Tanacetum parthenium (L.) Sch. Bip.
Asteraceae (Compositae)
Sinonímias: Chrysanthemum parthenium (L.) Bernh., Matricaria parthenium L. (LORENZI; MATOS, 2008), Leucanthemum parthenium (L.) Gren & Godron, Pyrethrum parthenium (L.) Sm. (NEWALL; ANDERSON; PHILLIPSON, 2002), Parthenium matricaria Gueld. (SILVA, 2001.)
Nomes populares: Rainha-das-ervas, artemijo, margaridinha, olguinha, margaridinha-branca, camomila-pequena, macela-da-serra (LORENZI; MATOS, 2008), macela-do-reino, atanásia, atanásia-dos-jardins, artemísia, artemísia-dos-ervanários (NEWALL; ANDERSON; PHILLIPSON, 2002), matricária, erva made, monsenhor-amarelo, piretro-do-cáucaso, altamisa (Espanha, Costa Rica), Santa María (Espanha, México, Chiapas), feverfew (Costa Rica).
Origem ou Habitat: Nativa da região dos Bálcãs, naturalizada na Europa e cultivada na América (ALONSO, 2004). Apresenta comportamento anual no Nordeste do Brasil.
Características botânicas: Erva ereta, comumente perene, com até 50 cm de altura. Folhas pinatipartidas, com folíolos membranáceos. Flores com pequenos capítulos reunidos em corimbos, as externas do capítulo formam um pequeno anel de pétalas brancas em torno das centrais que são amarelas. Toda a planta tem sabor amargo e cheiro característico(LORENZI; MATOS, 2008).
Partes usadas: Folhas e inflorescências.
Uso popular: Uso interno: principalmente para enxaqueca (migrânea) e dores de cabeça, além de neuralgias, febre, dismenorréia, para ajudar na expulsão da placenta após o parto (CHEVALLIER, 1996), mal-estar gástrico, diarréia, reumatismo, câimbra, analgésica, antiinflamatória, vermífuga(LORENZI; MATOS, 2008), problemas de gases, infecções uterinas, calmante (FRANCO; FONTANA, 2004), zumbido, vertigem, odontalgia (NEWALL; ANDERSON; PHILLIPSON, 2002), para aumentar o apetite e melhorar a digestão (MILLS; BONE, 2000). Em todos os casos recomenda-se a infusão de folhas e flores frescas ou secas ou tinturas (LORENZI; MATOS, 2008). A decocção adoçada com mel ou açúcar é utilizada para resfriados, tosse e respiração difícil. A infusão quente era utilizada para remover o mau-humor e a ira, tratar resfriados e doenças febris e “limpar os rins”, enquanto que a infusão fria era considerada excelente como tônica. Evidências empíricas sugerem que seja benéfica na psoríase (MILLS; BONE, 2000).
Na Colômbia, emprega-se a decocção das folhas por via oral para parasitoses.
Na Guatemala e em Martinica utiliza-se a infusão da planta fresca ou seca como sedativa e contra os resfriados, e recomendam a aplicação na forma de cataplasma para tumores e câncer (ALONSO, 2004).
Uso externo: picadas de insetos, aliviar os incômodos do pós-parto (LORENZI; MATOS, 2008), úlceras, feridas, piolhos, lêndeas, para afugentar insetos (FRANCO; FONTANA, 2004) e após intervenções dentárias (bochechos). O extrato desta planta misturado à essência de tomilho é repelente e sua eficácia se prolonga por até 5 horas (SILVA, 2001).
Na Venezuela, extratos da planta toda são aplicados em gotas em casos de otite (ALONSO, 2004)..
Composição química: Óleo essencial (α-pineno, bornil-acetato, L-borneol, angelato, ácido cóstico, cânfora, β- farnesina, canina, 10-epicanina, artecanina, éteres espiroquetalenólicos), lactonas sesquiterpênicas (formadas principalmente pelo partenolídeo e seus derivados, além da crisantemonina em menor concentração), ácidos fenólicos, flavonóides (santina, apigenina e os metilésteres de 6-HO-campferol tanetina e queratagetina), guaianolídeos (crisantemina A e B), princípios amargos, fitosterina, melatonina (folhas), ácido tânico, ácido antêmico, cosmosiina, derivados acetilênicos (raízes). As sementes secas apresentam 22% de proteínas e 31,2% de gordura (ALONSO, 2004.
Ações farmacológicas: De acordo com vários ensaios clínicos duplo-cego controlados por placebo, conclui-se que seu uso está indicado especialmente como preventivo das intercrises de enxaqueca, reduzindo sua freqüência e sua intensidade, por melhorar os sintomas neurovegetativos associados, como náuseas, vertigens ou vômitos¹. Emenagogo (altas doses), antihelmíntico(MILLS; BONE, 2000). In vitro demonstrou atividades antiinflamatória, antimicrobiana, espasmolítica, antitumoral e inibidora da enzima angiotensina II (e então possivelmente hipotensora arterial).
