ivacir João; FONTANA, Vilson Luiz. Ervas e Plantas: A Medicina dos Simples. 9 ed. Erexim-RS: Livraria Vida, 2004. Pp. 156.

10. LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. Pp. 109-110.

11. NEWALL, Carol A.; ANDERSON, Linda A.; PHILLIPSON, J. David. Plantas Medicinais. Guia Para Profissional de Saúde [Herbal Medicines]. Trad. De Mirtes F. de Oliveira Pinheiro. São Paulo: Premier, 2002. Pp. 194-196.

12. www.tropicos.org – acesso em 18 de maio de 2011.

13. SHEIKHI, M. A., et al., Alternative Methods to Treat Nausea and Vomiting from Cancer Chemotherapy. Chemotherapy Research and Practice v.1, p. 1-6. 2015. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4655029/>.

14. MIRANZADEH S., et al., A New mouthwash for Chemotherapy Induced Stomatitis. Nursing and Midwifery Studies journal v. 3 p. 1-7, 2014. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4332993/>.

15. MIRANZADEH S., et al., Effect of adding the herb Achillea millefolium on mouthwash on chemotherapy induced oral mucositis in cancer patients: A double-blind randomized controlled trial. European Journal of Oncology Nursingl 19 (2015) 207-213. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1462388914001999?via%3Dihub>.

16. POTRICH et al. Antiulcerogenic activity of hydroalcoholic extract of Achillea millefolium L.: Involvement of the antioxidant system. Journal of Ethnopharmacology, v. 130, p.85–92, 2010; 157. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S037887411000245X?via%3Dihub>.

17. CAVALCANTI A.M. et al., Safety and antiulcer efficacy studies of Achillea millefolium L. after chronic treatment in Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology v. 107, p. 277–284. 2006. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378874106001565?via%3Dihub>.

18. BORRELLI F., et al. Prokinetic effect of a standardized yarrow (Achillea millefolium) extract and its constituent choline: studies in the mouse and human stomach. Neurogastroenterol Motil v. 24, p. 164–171, 2012. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2982.2011.01827.x>.

19. ALI S. I., GOPALAKRISHNAN B. e VENKATESALU V. Pharmacognosy, Phytochemistry and Pharmacological Properties of Achillea millefolium L.: A Review. Phytotherapy research, 2017. 160. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ptr.5840>.

20. BAGGIO H, C. et al. Botanical medicine in clinical practice: Brazilian medicinal plants in gastrointestinal therapy. Botanical Medicine in Clinical Practice. Ed. CABI: Oxon, 1ª edição, United Kingdom; p. 46–51. 2008.

21. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira Primeiro suplemento. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília.ANVISA, 2018. Página 9

22. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2011, pag.19.

 

Tags: AmenorréiaAnti-inflamatórioAsteniaColecistiteCólicaDiarreiasDisenteriaDispepsiaDores reumáticasEczemaFebreFlatulênciaFlebitesHipertensãoIndisposiçãoNáuseaQueimaduraVômitos

MELÃO-DE-SÃO-CAETANO

14/02/2020 23:24

Momordica charantia   L.

Cucurbitaceae


SinonímiasMomordica indica L., Momordica elegans Salisb., Momordica chinensis Spreng., Momordica sinensis Spreng., Cucumis argyi H. Lév.

Nomes populares: Erva-das-lavadeiras, erva-de-são-caetano, melãozinho, fruto-de-cobra, melão-amargo, erva-de-são-vicente, melón amargo (Espanha), calabacita (Paraguai), balsamina (Perú, Argentina), cundeamor (Cuba), karela (Ìndia), kuguazi (China).

Origem ou Habitat: É pantropical, originária da África e da Ásia.

