SABUGUEIRO

19/02/2020 23:52

Sambucus australis   Chamisso et Schlechtendal.

Adoxaceae (Caprifoliaceae)


SinonímiasSambucus pentagynia Larrañaga.

Nomes populares: Acapora, sabugueiro-do-brasil, sabugueiro-do-rio-grande.

Origem ou Habitat: Sul da América do Sul.

Características botânicas: Sambucus australis é uma árvore de 3 a 8 m de altura, folhas com 18-26 cm de comprimento, compostas, imparipenadas, 5-13 folíolos oblongo-lanceoladas de 3,5 – 9,5 cm de comprimento e 1,2 – 3,0 cm de largura, margens dentadas, membranáceas, glabras, opostas-cruzadas, pecioladas, estípulas e estipelas presentes. Inflorescência em cimas corimbosas terminais. Flores brancas, pequenas de 0,5 – 1,2 cm de diâmetro, corola com 4-5 pétalas, estames no mesmo número de pétalas. Fruto drupa globosa, negra e brilhante.

Existe uma espécie de sabugueiro europeu cultivada no Brasil, Sambucus nigra L.; se diferencia da espécie nativa de Santa Catarina (S. australis Cham. et Schlecht.) especialmente na forma e no número de folíolos. A espécie européia apresenta folíolos elípticos, de margem dentada, em número de 3-7 e a espécie nativa apresenta folíolos ovados-lanceolados, de margem serrada, em número de 7-13 (SIMÕES et al., 1986).

Partes usadas: Flores secas, entre-casca e folhas. Na lista da ANVISA a parte indicada como remédio são as flores do sabugueiro.

Uso popular: No que se refere ao uso terapêutico, de maneira geral, os usos medicinais da espécie do sabugueiro europeu (Sambucus nigra) coincidem com os da espécie nativa (Sambucus australis)(SCHULTZ, 1985). Esta última é uma planta cultivada como ornamental e cujas flores têm cheiro de mel.

Os frutos são comestíveis (PIO CORRÊA, 1926-1978).

Segundo as comunidades da Ilha de Santa Catarina as flores ou folhas de Sambucus australis são empregadas na forma de infuso e decocto, interna e externamente em enfermidades virais , como sarampo e rubéola, gripes e resfriados.

Na relação das plantas da ANVISA é indicada para gripe e resfriado

Na literatura as flores (inflorescência), frutos (bagas), folhas, cascas, córtex e medula do caule de Sambucus nigra são empregadas de várias formas, como compressas, cataplasmas, decocção e infusão (HOPPE, 1981; SCHULTZ, 1985; SIMÕES et al., 1986; SCHILCHER, 1992; BISSET, 1994).

As flores de S. nigra são extensamente utilizadas para afecções respiratórias (SIMÕES et al., 1986; BISSET, 1994); como diurético, sudorífico, antirreumático, emético, purgativo e laxante. Sob a forma de cataplasma ou compressa, as flores são usadas em inflamações em geral e, também, em dermatoses e furúnculos, pelas suas propriedades adstringente, cicatrizante e emoliente (ZIN & WEISS, 1980; SIMÕES et al., 1986).

Esta planta tem utilização farmacêutica como diaforético, em associações medicamentosas indicadas em resfriados (SIMÕES et al., 1986).

Composição química: As flores do sabugueiro europeu (Sambucus nigra) contêm um pequeno percentual de óleo essencial, constituído de ácidos graxos, alcanos e triterpenos (SIMÕES et al., 1986; BISSET, 1994); contêm também flavonóides sendo a rutina o principal além de quercitrina, iso quercitrina, hiperosídio e astragalina (BISSET, 1994). São encontrados também os ácidos p-cumárico, clorogênico, cafêico e ferúlico (BISSET, 1994), taninos, açúcares, mucilagem e pectina (SIMÕES et al., 1986).

As folhas contêm flavonóides (HOPPE, 1981; SIMÕES et al., 1986), esteróis, alcanos, ácidos graxos, taninos, triterpenos, açúcares, resinas e vitamina C (SIMÕES et al., 1986), sambucina e sambunigrina (glicosídeo cianogênico) (HOPPE, 1981).

Ações farmacológicas: Aos ácidos fenólicos é atribuída a atividade diurética e à mucilagem, a propriedade emoliente (SIMÕES et al., 1986). Testes em pessoas sadias demonstraram uma sudorese aumentada com a utilização do chá das flores de sabugueiro em comparação com o uso apenas de água quente (BISSET, 1994).

Interações medicamentosas: Não há evidências clinicas de interação com medicamentos; estudos in vitro demonstraram uma possível interação com hipoglicemiantes.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Pode haver mal estar gástrico ou alergia em pessoas sensíveis. O uso em dose maior que a recomendada pode causar hipocalemia (perda de potássio )(anvisa)

Os frutos imaturos são tóxicos.

Contra-indicações: Deve-se evitar o uso em grávidas e crianças menores que dois anos.

Posologia e modo de uso: A decocção é obtida com 2 colheres de sopa de flores para ½ litro de água tomados durante o dia.

A infusão é preparada com 2 g de flores para 150 ml de água fervente por 5-10 minutos tres vezes ao dia (BISSET, 1994).

Observações: Popularmente é dito que põe o sarampo para fora.

Referências: 

BISSET, N. G. (ed.) Herbal Drugs and Phytopharmaceuticals. 4.ed. Stuttgart Medpharm, Boca Raton: CRC Press, 1994

MILLIAMSON, E. DRIVER, S. BAXTER, K. (ed.) Stockley’s Herbal,Medicines Interactions: A guide to the interactions of herbal medicines, dietary supplements and nutraceuticals with conventional medicines. London: Pharmaceutical Press, 2009.

SIMÕES, C.M.O. et al. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986

http://www.anvisa.gov.br

file:///E:/natural%20teratments.htm(acesso em 11/05/2011)

www.tropicos.org – acesso em 20 de maio de 2011.

Tags: Anti-inflamatórioAnti-reumáticoCataplasmaCicatrizanteDiaforéticoDiuréticoEméticaEmolientesGripeLaxantePurgativoResfriadoSudorífica

PICÃO-BRANCO

18/02/2020 22:13

Galinsoga parviflora  Cav.

Asteraceae (antiga Compositae)


SinonímiasAdventina parviflora Raf., Galinsoga parviflora var. semicalva A. Gray, Sabazia microglossa DC.

Nomes populares: Picão-branco, picão-bravo, botão-de-ouro, fazendeiro, kafumba (Uganda), guasca (Colômbia), gua (Quéchua).

Origem ou Habitat: América do Sul e naturalizada em todo o Brasil.

Partes usadas: Folhas, flores e ramos.

