RAINHA-DAS-ERVAS

19/02/2020 23:36

Tanacetum parthenium   (L.) Sch. Bip.

Asteraceae (Compositae)


SinonímiasChrysanthemum parthenium (L.) Bernh., Matricaria parthenium L. (LORENZI; MATOS, 2008), Leucanthemum parthenium (L.) Gren & Godron, Pyrethrum parthenium (L.) Sm. (NEWALL; ANDERSON; PHILLIPSON, 2002), Parthenium matricaria Gueld. (SILVA, 2001.)

Nomes populares: Rainha-das-ervas, artemijo, margaridinha, olguinha, margaridinha-branca, camomila-pequena, macela-da-serra (LORENZI; MATOS, 2008), macela-do-reino, atanásia, atanásia-dos-jardins, artemísia, artemísia-dos-ervanários (NEWALL; ANDERSON; PHILLIPSON, 2002), matricária, erva made, monsenhor-amarelo, piretro-do-cáucaso, altamisa (Espanha, Costa Rica), Santa María (Espanha, México, Chiapas), feverfew (Costa Rica).

Origem ou Habitat: Nativa da região dos Bálcãs, naturalizada na Europa e cultivada na América (ALONSO, 2004). Apresenta comportamento anual no Nordeste do Brasil.

Características botânicas: Erva ereta, comumente perene, com até 50 cm de altura. Folhas pinatipartidas, com folíolos membranáceos. Flores com pequenos capítulos reunidos em corimbos, as externas do capítulo formam um pequeno anel de pétalas brancas em torno das centrais que são amarelas. Toda a planta tem sabor amargo e cheiro característico(LORENZI; MATOS, 2008).

Partes usadas: Folhas e inflorescências.

Uso popular: Uso interno: principalmente para enxaqueca (migrânea) e dores de cabeça, além de neuralgias, febre, dismenorréia, para ajudar na expulsão da placenta após o parto (CHEVALLIER, 1996), mal-estar gástrico, diarréia, reumatismo, câimbra, analgésica, antiinflamatória, vermífuga(LORENZI; MATOS, 2008), problemas de gases, infecções uterinas, calmante (FRANCO; FONTANA, 2004), zumbido, vertigem, odontalgia (NEWALL; ANDERSON; PHILLIPSON, 2002), para aumentar o apetite e melhorar a digestão (MILLS; BONE, 2000). Em todos os casos recomenda-se a infusão de folhas e flores frescas ou secas ou tinturas (LORENZI; MATOS, 2008). A decocção adoçada com mel ou açúcar é utilizada para resfriados, tosse e respiração difícil. A infusão quente era utilizada para remover o mau-humor e a ira, tratar resfriados e doenças febris e “limpar os rins”, enquanto que a infusão fria era considerada excelente como tônica. Evidências empíricas sugerem que seja benéfica na psoríase (MILLS; BONE, 2000).

Na Colômbia, emprega-se a decocção das folhas por via oral para parasitoses.

Na Guatemala e em Martinica utiliza-se a infusão da planta fresca ou seca como sedativa e contra os resfriados, e recomendam a aplicação na forma de cataplasma para tumores e câncer (ALONSO, 2004).

Uso externo: picadas de insetos, aliviar os incômodos do pós-parto (LORENZI; MATOS, 2008), úlceras, feridas, piolhos, lêndeas, para afugentar insetos (FRANCO; FONTANA, 2004) e após intervenções dentárias (bochechos). O extrato desta planta misturado à essência de tomilho é repelente e sua eficácia se prolonga por até 5 horas (SILVA, 2001).

Na Venezuela, extratos da planta toda são aplicados em gotas em casos de otite (ALONSO, 2004)..

Composição química: Óleo essencial (α-pineno, bornil-acetato, L-borneol, angelato, ácido cóstico, cânfora, β- farnesina, canina, 10-epicanina, artecanina, éteres espiroquetalenólicos), lactonas sesquiterpênicas (formadas principalmente pelo partenolídeo e seus derivados, além da crisantemonina em menor concentração), ácidos fenólicos, flavonóides (santina, apigenina e os metilésteres de 6-HO-campferol tanetina e queratagetina), guaianolídeos (crisantemina A e B), princípios amargos, fitosterina, melatonina (folhas), ácido tânico, ácido antêmico, cosmosiina, derivados acetilênicos (raízes). As sementes secas apresentam 22% de proteínas e 31,2% de gordura (ALONSO, 2004.

Ações farmacológicas: De acordo com vários ensaios clínicos duplo-cego controlados por placebo, conclui-se que seu uso está indicado especialmente como preventivo das intercrises de enxaqueca, reduzindo sua freqüência e sua intensidade, por melhorar os sintomas neurovegetativos associados, como náuseas, vertigens ou vômitos¹. Emenagogo (altas doses), antihelmíntico(MILLS; BONE, 2000). In vitro demonstrou atividades antiinflamatória, antimicrobiana, espasmolítica, antitumoral e inibidora da enzima angiotensina II (e então possivelmente hipotensora arterial).

Interações medicamentosas: Potencializa o efeito de drogas anticoagulantes e não deve ser administrada junto a elas; a potência farmacológica diminui quando administrada junto a drogas antiinflamatórias não esteroidais; não deve ser administrada junto a aminoácidos que contenham grupos sulfidrilos como a cisteína e a N-glicina¹. Por conter taninos, pode alterar a absorção de minerais de alimentos e/ou suplementos, como ferro, cálcio, zinco, cobre e magnésio, devendo ser administrada separadamente de vitaminas e minerais (LAVALLE, et al, 2000).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em geral os extratos desta planta são bem tolerados, mesmo que durante longos períodos. Devido ao gosto muito picante e desagradável, pode ocasionar desconforto durante a ingestão da infusão de forma contínua. Um estudo com pacientes em uso da planta por 6 meses, e outro por 10 anos, não demonstraram sinais de toxicidade (SCHULZ; HÄNSEL; TYLER, 2002). Foram descritas algumas dermatites de contato, nódulos pruriginosos e dores abdominais, principalmente por folhas frescas. Apesar de o óleo essencial conter cânfora, seriam necessárias doses extremamente elevadas para provocar estados convulsivos (ALONSO, 2004). Foi descrita uma “síndrome pós-matricária”, incluindo nervosismo, insônia, rigidez articular e dor, que pode ocorrer em algumas pessoas após descontinuar o uso (LAVALLE, et al, 2000).