Características botânicas: Trepadeira anual, sublenhosa, com caule muito longo e ramificado, até 6 metros de comprimento. Folhas recortadas com 5 a 6 lóbulos denteados, medindo entre 4 a 12 cm de comprimento. Flores solitárias, de corola amarela medindo de 2,5 a 3,5 cm. Os frutos são pendentes do tipo cápsula carnosa deiscente, fusiforme, medindo entre 4 a 6 cm de comprimento abrindo quando maduros deixando a mostra as sementes envolvidas em arilo vermelho-vivo, mucilaginoso e adocicado.

Obs.: Nos países asiáticos a variedade mais comum é Momordica charantia var. maxima Williams & Bg., de frutos grandes, subcilíndricos, que chegam a medir mais de 20 cm por 5-6cm de diâmetro, onde recebem os nomes de ampalaya, pepino-chinês, bitter melon, entre outros, e introduzido no Brasil (Lorenzi & Matos, 2008.

Partes usadas: Folhas, frutos e sementes (arilo).

Uso popular: Na medicina caseira as folhas são usadas na forma de infusão para hemorróidas e diarréia. No Caribe contra febres e como vermífugo, anti-reumático, hipotensor e hipoglicemiante, bem como o uso das raízes como afrodisíaco e para combater pedras nos rins.

Nos países do Caribe, cuja variedade é a mesma das que ocorre aqui no Brasil, são recomendados como eficazes o seu uso para o tratamento de afecções da pele e das mucosas, da amenorréia, do diabetes, da anemia e de algumas formas de câncer.

Composição química: Nas folhas foram encontrados momordicinas e triterpenos, esteróides, saponinas e 14 triterpenos glicosilados que são os momordicosídios achados nos frutos e nas sementes e um alto teor de ferro assimilável.

Há ao menos três grupos de substâncias com relato de atividade hipoglicemiante – uma mistura de saponinas esteroidais chamadas de charantina, peptídios semelhante a insulina e alcalóides (LaVALLE, 2001). A fruta de Momordica charantia (MC) foi submetida a analise fitoquímica, tendo encontrado mais de 15 constituintes, dentre eles: alcaloides, glicosídeos, agliconas, taninos, esteroides, fenóis e proteínas. (TONGIA ABHISHEK et al, 2004).

Ações farmacológicas: O extrato alcoólico das folhas e ramos em ensaio farmacológico mostrou atividade anti-hiperglicemiante, enquanto o extrato aquoso apresentou em ensaio clínico atividade antileucêmica, antitumoral e antiviral.

Na Base de Dados SCIFINDER, há 13 estudos clínicos com a Momordica charantia

Um estudo em humanos, comparando o melão-de-são-caetano com a glibenclamida, concluiu que o melão-amargo tem um efeito hipoglicemiante mais fraco, mas melhora os fatores de risco cardiovascular associado a diabetes (CV) de forma mais eficaz do que a glibenclamida.(INAYAT U RAHMAN et all, 2015).

Interações medicamentosas: Trabalho conclui que o extrato dos frutos de melão-de-são-caetano age em sinergismo com hipoglicemiante oral e potencializa a sua hipoglicemia em pacientes diabéticos em uso desses medicamentos (metformin BD ou glibenclamide BD).(TONGIA ABHISHEK et al, 2004).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É abortiva, há relato de coma hipoglicêmico e convulsões em crianças, causa uma síndrome semelhante ao favismo, em animais aumentou a gama GT e a fosfatase alcalina, dor de cabeça, reduziu a fertilidade em camundongos.

Os frutos e as sementes mostraram toxicidade maior do que as folhas.

Contra-indicações: Evitar seu uso durante a gestação devido a sua ação genotóxica na fase de crescimento e retardo sobre o desenvolvimento dos órgãos sexuais.

Evitar o uso das sementes.

Posologia e modo de uso: Infusão: 2-4g dos frutos, tomar 2 a 3 xícaras ao dia.

As folhas também podem ser usadas em infusão.

Segundo Alonso, J.(2004), usar esta planta sob supervisão médica.