Uso popular: Os extratos desta plantinha são utilizados na medicina caseira como agente anti-inflamatório e cicatrizante de feridas. São aplicados topicamente para tratar doenças dermatológicas, eczemas, feridas de difícil cicatrização, contusões e para o tratamento de picadas de cobra. Oralmente são usadas para tratar gripes e resfriados.

É utilizada na culinária como tempero, principalmente nos países andinos (Colômbia e Peru) onde recebe o nome de “guasca”. No Brasil é empregada na forma de saladas cruas.

Composição química: Flavonóides: patulitrin, quercimeritrin, quercitagetrin; Ácidos fenólicos: ácido caféico e ácido clorogênico; Glicosídeos: parvisideo A e parvisídeo B.

Referências: 

AFZA, Nighat; Malik, Abdul; Yasmeen, Shazia; Ali, Muhammad Irfan; Ferheen, Sadia; Tareen, Rasool Bakhsh “Parvisides A and B, new glucosides from Galinsoga parviflora”. From Natural Product Communications (2014), 9(8), 1171-1172. https://scifinder.cas.org/ Acesso 29 Abril 2015.

BAZYLKO, Agnieszka; Boruc, Karolina; Borzym, Joanna; Kiss, Anna K. “Aqueous and ethanolic extracts of Galinsoga parviflora and Galinsoga ciliata. Investigations of caffeic acid derivatives and flavonoids by HPTLC and HPLC-​DAD-​MS methods”. From Phytochemistry Letters (2015), 11, 394-398. https://scifinder.cas.org – Acesso 29 Abril 2015.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

KINUPP, V.F., LORENZI, H. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil. 1ª.ed. São Paulo, SP: Instituto Plantarum, 2014.

https://sites.google.com/site/biodiversidadecatarinense/plantae/magnoliophyta/asteraceae/galinsoga-parviflora – Acesso 29 Abril 2015.

http://www.tropicos.org/Name/2700792.

Tags: Anti-inflamatórioCicatrizanteEczemaGripeResfriado

PENICILINA

18/02/2020 22:10

Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze

Amaranthaceae


SinonímiasTelanthera ramosissima (Mart.) Moq.; Telanthera brasiliana (L.) Moq.; Telanthera dentata Moq.; Achyranthes brasiliana (L.) Standl.; Caraxeron brasiliense Raf.; Gomphrena brasiliana L.;

Nomes populares: sempre-viva, caaponga, carrapichinho, carrapichinho-do-mato, perpétua-do-brasil, perpétua-do-mato, quebra-panela, cabeça-branca, acônito-do-mato, ervanço, nateira, terramicina, infalível, doril, penicilina (penicilina-vegetal).

Origem ou Habitat: América tropical.

Características botânicas: Erva perene, ereta, até 1,5 m de altura, muito ramificada, pubescente, caule verde até roxo. Folhas com 4-15 cm de comprimento, 3-6 cm de largura, pecioladas, opostas, acuminadas no ápice, glabras ou pubescentes, margens inteiras, verdes até violáceas. Inflorescências do tipo espigas, globosas, cerca de 1 cm de diâmetro, brancas ou amareladas. Flores com cerca de 5 mm de comprimento, 5 tépalas, estames alternados por estaminódios, ovário súpero, estilete curto. Fruto utrículo, sementes castanho-escuras.

Partes usadas: Folhas e flores.

Uso popular: Além de cultivada como ornamental pelo colorido arroxeado de suas folhas e ramos, é amplamente utilizada na medicina popular em quase todo o Brasil.

A infusão de suas folhas é considerada diurética, digestiva, depurativa, sendo empregada para moléstias do fígado e bexiga.

As populações nativas e indígenas das Guianas usam suas folhas como adstringente e antidiarreica, enquanto que a planta inteira é macerada e usada contra prisão de ventre.

A população da região amazônica usa a infusão das flores contra diarreia, inflamação e tosse (béquica), enquanto a decocção das folhas é usada internamente em caso de derrame cerebral. O banho preparado com as folhas é utilizado para “deslocamento de osso”.

As partes aéreas são empregadas em estados infecciosos do trato respiratório e as flores contra tosse.

Segundo as comunidades da Ilha de Santa Catarina, é indicado o uso interno do infuso das folhas em estados gripais. Externamente, é usado para gargarejos em caso de inchaço e inflamação da boca e da garganta, para lavar feridas e micoses e para corrimento vaginal.

Informações científicas: 🐁 (AN*): Estudo com o extrato aquoso das partes aéreas mostrou potencial anti-inflamatório e analgésico em modelos experimentais (Formagio et al., 2012). Outro trabalho mostrou efetividade para tratamento de feridas decorrentes de queimaduras (Baru et al., 2012).

*AN: estudos pré-clínicos realizados em animais.

Observação do uso clínico em Florianópolis: O uso externo da infusão preparada com as folhas tem boa resposta como vulnerária, para lavar feridas e lesões herpéticas, e pode ser usada também em afecções da orofaringe, infecções urinárias e em vulvovaginites.

Cuidados para o uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o seu uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. Evitar o uso em gestante, lactantes crianças menores de 6 anos. O uso interno desta planta ainda não tem a sua segurança estabelecida.

Posologia e modo de uso

Uso externo: Infusão preparada com 4-6 folhas vermelhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, utilizar para uso tópico em feridas e machucados e na forma de gargarejo em caso de inflamações de garganta.

Observações: Na literatura tradicional, esta espécie é citada como o nome popular de “Perpétua-do-Brasil” (PIO CORRÊA, 1926-1978). No entanto, nos últimos anos, este vegetal tem sido designado popularmente com o nome de diferentes antibióticos como penicilina, terramicina, neomicina . É uma planta pouco conhecida no que diz respeito aos efeitos adversos, toxicidade, constituição química e atividade farmacológica.

As espécies Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze e Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik são igualmente conhecidas por “penicilina”, sendo encontradas no Brasil, mais comumente nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Possuem propriedades e usos populares semelhantes.

Composição química: Estudos fitoquímicos preliminares feitos com A. brasiliana indicaram a presença de terpenos, esteróides e compostos fenólicos. No extrato hexânico foi confirmada a presença de fitosterol e β-sitosterol; estes compostos, juntamente com outros grupamentos existentes nas frações mais polares, podem justificar a ação analgésica, com potência equivalente ao ácido acetilsalicílico e ao paracetamol, evidenciada com o extrato hidroalcoólico desta espécie.