Contra-indicações: Gravidez, amamentação (pelos princípios amargos), crianças menores de 2 anos (ALONSO, 2004), pessoas em sangramento ativo (LAVALLE, et al, 2000) e pessoas com hipersensibilidade conhecida à Tanacetum parthenium, partenolídeos ou outros membros da família Asteraceae/Compositae não devem fazer uso interno (MILLS; BONE, 2000). Usar com cuidado em pessoas em tratamento anticoagulante ou com histórico de hemorragias, distúrbios hemostáticos ou problemas hemostáticos relacionado à medicamentos. Deve-se interromper o uso pelo menos 15 dias antes de procedimentos odontológicos ou cirúrgicos (LAVALLE, et al, 2000).

Posologia e modo de uso: Infusão de 2 gr. de folhas e flores frescas ou secas em uma xícara, 2 vezes ao dia, antes das refeições (ALONSO, 2004).

Para lavagens locais, gargarejos ou bochechos, prepara-se um chá mais forte com 5-6 folhas e/ou flores(5).

Há propostas de preparações deverem conter de 0,2% a o,8 % de partenolídeo , apesar de não ser clara a participação desde composto na profilaxia da enxaqueca.

Observações: Apesar de não haver trabalhos evidenciando efeitos uterotônicos em animais, há uma vasta tradição cultural de seu emprego como estimulante uterino para promover a menstruação (ALONSO, 2004). Estudos clínicos sugerem que o tratamento para enxaqueca deve durar de 4-6 meses para se alcançar efeitos benéficos.

Recomenda-se que a dosagem seja reduzida gradualmente durante um mês quando do término do tratamento (MILLS; BONE, 2000), a interrupção abrupta pode aumentar a freqüência das enxaquecas (LAVALLE et al, 2000).

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 739-743.

CHEVALLIER, A. The Encyclopedia of Medicinal Plants. London: Dorling Kindersley, 1996. p. 139-309.

FRANCO, I. J.; FONTANA, V. L. Ervas e Plantas: A Medicina dos Simples. 9 ed. Erexim,RS: Livraria Vida, 2004. p. 125.

LAVALLE, J. B. et al. Natural Therapeutics Pocket Guide. Hudson, OH: Lexi-comp; Cincinnati, OH: Natural Health Resources, 2000. p. 432-433.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. p. 161.

MILLS, S.; BONE, K. Principles and Practice of Phytotherapy:Modern Herbal Medicine. [S. I.]: Churchill Livingstone, 2000. p. 385-391.

NEWALL, C. A.; ANDERSON, L. A.; PHILLIPSON, J. D. Plantas Medicinais: Guia Para Profissional de Saúde [Herbal Medicines]. Trad. De Mirtes F. de Oliveira Pinheiro. São Paulo: Premier, 2002.

  1. 191-193.

SILVA, R. C. Plantas Medicinais na Saúde Bucal. Vitória: Artgraf, 2001. p. 31.

SCHULZ, V.; HÄNSEL, R.; TYLER, V. E. Fitoterapia racional: um guia de fitoterapia para as ciências da saúde. 4. ed. Barueri, SP: Manole Ltda, 2002.

http://www.tropicos.org/Name/2701375 – acessado em: 12 de junho de 2012.

Tags: AnalgésicoAnti-inflamatórioCãibraCalmanteCefaléiaDiarreiasDismenorreiaEnxaquecaFebreFlatulênciaResfriadoReumatismoTosse

PRÍMULA DA TARDE

18/02/2020 22:37

Oenothera biennis  L.

Onagraceae


SinonímiasOenothera muricata L., Oenothera suaveolens Desf., Onagra biennis (L.) Scop., Onagra muricata (L.) Moench.

Nomes populares: Prímula comum, prímula da tarde, ervas-dos-burros, estrela-da-tarde, onográcea, prímula, onagra, zécora, canárias (Brasil), evening-primrose, king’s cureall, fever-plant, field-primrose, German rampion, tree-primrose, (Ingles, Estados Unidos), yellow evening-primrose (Ingles, Canada).

Origem ou Habitat: América do Norte.

Partes usadas: Óleo das sementes.

Uso popular: O uso tradicional da planta toda, na forma de infusão, é recomendado para tosse de asmáticos, distúrbios gastrointestinais, coqueluche e como analgésico sedativo. O uso externo é feito cataplasma para tratar contusões e cicatrização de feridas.

O óleo de prímula é usado para o tratamento de eczema atópico e mastalgia (dor nos seios) cíclica (relativa ao ciclo menstrual) e acíclica (é mais rara e não varia de acordo com o ciclo menstrual), sintomas de tensão pré-menstrual (TPM), redução das dores de artrite reumatoide, tratamento de disfunções na pele, alergias, depressão e hiperatividade.

O óleo das sementes tem sido usado como suplemento alimentar há muitos anos.

O ácido linolêico (AL) e o ácido gamolênico (AGL) são ácidos graxos essenciais, sendo que o AL é o principal ácido graxo essencial na dieta, enquanto o AGL é encontrado no leite humano, na aveia e na cevada e, em pequenas quantidades, em uma ampla variedade de alimentos comuns. (BARNES, J.,2012).

Composição química: As sementes são constituídas pelos óleos fixos: ácido cis-linolêico(AL) (14%), ácido cis-gamalinolênico ou ácido gamolênico(AGL) (65 a 80%), ácido oleico (2 a 16%), ácido palmítico (7%) e ácido esteárico (3%). (BARNES, J.,2012).

Ações farmacológicas: As ações farmacológicas do óleo de prímula é atribuída ao teor de ácido graxo essencial (AGE) e à participação desse composto nas rotas biossintéticas da prostaglandina.

Interações medicamentosas: O óleo de prímula pode aumentar o risco de convulsões em pacientes que tomam fenotiazínicos.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo de prímula é bem tolerado nas doses recomendadas. Ocorrem ocasionais sintomas gastrointestinais leves, indigestão, náusea e fezes amolecidas e cefaleia.