Observações: O suco dos frutos verdes é empregado como inseticida. Com a planta, os indígenas preparam um veneno para flechas.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

INAYAT U RAHMAN; Khan Rooh Ullah; Khalil Ur Rahman; Bashir Mohammad “Lower hypoglycemic but higher antiatherogenic effects of bitter melon than glibenclamide in type 2 diabetic patients”. From Nutrition journal (2015), 14, 13. | Language: English, Database: MEDLINE (extraído artigo do SCIFINDER)- Acesso 14 Abril 2016.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

La VALLE J. B. et al. Natural Therapeutics Pocket Guide. Hudson: Apha, 2000.

http://www.fitoterapia.com.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=125)- Acesso em: 17 de abril de 2012.

GROVER J. K.; YADAV, S.P. Pharmacological actions and potential uses of Momordica charantia: a review. Journal of Ethnopharmacology, v. 93, p. 123-132, 2004.

TONGIA ABHISHEK; Tongia Sudhir Kumar; Dave Mangala “Phytochemical determination and extraction of Momordica charantia fruit and its hypoglycemic potentiation of oral hypoglycemic drugs in diabetes mellitus (NIDDM)”. From Indian journal of physiology and pharmacology (2004), 48(2), 241-4.Database: MEDLINE (extraído artigo de SCIFINDER) Acesso 14 Abril 2016.

http://www.tropicos.org/Name/50043681 – Acesso em: 25 de julho de 2012.

Tags: AfrodisíacoAnti-reumáticoDiarreiasFebreHemorróidaHipotensor

MACASSÁ

13/02/2020 21:39

Aeollanthus suaveolens   Mart. ex Spreng.

Lamiaceae (antiga Labiatae)


SinonímiasAeollanthus heliotropioides Oliv.

Nomes populares: Macassá, catinga-de-mulata, taia, chegadinha, manjericão-miúdo, água-de-colônia, cheiro do mundo, lotuko (Uganda), Yorubá: Makasà.

Origem ou Habitat: África tropical (Nigéria, Sudão do Sul, Quênia, norte da África do Sul). Naturalizada na América do Sul (Brasil).

Partes usadas: Folhas, flores.

Uso popular: É utilizada em rituais mágicos e curativos, na forma de banhos e maceradas com outras ervas aromáticas. O chá ou sumo das folhas é usado contra a febre, dor de cabeça e princípio de derrame.

Em Uganda, o chá das raízes é usado contra diarréia e trypanossomíase.

Composição química: Numa análise do óleo essencial das folhas(A) e flores(B) foram encontrados 6 componentes (dl-​Linalool acetate, (+)(-)​Linalool, α-​Santalene, α-​Bergamotene, β-​Farnesene e (-​)​-​Massoilactone). Os principais constituintes das amostras A e B foram, respectivamente, linalol (34,2% /34.9%), (-) – Massoialactone (25,9% /17.0%) e (Ε) β-farneseno (25,4% /29.1%).

Outros compostos encontrados no óleo essencial: linalyl acetate, α-​terpinenyl acetate, geranyl acetate, a-​santalene and cis-​a-​bergamoptene.

Ações farmacológicas: O óleo essencial possui alegada atividade antimicrobiana.

Observações: Macassá é uma erva de origem africana introduzida na cultura brasileira durante o processo de colonização.

As lactonas muito perfumadas, lactona massoia e δ-decalactona, podem ser facilmente extraídas para fins de perfumaria.

