ERVA-TOSTÃO
Boerhavia diffusa L.
Sinonímias: Boerhavia diffusa var. hirsuta (Jacq.) Kuntze, Boerhavia diffusa var. mutabilis R. Br., Boerhavia erecta L., Boerhavia coccinea Mill., Boerhavia caribaea Jacq., etc.
Obs.:Boerhavia hirsuta Willd.(ilegítimo), Boerhavia hirsuta Jacq.(legítimo).
Nomes populares: Pega-pinto, agarra-pinto, bredo-de-porco, erva-de-porco, batata-de-porco, tangaracá, erva-tostão (Brasil), yerba tostada, yerba tutón (Argentina).
Origem ou Habitat: Nativa do Brasil (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal).
Características botânicas: O gênero Boerhavia descrito por Carl von Linnaeus, em 1753, inclui aproximadamente 50 espécies vegetais, e o nome do gênero foi em homenagem ao médico, químico e botânico holandês Hermann Boerhraave.
Trata-se de uma herbácea bienal ou perene, suculenta, medindo de 50 cm a 1,0 m de altura, com muitos ramos vegetativos rasteiros e poucos ramos eretos, pilosos, de onde partem folhas pequenas, simples, opostas, ovadoblongas de margens onduladas, pilosas e pecioladas, de cor verde claro na face inferior, medindo de 4-8 cm de comprimento. Flores pequenas, pediceladas, reunidas em panículas isoladas, de coloração esbranquiçadas ou vermelhas, dispostas bem acima da folhagem. Raiz tuberosa. Os frutos são pequenas cápsulas com pêlos glandulares que se aderem à roupa e à pele. Sua propagação é por sementes.
Partes usadas: A planta inteira, principalmente a raiz.
Uso popular: Segundo a Irmã Eva Michalak, esta planta é indicada para dispepsia, congestão do fígado, hepatite, nefrite, hidropisia, cálculos da vesícula biliar, retenção da urina e nervosismo.
Di Stasi assinala que na Região da Mata Atlântica o uso principal é na forma de infusão das folhas para expulsão de vermes (lombrigas) ou na infusão da planta toda contra hepatite e diarréia.
Pio Corrêa (1984) refere o uso da raiz para problemas do fígado, icterícia, excelente diurético e contra picadas de cobras.
Na forma de cataplasma feito com as raízes moídas e fervidas é usada contra mordedura de cobras e bicho-de-pé.
Na Índia, as raízes são usadas para tratar males do fígado, vesícula, rins e problemas urinários. Tem uso veterinário para abcessos de pele, onde é feito um emplasto com uma pasta misturada com vinagre(ALONSO, 2004).
Na Argentina a raiz é usada como colagogo, diurético (como diurético também os talos foliáceos), refrescante e purgante. A raiz é empregada como alimento.
No Paraguai costuma-se incorporar as raízes machucadas ao mate tererê como bebida refrescante e energizante.
Na Martinica empregam-se as folhas na forma de decocção para fazer gargarejos em casos de faringite e angina. A decocção ou o suco das folhas são recomendadas como analgésicas e anti-inflamatórias.
Na Guatemala é empregada para tratar erisipela e como antiparasitário.
Composição química: Alcalóides (concanvalina A, boerhavina), aminoácidos, ácido boerhávico, lignanas (liriodendrina, siringaresinol-B-glicosídeo), lipo-polissacarídeos, esteróis (beta-sitosterol, campesterol), ácido ursólico, liriodendrina, ácido esteárico, flavonóides, etc.
Ações farmacológicas: Foram demostradas as seguintes ações farmacológicas com extratos das raízes: hepatoprotetora, diurética, colerética, hipotensiva, antiparasitária, antimicrobiana, anti-inflamatória, anti-hemorrágica, antiespasmódica e imunomoduladora.
Interações medicamentosas: Não encontrada na literatura consultada.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Muitos testes foram feitos em animais para estudos sobre a toxicidade desta planta e nenhum detectou toxicidade nem teratogenicidade.
Contra-indicações: Não há referências sobre contra-indicações, porém, pelo princípio da precaução, não é recomendado extratos desta planta na gravidez e lactação.
Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. 1. ed. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.
DI STASI, L.C. & HIRUMA-LIMA, C.A., Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica – São Paulo: editora Unesp, 2002.
LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2008.
MICHALAK, E., irmã. Apontamentos fitoterápicos da Irmã Eva Michalak. Florianópolis: Epagri, 1997.
PIO CORRÊA, M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: IBDF, Ministério da Agricultura, Imprensa Nacional, 1984.
Sá, C.F.C. 2010. Nyctaginaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB010903)- acesso em 06 de fevereiro de 2013.
http://www.tropicos.org/Name/22500356?tab=synonyms – acesso em 06 de fevereiro de 2013.