EMBAÚBA-VERMELHA

09/01/2020 20:44

Cecropia glaziovii  Snethlage.

Urticaceae (antiga Cecropiaceae)  


Sinonímias: Cecropia macranthera Warb. ex Snethl. 

Nomes populares:  Imbaúba, imbaíba, umbaúba, ambaí, embaúba-vermelha, ambaitinga, baibeira, árvore-do-bicho-preguiça, pau-de-lixa, torém, etc. 

Origem ou Habitat: América do Sul. No Brasil ocorre da Bahia ao Rio Grande do Sul, onde ocorre na Floresta Atlântica. 

Características botânicas:  Árvore perene, com tronco e ramos cilíndricos e grandes folhas que se concentram nas partes terminais. Mede entre 10 a 15 m de altura, dioica, ou seja, existe a planta macho e a planta fêmea. As folhas são simples, lobadas(8-9 lobos) e peltadas , longo-pecioladas, medindo 30 cm de diâmetro. Indumento nas folhas e na estípula terminal avermelhado ou castanho-avermelhado. A face ventral é escabrosa e áspera, e a dorsal é alvo-tomentosa. As nervuras da face dorsal são avermelhadas. As flores são desprovidas de pétalas, miúdas, de cor roxa e estão reunidas em inflorescências do tipo amentilho. A infrutescência é carnosa, comestível e muito doce quando madura. O fruto individual é do tipo aquênio contendo muitas sementes com menos de 1 mm de diâmetro. A frutificação ocorre de dezembro a junho, na Ilha de Santa Catarina. 

Outras espécies relacionadas: 

Cecropia pachystachya Trécul (embaúba-branca); 

Cecropia catharinensis Cuatrecasas; 

Cecropia peltata L.; 

Cecropia hololeuca Miq. (embaúba-prateada); 

Cecropia obtusifolia Bertol.

Partes usadas:Folhas, raiz, frutos, cascas, brotos e látex. 

Uso popular:  Usada como adstringente, diurética, hipotensora, antidiabética, expectorante, hepática, emenagoga, antiespasmódica, analgésica, antileucorreica, anti-asmática, antigripal e reguladora do ritmo cardíaco. O látex é cáustico e utilizado topicamente como vulnerário. 

Além dos usos para fins medicinais, a madeira da embaúba é empregada para confecção de flutuadores, jangadas, brinquedos, salto de calçados, lápis, palitos de fósforo, aeromodelismo, forros, pólvora e pasta celulósica. A casca contém fibras resistentes utilizadas para a confecção de cordas rústicas. 

Composição química:  A espécie C. graziovii apresenta na sua composição química glicosídeos, proantocianidinas, flavonóides (isovitexina), alcalóides, taninos, polifenóis, saponinas, triterpenos. 

Quatro flavonóides majoritários presentes nos extratos aquosos de C. glaziovii e C. pachystachya foram identificados e quantificados como: ácido clorogênico (1,8 mg/g; 3,4 mg/g),isoorientina (0,4 mg/g; 2,1 mg/g), orientina (0,1 mg/g; 2,2 mg/g), isovitexina (0,9 mg/g; 0,9 mg/g) respectivamente. Flavonóides C-glicosilados e proantocianidinas são reportados para as espécies C. pachystachyaC. hololeuca e C. graziovii. 

Terpenóides e esteróides são relatados em várias espécies de Cecropia. 

  • Flavonóides: Isoorientina, orientina, vitexina, isovitexina e isoquercitrina. 
  • Ácidos fenólicos: Ácido clorogênico 
  • Proantocianidinas: Procianidinas B2 e C1 
  • Catequinas: (+) – catequina 

Ações farmacológicas: A espécie Cecropia glaziovii apresenta atividade gastroprotetora, anti-hipertensiva, depressora do SNC, sugerindo um perfil ansiolítico e antidepressivo; efeito broncodilatador e atividade cardiotônica, etc. 

Atividade hipoglicemiante é descrita para as espécies Cecropia obtusifoliaCecropia peltata e Cecropia pachystachya. 

Observações: O tronco da embaúba é oco e nele vivem formigas do gênero Azteca. Para muitos autores a interação Cecropia-Azteca é considerada mutualista, onde as formigas se beneficiam com abrigo e alimento (corpúsculos-de-Müller, produzidos na base do pecíolo) e as embaúbas se beneficiam contra herbivoria e plantas trepadeiras. Segundo o biólogo Pedro Carauta, estas formigas não são ferozes, a mordida é suave e pequena, sendo um excelente remédio para reumatismo. 

A embaúba-prateada (Cecropia hololeuca) não é habitada por formigas. 

Os frutos da embaúba são muito apreciados pela fauna silvestre: aves (tucano, gralha-azul, aracuã, tié), mamíferos (gambá, cuíca, morcego, macaco, graxaim, quati, bicho-preguiça) e contribuem para espalhar as sementes por toda a floresta onde vivem. 

O nome do gênero Cecropia vem de Cecrops, filho da Terra, meio homem e meio serpente, do grego, que significa “chamar, ecoar”, referindo-se ao caule e aos ramos ocos das plantas desse gênero, usados na fabricação de instrumentos de sopro.
 

 

Referências:
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CAICEDO, Pilar Ester Luengas et al. Seasonal and Intraspecific Variation of Flavonoids and Proanthocyanidins in Cecropia glaziovi Sneth. Leaves from Native and Cultivated Specimens. Zeitschrift Fuer Naturforschung. C, Journal Of Biosciences, [s.l.], v. 62, p.701-709, mar. 2007. 

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http://www.tropicos.org/Name/21300081. Acesso em 03 de Fev 2014 

http://www.umpedeque.com.br/site_umpedeque/arvore.php?id=598 – acesso em 25 fev 2014.

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