VINAGREIRA

24/02/2020 18:35

Hibiscus sabdariffa  L.

Malvaceae


SinonímiasSabdariffa rubra Kostel., Hibiscus cannabinus L., Hibiscus cruentus Bertol., Hibiscus fraternus L., Hibiscus palmatilobus Baill.

Nomes populares: Rosela, rosélia, azedinha, azeda-da-guiné, caruru-da-guiné, chá-da-jamaica, pampulha, papoula-de-duas-cores.

Origem ou Habitat: Sudeste da Ásia, Índia e seus vizinhos a leste e ao sul do Himalaia. Foi introduzido no Egito, Sri Lanka, Tailândia, Jamaica e México, e difundida para vários países de clima tropical.

Características botânicas: Existem muitas variedades de Hibiscus sabdariffa, segundo SILVA JUNIOR, 2003, e a variedade que vamos descrever é Hibiscus sabdariffa L. var. sabdariffa Wester f. ruber que apresenta cálices vermelhos e suculentos, próprios para consumo (Morton, 1987, apud SILVA JUNIOR, 2003); é um subarbusto anual, ereto, medindo cerca de 1,8 – 2,20 m de altura. Apresenta caule avermelhado, cilíndrico e ramoso. Folhas alternas, longo-pecioladas, verdes com nervuras vermelhas, sendo as inferiores inteiras e ovadas e as superiores palmatilobadas, com 3-5 lobos estreitos e agudos, 5-nervuras, denteados, com uma grande glândula na base da nervura mediana e medindo de 7 – 12 cm de comprimento.

Flores amarelas ou ocre-pálidas, solitárias, sésseis, axilares, de andróforo rosa ou marrom, medindo cerca de 12 cm de diâmetro. As pétalas adquirem uma tonalidade rósea ao final do dia, quando tendem a murchar.

Cálice vermelho e carnoso, formado por 5 pétalas grandes e um colar composto de 8 a 12 brácteas triangulares, finas e pontiagudas em torno da base. Fruto tipo cápsula, verde quando imaturo e vermelho e suculento quando maduro, de formato cônico-ovóide, medindo 3-5 cm de comprimento. As sementes são reniformes e castanho-claras, em número de 3 a 4 por fruto.

Partes usadas: Flores, folhas, sementes e raízes.

Uso popular: As folhas são usadas popularmente como emolientes, estomáquicas, febrífugos, hipo-tensoras e antiescorbúticas. Os cálices ou frutos, são refrescantes, coleréticos, diuréticos e laxantes suaves. As sementes são diuréticas, tônicas e tidas como afrodisíacas. A raiz é estomáquica, aperitiva, amarga e tônica.

Composição química: Cálice e flores: antocianidinas (hibiscina, cianidina, crisantenina e delfinidina), flavonóides (hibiscina, gossipetina, hibiscetina e sabdaretina), ácido protocatechuico (é um ácido fenólico), polissacarídeos mucilaginosos, ácidos orgânicos (ácido hibístico e cítrico), vitamina C, pectina, fitosteróis (b-sitosterol, campesterol, ergosterol, estigmasterol),

As folhas são ricas em proteínas e sais minerais. Apresentam alto nível de ferro e zinco, além de cálcio, carotenos e vitamina C.

Raízes: principalmente ácido tartárico e saponinas.

Ações farmacológicas: A infusão ou decocção do hibisco, em animais não-humanos, demonstrou propriedades hipo-tensoras arteriais (ALONSO, J. 2004);

A ingestão do extrato aquoso da planta reduz a taxa de absorção de álcool no organismo, reduzindo o efeito do alcoolismo (Watt & Breyer-Brandwijk, 1962, apud SILVA JUNIOR, 2003);

O extrato etanólico da planta inteira produz efeitos hipoglicemiantes em ratas submetidas a diabetes experimental.

Extratos de vinagreira reduziram a taxa plasmática de lipídeos totais, colesterol total e triglicerídeos, através de um provável sinergismo com os fitoesteróis, estimulando os sistemas enzimáticos do fígado. (ALONSO, J., 2004).

Alguns estudos apontam atividade antitumoral.