Interações medicamentosas: Potencializa o efeito de drogas anticoagulantes e não deve ser administrada junto a elas; a potência farmacológica diminui quando administrada junto a drogas antiinflamatórias não esteroidais; não deve ser administrada junto a aminoácidos que contenham grupos sulfidrilos como a cisteína e a N-glicina¹. Por conter taninos, pode alterar a absorção de minerais de alimentos e/ou suplementos, como ferro, cálcio, zinco, cobre e magnésio, devendo ser administrada separadamente de vitaminas e minerais (LAVALLE, et al, 2000).
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em geral os extratos desta planta são bem tolerados, mesmo que durante longos períodos. Devido ao gosto muito picante e desagradável, pode ocasionar desconforto durante a ingestão da infusão de forma contínua. Um estudo com pacientes em uso da planta por 6 meses, e outro por 10 anos, não demonstraram sinais de toxicidade (SCHULZ; HÄNSEL; TYLER, 2002). Foram descritas algumas dermatites de contato, nódulos pruriginosos e dores abdominais, principalmente por folhas frescas. Apesar de o óleo essencial conter cânfora, seriam necessárias doses extremamente elevadas para provocar estados convulsivos (ALONSO, 2004). Foi descrita uma “síndrome pós-matricária”, incluindo nervosismo, insônia, rigidez articular e dor, que pode ocorrer em algumas pessoas após descontinuar o uso (LAVALLE, et al, 2000).
Contra-indicações: Gravidez, amamentação (pelos princípios amargos), crianças menores de 2 anos (ALONSO, 2004), pessoas em sangramento ativo (LAVALLE, et al, 2000) e pessoas com hipersensibilidade conhecida à Tanacetum parthenium, partenolídeos ou outros membros da família Asteraceae/Compositae não devem fazer uso interno (MILLS; BONE, 2000). Usar com cuidado em pessoas em tratamento anticoagulante ou com histórico de hemorragias, distúrbios hemostáticos ou problemas hemostáticos relacionado à medicamentos. Deve-se interromper o uso pelo menos 15 dias antes de procedimentos odontológicos ou cirúrgicos (LAVALLE, et al, 2000).
Posologia e modo de uso: Infusão de 2 gr. de folhas e flores frescas ou secas em uma xícara, 2 vezes ao dia, antes das refeições (ALONSO, 2004).
Para lavagens locais, gargarejos ou bochechos, prepara-se um chá mais forte com 5-6 folhas e/ou flores(5).
Há propostas de preparações deverem conter de 0,2% a o,8 % de partenolídeo , apesar de não ser clara a participação desde composto na profilaxia da enxaqueca.
Observações: Apesar de não haver trabalhos evidenciando efeitos uterotônicos em animais, há uma vasta tradição cultural de seu emprego como estimulante uterino para promover a menstruação (ALONSO, 2004). Estudos clínicos sugerem que o tratamento para enxaqueca deve durar de 4-6 meses para se alcançar efeitos benéficos.
Recomenda-se que a dosagem seja reduzida gradualmente durante um mês quando do término do tratamento (MILLS; BONE, 2000), a interrupção abrupta pode aumentar a freqüência das enxaquecas (LAVALLE et al, 2000).
Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 739-743.
CHEVALLIER, A. The Encyclopedia of Medicinal Plants. London: Dorling Kindersley, 1996. p. 139-309.
FRANCO, I. J.; FONTANA, V. L. Ervas e Plantas: A Medicina dos Simples. 9 ed. Erexim,RS: Livraria Vida, 2004. p. 125.
LAVALLE, J. B. et al. Natural Therapeutics Pocket Guide. Hudson, OH: Lexi-comp; Cincinnati, OH: Natural Health Resources, 2000. p. 432-433.
LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. p. 161.
MILLS, S.; BONE, K. Principles and Practice of Phytotherapy:Modern Herbal Medicine. [S. I.]: Churchill Livingstone, 2000. p. 385-391.
NEWALL, C. A.; ANDERSON, L. A.; PHILLIPSON, J. D. Plantas Medicinais: Guia Para Profissional de Saúde [Herbal Medicines]. Trad. De Mirtes F. de Oliveira Pinheiro. São Paulo: Premier, 2002.
- 191-193.
SILVA, R. C. Plantas Medicinais na Saúde Bucal. Vitória: Artgraf, 2001. p. 31.
SCHULZ, V.; HÄNSEL, R.; TYLER, V. E. Fitoterapia racional: um guia de fitoterapia para as ciências da saúde. 4. ed. Barueri, SP: Manole Ltda, 2002.
http://www.tropicos.org/Name/2701375 – acessado em: 12 de junho de 2012.