Os estudos sobre a toxicidade indicaram que o óleo de prímula é atóxico. (BARNES, J.,2012)

O Centro de Monitoramento de Uppsala, na Suécia, da Organização Mundial de Saúde (OMS-UMC), recebe relatos de suspeita de reações adversas de mais de 70 países. No final de 2005, o banco de dados Vigisearch contava com 291 relatos, descrevendo 489 reações adversas, com produtos indicados como contendo apenas Oenothera biennis como componente. No entanto, as informações não são homogêneas, pelo menos quanto à origem ou probabilidade de que o produto farmacêutico tenha causado a reação adversa. (BARNES, J.,2012).

Contra-indicações: Não usar na gravidez e lactação. Não usar, se tiver história de ataques epilético. O uso em criança hiperativa somente sob estrita supervisão médica.

Posologia e modo de uso: As doses recomendadas baseavam-se em um teor padronizado de ácido gamolênico de 8%. Para eczema atópico 6 a 8 g/dia para adulto e 2 a 4 g/dia para crianças; mastalgia 3 a 4 g/dia. O fabricante aconselha tomar por 3 meses para melhor resposta clínica.

OBS.: No Reino Unido está suspensa, desde 2002, a licença de fabricação de produtos de óleo de prímula, devido à ausência de dados clínicos que justificassem a sua eficácia. (BARNES, J.,2012).

Observações: As reações adversas relatadas são: distúrbios gerais, cardiovasculares, endócrinos, do sistema gastrointestinal, da frequência e ritmo cardíaco, hepatobiliares, metabólicos, do sistema musculoesquelético, de plaquetas, sangramento e coagulação, menstruais, do sistema respiratório, de pele e anexos, do sistema urinário, visuais e transtornos psiquiátricos. (BARNES, J.,2012)

O ácido gamolênico está envolvido na biossíntese de prostaglandinas, com redução da inflamação crônica. Horrobin (1989) elaborou uma revisão da prímula (Oenothera biennis L.) na Reumatologia e concluiu que o ácido gamolênico teria grande relevância como o fármaco de escolha para o tratamento de enfermidades reumáticas.

Referências: 

BARNES, Joanne. Fitoterápicos / Joanne Barnes, Linda A. Anderson, J.David Phillipson; tradução: Beatriz Araújo Rosário, Régis Pizzato; revisão técnica: Pedro Ros Petrovick…(et al.) – 3ª ed. – Porto Alegre: Artmed, 2012.

Caroline da Rosa & Clarice Azevedo Machado – “ Herbal medications for the treatment of rheumatics disease: a review” – http://www.rbfarma.org.br/files/PAG26a32_PLANTAS.pdf Acesso 10 Dezembro 2016.

http://www.plantamed.com.br/plantaservas/especies/Oenothera_biennis.htm – Acesso 09 Junho 2016.

http://www.tropicos.org/Name/23200540 – Acesso 08 Junho 2016.

Tags: AnalgésicoCataplasmaCicatrizanteEczemaMastalgiaSedativoTosse

PARIPAROBA

17/02/2020 22:34

Piper umbellatum L.

Piperaceae


SinonímiasPothomorphe sidaefolia (Link & Otto) Miq., Peperomia umbellata Miq., Peperomia umbellata (L.) Kunth, Lepianthes umbellata (L.) Raf. ex Ramamoorthy.

Nomes populares: Pariparoba, caapeba, aguaxima, capeva, catajé.

Origem ou Habitat: Típica da Mata Atlântica, pode ser encontrada nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia.

Partes usadas: Folhas, hastes e raízes.

Uso popular: O potencial medicinal desta espécie está na cura de feridas e inflamações em geral. Os usos etnofarmacológicos descritos para a espécie são diversos, dentre os quais estão tratamento de epilepsia (Coimbra, 1958), disfunção hepática, bronquite asmática, cicatrizante e anti-inflamatório, febrífugo, sedativa e analgésica, repelente de insetos, anti-malária e a atividade antioxidante comprovada cientificamente, atribuída ao fenilpropanóide 4-nerolidilcatecol (MATTANA & MING et all, 2015).

Segundo Irmã Eva Michalak (1997), é indicada para resfriados, baço, fígado, gastralgias, azia, úlceras, hemorroidas, asma, pressão alta e dor de dente.

Lorenzi & Matos (2008) assinalam que é considerada diurética, antiepilética, contra febre, usada contra doenças do fígado, inchaços e inflamações das pernas. A decocção das raízes é indicada para doenças do fígado e da vesícula.

Composição química: Segundo LORENZI & MATOS: Os compostos citados são: óleo essencial, esteróides, mucilagens, substâncias fenólicas e pigmentos.

Principais constituintes do óleo essencial de folhas de Pothomorphe umbellata: D-germacreno, a-selineno, trans-cariofileno, espatulenol, δ-cadineno, δ-elemeno, g-cadineno, óxido de cariofileno, b-elemeno, epi-a-cadinol, a-copaeno, a-cubebeno, b-bourboneno, b-gurjuneno, g-muuroleno, trans-nerolidol, cubenol, trans-anetol e a-muuroleno (MATTANA & MING et all, 2015). Em um artigo de 2003: O estudo fitoquímico das folhas de Potomorphe umbellata resultou no isolamento de onze substâncias, entre as quais duas amidas (arboreumina e arboreumina glicosilada), cinco flavonas (vitexina-glucopiranosídeo, apigenina-D-glucopiranosídeo, orientina-D-glucopiranosídeo, 5-hidroxi-7,3′,4′-trimetoxi-flavona e velutina), duas lignanas (sesamina e diidrocubebina), um fenilpropanóide (ácido p-cumárico), além do 4-nerolidilcatecol

Ações farmacológicas: Estudos farmacológicos (em animais) permitiu a descrição de ações biológicas diversas como antitumoral (Sacoman et al., 2008) antiinflamatória, analgésica (Perazzo et al., 2005) e fotoprotetora (Röpke et al., 2005; da Silva et al., 2009).