O extrato seco das flores apresenta poderosa atividade antioxidante.

O ácido protocatechuico demonstrou ação antioxidante e anti-inflamatória. (Liu et al., 2002 apud SILVA JUNIOR, 2003).

Alguns ensaios clínicos demonstraram que o chá das flores reduziu a pressão arterial. (SILVA JUNIOR, 2003).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo obtido das sementes apresenta mutagenicidade(ALONSO, J., 2004; SILVA JUNIOR, 2003.

Contra-indicações: A planta e seus produtos são contra-indicados para pessoas portadoras de doenças cardíacas, o efeito diurético da planta aumenta a excreção de eletrólitos, especialmente o potássio. (Teske & Trentini, 1997 apud SILVA JUNIOR, 2003).

Ante a falta de dados sobre inocuidade durante a lactação e gravidez, não se recomenda nestas circunstâncias (ALONSO, J., 2004).

Posologia e modo de uso: Infusão: 1 colher das de sopa de cálices jovens em 1 xícara de água fervente. Tomar 1 xícara 3 x ao dia, após as refeições.

Decocção: 1 colher das de sopa de flores em 2 copos de água. Ferver por mais ou menos 5 minutos. Coar e tomar 1 copo 3 x ao dia, após as refeições.

Emplasto com as folhas quentes aplicar sobre furúnculos, rachaduras nos pés e úlceras dérmicas.

Observações: Os frutos e os cálices são utilizados na preparação de geleias, compotas, pudim, tortas, gelatina, sorvetes, refrescos, vinho de rosela, xarope, vinagre, etc.

No Maranhão é consumido um prato típico chamado “arroz de cuxá”, que consiste em folhas cozidas de vinagreira servidas com peixe e arroz.

As fibras dos caules são utilizadas no ramo têxtil.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

DRESCHER, L. (coordenador). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. Laranja da Terra, ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001. p. 113.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

SILVA JUNIOR, A.A.. Essentia herba – Plantas bioativas. Florianópolis: Epagri, 2003.pgs. 266-280.

http://www.tropicos.org/Name/19600047?tab=synonyms – acesso em 28 de setembro de 2012.

Tags: AfrodisíacoColeréticaDiuréticoEmolientesEstomáquicoFebrífugaLaxanteTônico

MOSTARDA-PRETA

17/02/2020 22:04

Brassica nigra  (L.) W.D.J. Koch.

Brassicaceae (antiga Cruciferae)


SinonímiasSinapis nigra L., Brassica sinapoides Roth, Mutarda nigra (L.) Bernh., Sisymbrium nigrum (L.) Prantl.

Nomes populares: Mostarda-preta, mostardeira, black Mustard (inglês), mostaza negra (espanhol), moutarde noire (francês), sènape nera (italiano), schwarze (alemão).

Origem ou Habitat: Europa e Ásia.

Características botânicas: Herbácea anual, ereta, medindo de 1 a 3 metros de altura; possui muitas ramificações. Folhas lobadas e estreitas com margens serreadas; flores amarelas, pequenas, agrupadas em cachos. Os frutos são tipo síliqua (Derivado de um ovário superior de dois carpelos, na maturidade o pericarpo seco se separa em três partes, uma parte central (um septo) que contem as sementes.

Partes usadas: Folhas e sementes.

Uso popular: O emprego popular mais conhecido é o cataplasma com suas folhas ou sementes, chamado de sinapismo, aplicados em casos de reumatismo, neuralgia, frieiras e afecções das vias respiratórias. Outro uso popular são os escalda-pés em casos de resfriados e cefaleias. A infusão do pó das sementes adicionadas com gotas de vinagre, é empregada para fazer gargarejos em casos de angina ou faringite.

No Peru, emprega-se a infusão do pó das sementes como antipirético. No Marrocos como estimulante, digestivo e emético. Pulverizando sobre a comida ou moída com pão, diz-se que é afrodisíaco. Empregam-se 20-30 sementes de mostarda-negra por dia, para estimular o apetite e melhorar a digestão. (ALONSO, J., 2004).

