SALSA

20/02/2020 00:06

Petroselinum crispum  (Mill.) Fuss.

Apiaceae


SinonímiasApium petroselinum L., Apium crispum Mill., Petroselinum vulgare Lag., Wydleria portoricensis DC.

Nomes populares: Salsa, salsinha, salsa-de-cheiro, salsa-das-hortas, cheiro-verde, salsa-cultivada, perejil(Espanha, Argentina), Petersilien (Alemanha).

Origem ou Habitat: A salsa é originária da Grécia e da Ilha de Sardenha, com distribuição pela região mediterrânea, norte da África e sudoeste da Ásia. É muito cultivada nas zonas temperadas de todo o mundo.

Características botânicas: Erva anual ou bianual, ereta, perenifólia, aromática, medindo de 15-90 cm de altura. Raiz carnosa e bem desenvolvida. Folhas pecioladas, compostas pinadas, de formas variadas dependendo da cultivar ou variedade, de 3-10 cm de comprimento. Flores pequenas, amarelo-esverdeada, reunidas em umbelas terminais dispostas acima da folhagem. Os frutos são aquênios, muito pequenos, medindo 2 mm de comprimento por 1-2 mm de largura, circular, de cor verde grisáceo. Multiplica-se por sementes.

Partes usadas: Frutos (confundidos com sementes), folhas e raiz.

Uso popular: Esta planta é considerada a erva condimentar mais usada na culinária em todo o mundo, havendo hoje dezenas de cultivares e variedades das mais diferentes formas e tamanhos de folhas.

Na medicina tradicional é considerada diurética, emenagoga, sedativa, emoliente e antiparasitária.

Usos etno-medicinais: a infusão das folhas ou sementes é usada em casos de tosse, catarro, bronquite, transtornos menstruais, nervosismo, reumatismo, gases, cistite, edemas, cólicas intestinais e como galactagogo. Externamente é empregado para combater lêndeas e piolhos do couro cabeludo.

Em Cuba a decocção ou mastigação das folhas é empregada para tratar disfonia e para fortalecer as cordas vocais, enquanto que a decocção da raiz é usada como abortivo.

Na Europa, empregam-se as folhas e talos frescos cortados e macerados com vinagre, na forma de cataplasma para favorecer a cicatrização de abcessos, feridas, chagas, úlceras e eliminar manchas da pele.

No Marrocos, a decocção de raízes de salsa e malva (Malva sylvestris) é empregada em casos de nefrite, e a infusão das folhas de salsa é usada como agente anti-hipertensivo em cistite.

Na Turquia, a salsa ou perejil, é indicada para diabetes.

Em muitos países é costume mastigar folhas de salsa para eliminar o mal hálito produzido pela ingestão de dentes de alho, cebola.

Composição química: Óleo essencial- sementes (2-7%), folhas (0,05-0,3%), raiz (0,1-0,5%): apiol, miristicina, tetra-metoxi-alilbenzeno, p-mentadienos (aldeídos), p-metil-acetofenona, cetonas, 1,3,8-p-mentatrieno, 1-metil-4-isopropenilbenzeno, alfa-pineno, beta-pineno, beta-mirceno, beta-ocimeno, beta-felandreno, p-terpineno, alfa-terpineol (monoterpenos), cariofileno, alfa-copaeno (sesquiterpenos), linalol, carotol (alcoóis terpênicos), petrósido (glicosídeo monoterpênico).

Flavonóides: nas folhas e sementes: glicosídeos de apigenina e luteolina (apiína, luteolina-7-apiosil-glicosídeo. Na raiz predomina apiína. Exclusivo nas folhas a apigenina-7-glicosídeo e a luteolina-7-diglicosídeo.

Furanocumarinas – sementes, folhas e raiz (traços): bergapteno, xantotoxina, oxi-peucedanina, psoraleno, imperatorina, isoimperatorina, isopimpinelina, 8-MOP(methoxypsoralen).

Outros compostos: ácido petroselínico (óleo fixo), óleo-resina, provitamina A, ácido ascórbico, vitaminas do complexo B (nas partes verdes).(Alonso, 2004).

Composição nutricional por 100 g de folhas: calorias 60; proteínas 4,4 g; carboidratos 9,8 g; fibras 4,3 g; água 81,9 g; sódio 33 mg; potássio 1.000 mg; cálcio 245 mg; fósforo 128 mg; magnésio 41 mg; ferro 8 mg; flúor 0,10 mg; retinol 1,2 mg; vitamina B1 0,14 mg; vitamina B2 0,30 mg; niacina 1,4 mg; vitamina C 166 mg; zinco 900 mg; cobre 520 mg; cromo 7 mg; selênio < 100 mg . (Alonso, 2004

Ações farmacológicas: Além de ser considerado nutritivo pelo seu conteúdo em minerais e vitaminas, possui ação diurética, estrogênica e antioxidante.

Interações medicamentosas: Referências principalmente ao óleo essencial.

A salsa possui alto conteúdo de vitamina K que pode antagonizar drogas anticoagulantes, se tomado mais de 10 gotas do óleo essencial ao dia.

