AROEIRA

28/12/2019 00:37

Schinus terebinthifolia  Raddi.

Anacardiaceae 


SinonímiasSacortheca bahiensis Turcz., Schinus mellisii Engl., Schinus mucronulata Mart., Schinus terebinthifolia var. damaziana Beauverd, Schinus terebinthifolia var. raddiana Engl.

Nomes populares: Aroeira, aroeira-branca, aroeira-da-praia, aroeira-do-brejo, aroeira-do-campo, aroeira-do-paraná, aroeira-mansa, aroeira-negra, aroeira-pimenteira, aroeira-precoce, aroeira-vermelha, aguaraíba, bãlsamo, cabuí, Cambuí, coração-de-bugre, corneíba, fruto-de-raposa, fruto-de-sabiá, coração-de-bugre.

Características botânicas: Árvore mediana com 5-10 m de altura, perenifólia, dióica, de copa larga e tronco com 30-60 cm de diâmetro, revestido de casca grossa. Folhas compostas imparipinadas, com 3 a 10 pares de folíolos aromáticos, medindo de 3 a 5 cm de comprimento por 2 a 3 cm de largura. Flores masculinas e femininas muito pequenas, dispostas em panículas piramidais. Fruto do tipo drupa, globóide, com cerca de 5 cm de diâmetro, aromático e adocicado, brilhante e de cor vermelha, conferindo às plantas, na época da frutificação, um aspecto festivo. Ocorre ao longo da Mata Atlântica desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Pode ser cultivada a partir de sementes ou por estaquia.

Uso popular: As cascas em decocção em banhos de assento são usadas principalmente por mulheres por vários dias após o parto como antiinflamatório e cicatrizante, além de serem indicados para reumatismos, artrite, distensões, dores e fraquezas musculares, ciática e inflamações em geral. As preparações feitas com suas cascas podem ser usadas no tratamento tópico de ferimentos na pele e das mucosas em geral, infectados ou não, nos casos de cervicite e hemorróidas inflamadas, e inflamações das gengivas e da gargantas na forma de gargarejos, bochechos e compressas feitas com o cozimento. A casca é também utilizada no tratamento de doenças dos sistemas urinário e respiratório, hemoptise, hemorragia uterina, azia, gastrite como depurativa, febrífuga, no tratamento de afecções uterinas e para uso local em menorragia e leucorréia. A decocção da entrecasca é utilizada em uso interno para tosse, diarréia e reumatismo. As folhas e frutos são adicionados à água de lavagem de feridas e úlceras. Na região do Vale do Ribeira(SP), o macerado das folhas em aguardente é usado externamente como cicatrizante, analgésico e contra coceiras. A infusão das folhas é usada internamente contra reumatismo e a mastigação das folhas frescas é indicada como cicatrizante e para gengivites. Ferver a aroeira com folha de batata é indicado para gargarejos em problemas de afecções das cordas vocais. Outras indicações medicinais incluem seu uso como tônica, diurética, estimulante, analgésica, adstringente, hemorragia/sangramento, calafrios, gripes, resfriados, conjuntivite, hemoptise, Os frutos são usados como substitutos de pimenta, vendidos como “pimenta-rosa”.¹ Além dos usos medicinais, fornece madeira para mourões, lenha e carvão, e é amplamente cultivada na arborização de ruas e praças.

Composição química: Alto teor de tanino, biflavonóides e ácidos triterpênicos nas cascas e de até 5% de óleo essencial formado por mono e sesquiterpenos nos frutos e nas folhas. Em todas as partes da planta foi identificada a presença de pequena quantidade de alquil-fenóis, substâncias causadoras de dermatite alérgica em pessoas sensíveis. Os principais componentes do óleo essencial das folhas foram α-pineno, β-mirceno, ∆-2-careno, p-cimeno e limoneno, e dos frutos trans-carveol, carvacrol, limoneno glicol, elemol, óxido de cariofileno, 10-epi-γ-eudesmol, β-eudesmol e α-eudesmol(6). Nas folhas da planta foram encontrados os seguintes minerais: cálcio (2020 mg/100 g), cobre (1,11 mg/100 g), ferro (6,70 mg/100 g), magnésio (97,9 mg/100 g), manganês (3,04 mg/100 g), zinco (2,26 mg/100 g) e sílica (0,2%).

Ações farmacológicas: Antiinflamatória, cicatrizante, antimicrobiana para fungos e bactérias, tônica, adstringente, anti-reumática, anticancerígena, antidepressiva, antihepatotóxica, antiviral, afrodisíaca, digestiva, diurética.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Podem aparecer fenômenos alérgicos na pele e mucosas; caso isso aconteça, suspenda o tratamento e procure o médico o mais cedo possível(4). Os frutos podem causar irritação do trato gastrointestinal.

Contra-indicações: Sugere-se o uso com moderação, evitando-se o uso prolongado, por tratar-se de espécie com vários efeitos tóxicos. Não deve ser usada em gestantes, pois foi observado em laboratório efeito de contração uterina.

Observações: A aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva Allemão) possui as mesmas propriedades e pode ser usada da mesma maneira, para as mesmas indicações, em sua região de ocorrência mais para o interior do país, enquanto a espécie descrita é mais acessível às populações do litoral. Aroeira salso (Schinus molle L.) também é utilizada como medicinal e na culinária.

 

 

Referências: 
DUKE, James A.; BOGENSCHUTZ-GODWIN, Mary Jo; OTTESEN, Andrea R. Duke’s Handbook of Medicinal Plants of Latin America. [s. l.]: CRC Press, [2009?]. Pp. 610-612.

FRANCO, Ivacir João; FONTANA, Vilson Luiz. Ervas e Plantas: A Medicina dos Simples. 9 ed. Erexim-RS: Livraria Vida, 2004. Pp. 124.

LOPES, Maria de Fátima Gomes et al. Estudo mineral de plantas medicinais. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL. 16, 2000, Recife-PE. MAIA, Maria B. S. (pres. comiss. org.). Livro de resumos. [Recife, 2000?]. Pp. 125.

LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. Pp. 63-64.

MATOS, F. J. Abreu. O Formulário Fitoterápico do Professor Dias da Rocha. 2 ed. Fortaleza: UFC, 1997. Pp. 70-71.

SANTOS, Wellington Oliveira et al. Estudo comparativo dos constituintes químicos do óleo essencial das folhas e frutos da aroeira da praia. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL. 16, 2000, Recife-PE. MAIA, Maria B. S. (pres. comiss. org.). Livro de resumos. [Recife, 2000?]. Pp. 144.

STASI, Luiz Claudio di; HIRUMA-LIMA, Clélia Akiko. Plantas Medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo: UNESP, 2002. Pp. 344-350.

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