Brochado et al. (2003), isolaram seis flavonóides da A. brasiliana: canferol 3-O-robinobiosideo-7-O-alfa-ramnopiranosideo, quercetina 3-O-robinobiosideo-7-O-alfa-L-ramnopiranosideo, quercetina 3-O-robinobiosideo, canferol 3-O-robinobiosideo, canferol 3-O-rutinosideo-7-O-alfa-L-ramnopiranosideo e canferol 3- O-rutinosideo.

Referências: 

1. ARAÚJO, D. S. et al. Efeitos Inibitórios de Altemanthera brasiliana Kuntze em Musculatura Lisa. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, XIII, 1994, Fortaleza. Resumos. Fortaleza: [s.i],1994. n. 298.

2. DI STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora UNESP, 2002.

3. LAGROTA, M. H. C. et al. Inhibitory Activity of Extracts of Altemanthera brasiliana (Amaranthaceae) Against the Herpes Simplex Virus. Phytotherapy Res., [S.I], v. 8, p. 358-361, 1994.

4. LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. p. 46-47.

5. NIHEI, J. S., D.A. Dias & P.S. Pereira. 2001. Avaliação da atividade anti-tumoral in vitro de extratos vegetais de planta da família Amaranthaceae. Trabalho de Conclusão de Curso, USP.

6. PEREIRA, D. F. Morfoanatomia e histoquímica comparativa entre Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze e Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik; Estudo fitoquímico e biológico de Alternanthera brasiliana. 2007. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2007.

7. PIO CORRÊA, M. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. 6. ed. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1926-1978.

8. RIBEIRO, L. S. et al Isolamento da Fração Imunomoduladora do Extrato Etanólico de Altemanthera brasiliana (Amaranthaceae). In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, XIII, Fortaleza, 1994. Resumos. Fortaleza: [s.i], set. 1994. n. 293.

9. SCHLEMPER, S. R. M. et al Avaliação das propriedades antiinfecciosas de algumas plantas medicinais da flora catarinense. In: Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, XlV, Florianópolis, 1996. Resumos. Florianópolis [s.i.], 17-20 set. 1996.

10. BARUA, C. C. et alWound healing activity of methanolic extract of leaves of Alternanthera brasiliana Kuntz using in vivo and in vitro model. Indian J Exp Biol., v. 47, n. 12, p.5-1001, Dec. 2009.

11. FORMAGIO, E.L., et al., Evaluation of the pharmacological activity of the Alternanthera brasiliana aqueous extract. Pharmaceutical Biology. Nov 50:11, 1442-1447.2012. Disponível em: <https://www.tandfonline.com/doi/full/10.3109/13880209.2012.688058>.

12. BARU, C. C., et al., Effect of Alternanthera brasiliana (L) Kuntze on healing of dermal burn wound. Indian Journal of Exp. Biol. 2012 Jan; 50(1):56-60. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22279942/>.

Tags: AdstringenteAnti-diarreicoAnti-inflamatóriodepuratiDigestivoDiuréticoGripeTosse

PERIQUITO

18/02/2020 22:05

Alternanthera ficoidea   (L.) P. Beauv.

Amaranthaceae


SinonímiasGomphrena ficoidea L., Achyranthes boliviana (Rusby) Standl., Alternanthera boliviana Rusby, Alternanthera paronychioides A. St.-Hil., Alternanthera paronychioides var. amazonica Huber, Alternanthera paronychioides var. boliviana (Rusby) Pedersen.

Nomes populares: Periquito, periquitinho, anador, periquito-ameno, apaga-fogo.

Origem ou Habitat: América do Sul.

Partes usadas: Partes aéreas (folhas, ramos e inflorescência).

Uso popular: Dor-de-cabeça, gripes e resfriados, febre.

O periquito é uma planta excelente para a topiaria (arte de adornar os jardins conferindo a grupos de plantas, por meio de podas e cortes, configurações diversas)

Ações farmacológicas: Possui atividade antiviral contra alguns vírus.

Referências: 

http://www.cabdirect.org/abstracts/19922270997/ Acesso 16 Maio 2016.

http://www.jardineiro.net/plantas/periquito-alternanthera-ficoidea.html/ Acesso 16 Maio 2016.

http://www.tropicos.org/Name/1101347 Acesso 12 Maio 2016.

Tags: CefaléiaFebreGripeResfriado

PERILA ou SHISO

18/02/2020 22:02

Perilla frutescens  (L.) Britton.

Lamiaceae


SinonímiasOcimum frutescens L., Perilla ocymoides L.

Nomes populares: Alfavaca-chinesa, shiso, perila-roxa, hortelã-roxa, mint perila, perila mint, (Ingles, Estados Unidos), zi su (China).

Origem ou Habitat: Ásia.

Partes usadas: Folhas e sementes.

Uso popular: As folhas e as sementes são usadas há séculos na medicina tradicional japonesa e chinesa. A perila costuma ser receitada junto com outras ervas, para o tratamento de problemas respiratórios ( gripes, resfriados, tosse) e para aliviar problemas digestivos (falta de apetite, náusea, indigestão). Também é usada com êxito no tratamento da rinite alérgica e das dermatites.

A folhagem e o óleo das sementes são usados na culinária coreana.

A folhagem fornece um corante alimentar vermelho, rico em antocianinas. As folhas são utilizadas na preparação de ameixas em conservas. Além de corante alimentar, a perila acrescenta uma substância antimicrobiana para alimentos em conserva.

As sementes de perila são consumidas em algumas partes da Índia, além do Japão, China e Coréia.

Composição química: Sua composição química contém proteínas, óleos poliinsaturados (ácido linolênico, ácido linolêico, ácido palmítico, ácido esteárico), ácidos orgânicos (ácido caféico, ácido ferúlico, ácido rosmarínico), glicosídeos, flavonóides (luteolina e apigenina), óleo essencial (perilaldeído, limoneno, elemicina, miristicina, cariofileno, beta-cariofileno, ), tocoferol, fitoesteróis, alcalóides, saponinas, taninos, triterpenóides insaturados, resina, entre outros.

O perillaldeido e cariofileno foram os principais componentes de folhas e caules, cujo conteúdo era acima de 75% e 50%, respectivamente.

Ações farmacológicas: Antioxidante.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Perilla é normalmente evitada por bovinos, mas tem sido implicado no envenenamento gado (Phillips e Von Tungein 1986). As plantas são mais tóxicas durante a produção de semente (Kerr et al., 1986). Wilson et al. (1977) isolaram a toxina “perila cetona”, responsável pelo edema pulmonar em muitas espécies animais, exceto suínos ou cães (Garst et al. 1985).

No Japão, 20 a 50% dos trabalhadores a longo prazo na indústria de perila desenvolvem dermatite nas suas mãos, devido ao contato com perillaldehyde (Okazaki et ai. 1982.