Composição química: Glicosinolatos (compostos contendo enxofre e nitrogênio): sinigrina (1%) por hidrólise com a enzima mirosinase ou tioglicosidase, gera uma substância volátil chamada de isotiocianato de alila, conhecida como óleo ou essência de mostarda. O isotiocianato de alila (AITC) foi identificada como o componente principal do óleo essencial de Brassica nigra.

Outros compostos: Mucilagens (20%), proteínas, lipídeos, óleo fixo (25-37%) composto principalmente por glicerídeos de ácidos graxos insaturados (ácido eicosenoíco, ácido erúcico, ác. lignocérico, ác. linolêico, ác. linolênico e ác. oleico.

Ácidos fenólicos: Ácido gálico (sementes) e ácido carnósico.

Flavonóides: Quercetina (sementes), Flavanone, Flavanona, Iso-flavanona, 7-hidroxiflavanona, 7-hidroxiflavona e 6-hidroxiflavona.

Glucosinolatos: Sinigrina (Sementes)

Ações farmacológicas: Rubefasciente, Antibacteriano, fungicida, antitumoral.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O emplastro ou cataplasma de mostarda pode causar bolhas, ulceração e necrose se não for removido dentro de 15-30 minutos.

Há relatos de reações anafiláticas, caracterizadas por gastroenterites, rinites, bronco-espasmos, convulsões epileptiformes ou colapso cardiorrespiratório, pelo uso interno com molhos ou sementes.

Por via externa foram observados alguns casos de dermatites de contato.

Em um estudo efetuado com pessoas hipersensíveis à mostarda-negra, 66% apresentaram reações sistêmicas e 34% reações locais.

Vários quadros de polinose foram associados ao consumo conjunto de outros vegetais.(Alonso, J. 2004) A polinose, denominada genericamente febre de feno ( hay fever ), é uma doença alérgica estacional devido à sensibilização por pólens alergizantes. Estes encontram-se no ar durante a época de polinização de determinadas plantas, produzindo rino-conjuntivite e/ou asma brônquica. Apesar do nome, não existe febre e o feno não é o responsável pelos sintomas. Existe sim, uma sensação de febre, simulando um desagradável estado gripal. (http://www.sbai.org.br/)

O uso interno da mostarda em altas doses, provoca cólicas digestivas, vômitos, diarréia, seguidos de sonolência, dispneia, arritmias cardíacas e coma. Em caso de intoxicação emprega-se carvão ativado, aplicação de substâncias mucilaginosas e hidratação. (Alonso, J. 2004).

A sinigrina, ao ser metabolizada a isotiocianato de alila, comporta-se como agente carcinógeno no teste de Ames, alterando o papel protetor do gene P53 (Ortega Mata M., 1994 apud Alonso, J., 2004.

Contra-indicações: Não administrar em casos de úlcera gastroduodenal, transtornos circulatórios de membros (varizes, úlceras, hemoorróidas e tromboflebites), hipotiroidismo, gravidez ( o óleo essencial é abortivo) e lactação. Não aplicar por via externa a crianças menores de 6 anos.

Posologia e modo de uso: Sinapismo ou cataplasma: prepara-se a base com farinha de mostarda diluída em água quente (40°C a 50ºC), envolver em um pano ou gaze sobre a região a ser tratada. Manter no máximo 10 a 15 minutos, para não fazer bolhas.

Pedilúvio ou escaldapés: prepara-se com 20-30g de farinha de mostarda por litro de água, deixe os pés imersos até a região da panturrilha, em água quente, chegando numa temperatura de 38ºC à 40ºC. Ir acrescentando água quente durante o tratamento.

Observações: A Mostarda está entre as especiarias mais antigas registradas, datam de cerca de 3000 aC. Três variedades estão em uso popular Brassica alba, Brassica juncea e Brassica nigra. (THOMAS, J. et all, 2012).

Um condimento de mostarda é feita a partir de sementes de mostarda, vinagre, sal, água, e opcionalmente outros aditivos, sendo baixo o conteúdo de isotiocianato (<0,05% em peso). O produto é obtido por desactivação da mirosinase presente nas sementes de mostarda, antes que a pasta é feita. (GAL, Stefan, 2002)

O ácido erúcico junto ao ácido oléico, constitui um óleo que ajuda no combate a Adrenoleucodistrofia (ALD), fato relatado no filme Lorenzo’s Oil

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BALKRISHNA, Acharya; MISRA, Laxminarain. Chemo-botanical and Neurological Accounts of Some Ayurvedic Plants Useful in Mental Health. The Natural Products Journal, [s.l.], v. 8, n. 1, p.14-31, 9 fev. 2018.