O metabólito secundário melhor caracterizado de Pothomorphe umbellata é o fenilpropanóide 4-nerolidilcatecol (4-NC) (Kijjoa et al., 1980), que possui comprovada atividade antioxidante (Soares et al., 2007), antiinflamatória (Perazzo et al., 2005; Soares et al., 2007), antibacteriana (Kashima et al., 1998), antimicrobiana (Soares et al., 2007), fotoprotetora (Röpke et al., 2005) e indutora de apoptose (Brohem et al., 2009)(apud VALLE & MING, 2013).

o extrato etanólico de Pothomorphe umbellata mostrou atividade fungicida contra cepas resistentes de Trichophytum rubrum.

Posologia e modo de uso: Como diurética e estimulantes das funções estomacais, hepáticas, pancreáticas e do baço: decocção de 1 colher (chá) de raízes picadas para 1 xícara de água, na dose de 1 xícara pela manhã em jejum e outra antes do almoço.

Para febres e afecções das vias respiratórias (tosse e bronquite) é indicado o xarope das folhas e hastes.

Suas folhas são empregadas externamente, na forma de cataplasma, para queimaduras leves, furúnculos, dor de cabeça e reumatismo.

Observações: No caso de Pothomorphe umbellata, os óleos essenciais se concentram nos idioblastos localizados nas células parenquimáticas (Marinho, 2008 apud MATTANA & MING et all, 2015).

As atividades farmacológicas despertaram o interesse da indústria cosmética e de manipulação por P. umbellata, principalmente devido ao sucesso como agente tópico fotoprotetor.

Referências:

BERGAMO, Debora Cristina Baldoqui “Avaliação química dos componentes não voláteis e voláteis e estudo biossintético do 4-nerolidilcatecol em Potomorphe umbellata (Piperaceae).” Tese de doutorado. Universidade Estadual Paulista (UNESP). Campus de Araraquara. Instituto de Química, abr. 2003. Acesso 17 Agosto 2015.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2008.

MATTANA, R.S.; MAIA E ALMEIDA, C.I.; OLIVEIRA, P.F.C.; LIMA, L.P.; HABER, L.L.; MING, L.C.; MARQUES, M.O.M. “Efeitos de diferentes tempos de extração no teor e composição química do óleo essencial de folhas de pariparoba [Pothomorphe umbellata (L.) Miq.]. Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, SP. v.17, n.1, p.150-156, 2015. Acesso 14 Agosto 2015.

SANTANA, HT. et all. “Essential oils of leaves of Piper species display larvicidal activity against the dengue vector, Aedes aegypti (Diptera: Culicidae)”. Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, SP. v.17, n.1, p.105-111, 2015. Acesso 14 Agosto 2015.

VALLE, J.S.; Fonseca, B.K.D.; Nakamura, S.S.; Linde, G.A.; Mattana, R.S.; Ming, L.C.; Colauto, N.B.: “Diversidade genética de populações naturais de pariparoba [Pothomorphe umbellata (L.) Miq.] por RAPD”. Rev. bras. plantas med. vol.15 no.1 Botucatu, SP,2013. Acesso 17 Agosto 2015.

SPONCHIADO Jr. E.C. et all.; “Potomorphe umbellata(L.)Miq. – uma revisão de literatura sobre a espécie, bem como seus aspectos químicos e farmacológicos mais importantes.” -Revista Fitos Vol.3 Nº01 março 2007,Centro de Apoio Multidisciplinar – CAM, Biotecnologia, Universidade Federal do Amazonas, UFAM, Manaus, AM, Brasil.

http://www.tropicos.org/Name/25002115?tab=synonyms. Acesso 14 Agosto 2015.

2012 Sep;22(3):265-9. doi: 10.1016/j.mycmed.2012.05.005. Epub 2012 Aug 10. Pothomorphe umbellata: antifungal activity against strains of Trichophyton rubrum. Rodrigues ER1, Nogueira NG, Zocolo GJ, Leite FS, Januario AH, Fusco-Almeida AM, Fachin AL, de Marchi MR, dos Santos AG, Pietro RC.entrada em 03/07/16.

Tags: AnalgésicoAnti-inflamatórioAnti-oxidanteBronquiteCicatrizanteFebrífugaFeridasRepelenteResfriadoSedativo

MARIJUANA

14/02/2020 23:08

Cannabis sativa  L.

Cannabaceae


SinonímiasCannabis indica Lam.

Nomes populares: Marihuana, cânhamo das Índias, maconha, hemp.

Origem ou Habitat: Ásia.

Características botânicas: Herbácea anual, dióica, ás vezes monóica, medindo de 1 a 5 metros de altura. Folhas membranáceas, finas, alternas e palmadas, com 3 a 11 folíolos dentados, medindo de 7-12 cm de largura. As flores masculinas se dispõem em panículas de 23 – 40 cm de largura e as femininas em espigas de 2 cm de comprimento. As flores são esverdeadas. As sementes são globulares e medem 2 mm de diâmetro aproximadamente. A planta toda é recoberta por uma resina.

Partes usadas: Sumidades floridas de plantas femininas, folhas e sementes.

Uso popular: apesar de ainda ser proibida no país, existem diversas associações de usuários de Cannabis medicinal no Brasil que tem conseguido liminares e Habeas Corpus permitindo o cultivo e uso da planta, especialmente como óleo medicinal. Há registros de usos tradicionais em diversos países do mundo.

A marijuana é uma erva muito usada em tribos africanas e asiáticas seja como cerimonial ou como medicinal (na forma de remédio analgésico ou narcótico). A tintura das flores é utilizada como euforizante e antidepressivo.

A planta contém tetrahidrocanabinóis (THC), que induzem euforia e alegria. Atenuam a dor e atuam como sedativo e anti-espasmódico. As sementes são alimentos para as aves.

Os pintores utilizam o óleo da semente de cânhamo para misturar cores e como verniz (Segredos e Virtudes …1999). Na Índia se elaboram vários produtos cosméticos com o óleo de cânhamo, extraído das sementes da Cannabis sativa. O óleo é isento de canabinóides.

Composição química: Canabinóides, flavonóides, alcalóides, derivados do estilbeno, óleo essencial. A composição do óleo obtido das sementes prensadas tem alto conteúdo em ácido linoleico, linolênico e y-linolênico.

Oleo essencial: Óxido de cariofileno, α-pinene, β-mirceno, dentre outros.