Observações: Óleo de perila é usado como um agente aromatizante, no qual Perilla aldeído é o composto aromatizante desejável (Guenther 1949; Arctander 1960).

Um dos isômeros de aldeído é 2000 vezes mais doce que o açúcar e quatro a oito vezes mais doce do que a sacarina; ela é usada como adoçante do tabaco (Guenther 1949). Álcool de Perilla, preparado a partir de aldeído perilla, é usado em perfumes, e tem o estatuto legal de alimentos nos Estados Unidos e na Europa (Opdyke 1981).

Referências: 

ARATA, Yoshio; Achiwa, Kazuo “Perillaketone” – From Kanazawa Daigaku Yakugakubu Kenkyu Nempo (1958), 8, 29-31. (Scifinder, artigo 5) Acesso 12 Junho 2015.

BRENNER, David M. “Perilla: Botany, Uses and Genetic Resources”. – In: J. Janick and J.E. Simon (eds.), New crops. Wiley, New York, 1993. p. 322-328. https://en.wikipedia.org/wiki/Perilla_ketone – Acesso 12 Junho 2015.

LIU J1, Wan Y, Zhao Z, Chen H.”Determination of the content of rosmarinic acid by HPLC and analytical comparison of volatile constituents by GC-MS in different parts of Perilla frutescens (L.) Britt.” Chem Cent J. 2013 Apr 1;7(1):61. doi: 10.1186/1752-153X-7-61.(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23548079) Acesso 01 Junho 2015.

QIN, Hong-ying; Zhou, Guang-ming; Peng, Gui-long; Li, Jun-ping “Determination of five organic acids and flavonoids in Perilla frutescens by high-​performance liquid chromatography”. From Shipin Kexue (Beijing, China) (2014), 35(14), 102-105. (https://scifinder.cas.org/scifinder/view/scifinder/scifinderExplore.jsf) – Acesso 01 Junho 2015.

SAKLANI, Sarla; Chandra, Subhash; Gautam, Ashok Kumar “Phytochemical investigation and contribution of Perilla frutenscens as spices in traditional health care system” – From International Journal of Pharmacy and Technology (2011), 3(4), 3543-3554. (Scifinder, artigo 2) Acesso 12 Junho 2015.

SHAO, Ping; Hong, Tai; He, Jinzhe; Sun, Peilong “Analysis of essential oils from leaves and stems of Perilla frutenscens sampling seanson and its drying methods”. From Zhongguo Shipin Xuebao (2012), 12(9), 216-221.(Scifinder artigo 2)- Acesso 12 Junho 2015.

http://www.tropicos.org/Name/17601586?tab=synonyms – Acesso 01 Junho 2015.

YING, Yanjie; Hong, Tai; He, Jiajie; Shao, Ping “Optimization of microwave assisted extraction of flavone from Perilla frutenscens by neural network and analysis of its antioxidant activity” – From Zhongguo Shipin Xuebao (2011), 11(3), 36-42. (Scifinder, artigo 3) Acesso 12 Junho 2015.

Vittorio Farina (1943). “Perilla ketone”. Nippon Kagaku Kaishi 64: 1130–6.https://en.wikipedia.org/wiki/Perilla_ketone Perilla: Botany, Uses and Genetic Resources.

Tags: GripeIndigestãonauseReniteResfriadoTosse

ORÉGANO

17/02/2020 22:25

Origanum vulgare  L.

Lamiaceae


SinonímiasMicromeria formosana C. Marquand, Origanum gracile C. Koch, Origanum creticum Lour.

Nomes populares: Orégano, manjerona-silvestre, mejorana (Espanha), marjolaine sauvage (França), origano (Italia).

Origem ou Habitat: É nativo da Europa e Ásia Central (WYK & WINK, 2004) e cultivado no Brasil. O orégano Origanum vulgare faz parte da medicina popular da Grécia e especialmente em Creta, onde é considerada endêmica.

Características botânicas: Herbácea perene, aromática, ereta, de hastes algumas vezes arroxeadas, medindo de 30-50 cm de altura (segundo LORENZI & MATOS, 2002) e de 75-90 cm de altura (segundo ALONSO, 2004). Folhas simples, esparso-pubescentes, de 1-2 cm de comprimento. Flores esbranquiçadas, róseas ou violáceas, dispostas em glomérulos e reunidos em inflorescências paniculadas terminais.

Existem muitos cultivares desta espécie.

É muito semelhante à espécie Origanum majorana (manjerona-verdadeira).

Partes usadas: Partes aéreas.

Uso popular: É uma planta usada como especiaria muito empregada na culinária italiana. Na medicina caseira é utilizada para tratar gripes e resfriados, indigestão, flatulência, distúrbios estomacais, cólicas menstruais, bronquite, asma, artrite e dores musculares (LORENZI & MATOS, 2002).

Na região de origem é considerada estomáquica, expectorante e antiespasmódica. O chá (infuso) ou seu óleo diluído são usados topicamente para higiene bucal, tratar congestão nasal, feridas e pruridos cutâneos (WYK & WINK, 2004).

Composição química: Óleo essencial: carvacrol, timol, terpineol, terpineno, cineol, borneol, limoneno, alfa e beta pineno, p-cimeno, B-cariofileno, bisaboleno, sabineno, eucaliptol.

  • Outros: ácidos fenólicos (cafeico, rosmarínico, ursólico, clorogênico); flavonóides (derivados do kaempferol, luteolina, apigenina, diosmetina, quercetina); taninos; resina.
  • Óleo essencial: Timol, carvacrol, C- terpineno, sabineno, 1,8-cineol, β-ocimeno, β-cariofileno, dentre outros.
  • Flavonoides: Apigenina, luteolina, crosseriol, dentre outros.
  • Compostos Fenólicos: Derivados do ácido rosmarínico, do ácido cafeico e do ácido protocatecuico, dentre outros.

Ações farmacológicas: Antioxidante, digestivo, antimicrobiano, anti-espasmódico, anti-inflamatório, antitussígeno.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Altas doses do óleo essencial pode provocar sonolência e em pessoas sensíveis pode provocar dermatite.

Contra-indicações: O óleo essencial e a infusão é contra indicado para mulheres grávidas e em fase de amamentação.

Posologia e modo de uso: O chá feito com 1-2 g de erva seca pode ser tomado três vezes ao dia.

O óleo essencial nunca deve ser tomado internamente (WYK & WINK, 2004).