Referências: 

LUPE, Fernanda A.; Lemes, Ana C.; Augusto, Fabio; Barata, E. S. – “Fragrant lactones in the steam distillation residue of Aeollanthus suaveolens Mart. ex Spreng and analysis by HS – SPME.” – From Journal of Essential Oil Research (2007), 19(3), 271-272. (Scifinder) Acesso 06 Junho 2016

MONTEIRO, S. S.; Siani, A. C.; Garrido, I. S.; Ramos, M. C. K. V.; Quino-Neto, F. R. – “Chemical variability and optical resolution of linalool in the essential oil of Aeollanthus suaveolens (Lamiaceae).” From Revista Fitos (2005), 1(2), 58-63. | SIMIOMATTO, Euclesio; Porto, Carla; Stueker, Caroline Z.; Dalcol, Ionara I.; da Silva, Ubiratan F.-“Chemical composition and antimicrobial activity of the essential oil from Aeolanthus suaveolens MART. ex Spreng.” From Quimica Nova (2007), 30(8), 1923-1925. (Scifinder) Acesso 06 Junho 2016

http://www.ppmac.org/?q=content/chegadinha-macassá (Sergio Sigrist)- Acesso 06 Junho 2016

http://www.africamuseum.be/collections/external/prelude/view_symptom?si=V%28008%29)- Acesso 06 Junho 2016

http://tradicoesdocandomble.blogspot.com.br/2013/04/ewe-makasa.html- Acesso 06 Junho 2016

http://www.tropicos.org/Name/17602693 – Acesso 06 Junho 2016.

Tags: CefaléiaFebre

LARANJEIRA E LIMOEIRO

13/02/2020 21:21

Citrus aurantium & Citrus limon  L.

Rutaceae


Sinonímias:

Citrus aurantium L. subsp. aurantium (= subsp. amara (L.) Engl.) – laranja amarga

Citrus sinensis (L.) Osbeck. – laranja doce.

Origem ou Habitat: Oriente.

Características botânicas: O gênero Citrus é composto de diversas espécies, variedades e híbridos. São muitos apreciados pelos frutos comestíveis (laranja, limão, lima, etc) e como fonte de óleos essenciais, pectinas e flavonóides. Na Ilha, espécies de laranja e limão são empregadas com fins medicinais.

A espécie Citrus aurantium é uma árvore pequena (até 5m), com folhas elípticas, verdes, pecíolo alado articulado na inserção do limbo. As flores, de odor suave, são brancas ou amareladas. A espécie Citrus sinensis cresce até 10m de altura.

A espécie Citrus limon é uma árvore que se diferencia da laranjeira por apresentar folhas com pecíolo rara ou estreitamente alado. As flores são brancas na parte interna das pétalas e vermelho-violáceo na parte exterior.

Partes usadas: Flores, folhas, cascas, suco.

Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha

As folhas da laranjeira e do limoeiro, bem como o suco do limão, são empregados na forma de decocto ou xarope com mel para gripes, tosses e resfriados. A folha e flor da laranjeira e do limão são empregados em dores de cabeça e ansiedade.

Segundo a literatura

As cascas da laranja são empregadas como estimulante do apetite (SCHILCHER, 1992) e no tratamento sintomático dos problemas funcionais da fragilidade capilar cutânea. As flores e folhas da laranjeira amarga e doce são empregadas como sedativo suave, em problemas do sono. A casca do limão é usada como estomáquico. O suco é empregado, internamente, contra flatulências, afecções hepáticas e biliares, dores de cabeça, febres e resfriados. Externamente como anti-inflamatório para feridas e como calmante de dores de gengivas e dos dentes.

O suco fraco, sem açucar e morno pela manhã, em jejum, favorece a evacuação.

Composição química: Os dados químicos comuns às espécies de Citrus serão apresentados conjuntamente.

A folha da laranjeira possui flavonóides, compostos amargos e 0,3% de óleo essencial contendo 70-75% de linalol, 10-15% de geraniol, semelhante ao óleo das flores . A flor da laranjeira possui 0,2-0,5% de óleos essenciais, constituídos basicamente por monoterpenos, além de citroflavonóides e substâncias amargas . O pericarpo tanto da laranja doce quanto da amarga contém 1 – 2,5% de óleo essencial, constituído de aproximadamente 98% de limoneno. Também contém citroflavonóides, pectinas e furanocumarinas. O pericarpo do limão possui composição semelhante, diferindo apenas quantitativamente . Os citroflavonóides encontram-se no pericarpo e polpa das frutas.