Canabinoides: Tetrahidrocanabinol (THC), canabidiol (CBD), canabinol (CBN), dentre outros.

Ácidos graxos: Ácido γ-linolênico, α-linolênico, ácido palmítico, linoleico e oleico, dentre outros.

Ações farmacológicas: Em pacientes com esclerose lateral amiotrófica, os resultados indicaram que a Cannabis pode ser moderadamente eficaz na redução dos sintomas de perda de apetite, depressão, dor, espasticidade. Em pacientes com câncer, exerce efeitos paliativos, evitando a náusea, vômitos, dor e estimulando o apetite. Apresenta efeito orexígena (estimuladora do apetite), relaxante, antiglaucomatosa, espermicida em humanos.

Foram verificados, em ratos, atividades carcinogênica, teratogênica, hiperglicêmica, de inibição de secreção gástrica e efeito de estimulação uterina.

Foram verificados, em coelhos, atividades teratogênica, de redução da pressão intraocular e de estimulação da musculatura lisa intestinal e efeito embriotóxico.

Atividade hipotensiva em cães.

Interações medicamentosas: Efeito sinérgico entre hidroxianisol butilado (um aditivo alimentar) e o delta-9-THC na produção de efeitos citotóxicos em células do pulmão.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não use a não ser sob supervisão médica. A utilização do cânhamo ou maconha, fumado ou ingerido, pode ter efeitos físicos e psicológicos (Reader’s Digest, 1999)..

Contra-indicações: Contra-indicada durante a gravidez.

Observações: Medicamentos registrados com princípios ativos da Cannabis: Marinol® (dronabinol, versão sintética do delta-9-tetrahidrocannabinol), para tratamento de náuseas e vômitos associados à quimioterapia de cancer em pacientes que não respondem adequadamente aos tratamentos convencionais. Sativex® (delta-9-tetrahidrocannabinol e cannabidiol) para tratar a esclerose múltipla.

Referências: 

APPENDINO, G.; CHIANESE, G.; TAGLIALATELA-SCAFATI, O.. Cannabinoids: Occurrence and Medicinal Chemistry. Current Medicinal Chemistry, [s.l.], v. 18, n. 7, p.1085-1099, 1 mar. 2011.

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BAGCI, Eyup et al. A Chemotaxonomic Approach to the Fatty Acid and Tocochromanol Content of Cannabis sativa L. (Cannabaceae). Turkish Journal Of Botany, [s.l.], v. 27, n. 2, p.141-147, 2003.

BRUNETON, J.; Farmacognosia. Fitoquímica. Plantas Medicinales. Trad. Á. V. del Fresno; E. C. Accame; M. R. Lizabe. 2. ed. Zaragoza, Espanha: Acribia, 2001. Pp. 441-450

CARLINI, E. A.; NAPPO, S. A.; GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; Drogas psicotrópicas – o que são e como agem. Revista IMESC 3. pp. 9-35, 2001

FLORES-SANCHEZ, Isvett Josefina; VERPOORTE, Robert. Secondary metabolism in cannabis. Phytochemistry Reviews, [s.l.], v. 7, n. 3, p.615-639, 8 abr. 2008.

GW Pharmaceuticals (http://www.gwpharm.com/sativex.aspx) Acesso 26 AGO 2010.

Marinol product information (http://abbottgrowth-us.com/products/marinolproductinformation/0,,12413-2-0,00.htm) Acesso em 26 agosto 2010.

MANSUR, J.; CARLINI, E. A.; Drogas: subsidios para uma discussão. 4ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2004. Pp. 81-95

ROSS, I. A., Medicinal Plants of the World, Volume 3: Chemical Constituents, Traditional and Modern Medicinal Uses. New Jersey: Humana Press Inc., 2005. Pp. 26-116

ROTHSCHILD, Miriam; BERGSTRÖM, Gunnar; WÄNGBERG, Sten-Åke. Cannabis sativa: volatile compounds from pollen and entire male and female plants of two variants, Northern Lights and Hawaian Indica. Botanical Journal Of The Linnean Society, [s.l.], v. 147, n. 4, p.387-397, abr. 2005.

KHAN, Abdul Waheed et al. An Updated List of Neuromedicinal Plants of Pakistan, Their Uses, and Phytochemistry. Evidence-based Complementary And Alternative Medicine, [s.l.], v. 2019, p.1-27, 3 mar. 2019.

Reader’s Digest Brasil Ltda. Segredos e Virtudes das plantas medicinais, 1999.

http://www.tropicos.org/Name/21302042?tab=synonyms – acesso em 06 março 2014.

Tags: AnalgésicoAnti-espasmódicoAntidepressivoCerimonialSedativo

MALVARIÇO

14/02/2020 22:48

Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.

Lamiaceae (Labiatae)


SinonímiasColeus amboinicus Lour., Plectranthus aromaticus Roxb., Coleus aromaticus Benth., Majana amboinica (Lour.) Kuntze.

Nomes populares: Malvariço, malvarisco, orégano-francês, hortelã-graúda, hortelã-da-folha-grossa, hortelã-da-bahia, malva-do-reino, malva-de-cheiro, hortelã-grande.

Origem ou Habitat: Originária da Ilha de Amboin na Nova Guiné e cultivada em todos os países tropicais e subtropicais.

Características botânicas: Plectranthus amboinicus é uma planta herbácea, perene, com folhas bastante aromáticas, semicarnosa e com flores azuladas ou róseas. Sua propagação pode ser feita por estacas produzidas a partir dos seus ramos e o seu cultivo pode ser realizado em local com bastante incidência de sol ou à meia sombra. Esta espécie diferencia-se das outras do gênero Plectranthus (P. barbatus e P. ornatus), conhecidas popularmente como “boldos”, por não ter o sabor amargo característico dessas duas outras plantas.

Partes usadas: Folhas.

Uso popular: Planta muito utilizada como condimento alimentar e indicada na medicina popular em casos de tosse, rouquidão, bronquite, inflamação da boca, dores de garganta. É realizado também o uso tópico do infuso em afecções de pele. O sumo das folhas como medicação oral é utilizado para problemas ovarianos e uterinos e considerado antirreumático, antifúngico, anti-inflamatório, antitumoral e protetor da mucosa bucal. No Nordeste tradicionalmente é feito um lambedor com as folhas que é usado por crianças para aliviar sintomas de gripes, resfriados e tosses.