DELAQUIS, P. J.; Mazza, G. “Antimicrobial properties of isothiocyanates in food preservation.” From Food Technology (Chicago) (1995). (Scifinder) – Acesso 30 Maio 2016.

DELAQUIS, Pascal J.; Sholberg, Peter L. “Antimicrobial activity of gaseous allyl isothiocyanate.” From Journal of Food Protection (1997)-(Scifinder) – Acesso 30 Maio 2016.

DHINDSA, Kuldip S.; Gupta, S. K.; Singh, Randhir; Yadava, T. P. “Chemical composition and fatty acid pattern of some Brassica species.” From Indian Journal of Nutrition and Dietetics (1975), 12(3), 85-8.-(Scifinder) – Acesso 30 Maio 2016.

GAL, Stefan “Isothiocyanate-​low mustard condiment obtained by myrosinase deactivation.” From Patentschrift (Switz.) (2002). (Scifinder)- Acesso 30 Maio 2016.

HUSSEIN, E.a. et al. Phytochemical Screening, Total Phenolics and Antioxidant and Antibacterial Activities of Callus from Brassica nigra L. Hypocotyl Explants. International Journal Of Pharmacology, [s.l.], v. 6, n. 4, p.464-471, 1 abr. 2010.

MAZUMDER, Anisha; DWIVEDI, Anupma; DUPLESSIS, Jeanetta. Sinigrin and Its Therapeutic Benefits. Molecules, [s.l.], v. 21, n. 4, p.416-427, 29 mar. 2016.

MEJÍA, Any Carolina Garcés; PINO, Nancy J.; PEÑUELA, Gustavo A.. Effect of Secondary Metabolites Present in Brassica nigra Root Exudates on Anthracene and Phenanthrene Degradation by Rhizosphere Microorganism. Environmental Engineering Science, [s.l.], v. 35, n. 3, p.203-209, mar. 2018.

THOMAS, J.; Kuruvilla, K. M.; Hrideek, T. K. ” Mustard” From Woodhead Publishing Series in Food Science, Technology and Nutrition (2012).(Scifinder)- Acesso 30 Maio 2016.

WYK, Ben-Erik van & WINK Michael “MEDICINAL PLANTS OF THE WORLD”, Timber Press, Portland, Oregon/U.S.A. 2004.

http://www.sbai.org.br/secao.asp?s=81&id=300 – Acesso 30 Maio 2016.

http://www.plantamed.com.br/ Acesso 30 Maio 2016.

http://farmacobotanica.xpg.uol.com.br/aula3%205.html – Acesso 30 Maio 2016.

https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_er%C3%BAcico.- Acesso 30 Maio 2016.

http://www.tropicos.org/Name/4100069?tab=synonyms – Acesso 30 Maio 2016.

Tags: AfrodisíacoantipiréticoCataplasmaCefaléiaDigestivoEméticaNeuralgiaResfriadoReumatismo

MELÃO-DE-SÃO-CAETANO

14/02/2020 23:24

Momordica charantia   L.

Cucurbitaceae


SinonímiasMomordica indica L., Momordica elegans Salisb., Momordica chinensis Spreng., Momordica sinensis Spreng., Cucumis argyi H. Lév.

Nomes populares: Erva-das-lavadeiras, erva-de-são-caetano, melãozinho, fruto-de-cobra, melão-amargo, erva-de-são-vicente, melón amargo (Espanha), calabacita (Paraguai), balsamina (Perú, Argentina), cundeamor (Cuba), karela (Ìndia), kuguazi (China).

Origem ou Habitat: É pantropical, originária da África e da Ásia.