Das folhas e cascas dos frutos de algumas espécies de Citrus foi isolada sinefrina.

A polpa dos frutos cítricos é rica em vitamina C.

Ações farmacológicas: Os dados farmacológicos comuns às espécies de Citrus serão apresentados conjuntamente.

São indicados no tratamento das manifestações de insuficiência venosa crônica, funcional e orgânica, dos membros inferiores. Alguns desses flavonóides apresentam forte ação hipotensora em ratos, após a administração intravenosa.

A sinefrina é um alcalóide simpatomimético.

A pectina age como um laxante suave, por promover o aumento do bolo fecal e, conseqüentemente, estimular o peristaltismo do cólon.

Experimentos com o suco dos frutos de Citrus sinensis e, principalmente, de Citrus limon, demonstraram que os mesmos aumentam significativamente os níveis plasmáticos de lipoproteína de alta densidade (HDL) e reduzem os níveis de colesterol, de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e de triglicerídeos em ratos.

O óleo das flores apresentou atividade antimicrobiana(HOPPE, 1981).

estudo em ratos mostrou ação sobre ansiedade , com provável ação sobre receptores tipo benzodiazepínicos , e sobre depressão.

A vitamina C possui propriedades antiescorbúticas.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: As furanocumarinas presentes nas cascas de laranja e, principalmente, do limão, podem provocar reações de fotossensibilização cutânea, especialmente em pessoas de pele clara.

Reações alérgicas ao suco ou ao óleo essencial já foram relatadas. Neste último, os terpenos presentes seriam os responsáveis pela sensibilização.

Contra-indicações: Pessoas com sensibilidade ao limão e a laranja.

Observações: Para o tratamento da constipação habitual, recomendamos tomar em jejum, meio copo de água morna com 1 limão espremido, e introduzir as modificações necessárias na dieta e nos hábitos.

Referências: 

BISSET, N.G. (Ed.) Herbal Drugs and Phytopharmaceuticals. 4.ed. Stuttgart Medpharm, Boca Raton: CRC Press, 1994.

BRUNETON, J. Pharmacognosie Phytochimie Plante Médicinales. 2.ed. Londres: Technique et Documentation Lavoiser, 1993.

FARIAS, M.R. et al. Plantas medicinais na ilha de Santa Catarina: Grupo de Estudos em Fitoterapia, Florianópolis: UFSC/P.M.F., 1996, 111p. (inédito)

GIRRE, L. La Santé Par Les Plantes. Rennes: Edilarge S.A., 1992.

HARDMAN, J.G.; UMBIRD, L.E. (Eds.) Goodman & Gilman’s The Pharmacological Basis of Therapeutics. 9.ed. New York: McGraw-Hill, 1995.

HOPPE, H. A. Taschenbuch der Drogenkunde. Berlin: Walter de Gruyter, 1981.

REYNOLDS, J.E.F. (Ed.) Martindale The Extra Pharmacopoeia. 30.ed. London: The Pharmaceutical Press, 1993.

ROTH, L; DAUNDERER, M.; KORMANN, K. Giftpflanzen Pflanzengifte. 3.ed. Lech: Ecomed, 1987.

SCHILCHER, H. Phytoterapie in der Kinderheilkunde: Handbuch für Arzte und Apotheker. Sttutgart: Wissenschaftliche, 1992.

TANG, W.; EISENBRAND, G. Chinese Drugs of Plant Origin. Berlin: Springer, 1992.

TROVATO, Α. Effects of fruit juices of Citrus sinensis L. and Citrus limon L. on experimental hypercholesterolemia in the rat. Phytomedicine, v.2, n.3, p.221-7, 1996.