Observações: O Origanum vulgare (orégano) é muito similar ao Origanum majorana (manjerona) e as duas espécies são frequentemente confundidas.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. 1. ed. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

KOLDAS, Serkan; Demirtas, Ibrahim; Ozen, Tevfik; Demirci, Mehmet Ali; Behcet, Luetfi – Phytochemical screening, anticancer and antioxidant activities of Origanum vulgare L. ssp. viride (Boiss.) Hayek, a plant of traditional usage. Journal of the Science of Food and Agriculture (2015), 95(4), 786-798. Acesso 20 Fev 2015

PESAVENTO, G.; Calonico, C.; Bilia, A. R.; Barnabei, M.; Calesini, F.; Addona, R.; Mencarelli, L.; Carmagnini, L.; Di Martino, M. C.; Lo Nostro, A.- Antibacterial activity of Oregano, Rosmarinus and Thymus essential oils against Staphylococcus aureus and Listeria monocytogenes in beef meatballs. From Food Control (2015), Ahead of Print. Acesso 20 Fev 2015.

PARK, J. H.; Kang, S. N.; Shin, D.; Shim, K. S. – Antioxidant enzyme activity and meat quality of meat type ducks fed with dried oregano (Origanum vulgare L.) – Asian-Australasian Journal of Animal Sciences (2015), 28(1), 79-85 – Acesso 20 Fev 2015.

SINGH, Pankaj; KOTHIYAL, Preeti; RATAN, Parminder. PHARMACOLOGICAL AND PHYTOCHEMICAL STUDIES OF ORIGANUM VULGARE: A REVIEW. International Research Journal Of Pharmacy, [s.l.], v. 9, n. 6, p.30-34, 23 jul. 2018.

RAO, Gottumukkalavenkateswara et al. Chemical constituents and biological studies of Origanum vulgare Linn. Pharmacognosy Research, [s.l.], v. 3, n. 2, p.143-145, 2011.

GIULIANI, Claudia et al. Congruence of Phytochemical and Morphological Profiles along an Altitudinal Gradient inOriganum vulgaressp.vulgarefrom Venetian Region (NE Italy). Chemistry & Biodiversity, [s.l.], v. 10, n. 4, p.569-583, abr. 2013.

WYK, Ben-Erik van & WINK Michael “MEDICINAL PLANTS OF THE WORLD”, Timber Press, Portland, Oregon/U.S.A. 2004.

http://www.tropicos.org/Name/17600223 Acesso 19 Fev 2015.

Tags: AntiespasmódicoAsmaBronquiteCólicaCondimentoEstomáquicoExpectoranteFlatulênciaGripeIndigestãoResfriado

MALVA-DE-DENTE

14/02/2020 22:44

Malva parviflora  L.

Malvaceae


Nomes populares: Malva-de-dente, malva, small-flowered mallow (Ingles, Canada), little mallow (Ingles, Estados Unidos).

Origem ou Habitat: Europa, Ásia e África.

Características botânicas: Herbácea anual, medindo entre 0,5 – 1,0 m de altura, glabra ou pubescente. Folhas com 2,5 – 6 cm de comprimento, 3 – 7,5 cm de largura, alternas, 5 – 7 lobadas, margens crenadas longamente pecioladas. Inflorescência fasciculada na axila das folhas, 3 – 6 flores. Flores rosadas pediceladas, cerca de 0,6 cm de comprimento, hermafroditas, 5 pétalas estreitas na base e bilobadas no ápice, estames numerosos soldados pelos filetes, ovário súpero 10 estigmas.

Partes usadas: Folhas.

Uso popular: Muito empregada em inflamações das gengivas (periodontias), em inflamações do aparelho genital feminino, dos rins e intestino, tem bom efeito sobre hemorróidas e cistites, tem ação laxante, a mucilagem possui atividade anti-inflamatória e protetora das mucosas digestiva, respiratória e cutânea, tem bom efeito em gripes, faringites , enfisema e asma, possui ação expectorante, auxilia o tratamento de gastrites e úlceras gástricas, é ótimo para furúnculos, como cicatrizante de feridas e picadas de insetos. Externamente, em inflamações e corrimentos vaginais. Tanto os árabes como os romanos usavam as folhas de malva na alimentação.

Composição química: Mucilagem.

Informações científicas: 👥 (HU): Estudo mostrou que o extrato aquoso das flores de malva apresenta potencial para o tratamento da constipação (Elsagh et al., 2015), e efeito protetor urinário em pacientes com câncer de próstata submetidos à radioterapia (Mofid et al., 2015). 🐁 (AN): Estudo demonstrou potencial hipolipemiante e hipoglicemiante para ácidos graxos extraídos das partes aéreas da M.parviflora (Gutiérrez, 2016). 🧪(VI): As evidências encontradas são acerca do potencial antibacteriano de frações extraídas das raízes da espécie contra bactérias Grampositivas (B.subtilis, S. aureus) e Gram-negativas (E. coli) (Shale; Stirk; Van Staden, 2005; Tadeg, 2005).

Observação do uso clínico em Florianópolis: O uso da infusão preparada com as folhas da M. parviflora tem boa resposta para casos de infecções de boca (gengivites e aftas), vulvo vaginites e dermatoses.

Cuidado no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas o uso concomitante desta espécie vegetal com outros medicamentos deve ser cauteloso. Deve-se evitar o uso interno na gestação e lactação e em crianças menores de 02 anos.

Posologia e modo de uso: 

🍵Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Uso externo: Utilizar a infusão preparada com as folhas secas e frescas para uso tópico na forma de bochechos e gargarejos para gengivites, aftas e na forma de banho de assento em casos de vulvo vaginites

Observações: As espécies de Malva podem ser parasitadas pelo fungo Puccinia malvacearun, tornando-se manchadas, cheias de pústulas pardas e, portanto, inadequadas ao uso (BISSET, 1994). Uma usuário referiu o fato de sentir “dor nos ossos” quando usa mais de três dias seguidos.

Referências: 

1. VEIGA LOPES, A.M. Vinte e quatro plantas usadas na medicina popular do Rio Grande do Sul, apostila, 2002.

2. Avaliação da actividade hipoglicemiante das folhas de Malva parviflora em ratos com diabetes induzida por estreptozotocina. Perez Gutierrez RM . Fonte Laboratorio de Investigación de Productos Naturales, Escuela Superior de Ingeniería Química e Industrias Extractivas IPN, Av. Instituto Politecnico S / N, Col Zacatenco, CP 07758, México DF. rmpg@prodigy.net.mx

3. http://www.tropicos.org/Name/19600174.