Características botânicas: Trepadeira anual, sublenhosa, com caule muito longo e ramificado, até 6 metros de comprimento. Folhas recortadas com 5 a 6 lóbulos denteados, medindo entre 4 a 12 cm de comprimento. Flores solitárias, de corola amarela medindo de 2,5 a 3,5 cm. Os frutos são pendentes do tipo cápsula carnosa deiscente, fusiforme, medindo entre 4 a 6 cm de comprimento abrindo quando maduros deixando a mostra as sementes envolvidas em arilo vermelho-vivo, mucilaginoso e adocicado.

Obs.: Nos países asiáticos a variedade mais comum é Momordica charantia var. maxima Williams & Bg., de frutos grandes, subcilíndricos, que chegam a medir mais de 20 cm por 5-6cm de diâmetro, onde recebem os nomes de ampalaya, pepino-chinês, bitter melon, entre outros, e introduzido no Brasil (Lorenzi & Matos, 2008.

Partes usadas: Folhas, frutos e sementes (arilo).

Uso popular: Na medicina caseira as folhas são usadas na forma de infusão para hemorróidas e diarréia. No Caribe contra febres e como vermífugo, anti-reumático, hipotensor e hipoglicemiante, bem como o uso das raízes como afrodisíaco e para combater pedras nos rins.

Nos países do Caribe, cuja variedade é a mesma das que ocorre aqui no Brasil, são recomendados como eficazes o seu uso para o tratamento de afecções da pele e das mucosas, da amenorréia, do diabetes, da anemia e de algumas formas de câncer.

Composição química: Nas folhas foram encontrados momordicinas e triterpenos, esteróides, saponinas e 14 triterpenos glicosilados que são os momordicosídios achados nos frutos e nas sementes e um alto teor de ferro assimilável.

Há ao menos três grupos de substâncias com relato de atividade hipoglicemiante – uma mistura de saponinas esteroidais chamadas de charantina, peptídios semelhante a insulina e alcalóides (LaVALLE, 2001). A fruta de Momordica charantia (MC) foi submetida a analise fitoquímica, tendo encontrado mais de 15 constituintes, dentre eles: alcaloides, glicosídeos, agliconas, taninos, esteroides, fenóis e proteínas. (TONGIA ABHISHEK et al, 2004).

Ações farmacológicas: O extrato alcoólico das folhas e ramos em ensaio farmacológico mostrou atividade anti-hiperglicemiante, enquanto o extrato aquoso apresentou em ensaio clínico atividade antileucêmica, antitumoral e antiviral.

Na Base de Dados SCIFINDER, há 13 estudos clínicos com a Momordica charantia

Um estudo em humanos, comparando o melão-de-são-caetano com a glibenclamida, concluiu que o melão-amargo tem um efeito hipoglicemiante mais fraco, mas melhora os fatores de risco cardiovascular associado a diabetes (CV) de forma mais eficaz do que a glibenclamida.(INAYAT U RAHMAN et all, 2015).

Interações medicamentosas: Trabalho conclui que o extrato dos frutos de melão-de-são-caetano age em sinergismo com hipoglicemiante oral e potencializa a sua hipoglicemia em pacientes diabéticos em uso desses medicamentos (metformin BD ou glibenclamide BD).(TONGIA ABHISHEK et al, 2004).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É abortiva, há relato de coma hipoglicêmico e convulsões em crianças, causa uma síndrome semelhante ao favismo, em animais aumentou a gama GT e a fosfatase alcalina, dor de cabeça, reduziu a fertilidade em camundongos.

Os frutos e as sementes mostraram toxicidade maior do que as folhas.

Contra-indicações: Evitar seu uso durante a gestação devido a sua ação genotóxica na fase de crescimento e retardo sobre o desenvolvimento dos órgãos sexuais.

Evitar o uso das sementes.

Posologia e modo de uso: Infusão: 2-4g dos frutos, tomar 2 a 3 xícaras ao dia.

As folhas também podem ser usadas em infusão.

Segundo Alonso, J.(2004), usar esta planta sob supervisão médica.