ZIN, J.; WEISS, C. La Salud Por Medio de las Plantas Medicinales. 6. ed. Santiago: Editoral Salesiana, 1980.

Pharmazie, v. 66, n. 8, p.7-623, Aug., 2011.

Sedative, anxiolytic and antidepressant activities of Citrus limon (Burn) essential oil in mice. L M Lopes C, Gonçalves e Sá C, de Almeida AA, da Costa JP, Marques TH, Feitosa CM, Saldanha GB, de Freitas RM. Source Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Laboratório de Pesquisa em Neuroquímica Experimental da Universidade Federal do Piauí, Brazil.

 

Tags: AnsiedadeAnti-inflamatórioCefaléiaFebreFlatulênciaGripeResfriadoSedativoTosse

GRAVIOLA

11/02/2020 21:15

Annona muricata  L.

Annonaceae


SinonímiasAnnona bonplandiana Kunth, Annona cearensis Barb. Rodr., Annona muricata var. borinquensis Morales, Guanabanus muricatus M. Gómez.

Nomes populares: Graviola, araticum, araticum-de-comer, jaca-do-pará, jaqueira-mole, pinha, fruta-do-conde, curaçau, ata-de-lima, ata, coração-da-rainha, guanabana (Peru, Cuba, México), anon (Haiti), sap-sap (África).

Origem ou Habitat: México e América tropical. No Brasil é amplamente cultivada nos estados do Nordeste.

Características botânicas: Árvore de até 8 metros de altura, com folhas obovado-oblongas, brilhantes, medindo 8-15 cm de comprimento. Flores solitárias, cálice de sépalas triangulares e pétalas externas grossas de cor amarela. Os frutos são grandes, tipo baga, tem a superfície espinhosa, grande, medindo 25-35 cm de comprimento, com polpa esbranquiçada mucilaginosa e ácida.

A espécie afim Annona montana Macfad. possui propriedades similares

Partes usadas: Cascas, raízes, folhas, flores, polpa e as sementes da fruta.

Uso popular: O chá das folhas é usado contra problemas do coração, insônia, febre, malária, hepatite, diarreia, mal de sete dias (tétano)( Ming, Lin Chao, 2006); os frutos em estado verde são usados para combater a disenteria e tratar aftas das crianças (sapinho); no Brasil come-se como legume, cozidos, assados ou fritos em fatias. Depois de maduro, a polpa tem sabor agradável e ligeiramente ácido, sendo constituída por quase pura celulose de difícil digestão, por isso o uso é melhor aproveitado com a extração do suco para o preparo de bebidas, sorvetes, geleias. São consideradas peitorais, antiescorbútica, diuréticas e febrífugos. O óleo essencial extraído das folhas e dos frutos verdes, de cheiro desagradável, associado ao óleo de amêndoas, é indicado em fricções nos casos de nevralgias e reumatismo. As folhas amassadas e misturadas com azeite quente servem para resolver os furúnculos e abcessos. No Pará, a graviola foi indicada popularmente para tratamento de diabetes, como calmante e antiespasmódico (BERG, Maria Elisabeth van den:). As folhas são usadas para eliminar vermes (Hoehne, 1919). As folhas da graviola são sudoríficas e peitorais (Dias da Rocha, 1919).

Alguns autores (2008) registram que tem aumentado o uso do chá das folhas da graviola como agente emagrecedor e medicação contra alguns tipos de câncer.

a dose média indicada é uma colher de sobremesa de folhas para uma xícara de água 3 vezes ao dia.

Composição química: Acetogeninas – são tetrahidrofuranos presentes nas sementes e folhas, dentre as que destacam-se: annomuricinas A,B e C, gigantetrocinas A e B, gigantetronenina (cis e trans), annonacinas e isoannonacinas, muricinas, muricatetrocinas, annocatalina, solamina, xilomaticina, etc.