A atividade diurética da salsa pode requerer um ajuste nas doses das drogas anti-hipertensivas.

OBS.: muitas interações e efeitos adversos podem acontecer com o uso abusivo e crônico do óleo essencial da salsa.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo essencial principalmente por sua composição em apiol, miristicina, bergapteno e xantotoxina pode ser tóxico. Quantidades superiores a 10 gotas de óleo essencial ao dia pode resultar em aborto, em doses mais elevadas produz intoxicação do fígado, lesão nos rins, diarreia, vômito, alterações do ritmo cardíaco inclusive paralisação e morte. Outro componente tóxico do óleo essencial, a miristicina, afeta o sistema nervoso central e pode produzir convulsões. A xantotoxina e o bergapteno são fototóxicos que reagem em contato com a luz produzindo lesões na pele.

ATENÇÃO: Dada a periculosidade que pode resultar a ingestão do óleo essencial de salsa, recomendamos não utilizar este produto, aproveitando as outras preparações para conseguir os efeitos benéficos desta planta.

Contra-indicações: O óleo essencial é contra-indicado na gravidez e lactação, e em pessoas com insuficiência renal. Aplicações externas, como o cataplasma, é contra-indicado em pessoas com histórico de alta sensibilidade cutânea.

Posologia e modo de uso: Infusão: 1 colher (chá) de frutos ou 1 colher (sopa) de folhas para cada copo(250 ml) de água fervente. Tomar dois copos ao dia.

Óleo essencial: duas gotas em 1/2 copo de água, 2x ao dia.

Observações: Dada a periculosidade que pode resultar a ingestão do óleo essencial de salsa, recomendamos não utilizar este produto na forma de óleo essencial, aproveitando as outras preparações para conseguir os efeitos benéficos desta planta.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

http://www.botanical-online.com/toxicidad_del_perejil.htm – acesso em 27 de janeiro de 2013.

http://www.tropicos.org/Name/27900127 – acesso em 26 de janeiro de 2013.

Tags: AbortivoBronquiteCatarroCicatrizanteCistiteCólicaCondimentoDisfoniaEdemaEmenagogoEmolientesFeridasFlatulênciaNervosismoReumatismoSedativoTosse

PEGA-PEGA

18/02/2020 21:57

Desmodium adscendens  (Sw.)DC.

Fabaceae (antiga Leguminosae-Papilionoideae)


SinonímiasDesmodium adscendens var. caeruleum (Lindl.) DC., Desmodium arinense Hoehne, Desmodium coeruleum (Lindl.) G. Don, Hedysarum adscendens Sw., Meibomia adscendens (Sw.) Kuntzeentificos.

Nomes populares: Pega-pega, amor-seco, carrapicho, carrapicho-beiço-de-boi, Guacarillo (Espanha, Venezuela, Distrito Federal).

Origem ou Habitat: Planta nativa de países tropicais, principalmente Brasil e África.

Partes usadas: Folhas e raízes.

Uso popular: Na Amazônia brasileira já era usada a bastante tempo pelos nativos, para uma série de problemas, desde nervosismo (infusão) a tratamento de infecções vaginais (banhos). O decocto das raízes secas é um remédio popular para tratar a malária e usado como contraceptivo por algumas tribos da Amazônia.

Na medicina tradicional do Peru, o chá de suas folhas é empregado como purificador do sangue, desintoxicante do corpo, limpador das vias urinárias, para problemas de inflamação e irritação de ovários, corrimento vaginal e hemorragias.

No Brasil, as folhas secas são empregadas no tratamento da leucorréia, blenorragia, dores do corpo e diarréia.

Em Ghana, na África, o chá preparado com o pó de suas folhas, é utilizado no tratamento da asma com muito sucesso.

Composição química: Foram identificados os flavonóides: Vitexina; Vitexin 2”-​O-​xyloside; Isovitexin (C-​6 isomer)​; Desmodin (Isovitexin 2”-​O-​xyloside)​. Contém D-Pinitol.

Ações farmacológicas: Segundo experimentos realizados na África (Ghana), foram detectadas as propriedades anti-inflamatórias, anti-alérgicos e antioxidantes.

O D-Pinitol está sendo utilizado para o tratamento de dependentes de álcool e problemas hepáticos decorrentes.

Referências: 

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 1. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

MAES, Francis; Vlietinck, Arnold; Pieters, Luc; Apers, Sandra; Hermans, Nina – “Method for producing a plant extract from Desmodium and extract thereof”. From Belg. (2014), BE 1020835 A5 20140603.(Scifinder) Acesso 15 JAN 2016.

http://www.tropicos.org/Name/13018304?tab=synonyms – Acesso 15 JAN 2016.

ZIELINSKA-PISKLAK, Monika A.; Kaliszewska, Dorota; Stolarczyk, Magdalena; Kiss, Anna K.- “Activity-​guided isolation, identification and quantification of biologically active isomeric compounds from folk medicinal plant Desmodium adscendens using high performance liquid chromatography with diode array detector, mass spectrometry and multidimensional nuclear magnetic resonance spectroscopy”. From Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis (2015), 102, 54-63. (Scifinder) Acesso 15 JAN 2016.