4. ELSAGH, M., et al., Efficacy of the Malva sylvestris L. flowers aqueous extract for functional constipation: A placebo-controlled trial.”. Complementary therapies in clinical practice 21.2 (2015): 105-111. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1744388115000122?via%3Dihub

5. MOFID, B., et al., Preventive effect of Malva on urinary toxicity after radiation therapy in prostate cancer patients: A multicentric double-blind randomizedclinical trial.” Electronic physician 7.5 (2015): 1220. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4590556/

6. GUTIÉRREZ,R.M.P.,Hypolipidemic andhypoglycemic activities of a oleanolic acid derivative from Malva parviflora on streptozotocin-induced diabetic mice. Archives Of Pharmacal Research, [s.l.], v. 40, n. 5, p.550-562, 10 dez. 2016. SpringerNature. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s12272-016-0873-y

7. TADEG, H et al. Antimicrobial activities of some selected traditional Ethiopian medicinal plants used in the treatment of skin disorders. Journal Of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 100, n. 1-2, p.168-175, ago. 2005. Elsevier BV. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874105002084?via%3Dihub

8. SHALE, T.l.; STIRK, W.a.; VAN STADEN, J. Variation in antibacterial and anti-inflammatory activity of different growth forms of Malva parviflora and evidence for synergism of the anti-inflammatory compounds. Journal of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 96, n. 1-2, p.325-330, jan. 2005. Elsevier BV. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874104004726?via%3Dihub

Tags: Anti-inflamatórioCicatrizanteCistiteExpectoranteGastriteGripeHemorróidaLaxante

LOURO

13/02/2020 21:35


Laurus nobilis  L.

Lauraceae


Nomes populares: Louro, loureiro-ordinário, loureiro-dos-poetas, louro-comum, laurel (Ingles).

Origem ou Habitat: Ásia Menor. É amplamente distribuída nas áreas do Mediterrâneo e Europa e cultivada no Sul e Sudeste do Brasil.

Características botânicas: Árvore perene que mede de 2-10 m de altura, porém, nas regiões de origem pode chegar de 14-25 m. É ramificada e aromática. Folhas simples, alternas, pecioladas, coriáceas, brilhantes, ligeiramente onduladas nas bordas, de cor verde-escuro, de 4-8 cm de comprimento. Flores amareladas ou brancas, aromáticas, reunidas em fascículos axilares, em grupo de 3 a 4. Os frutos são bagas globosas de cor preta quando maduros. (Lorenzi & Matos, 2002).

Partes usadas: Folhas e frutos.

Uso popular: As folhas secas são amplamente empregadas na culinária de vários países como condimento (Alonso, 2004; Lorenzi & Matos, 2002; Stuart, 1981). Utilizada na medicina tradicional, como estimulante do apetite e da digestão, é indicada em casos de dispepsias, flatulência, cólicas, astenias e dores reumáticas e também em casos de estados gripais (acompanhados de mal estar e cansaço) (Lorenzi & Matos, 2002; Alonso, 2004). Externamente, é usada como antisséptica para a pele e antiparasitária (contra caspa e piolhos), reduzindo o mau cheiro dos pés e no combate aos fungos (Lorenzi & Matos, 2002; Drescher, 2001). É usada externamente na Turquia a decocção das folhas frescas em casos de hemorróidas e a decocção dos frutos macerados para mialgias (Alonso, 2004). No Irã, utiliza-se o óleo essencial das folhas como anticonvulsivante, enquanto na Amazônia brasileira prepara-se a decocção das folhas como antihipertensivo. Nas zonas de Mata Atlântica, a infusão das folhas é empregada em doenças do fígado, dores de cabeça, como emética e abortiva (Alonso, 2004; Di Stasi & Hiruma-Lima, 2002) Tem outros usos, como o empego na fabricação de cremes, loções, perfumes, sabonetes e detergentes (Alonso, 2004).

Composição química: As folhas possuem óleo essencial (1-3%) ricos em compostos terpênicos como cineol (40-44%), eugenol e metileugenol (17%), sabineno (6,2%), terpineol (5,7%), pineno (4,7%), linalol, lactonas sesquiterpênicas, fenilhidrazina, piperidina, geraniol, flavonoides, taninos e alcaloides isoquinolínicos (pricipalmente reticulina e em menor medida boldina, launobina, isodomesticina, neolitsina e nandigerina) (Alonso, 2004; Sayyah, et al., 2002). Os frutos possuem óleo essencial (2-4%) rico em derivados terpênicos como cineol (30-50%), alfa e beta-pineno (10%), citral, felandreno, limoneno, p-cimeno, eugenol (livre e esterificado), geraniol, sabineno e metilcinamato. Contém ainda lipídeos (25-55%, sendo muito abundante também nas sementes) compostos por glicerídeos dos ácidos láurico, oleico, palmítico e linoleico. Possui alcaloides isoquinolínicos e princípios amargos (lactonas sesquiterpênicas) como costunolídeo, dehidrocostuslactona, eremantina e laurenbiolídeo.

Ações farmacológicas: As folhas e alguns dos seus compostos presentes no óleo essencial demonstraram atividade inseticida contra baratas, enquanto o extrato aquoso das folhas evidenciou efeito inibitório sobre Biomphalaria glabrata, caramujo hospedeiro do Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose (Ré, 1987; Alonso, 2004). O óleo essencial obtido das folhas demonstrou efeitos antiparasitários in vitro, principalmente contra piolhos e ácaros na medicina veterinária (Alonso, 2004). Estudos em ratos com úlceras gástricas induzidas por etanol evidenciaram atividade protetora da mucosa gástrica quando tratados tanto com o extrato aquoso e metanólico quanto o óleo essencial das sementes (Alonso, 2004). Em um estudo sobre absorção alcoólica com cobaias, Yoshikawa (2000) concluiu que sete sesquiterpenos ativos da planta apresentaram atividade inibitória da absorção do álcool pelo organismo, atribuindo potente ação preventiva sobre intoxicação alcoólica aguda. A planta possui atividade anticonvulsivante comprovada em estudos com ratos, prevenindo convulsões tônicas induzidas por eletrochoque e por pentilenetetrazol, atribuída a compostos como metileugenol, eugenol e pineno. Em doses anticonvulsivantes, produziu sedação e comprometimento motor, corroborando seu uso na medicina popular iraniana como antiepilética. Os autores colocam, no entanto, a necessidade de mais estudos antes de conclusões absolutas (Sayyah, et al., 2002).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É uma espécie com potencial alergênico na pele devido a presença de lactonas sesquiterpênicas, monoterpenos monocíclicos (limoneno, felandreno) e bicíclicos (pineno), os quais podem provocar desde dermatite de contato (Adisen & Onder, 2007; Ozden, et al., 2001) até fotossensibilização. Em altas doses ou com uso muito frequente, pode causar gastrite e úlceras na mucosa digestiva, devido às lactonas e taninos. No entanto, é considerada uma planta segura para uso medicinal em humanos nos EUA e Espanha (Alonso, 2004).