Alcalóides: annomonicina, annomurina, annonaína, annoniína, asimilobina (do tipo isoquinolínico), etc. Outros alcalóides: muricinina, estefarina, coreximina, aterospermina e aterosperminina.

Outros: amida N-p-coumaroil-tiramina, taninos, compostos polifenólicos (ácido caféico, ácido p-cumárico, leucoantocianinas, ácido hidrociânico, ácido ascórbico, sacarose, fitoesteróis (B-sitosterol, estigmasterol, arronol, ipuranol), ácido y-aminobutírico, ácido málico e óleo fixo nas sementes (Alonso, J., 2004).

Ações farmacológicas: Extratos das folhas tem poderoso efeito hipotensor em cobaias. (MILLIKEN, William et all., 1992; CAVALCANTE, Paulo B., 2006 apud CARRARA, D., 2010 ).

Pesquisas recentes na UFC reconhecem o potente efeito hipoglicemiante das folhas da graviola.

Possui atividades antitumorais e antiparasitárias. (Alonso, J., 2004).

Interações medicamentosas: Pode potencializar drogas anti-hipertensivas cardiodepressoras.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Annonacinas estão relacionadas ao risco de neurotoxicidade.

Contra-indicações: Contra indicado na gravidez e para hipotensos.

Posologia e modo de uso: A dose média indicada é uma colher de sobremesa de folhas para uma xícara de água 3 vezes ao dia, evitar o uso crônico.

Observações: As acetogeninas formam uma nova classe de compostos naturais de natureza policetídica de grande interesse para farmacologistas e químicos de produtos naturais em todo o mundo, por serem farmacologicamente muito ativas como antitumoral e inseticida, sendo a mais ativa delas a anonacina; uma outra substância desta classe mostrou intensa atividade contra o adenocarcinoma do cólon (intestino grosso), numa concentração 10.000 vezes menor do que a adriamycina, quimioterápico usado para tratamento deste tipo de tumor. Descobertas como estas tem provocado uma grande procura por folhas de graviola, cuja negociação pelas empresas de cultivo com os laboratórios de pesquisa e de produção de fitoterápicos especialmente do exterior, alcança quantidades da ordem de toneladas. O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular e seus resultados positivos, além da grande disponibilidade de material no Brasil, são motivos suficientes para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos mais aprofundados, visando sua validação como medicamento antitumoral (Prof. Douglas Carrara, 2011).

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

CARRARA, D. – Antropólogo, Professor, Pesquisador de medicina popular e fitoterapia no Brasil – www.bchicomendes.com

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

Ming, Lin Chao – Plantas Medicinais na reserva extrativista Chico Mendes: uma visão etnobotânica. São Paulo , editora UNESP, 2006.

MILLIKEN, William; Robert P. Miller; Sharon R. Pollard & Elisa V. WANDELLI: 1992 – The Ethnobotany of the Waimiri Atroari Indians of Brazil – Royal Botanic Gardens – London – pp. 50

CAVALCANTE, Paulo B. (1922-2006):

http://www.tropicos.org/Name/1600001 – acesso em 25 de outubro de 2012.

http://www.tudosobreplantas.com.br/blog/index.php/plantas-medicinais/drauzio-varella-e-a-graviola-annona-muricata-l-1753/ – acesso em 14 de novembro de 2012.

J Agric Food Chem. 2014 Aug 27;62(34):8696-704. doi: 10.1021/jf501174j. Epub 2014 Aug 18. Identification of the environmental neurotoxins annonaceous acetogenins in an Annona cherimolia Mill. Alcoholic Beverage Using HPLC-ESI-LTQ-Orbitrap. Le Ven J1, Schmitz-Afonso I, Lewin G, Brunelle A, Touboul D, Champy P.

Tags: AntiespasmódicoCalmanteDiarreiasDisenteriaDiuréticoFebreHepatoprotetoraInsôniaMaláriaReumatismoVermífuga
  • Página 1 de 3
  • 1
  • 2
  • 3