Observações: O suco dos frutos verdes é empregado como inseticida. Com a planta, os indígenas preparam um veneno para flechas.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

INAYAT U RAHMAN; Khan Rooh Ullah; Khalil Ur Rahman; Bashir Mohammad “Lower hypoglycemic but higher antiatherogenic effects of bitter melon than glibenclamide in type 2 diabetic patients”. From Nutrition journal (2015), 14, 13. | Language: English, Database: MEDLINE (extraído artigo do SCIFINDER)- Acesso 14 Abril 2016.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

La VALLE J. B. et al. Natural Therapeutics Pocket Guide. Hudson: Apha, 2000.

http://www.fitoterapia.com.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=125)- Acesso em: 17 de abril de 2012.

GROVER J. K.; YADAV, S.P. Pharmacological actions and potential uses of Momordica charantia: a review. Journal of Ethnopharmacology, v. 93, p. 123-132, 2004.

TONGIA ABHISHEK; Tongia Sudhir Kumar; Dave Mangala “Phytochemical determination and extraction of Momordica charantia fruit and its hypoglycemic potentiation of oral hypoglycemic drugs in diabetes mellitus (NIDDM)”. From Indian journal of physiology and pharmacology (2004), 48(2), 241-4.Database: MEDLINE (extraído artigo de SCIFINDER) Acesso 14 Abril 2016.

http://www.tropicos.org/Name/50043681 – Acesso em: 25 de julho de 2012.

Tags: AfrodisíacoAnti-reumáticoDiarreiasFebreHemorróidaHipotensor

FÁFIA

20/01/2020 22:05

Pfaffia paniculata  (Mart.) Kuntze.

Amaranthaceae 


Sinonímias: Hebanthe paniculata Mart., Hebanthe virgata Mart., Gomphrena paniculata (Mart.)Moq., Iresine paniculata (Mart.) Spreng., Pfaffia erianthos (Poir.) Kuntze.

Nomes populares:  Fáfia, pfáfia, suma, ginseng-brasileiro, corango, paratudo.

Origem ou Habitat: O gênero Pfaffia apresenta em torno de 33 espécies distribuídas na América do Sul e Central e destas, 21 espécies estão no Brasil.

Pfaffia paniculata cresce nas clareiras da selva tropical amazônica, sendo espontânea nos estados do Mato Grosso, Goiás e nos cerrados de Minas Gerais. No Sul do Brasil a espécie mais comum é a Pfaffia glomerata (Spreng.)Pedersen.

Características botânicas:  Subarbusto perene, ramos escandentes, caracterizado por apresentar de 2 – 3 m de altura, com raízes tuberosas, e outras longas e grossas. Folhas simples, ovado-lanceoladas e acuminadas, opostas, membranáceas, glabras, de cor verde mais clara na face inferior, medindo de 4-7 cm de comprimento (segundo LORENZI & MATOS, 2002) e 5-12 cm (segundo ALONSO, 2004). Flores subglobosas, esbranquiçadas, muito pequenas, dispostas em panículas abertas.

Partes usadas: Folhas e principalmente as raízes.

Uso popular:  As populações indígenas da Amazônia usam as raízes há mais de 300 anos para a cura de uma ampla variedade de moléstias e como tônico geral, afrodisíaco e rejuvenescedor.

Nas Américas, a medicina herbária recomenda suas raízes como tônico regenerativo visando regular vários sistemas do organismo, como imunoestimulante e para tratar a síndrome da fadiga crônica, hipoglicemia, impotência, artrites, anemia, diabetes, alguns tipos de tumores, disfunção hormonal e de estresses de várias origens.

Na medicina herbária européia essa planta é usada para restaurar funções nervosas e glandulares, para balancear o sistema endócrino, para fortalecer o sistema imunológico, contra infertilidade, para problemas menstruais e de menopausa, para minimizar os efeitos colaterais de anticoncepcionais, contra o alto teor de colesterol e como tônico geral para situações de convalescença.

As folhas são usadas para acalmar a febre e como analgésico.

Composição química:  O perfil fitoquímico desta família – Amaranthaceae – compreende óleos essenciais, betalaínas, compostos fenólicos e terpenóides.

