PEGA-PEGA

18/02/2020 21:57

Desmodium adscendens  (Sw.)DC.

Fabaceae (antiga Leguminosae-Papilionoideae)


SinonímiasDesmodium adscendens var. caeruleum (Lindl.) DC., Desmodium arinense Hoehne, Desmodium coeruleum (Lindl.) G. Don, Hedysarum adscendens Sw., Meibomia adscendens (Sw.) Kuntzeentificos.

Nomes populares: Pega-pega, amor-seco, carrapicho, carrapicho-beiço-de-boi, Guacarillo (Espanha, Venezuela, Distrito Federal).

Origem ou Habitat: Planta nativa de países tropicais, principalmente Brasil e África.

Partes usadas: Folhas e raízes.

Uso popular: Na Amazônia brasileira já era usada a bastante tempo pelos nativos, para uma série de problemas, desde nervosismo (infusão) a tratamento de infecções vaginais (banhos). O decocto das raízes secas é um remédio popular para tratar a malária e usado como contraceptivo por algumas tribos da Amazônia.

Na medicina tradicional do Peru, o chá de suas folhas é empregado como purificador do sangue, desintoxicante do corpo, limpador das vias urinárias, para problemas de inflamação e irritação de ovários, corrimento vaginal e hemorragias.

No Brasil, as folhas secas são empregadas no tratamento da leucorréia, blenorragia, dores do corpo e diarréia.

Em Ghana, na África, o chá preparado com o pó de suas folhas, é utilizado no tratamento da asma com muito sucesso.

Composição química: Foram identificados os flavonóides: Vitexina; Vitexin 2”-​O-​xyloside; Isovitexin (C-​6 isomer)​; Desmodin (Isovitexin 2”-​O-​xyloside)​. Contém D-Pinitol.

Ações farmacológicas: Segundo experimentos realizados na África (Ghana), foram detectadas as propriedades anti-inflamatórias, anti-alérgicos e antioxidantes.

O D-Pinitol está sendo utilizado para o tratamento de dependentes de álcool e problemas hepáticos decorrentes.

Referências: 

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 1. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

MAES, Francis; Vlietinck, Arnold; Pieters, Luc; Apers, Sandra; Hermans, Nina – “Method for producing a plant extract from Desmodium and extract thereof”. From Belg. (2014), BE 1020835 A5 20140603.(Scifinder) Acesso 15 JAN 2016.

http://www.tropicos.org/Name/13018304?tab=synonyms – Acesso 15 JAN 2016.

ZIELINSKA-PISKLAK, Monika A.; Kaliszewska, Dorota; Stolarczyk, Magdalena; Kiss, Anna K.- “Activity-​guided isolation, identification and quantification of biologically active isomeric compounds from folk medicinal plant Desmodium adscendens using high performance liquid chromatography with diode array detector, mass spectrometry and multidimensional nuclear magnetic resonance spectroscopy”. From Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis (2015), 102, 54-63. (Scifinder) Acesso 15 JAN 2016.

Tags: AsmaContraceptivaDesintoxicanteDiarreiasLeucorreiaNervosismo

BARDANA

30/12/2019 23:46

Arctium lappa  L.

Asteraceae (Compositae) 


SinonímiasLappa lappa (L.) H. Karst., Arctium chaorum Klokov, Arctium lappa subsp. majus Arènes, Arctium majus (Gaertn.) Bernh., Lappa vulgaris Hill, Lappa major Gaertn.

Nomes populares: Baldrana, erva-dos-tinhosos, pegamassa, carrapicho-de-carneiro e carrapicho-grande(Brasil), beggar’s-button, cockle-button, edible burdock, harlock, gobo (English, United States), great burdock (English, Canada).

Origem ou Habitat: Nativa da Europa e Ásia , cresce em regiões temperadas.

Características botânicas: Planta bianual, com caule robusto, pode alcançar até 2 m de altura, folhas muito grandes, ás vezes dentadas, podendo chegar até 50 cm de comprimento. Flores lilases, pequenas, em capítulos de 3-5cm de diâmetro. Os frutos são pequenos aquênios de cor escura e espinhosos que no conjunto formam carrapichos. Raízes carnosas, compridas, medindo de 25 a 70 cm de comprimento.

Partes usadas: Folhas, frutos, sementes e raízes.

Uso popular: Raízes e folhas são usadas como depurativo, diurético, anti-reumático (gota) e desintoxicante do fígado; também como analgésico local (folhas aquecidas em cólicas infantis, dor de ouvidos) e antiinflamatório. É muito usada em doenças da pele como alergias, seborréias, caspa e queda de cabelo, furúnculos, eczemas, picadas de insetos e de animais peçonhentos; em úlceras varicosas, psoríase, cobreiro e zipra (erisipela). Os frutos são usados como anti-diabéticos.

Composição química: Nas raízes: inulina (30-50%); compostos poliacetilênicos, acetilênicos sulfurados; ácidos fenólicos; ácidos voláteis e ácidos hidroxilados; mucilagens; flavonóides; fitosteróis, .

  • As folhas contém lactonas sesquiterpênicas (arctiopicrina) e outros.
  • As sementes contém ácidos fixos (linoléico, oléico, clorogênico).

