ERVA-BALEEIRA

10/01/2020 15:30

Varronia curassavica Jacq.

Boraginaceae


Sinonímias: Cordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult.; Cordia salicina DC.; Cordia verbenacea DC.; Cordia intonsa I.M.Johnst.; Varronia intonsa (I.M.Johnst.) J.S.Mill.;

Nomes populares:  Erva-balieira, erva-baleeira, erva-preta, maria-preta, maria-milagrosa, catinga-de-barão, caramona, mijo-de-grilo, milho-de-grilo, salicina, cheiro-de-tempêro.

Origem ou Habitat: Regiões litorâneas do Sudeste e Leste brasileiro.

Características botânicas:  Arbusto ereto, muito ramificado, aromático, com a extremidade dos ramos um pouco pendente e hastes revestidas por casca fibrosa, medindo de 1,5 a 2,5m de altura. Folhas simples, alternas, serrilhadas, coriáceas, verrugosas e aromáticas, de 5-9 cm de comprimento. Inflorescências racemosas terminais com pequenas flores brancas, de 10-15 cm de comprimento. Os frutos são cariopses esféricas e vermelhas.

Partes usadas: Folhas.

Uso popular:  É amplamente utilizada na medicina caseira nas regiões litorâneas do Sudeste e Leste brasileiro, onde é considerada antiinflamatória, cicatrizante, diurética, antiartrítica, analgésica, tônica e antiulcerogênica. É usada para as seguintes afecções: reumatismo, artrite reumatóide, gota, dores musculares e da coluna, prostatites, nevralgias e contusões e também para feridas externas e úlceras. É comum seu uso entre os pescadores da região litorânea. Usuários que ingerem o chá abafado (infusão) relatam melhora de sintomas dispépticos e aumento da diurese, além da melhora dos sintomas dolorosos para o qual foi indicada.

Informações científicas:🐁(AN): Estudos pré-clínicos contribuíram para o desenvolvimento do primeiro fitomedicamento anti-inflamatório de uso tópico desenvolvido no Brasil com o óleo essencial extraído da V. curassavica (Sertié, 1991, 2005). Para o extrato etanólico das folhas foi demonstrada atividade analgésica, efeito protetivo contra úlcera gástrica e baixa toxicidade (Roldão, 2008). Estudo com compostos extraídos das folhas da planta apresentaram atividade anti-inflamatória, sendo considerados importantes marcadores para a elucidação das propriedades farmacológicas da espécie (Medeiros, 2007). O extrato etanólico das folhas da planta mostrou atividade anti-alergênica, reduzindo in vitro a secreção de histamina em mastócitos de rato, porquinho-da-índia e hamster (Oliveira, 2011).

Observações do uso clínico em Florianópolis: O uso interno da infusão das folhas da erva-baleeira tem bom resultado para alívio das dores em geral, assim como a utilização da tintura ou da infusão das folhas para uso tópico, na forma de compressa, em dores musculares e das articulações.

Cuidados no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. Estudos in vivo não mostraram toxicidade e não há relatos de efeitos adversos. Por falta de maiores estudos, deve ser evitado o uso interno em gestantes e lactantes e crianças menores de 6 anos.

Modo de uso:

🍵Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Uso externo: Tintura na proporção de 1:10 em álcool 70% e 1:5 em álcool 90%. Deixar armazenado em garrafa de vidro e em local escuro por no mínimo 15 dias e utilizar para uso tópico na forma de compressas com auxílio de um algodão ou pano limpo para alívio de dores reumáticas, artralgias e contusões.

Observações: Os frutos são apreciados pelos pássaros. Existe uma espécie assemelhada, chamada de Trinca-Trinca (Cordia monosperma), usada popularmente como antiinflamatória para combater hemorróidas, na forma de banho de assento.

Composição química:  Os princípios ativos básicos são o óleo essencial e os flavonóides. Principais componentes do óleo essencial: α-tuyeno (12%), α-pineno (5%), trans-cariofileno, tuya-2,4(10)-dieno (0,4%), sabineno (2,5%), β-cariofileno (6,8%), α-humuleno (1,3%), allomadendreno (1,8%), germacreno D (6,6%), biciclogermacreno (5,3%), α-muuroleno (0,7%), α-cadineno (traços), δ-cadineno (16,8%), elemol (3,3%), germacreno D-4-ol (5,0%), neo-5-cedranol (14,8%); Principais flavonóides: sitosterol (Lins et al.); 5-hidroxi-3,6,7,3´,4´-pentametoxiflavona (artemetina) (Sertieé et al., 1990) (Lins et al.); 5,6´-diidroxi-3,3´,4´,6,7-pentametoxiflavona (Lins et al.); 7,4´- diidroxi-5´-carboximetóxi isoflavona e 7,4´- diidroxi-5´- metil isoflavona (Ameira, et al. 2006).

 

Referências:
1. AMEIRA, O.A. et al. Estabelecimento de cultura de células em suspensão e identificação de flavonóides em Cordia verbenacea DC. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 11, n. 1, p. 7-11, 2009.

2. FERRAZ, E. O. Cordia verbenacea: um caso de sucesso na fitoterapia brasileira. Lavras, MG: UFLA, 2010.

3. LINS,A.P.; ALVARENGA, M. A. Flavonóides de Cordia verbenacea. Supl. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 32, p. 457, 1980.

4. LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

5. LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2008.

6. QUISPE-CONDORI, S. et al. Global yield of the Supercritical CO2 extraction from Cordia verbenacea DC – Anticancer and antimycobacterial activities. Pharmacognosy Magazine, v. 3, p. 39-46, 2007.

7. SERTIEÉ, J. A. A. Pharmacological assay of Cordia verbenacea. Part 1. Anti-inflammatory activity and toxicity of the crude extract of leaves. Planta Médica, v. 54, p. 7-11, 1988.

8. SERTIÉ, J.A., et al., Pharmacological assay of Cordia verbenacea III: Oral and topical anti-inflammatory activity and gastrotoxicity of a crude leaf extract. Journal of Ethnopharmacology. 31, 239-247. 1991. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0378874191900082?via%3Dihub

9. SERTIÉ, J.A., et al., 2005. Pharmacological assay of Cordia verbenacea V: oral and topical anti-inflammatory activity, analgesic effect and fetus toxicity of a crude leaf extract. Phytomedicine, 12, 338-344. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0944711304001448?via%3Dihub

10. ROLDÃO, E. F., et al., Evaluation of the antiulcerogenic and analgesic activities of Cordia verbenacea DC. (Boraginaceae). Journal of Ethnopharmacology. Volume 119, Issue 1, 2008, Pages 94-98. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874108003000?via%3Dihub

11. MEDEIROS, R., Effect of two active compounds obtained from the essential oil of Cordia verbenacea on the acute inflammatory responses elicited by LPS in the rat paw. Br J Pharmacol. 2007 Jul;151(5):618-27. Epub 2007 Apr 30. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2013990/

12. OLIVEIRA, D. M. et al., Cordia verbenacea and secretion of mast cells in different animal species. Journal of Ethnopharmacology, vol. 135, n. 2, 2011, pg. 463-468. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0378-8741(11)00197-8

 

 

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