Dois novos nortriterpenoides, pfaffine A e B (1-2), foram isolados a partir das raízes de Pfaffia paniculata Kuntze, juntamente com dez compostos conhecidos. incluindo quatro ecdisteróides, ecdisona, 20-hidroxiecdisona, pterosterone, rapisterone, cinco triterpenóides, ácido pfáffico, ácido pfameric, ácido mesembryanthemoidigenic, E 6 calenduloside ‘-Me éster, ácido oleanólico 28-O-β-D-glucopiranósido, e um glicósido monoterpeno (+) – angelicoidenol-2-O-β-D-glucopiranósido. As estruturas dos novos compostos. foram elucidadas como norolean 16β 12,20-di-hidroxi-30-ácido 3β, (29) -dien-28-óico (1), e 3β-hidroxi-30-norolean-12,20 (29) -dieno-28- óico-28-o-β-D-glucósido.

Além de 19 aminoácidos diferentes, eletrólitos e traços de minerais como ferro, magnésio, cobalto, sílica, zinco e vitaminas A, B-1, B-2, E, K e ácido pantotênico (vitamina P).

Ações farmacológicas: A bioatividade da mistura de saponinas ou de saponinas individuais, in vitro e in vivo incluem: citotóxico, imunomodulador, hepatoprotetor, anti-diabético, hipolipidêmico, antiosteoposose, antivirais, antifúngicos e ações anti-helmínticas.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Doses excessivas, acima de 10 g pode causar hipertensão arterial, nervosismo, erupções na pele, diarréia e insônia.

As pessoas hipertensas deverão consultar um médico antes de tomar extratos de fáffia.

Contra-indicações:  Não administrar na gravidez e amamentação.

Suspender o uso de fáffia quando submeter-se a exame para determinação de ferro sérico, porque pode haver distorções dos resultados.

Observações: Nas Olimpíadas, os atletas russos utilizaram extratos de Pfaffia paniculata como um anabólico, para aumentar a massa muscular e a resistência física promovida pela substância beta-ecdisterona, sem os efeitos colaterais dos esteróides sintéticos. Foi chamada de “segredo russo”.

 

Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

LORENZI, Harri – Manual de identificação e controle de plantas daninhas. 6ª ed. Nova Odessa, SP / Instituto Plantarum, 2002.

Mroczek, Agnieszka “Phytochemistry and bioactivity of triterpene saponins from Amaranthaceae family” – From Phytochemistry Reviews (2015), Ahead of Print.(Scinfinder art.3) Acesso 26 Maio 2015.

SILVA JUNIOR, A.A.; MICHALAK, E. O ÉDEN DE EVA. Florianópolis: Epagri, 2014

http://www.tropicos.org/Name/1100502.

Tags: AfrodisíacoAnalgésicoAnemiaArtriteDiabetesHipoglicemiaHipolipemianteImpotênciaInfertilidadeRejuvenescedorTônico

DAMIANA

09/01/2020 15:21

Turnera diffusa  Willd.

Turneraceae  


Sinonímias: Turnera aphrodisiaca Ward., Turnera diffusa var. aphrodisiaca (Ward.)Urb., Turnera humifusa (C. Presl) Endl. ex Walp., Turnera pringlei Rose. 

Nomes populares:  Damiana, hierba de la pastora, hierba del venado, té de México, pastorcita, damiana da Califórnia, etc. 

Origem ou Habitat: Turnera difusa é uma planta predominantemente de regiões áridas e semi-áridas, que se estende desde a Califórnia e México até América do Sul. Também é encontrada na Índia (Alcaraz-Meléndes et al., 1994 apud CAMARGO & VILEGAS, 2015. 

Características botânicas:  É um arbusto aromático perene, caracterizado por apresentar uma altura máxima de 2 m, folhas simples pecioladas e lanceoladas, com aproximadamente 2,5 cm de comprimento, coloração verde amarelada, apresentando na parte inferior nervuras saliente. Suas flores são pequenas, axilares, amarelas, que aparecem no final do verão e são seguidas por um fruto capitular, globoso e pequeno que contém numerosas sementes (ALONSO, 1998). 

Partes usadas:Folhas secas. 