Do ponto de vista nutricional a raiz de bardana fornece: proteínas, glicídios, fibras, cálcio, fósforo, ferro, vitamina A, B1, riboflavina, niacina e vitamina C.

Ações farmacológicas: Diversas pesquisas ao longo do século passado têm comprovado sua ação antimicrobiana contra germens Gram (+) , Gram (-) e fungos oportunistas, principalmente pela ação da arctiopicrina.

Esta planta teve ação inibitória (in vitro) sobre o vírus HIV.

  • Atividade sobre fígado e vesícula – Foi demonstrada ação colerética e colagoga devido principalmente aos ácidos fenólicos. Também foi comprovada importante ação antioxidante do extrato sobre os hepatócitos.
  • Ação hipoglicemiante – Estudos pré-clínicos comprovaram efeitos hipoglicemiantes da bardana. Os mesmos estudos com as sementes, determinaram que a arctigenina seria o componente responsável por essa ação.
  • Antitumoral – Foi demonstrado em estudos pré-clínicos que a arctiína exerce ação quimiopreventiva sobre substâncias indutoras de câncer de mama, cólon, fígado e pâncreas. A raiz de bardana teve efeito inibitório sobre cultivo de células tumorais.
  • Dermatologia – foi demonstrado que a raiz fresca, ou seu decocto concentrado tem ação sobre seborréia facial, impetigo e acne . Também teve efeito sobre eczema descamante, onde há inflamação e deficiência imunológica.

Foi observado, “in vitro”, ação antiagregante plaquetária.

Melhorou a resposta imune humoral em ratos.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A bardana é uma espécie vegetal considerada muito segura para o emprego em humanos, tendo sido descrito um caso de toxicidade com o emprego de um preparado comercial em forma de chá, o qual continha quantidades importantes de alcalóides da família Solanaceae tais como a atropina (Bryson P. et al., 1978, apud Alonso, 2004). Pode aumentar o efeito hipoglicêmico dos agentes associados à hipoglicemia (DRUGS, 2022).

Pode causar irritação ocular. Há casos descritos de hipersensibilização cutânea (dermatite de contato) no uso prolongado (Rodriguez e cols., 1995). A presença de onopordopicrina se mostrou tóxica em alguns trabalhos experimentais, in vitro (Souza Brito A. e cols., 1995). Altas doses de arctiina podem causar convulsões, hiperpnéia, piloereção, cianose.

Contra-indicações: Contra-indicações ainda não foram identificadas, porém evitar o uso em gestantes e lactantes. Houve efeitos adversos documentados, incluindo indução da contração musculatura uterina (DRUGS, 2022).

Posologia e modo de uso: As doses relatadas incluem 6g/dia de chá de raiz de bardana. Em estudos realizados em pacientes com câncer de pâncreas refratário avançado, recomendou-se 12g/dia de extrato da fruta de Bardana. As folhas também foram usadas e estudadas como ataduras antiaderentes no tratamento de feridas (DRUGS, 2022).

Observações: As espécies do gênero Arctium são conhecidas por serem fontes ricas de lignanas. A arctina, uma lignana encontrada em sementes da Arctium lappa, também foi isolada da Arctium minus (Erdemoglu, et al., 2008).

 

 

Referências: 
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

ERDEMOGLU, N. et al. Estimation of anti-inflammatory, antinociceptive and antioxidant activities on Arctium minus (Hill) Bernh. ssp. minus. Journal of Ethnopharmacology, [S. I.], Jan., 2009, v. 121, n. 2, p. 318-323, . Acesso em: 21 de junho de 2011

FERRO, D. Fitoterapia: Conceitos Clínicos. São Paulo: Atheneu, 2008.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

RODRIGUEZ, P.; BLANCO, J.; JUSTE, S. Allergic contact dermatitis due to burdock. Contact Dermatitis, [S. I.: s. i.], 1995. v.33, p. 5-134.

http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A15bardana.htm – Acesso em: 08 junho 2011.

http://www.tropicos.org – Acesso em: 08 junho 2011.

Diabetologia. 2012 May;55(5):1244-6. Epub 2012 Feb 23.New expectations from the well-known medicinal properties of Arctium lappa.

Miele C, Beguinot F.Source- Dipartimento di Biologia e Patologia Cellulare e Molecolare, Università di Napoli Federico II, Via S Pansini 5, 80131 Naples, Italy.

Chevallier ,Andrew – Encyclopedia of herbal medicine ; D K publishing 2000

Bull Exp Biol Med. 2011 Jun;151(2):194-6. Effects of drugs of plant origin on the development of the immune response. Borsuk OS, Masnaya NV, Sherstoboev EY, Isaykina NV, Kalinkina GI, Reihart DV. Source Institute of Pharmacology, Siberian Division of Russian Academy of Medical Sciences, Tomsk, Russia

Bull Exp Biol Med. 2011 Jun;151(2):194-6.

Tumor specific cytotoxicity of arctigenin isolated from herbal plant Arctium lappa L. Susanti S, Iwasaki H, Itokazu Y, Nago M, Taira N, Saitoh S, Oku H. Source United Graduate School of Agricultural Sciences, Kagoshima University, 1-21-24 Korimoto, Kagoshima, 890-0065, Japan.

Burdock. Drugs. 2022. Disponível em: www.drugs.com/npp/burdock.html. Acesso em: 10 maio de 2023.

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