Contra-indicações: Contra-indicada na gravidez (abortiva), lactação, em crianças menores de 6 anos, gastrite, úlceras gástrica ou duodenal, colite ulcerativa, doença de Chron, hepatopatias, epilepsia e doença de Parkinson (Alonso, 2004, citando Arteche Garcia A. et al., 1998).

Posologia e modo de uso: Infusão: 1 colher (sobremesa) de folhas picadas para 1 xícara de água fervente. Tomar 1 xícara antes das refeições.
Decocção para uso externo: 5 colheres (sopa) de folhas picadas em 1 litro de água. Ferver por 10 minutos; é indicado banho de imersão por 15 minutos como antisséptico para a pele, como relaxante muscular contra mau cheiro dos pés e no combate a fungos, parasitos e suor.

Observações: Na antiguidade, os gregos consideravam esta planta muito nobre, de tal forma que coroavam seus heróis com suas folhas e ramos. As expressões “laureado” = premiado e “os louros da vitória” são usadas em alusão a esta planta: Laurus nobilis.

Referências: 

Chen, Hongqiang; Xie, Chunfeng; Wang, Hao; Jin, Da-Qing; Li, Shen; Wang, Meicheng; Ren, Quanhui; Xu, Jing; Ohizumi, Yasushi; Guo, Yuanqiang – Sesquiterpenes Inhibiting the Microglial Activation from Laurus nobilis. Journal of Agricultural and Food Chemistry (2014), 62(20), 4784-4788. | – Acesso 14 Jul 2014.

ADISEN, E. e ONDER, M. Allergic contact dermatitis from Laurus nobilis oil induced by massage. Contact Dermatitis. 2007 Jun;56(6):360-1.

ALONSO, Jorge. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos – 1. ed.; Argentina, Rosario. Corpus Libros, 2004. Pp. 665-667.

DI STASI, Luiz Claudio., HIRUMA-LIMA, Clélia Akiko; colaboradores Alba Regina Monteiro Souza-Brito, Alexandre Mariot, Claudenice Moreira dos Santos. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. 2. ed. rev. e ampl. – São Paulo: Editora UNESP, 2002. Pp. 107-108.

DRESCHER, Lírio (coordenador). Herbanário da Terra – Plantas e Receitas. – 1. ed. 2001. Pp. 86.

LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. – 1. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. Pp. 267.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa/SP: Instituto Plantarum, 2008.

OZDEN, MG., OZTAS, P., OZTAS, MO., ONDER, M. Allergic contact dermatitis from Laurus nobilis (laurel) oil. Contact Dermatitis. 2001 Sep;45(3):178.

RE, Liliane and KAWANO, Toshie. Effects of Laurus nobilis (Lauraceae) on Biomphalaria glabrata (Say, 1818). Mem. Inst. Oswaldo Cruz [online]. 1987, vol.82, suppl.4, pp. 315-320. Acessado em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0074-02761987000800060&script=sci_arttext

SAYYAH, M., VALIZADEH, J. And KAMALINEJAD, M. Anticonvulsant activity of the leaf essential oil of Laurus nobilis against pentylenetetrazole- and maximal electroshock-induced seizures. Phytomedicine Volume 9, Issue 3, 2002, Pages 212-216. Acessado em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S094471130470104X

STUART, Malcolm. Enciclopedia de Hierbas y Herboristería. Ediciones Omega, S. A., Barcelona, 1981. Pp. 211.

YOSHIKAWA, M., SHIMODA, H., UEMURA, T., MORIKAWA, T., KAWAHARA, Y., MATSUDA, H. Alcohol absorption inhibitors from bay leaf (Laurus nobilis): structure-requirements of sesquiterpenes for the activity. Bioorganic & Medicinal Chemistry Volume 8, Issue 8, August 2000, Pages 2071-2077. Acessado em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0968089600001279 Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 04 Jul 2011

http://www.tropicos.org/Name/17804359 – Acesso 14 Jul 2014.

Tags: Abortivoanti-hipertisivoAnti-parasitáriaAnticonvulsivaAntissépticaAsteniaCólicaCondimentoDispepsiaDores reumáticasEméticaFlatulênciaGripeHemorróidaMialgias

LARANJEIRA E LIMOEIRO

13/02/2020 21:21

Citrus aurantium & Citrus limon  L.

Rutaceae


Sinonímias:

Citrus aurantium L. subsp. aurantium (= subsp. amara (L.) Engl.) – laranja amarga

Citrus sinensis (L.) Osbeck. – laranja doce.

Origem ou Habitat: Oriente.

Características botânicas: O gênero Citrus é composto de diversas espécies, variedades e híbridos. São muitos apreciados pelos frutos comestíveis (laranja, limão, lima, etc) e como fonte de óleos essenciais, pectinas e flavonóides. Na Ilha, espécies de laranja e limão são empregadas com fins medicinais.

A espécie Citrus aurantium é uma árvore pequena (até 5m), com folhas elípticas, verdes, pecíolo alado articulado na inserção do limbo. As flores, de odor suave, são brancas ou amareladas. A espécie Citrus sinensis cresce até 10m de altura.

A espécie Citrus limon é uma árvore que se diferencia da laranjeira por apresentar folhas com pecíolo rara ou estreitamente alado. As flores são brancas na parte interna das pétalas e vermelho-violáceo na parte exterior.

Partes usadas: Flores, folhas, cascas, suco.

Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha

As folhas da laranjeira e do limoeiro, bem como o suco do limão, são empregados na forma de decocto ou xarope com mel para gripes, tosses e resfriados. A folha e flor da laranjeira e do limão são empregados em dores de cabeça e ansiedade.

Segundo a literatura

As cascas da laranja são empregadas como estimulante do apetite (SCHILCHER, 1992) e no tratamento sintomático dos problemas funcionais da fragilidade capilar cutânea. As flores e folhas da laranjeira amarga e doce são empregadas como sedativo suave, em problemas do sono. A casca do limão é usada como estomáquico. O suco é empregado, internamente, contra flatulências, afecções hepáticas e biliares, dores de cabeça, febres e resfriados. Externamente como anti-inflamatório para feridas e como calmante de dores de gengivas e dos dentes.

O suco fraco, sem açucar e morno pela manhã, em jejum, favorece a evacuação.

Composição química: Os dados químicos comuns às espécies de Citrus serão apresentados conjuntamente.

A folha da laranjeira possui flavonóides, compostos amargos e 0,3% de óleo essencial contendo 70-75% de linalol, 10-15% de geraniol, semelhante ao óleo das flores . A flor da laranjeira possui 0,2-0,5% de óleos essenciais, constituídos basicamente por monoterpenos, além de citroflavonóides e substâncias amargas . O pericarpo tanto da laranja doce quanto da amarga contém 1 – 2,5% de óleo essencial, constituído de aproximadamente 98% de limoneno. Também contém citroflavonóides, pectinas e furanocumarinas. O pericarpo do limão possui composição semelhante, diferindo apenas quantitativamente . Os citroflavonóides encontram-se no pericarpo e polpa das frutas.