Observação do uso clínico em Florianópolis: A infusão preparada com as folhas do P. amboinicus tem bom resultado em sintomas decorrentes de gripes, resfriados, tosses e infecções respiratórias.

Informações científicas: 🐁 (AN): Estudo in vivo demonstrou para o extrato aquoso das folhas as atividades analgésica e anti-inflamatória.  🧫 (IV): O óleo essencial apresentou atividade antibacteriana in vitro contra Klebsiela pneumoniae e Staphylococcus aureus , bem como mostrou alguma interferência sobre a efetividade anti-Candida de alguns antifúngicos.

Modo de usar

Uso interno: A infusão é preparada com uma a quatro folhas frescas para uma xícara de água (200mL), até 3x ao dia.

Lambedor: Preparar uma calda de açúcar em ponto de bala e no final mergulhe até 5 folhas da planta. Após resfriar, utilizar para sintomas decorrentes de problemas respiratórios.

Cuidados no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o seu uso concomitante com outros medicamentos deve ser cauteloso (ver no seção “interações medicamentosas”). Evitar o uso interno em gestantes, lactantes e crianças menores de 2 anos No lambedor, em crianças menores de 12 anos, usar no máximo 6 folhas por dia.

Composição química: Cânfora, carvacrol e timol (óleo volátil), limoneno, glicosídeos (beta-sisterol, beta-D, glicosídeo), tanino, oxalato de cálcio, flavonóides (flavonas salvigenina, 6-metoxigenkwanina, quercetina, crisaeriol, lutedeína, apigenina, erioductol e flavonol)e mucilagem.

Ações farmacológicas: Antimicrobiano local, anti-reumático, antiinflamatório, antitumoral, demulcente, balsämico e protetor da mucosa bucal.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Há poucos estudos de avaliação de sua segurança. Apesar de apresentar atividade anti-fúngica sinérgica com alguns anti-fúngicos demonstrado em um estudo, a planta apresentou também atividade antagônica com outros anti-microbianos. Recomenda-se, portanto, precaução na administração da planta conjuntamente com esses medicamentos, podendo interferir nos efeitos terapêuticos desejados.

Posologia e modo de uso: Infusão: picar 2-3 folhas numa xícara e verter água quente. Abafar por 10 min. Coar e tomar 1 xícara 2-3 vezes ao dia.

Xarope: Tomar 1-2 colheres de sopa 3x ao dia.

Balas ou pirulitos: apurar o xarope de maneira convencional.

Lambedor: as folhas inteiras depois de lavadas podem ser sugadas lentamente, uma a uma, com açúcar ou mel, até seis folhas por dia.

Referências: 

CHANG, J. M. et al. Potential Use of Plectranthus amboinicus in the Treatment of Rheumatoid Arthritis. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, [S.I.], v. 7, n. 1, p. 115–120, 2010.

DRESCHER, L.(coord.). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. Laranja da Terra-ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001. p. 78.

GURGEL, A. P. A. D. et al. In vivo study of the anti-inflammatory and antitumor activities of leaves from Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng (Lamiaceae). Journal of Ethnopharmacology, [S.I], v. 125, n. 2, p. 361-363, 7 September 2009.

LORENZI, H; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. p. 259-260

MATOS, F. J. A. O Formulário Fitoterápico do Professor Dias da Rocha. 2. ed. Fortaleza: UFC Edições, 1997. p. 160.

OLIVEIRA, R. A. G. et al. Interferência do óleo essencial de Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng sobre a atividade anti-Candida de alguns antifúngicos utilizados clinicamente. Rev. Bras. Farmacogn., João Pessoa, v. 17, n. 2, Apr./June 2007.

Tags: AnalgésicoAntiespasmódicoBronquiteCatárticoEmenagogoTosse

LÁGRIMA-DE-NOSSA-SENHORA

13/02/2020 21:15

Coix lacryma-jobi  L.

Poaceae (antiga Gramineae) 


Sinonímias:

Coix lacryma L., Coix agrestis Lour. , Coix arundinacea Lam., Coix exaltata Jacq., Coix pendula Salisb., Lithagrostis lacryma-jobi (L.) Gaertn. , Sphaerium lacryma (L.) Kuntze.

Nomes populares: Capim-de-contas, contas-de-rosário, conta-de-lágrimas, lágrima-de-nossa-senhora, lágrima-de-jó, capim-rosário, capim-missanga, capiá, biurá, biuri.

Origem ou Habitat: Originária da Ásia tropical e naturalizada em quase todo o Brasil.

Características botânicas: Segundo LORENZI (2008), é uma herbácea cespitosa, anual, ereta, de colmos cheios e glabros, com enraizamento nos nós inferiores, medindo de 1,0-1,8 m de altura. Folhas cartáceas, glabras, com margens serrado-espinescentes, de 10-20 cm de comprimento. Inflorescências terminais, em racemos curtos e inclinados. Fruto globoso, liso-vernicoso, duro, perolado, de cor esbranquiçada com matizes cinzentas ou pretas. Propaga-se apenas por sementes.

Partes usadas: Sementes, folhas e colmos.

Uso popular: Usada há muito tempo pelos chineses como diurética e para combater a rigidez das articulações em doenças reumáticas.

Sua utilização nos dias de hoje está baseado na tradição popular, seus frutos (grãos) são usados como anti-inflamatório, analgésico, anti-espasmódico, antitérmico, antimicrobiano, contra pedras nos rins e em doses mais elevadas, contra a diabetes. Segundo Irmã Eva Michalak (1997), a tintura das sementes é diurética, anti-reumática, emoliente e útil nas afecções catarrais.

Externamente é indicada a tintura em fricções e o decocto em banhos contra o reumatismo.

As sementes são empregadas por indígenas para a confecção de adornos e utilizados pela população rural e artistas para trabalhos artesanais, como contas de rosário, colares, pulseiras e utensílios.

No interior dos grãos existe uma reserva amilácea rica em proteínas, vitaminas e sais minerais, que pode ser transformada numa farinha de alto valor nutritivo.

Folhas e colmos, (uso externo:) anti-reumático, excitante; (uso interno:) antiasmático, diurético.