Uso popular:  No México e em Cuba, os índios usam o extrato aquoso de Turnera diffusa como expectorante, diurético, afrodisíaco e em outros tratamentos (Perez et al., 1984). O decoto de folhas de Turnera difusa também é usado para curar distúrbios digestivos (Krag, 1976; Ishikura, 1982). Na Bolívia, o extrato aquoso das folhas é usado no tratamento da blenorragia. O chá de Turnera ulmifolia, preparado usando-se a planta inteira, é indicado para mulheres em período pós-parto e para aquelas que apresentam amenorréia (Ayensu, 1978). Em Cuba, o extrato aquoso a quente das flores é utilizado para alívio das cólicas menstruais. Na Jamaica, o extrato aquoso das folhas é utilizado como antipirético e na Colômbia o decoto das folhas é usado como abortivo (apud CAMARGO & VILEGAS, 2015. 

Composição química:  Óleo essencial: alfa e beta pineno, p-cimeno, timol, 1,8-cineol; sesquiterpenos (a-copaeno, g-cadineno, calameno,); glicosídeo fenólico (arbutina), damianina (princípio amargo), taninos, b-sitosterol, glicosídeo cianogênico (tetrafilina B), clorofila, resinas, goma, amido, proteínas, alcalóides, etc. 

Ações farmacológicas: Diurética, anti-inflamatória, antibacteriana, tônica, antioxidante, expectorante. 

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Altas doses pode provocar efeito purgante, taquicardia, insônia, irritabilidade das mucosas do aparelho urinário e tóxico para o aparelho respiratório. Há relato de um caso em que a ingestão de 200 g de extrato de damiana causou convulsões. Além disso, não se recomenda o emprego de damiana em casos de esofagite por refluxo, úlceras duodenais, enfermidade diverticular e colite ulcerosa. 

Contra-indicações:  Não é recomendado o emprego de damiana durante a gestação e lactação, nem em crianças pequenas, e pacientes com transtornos de ansiedade e insônia. 

Posologia e modo de uso: Infusão: 2-4 g de folhas secas por xícara. Tomar até 3x ao dia. 

Observações: Existem outras espécies, fotos abaixo: Turnera subulata Sm. e Turnera sidoides L..
 

 

Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. 

AVELINO-FLORES, Maria del Carmen; Cruz-Lopez, Maria del Carmen; Jimenez-Montejo, Fabiola E.; Reyes-Leyva, Julio “Cytotoxic Activity of the Methanolic Extract of Turnera diffusa Willd on Breast Cancer Cells.” From Journal of Medicinal Food (2015), 18(3), 299-305.https://scifinder.cas.org/ – Acesso 5 Maio 2015. 

ELY E. S. Camargo; WAGNER Vilegas – Quality control of polar extracts from Turnera diffusa Willd. ex Schult., Turneraceae – Rev. bras. farmacogn. vol.20 no.2 Curitiba Apr./May 2010 – Acesso 4 Maio 2015. 

http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/index.php?pag=buscar_mini.php – Acesso 4 Maio 2015. 

https://sites.google.com/site/biodiversidadecatarinense/plantae/magnoliophyta/turneraceae – Acesso 4 Maio 2015. 

SZEWCZYK, Katarzyna; Zidorn, Christian “Ethnobotany, phytochemistry, and bioactivity of the genus Turnera (Passifloraceae) with a focus on damiana-​ Turnera diffusa.” From Journal of Ethnopharmacology (2014), 152(3), 424-443. https://scifinder.cas.org/ Acesso 5 Maio 2015. 

WYK, Ben-Erik van & WINK Michael “MEDICINAL PLANTS OF THE WORLD”, Timber Press, Portland, Oregon/U.S.A. 2004. 

WONG-PAZ, Jorge E.; Contreras-Esquivel, Juan C.; Rodriguez-Herrera, Raul; Carrillo-Inungaray, Maria L.; Lopez, Lluvia I.; Nevarez-Moorillon, Guadalupe V.; Aguilar, Cristobal N.”Total phenolic content, in vitro antioxidant activity and chemical composition of plant extracts from semiarid Mexican region”. From Asian Pacific Journal of Tropical Medicine (2015), 8(2), 104-111. https://scifinder.cas.org/ – Acesso 5 Maio 2015. 

http://www.tropicos.org/Name/33100134?tab=synonyms – Acesso 4 Maio 2015.

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