Das folhas e cascas dos frutos de algumas espécies de Citrus foi isolada sinefrina.

A polpa dos frutos cítricos é rica em vitamina C.

Ações farmacológicas: Os dados farmacológicos comuns às espécies de Citrus serão apresentados conjuntamente.

São indicados no tratamento das manifestações de insuficiência venosa crônica, funcional e orgânica, dos membros inferiores. Alguns desses flavonóides apresentam forte ação hipotensora em ratos, após a administração intravenosa.

A sinefrina é um alcalóide simpatomimético.

A pectina age como um laxante suave, por promover o aumento do bolo fecal e, conseqüentemente, estimular o peristaltismo do cólon.

Experimentos com o suco dos frutos de Citrus sinensis e, principalmente, de Citrus limon, demonstraram que os mesmos aumentam significativamente os níveis plasmáticos de lipoproteína de alta densidade (HDL) e reduzem os níveis de colesterol, de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e de triglicerídeos em ratos.

O óleo das flores apresentou atividade antimicrobiana(HOPPE, 1981).

estudo em ratos mostrou ação sobre ansiedade , com provável ação sobre receptores tipo benzodiazepínicos , e sobre depressão.

A vitamina C possui propriedades antiescorbúticas.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: As furanocumarinas presentes nas cascas de laranja e, principalmente, do limão, podem provocar reações de fotossensibilização cutânea, especialmente em pessoas de pele clara.

Reações alérgicas ao suco ou ao óleo essencial já foram relatadas. Neste último, os terpenos presentes seriam os responsáveis pela sensibilização.

Contra-indicações: Pessoas com sensibilidade ao limão e a laranja.

Observações: Para o tratamento da constipação habitual, recomendamos tomar em jejum, meio copo de água morna com 1 limão espremido, e introduzir as modificações necessárias na dieta e nos hábitos.

Referências: 

BISSET, N.G. (Ed.) Herbal Drugs and Phytopharmaceuticals. 4.ed. Stuttgart Medpharm, Boca Raton: CRC Press, 1994.

BRUNETON, J. Pharmacognosie Phytochimie Plante Médicinales. 2.ed. Londres: Technique et Documentation Lavoiser, 1993.

FARIAS, M.R. et al. Plantas medicinais na ilha de Santa Catarina: Grupo de Estudos em Fitoterapia, Florianópolis: UFSC/P.M.F., 1996, 111p. (inédito)

GIRRE, L. La Santé Par Les Plantes. Rennes: Edilarge S.A., 1992.

HARDMAN, J.G.; UMBIRD, L.E. (Eds.) Goodman & Gilman’s The Pharmacological Basis of Therapeutics. 9.ed. New York: McGraw-Hill, 1995.

HOPPE, H. A. Taschenbuch der Drogenkunde. Berlin: Walter de Gruyter, 1981.

REYNOLDS, J.E.F. (Ed.) Martindale The Extra Pharmacopoeia. 30.ed. London: The Pharmaceutical Press, 1993.

ROTH, L; DAUNDERER, M.; KORMANN, K. Giftpflanzen Pflanzengifte. 3.ed. Lech: Ecomed, 1987.

SCHILCHER, H. Phytoterapie in der Kinderheilkunde: Handbuch für Arzte und Apotheker. Sttutgart: Wissenschaftliche, 1992.

TANG, W.; EISENBRAND, G. Chinese Drugs of Plant Origin. Berlin: Springer, 1992.

TROVATO, Α. Effects of fruit juices of Citrus sinensis L. and Citrus limon L. on experimental hypercholesterolemia in the rat. Phytomedicine, v.2, n.3, p.221-7, 1996.

ZIN, J.; WEISS, C. La Salud Por Medio de las Plantas Medicinales. 6. ed. Santiago: Editoral Salesiana, 1980.

Pharmazie, v. 66, n. 8, p.7-623, Aug., 2011.

Sedative, anxiolytic and antidepressant activities of Citrus limon (Burn) essential oil in mice. L M Lopes C, Gonçalves e Sá C, de Almeida AA, da Costa JP, Marques TH, Feitosa CM, Saldanha GB, de Freitas RM. Source Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Laboratório de Pesquisa em Neuroquímica Experimental da Universidade Federal do Piauí, Brazil.

 

Tags: AnsiedadeAnti-inflamatórioCefaléiaFebreFlatulênciaGripeResfriadoSedativoTosse

GOIABEIRA-SERRANA

11/02/2020 21:09

Acca sellowiana  (O.Berg) Burret.

Myrtaceae


SinonímiasFeijoa sellowiana (O.Berg.)O.Berg.

Nomes populares: goiabeira-da-serra, goiabeira-do-mato, goiabeira-serrana, feijoa, kanê Kriyne, quirina.

Origem ou Habitat: É nativa do Sul do Brasil e nordeste do Uruguai, mas já está sendo produzida na Colômbia, EEUU e Nova Zelândia.

Características botânicas: É um arbusto ou pequena árvore,podendo chegar a 5 m de altura.

Partes usadas: Folhas, frutos e flores.

Uso popular: A goiabeira-serrana é usada como planta ornamental, alimentícia e medicinal.

Pode-se comer as flores ao natural, fazer suco e geléia do fruto, além de ser útil para gripes, tosse e diarreia.

Composição química: O fruto é rico em vitamina C e o suco contém quercetina, ácido elágico, catequina, rutina, eriodictiol, ácido gálico, pirocatecol, ácido siríngico e eriocitrin.

Ações farmacológicas: Possui atividade anti-inflamatória, (testado em animais), e antioxidante.

Referências: 
Conhecimento popular e diversidade da goiabeira-serrana (Acca sellowiana) na Serra Catarinense. Florianópolis, 2011. Epagri, Boletim didático, 83).

Monforte, Maria T.; Fimiani, Vincenzo; Lanuzza, Francesco; Naccari, Clara; Restuccia, Salvatore; Galati, Enza M.- Feijoa sellowiana Berg Fruit Juice: Anti-​Inflammatory Effect and Activity on Superoxide Anion Generation. From Journal of Medicinal Food (2014), 17(4), 455-461. | Language: English, Database: CAPLUS – Acesso 10 Jul 2014.

http://www.tropicos.org/Name/22103016?tab=synonyms – Acesso 10 Jul 2014

Tags: DiarreiasGripeNutritivaOrnamentalTosse
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