Composição química: Ácidos graxos, ácido mirístico, alpha e beta sitosterol, arginina, beta-caroteno, coixans A e B, coixenólido, coixol, histidina, leucina, lisina, proteínas, sais minerais (cálcio, fósforo, ferro), tirosina, riboflavina, niacina.

Ações farmacológicas: Em experimentos com animais constatou-se atividade antitérmica, diurética e relaxante muscular, sendo que o relaxamento da musculatura é atribuído ao coixol, um dos componentes químicos encontrados nos grãos.

Contra-indicações: Não deve ser usada por gestantes e nutrizes. Não fazer uso prolongado.

Posologia e modo de uso:  Decocção de 10 a 30 g de sementes tostadas em uma xícara de água.

– folhas e colmos em decocção: banhos no tratamento do reumatismo e excitante. Internamente: diurético, antiasmático, artrite, cistite, edemas.

Referências: 

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

MICHALAK, E.,Irmã. “Apontamentos fitoterápicos da Irmã Eva Michalak.” Florianópolis: Epagri, 1997.

PHUNG, T. H.; Nguyen, H. A.; Nguyen, Q. C.; Nguyen, T. D.; Nguyen, T. H. “Chemical composition and effects on carbohydrate metabolism of chloroform fraction of Coix lachryma-​jobi (L) stem extract”. From Mahidol University Journal of Pharmaceutical Sciences (2012), 39(1), 19-24. (Art. Scifinder) Acesso 26 Junho 2015.

http://www.plantamed.com.br/plantaservas/especies/Coix_lacryma-jobi.htm – Acesso 03 Julho 2015.

http://www.tropicos.org/Name/25515612?tab=synonyms – Acesso 26 Junho 2015.

Tags: AnalgésicoAnti-espasmódicoAnti-inflamatórioAntimicrobianoAntitérmicoDiuréticoReumatismo

GUAÇATONGA

11/02/2020 21:28

Casearia sylvestris Sw.

Salicaceae (antiga Flacourtiaceae)


SinonímiasAnavinga samyda Gaertn., Casearia parviflora Willd., Casearia puntacta Spreng., Samyda parviflora L., Samyda sylvestris (Sw.) Poir., Guidonia sylvestris (Sw.) Maza.

Nomes populares: Erva-de-lagarto, chá-de-bugre, cafezeiro-do-mato, língua-de-tiú, apiá-acanoçu, bugre-branco, guaçatunga, petumba, vassitonga, verre-forno.

Origem ou Habitat: Nativa de quase todo o Brasil, principalmente no Planalto Central. Existem no Brasil outras espécies de Casearia, com mesmos nomes populares e usos semelhantes.

Características botânicas: Árvore de 4-6 m de altura, folhas simples, alternas e pecioladas, persistentes, lanceoladas, com as bordas serrilhadas, com 6-12cm de comprimento. Vistas contra a luz, as folhas mostram minúsculos pontos translúcidos, que correspondem às glândulas de óleo essencial. As flores são pequenas e esverdeadas e exalam forte aroma. Fruto é uma cápsula que contém sementes envoltas por uma massa avermelhada.

Partes usadas: Folhas, ramos e cascas.

Uso popular: As folhas são usadas para o tratamento de queimaduras, ferimentos, herpes e pequenas injúrias cutâneas. Suas folhas e cascas são consideradas tônicas, depurativas, anti-reumáticas e anti-inflamatórias. É usada também contra mordidas de cobra, como analgésico e hemostático em mucosas e lesões cutâneas. É recomendada contra gastrite, úlceras internas e mau hálito na forma de chá por infusão. Em uso externo contra herpes labial e genital, gengivites, estomatite, aftas e feridas da boca e limpeza bucal.

Informações científicas: 🐁(AN): Estudos pré-clínicos mostraram que compostos extraídos das folhas da C. sylvestris apresentaram potencial antitumoral em camundongos (Ferreira et al., 2016). Estudos demonstraram atividade anti-inflamatória para o extrato alcoólico das folhas (Albano et al., 2013), e uma potencial redução de sintomas de úlcera gástrica com o uso do óleo essencial (Esteves et al., 2005).

Observação do uso clínico em Florianópolis: Planta ainda pouco utilizada na prática clínica, porém amplamente utilizada pela população na medicina popular.

Cuidado no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. Evitar o uso interno em gestantes, lactantes, crianças menores de 06 anos e durante a menstruação. Deve-se evitar o emprego prolongado devido a sua ação antagônica com a vitamina K, para evitar acidentes hemorrágicos.

Posologia e modo de uso:

🍵 Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 3 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas. A associação da C. sylvestris (guaçatonga) com a espécie Maytenus ilicifolia (espinheira-santa) é empregada no tratamento de gastrite com a presença da bactéria Helicobacter pylori. Recomenda-se o uso da infusão de guaçatonga 3x ao dia, por 15 dias, alternando-se com a infusão da espinheira-santa, 3x ao dia, pelo mesmo período, durante 3 meses.

Composição química: Em suas folhas e casca são encontrados flavonas, óleos essenciais, saponinas, taninos, resinas e antocianosídeos que conferem a esta planta a sua fama como febrífuga, depurativa, anti-diarreica, cardiotônica, diurética e cicatrizante entre outros (Basile et al.,1990; Carvalho et al., 1999; Itokawa et al., 1990; Borges et al., 2000; UNESC, 2005). Outros princípios ativos tem sido detectados na Casearia sylvestris, denominados diterpenos clerodanos ou carofilenos.

Referências: 

1. ALONSO, J. Tratado de fitofármacos y Nutracéuticos. Argentina: Hábeas Libros, 2004.

2. BASILE, A. C.; et al. Pharmacological assey of Casearia sylvestris. I. Preventive anti-ulsur activity and toxicity of the leaf crude extract. Journal of Ethnopharmacology, v. 30, n. 2, p. 185-197, 1990.

3. BORGES, M.H., JAMAL, C.M., dos SANTOS, D.C.M., RASLAN, D.S. and de LIMA, M.E. Partial Purification of Casearia sylvestris Sw. Extract and its anti-PLA2 action. Comp. Biochem. Physiol. B. Biochem. Mol. Biol., v.127, n. 1, p. 21-30, Sep., 2000.