Tags: AsmaContraceptivaDesintoxicanteDiarreiasLeucorreiaNervosismo

ERVA-TOSTÃO

19/01/2020 23:15

Boerhavia diffusa  L.

Nyctaginaceae 


Sinonímias: Boerhavia diffusa var. hirsuta (Jacq.) Kuntze, Boerhavia diffusa var. mutabilis R. Br., Boerhavia erecta L., Boerhavia coccinea Mill., Boerhavia caribaea Jacq., etc.

Obs.:Boerhavia hirsuta Willd.(ilegítimo), Boerhavia hirsuta Jacq.(legítimo).

Nomes populares:  Pega-pinto, agarra-pinto, bredo-de-porco, erva-de-porco, batata-de-porco, tangaracá, erva-tostão (Brasil), yerba tostada, yerba tutón (Argentina).

Origem ou Habitat: Nativa do Brasil (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal).

Características botânicas:  O gênero Boerhavia descrito por Carl von Linnaeus, em 1753, inclui aproximadamente 50 espécies vegetais, e o nome do gênero foi em homenagem ao médico, químico e botânico holandês Hermann Boerhraave.

Trata-se de uma herbácea bienal ou perene, suculenta, medindo de 50 cm a 1,0 m de altura, com muitos ramos vegetativos rasteiros e poucos ramos eretos, pilosos, de onde partem folhas pequenas, simples, opostas, ovadoblongas de margens onduladas, pilosas e pecioladas, de cor verde claro na face inferior, medindo de 4-8 cm de comprimento. Flores pequenas, pediceladas, reunidas em panículas isoladas, de coloração esbranquiçadas ou vermelhas, dispostas bem acima da folhagem. Raiz tuberosa. Os frutos são pequenas cápsulas com pêlos glandulares que se aderem à roupa e à pele. Sua propagação é por sementes.

Partes usadas: A planta inteira, principalmente a raiz.

Uso popular:  Segundo a Irmã Eva Michalak, esta planta é indicada para dispepsia, congestão do fígado, hepatite, nefrite, hidropisia, cálculos da vesícula biliar, retenção da urina e nervosismo.

Di Stasi assinala que na Região da Mata Atlântica o uso principal é na forma de infusão das folhas para expulsão de vermes (lombrigas) ou na infusão da planta toda contra hepatite e diarréia.

Pio Corrêa (1984) refere o uso da raiz para problemas do fígado, icterícia, excelente diurético e contra picadas de cobras.

Na forma de cataplasma feito com as raízes moídas e fervidas é usada contra mordedura de cobras e bicho-de-pé.

Na Índia, as raízes são usadas para tratar males do fígado, vesícula, rins e problemas urinários. Tem uso veterinário para abcessos de pele, onde é feito um emplasto com uma pasta misturada com vinagre(ALONSO, 2004).

Na Argentina a raiz é usada como colagogo, diurético (como diurético também os talos foliáceos), refrescante e purgante. A raiz é empregada como alimento.

No Paraguai costuma-se incorporar as raízes machucadas ao mate tererê como bebida refrescante e energizante.

Na Martinica empregam-se as folhas na forma de decocção para fazer gargarejos em casos de faringite e angina. A decocção ou o suco das folhas são recomendadas como analgésicas e anti-inflamatórias.

Na Guatemala é empregada para tratar erisipela e como antiparasitário.

Composição química:  Alcalóides (concanvalina A, boerhavina), aminoácidos, ácido boerhávico, lignanas (liriodendrina, siringaresinol-B-glicosídeo), lipo-polissacarídeos, esteróis (beta-sitosterol, campesterol), ácido ursólico, liriodendrina, ácido esteárico, flavonóides, etc.

Ações farmacológicas: Foram demostradas as seguintes ações farmacológicas com extratos das raízes: hepatoprotetora, diurética, colerética, hipotensiva, antiparasitária, antimicrobiana, anti-inflamatória, anti-hemorrágica, antiespasmódica e imunomoduladora.

Interações medicamentosas: Não encontrada na literatura consultada.

Efeitos adversos e/ou tóxicos:Muitos testes foram feitos em animais para estudos sobre a toxicidade desta planta e nenhum detectou toxicidade nem teratogenicidade.

Contra-indicações:  Não há referências sobre contra-indicações, porém, pelo princípio da precaução, não é recomendado extratos desta planta na gravidez e lactação.

 

 

Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. 1. ed. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

DI STASI, L.C. & HIRUMA-LIMA, C.A., Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica – São Paulo: editora Unesp, 2002.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2008.

MICHALAK, E., irmã. Apontamentos fitoterápicos da Irmã Eva Michalak. Florianópolis: Epagri, 1997.

PIO CORRÊA, M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: IBDF, Ministério da Agricultura, Imprensa Nacional, 1984.

Sá, C.F.C. 2010. Nyctaginaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB010903)- acesso em 06 de fevereiro de 2013.

http://www.tropicos.org/Name/22500356?tab=synonyms – acesso em 06 de fevereiro de 2013.

Tags: AnalgésicoAnti-inflamatórioColagogoCongestãoDispepsiaDiuréticoNervosismoVermífuga