4. CARVALHO, T. C. T. Fitoterápicos anti-inflamatório: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2004.

5. ITOKAWA,H. et al New antitumor principles, casearines A-F, for Casearia sylvestris Sw. (Flacourtiaceae). Chemical and Pharmaceutical Bulletin, v. 38, n. 12, p. 3-384, 1990.

6. LOPES, A. M. V. Plantas Usadas na Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Santa Maria: Infograph, 1995.

7. LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

8. PIO CORRÊA, M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. , Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura/IBDF, Imprensa Nacional, 1984. 6 v.

9. SILVA, A. A. Essentia Herba: plantas bioativas. Florianópolis: Epagri, 2006. 2 v.

10. UNIVERSIDADE do EXTREMO SUL CATARINENSE. Jornada Catarinense de plantas medicinais: Guaçatonga. Disponível em:http://www.unesc.rctsc.br/plantas_medicinais/guaca.htm. 4 p. Acesso em: 21 nov. 2005.

11. FERREIRA, P. M. P. et al. Preclinical anticancer effectiveness of a fraction from Casearia sylvestris and its component Casearin X: in vivo and ex vivo methods and microscopy examinations. Journal Of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 186, p.270- 279, jun. 2016. Elsevier BV. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378874116302021?via%3Dihub

12. ALBANO, Micheline N. et al. Anti-inflammatory and antioxidant properties of hydroalcoholic crude extract from Casearia sylvestris Sw. (Salicaceae). Journal Of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 147, n. 3, p.612-617, jun. 2013. Elsevier BV Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874113002055?via%3Dihub

13. ESTEVES, I., et al. Gastric antiulcer and anti-inflammatory activities of the essential oil from Casearia sylvestris Sw. Journal Of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 101, n. 1-3, p.191-196, out. 2005. Elsevier BV. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874105003041?via%3Dihub

 

Tags: AftasAnalgésicoAnti-inflamatórioAnti-reumáticoCicatrizanteDepurativoEstomatiteGastriteGengiviteQueimaduraTônico

GARRA-DO-DIABO

09/02/2020 21:48

Harpagophytum procumbens  DC.

Pedaliaceae  


SinonímiasHarpagophytum procumbens subsp. procumbens DC. ex Meisn, Harpagophytum burchellii Decne., Harpagophytum procumbens var. sublobatum (Engl.) Stapf., Harpagophytum procumbens subsp. transvaalense Ihlenf. & H. Hartmann.

Nomes populares: Garra-do-diabo, harpagofito (Português), garra del diablo, raiz de Windhoeck (Espanhol), artiglio del diavolo (Italiano), devil’s claw, woodspider, grapple plant (Inglês).

Origem ou Habitat: Sul da África (Namíbia).

Características botânicas:Planta rasteira, perene, apresentando uma raiz primária que mede de 20 a 50 cm de comprimento, de onde partem raízes ramificadas tuberosas secundárias, que podem armazenar até 70% de água de seu peso e são estes tubérculos que se utilizam por suas propriedades medicinais. Talos múltiplos; folhas alternas, lobuladas, profundamente recortadas, carnosas, medindo 7 cm de comprimento, margens brancas e aveludadas. As flores são em forma de dedal ou trombeta, crescem isoladamente sobre curtos pecíolos na axila das folhas, de cor rosa-claro ou roxo-púrpura. Os frutos são duros, capsulares, deiscentes, medindo até 10 cm, armados de espinhos em forma de ganchos, de 2,5 cm de comprimento, que atuam como verdadeiros arpões aderindo-se à pele dos animais, facilitando a dispersão das sementes.

Partes usadas: Raízes secundárias ou tubérculos.

Uso popular: A raiz é empregada popularmente como antirreumática, antigotosa, aperiente, antiespasmódica, analgésica, para acalmar dores do parto, colerética e hipoglicemiante. Externamente é usada como cicatrizante de feridas.

Composição química: Glicosídeos iridóides (harpagina, harpágido, trans-cinnamoyl harpagide, trans-coumaroyl harpagide, procumbide, etc.); glicosídeos fenólicos (verbascosídeo, acteosídeo, isoacteosídeo e biosídeo); traços de óleo essencial, b-sitosterol, triterpenos pentacíclicos; flavonóides (kaempferol e luteolina); aminoácidos; açúcares; harpagoquinona; gomoresina; aucubinina B; beatrinas A e B.

Ações farmacológicas: Anti-inflamatória, analgésica, sedativa, anti-espasmódica, digestiva e diurética.

Interações medicamentosas: Em altas doses pode interferir com drogas anti-arrítmicas e anti-hipertensivas.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em geral, são bem tolerados nas doses indicadas, mas tem relatos de cefaleia, zumbido, anorexia, gastralgia e perda da gustação. No início do tratamento pode haver um ligeiro efeito laxante e transtorno estomacal.

Não é recomendado a administração endovenosa por ser potencialmente tóxica por esta via.

Contra-indicações: Não é recomendada durante a gravidez.

Posologia e modo de uso: Capsula de extrato seco da garra do diabo (padronizado como 100mg de harpagosídeo ou 150 mg de iridóides totais expresso em harpagosideos), tomar uma cápsula vez ao dia por 2 semanas.

Observações: Harpagophytum, do grego, significa “planta-arpão.

 

 

Referências: 
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

http://www.bihrmann.com/caudiciforms/subs/har-pro-sub.asp – Acesso 11 Março 2014.

http://www.avogel.es/enciclopedia-de-plantas/harpagophytum_procumbens.php – Acesso 11 Março 2014.

http://www.publish.csiro.au/paper/CH9792085.htm – Acesso 18 Março 2014.

http://www.sofmmoo.com/grand-public/musee/plantes/plantes.htm – Acesso 11 Março 2014.

http://www.tropicos.org/Name/24300038?tab=subordinatetaxa – Acesso 11 de Março 2014.

Tags: AnalgésicoAnti-reumáticoAntiespasmódicoAntigotosaAperienteCicatrizanteColeréticaHipoglicemiante

FÁFIA

20/01/2020 22:05

Pfaffia paniculata  (Mart.) Kuntze.

Amaranthaceae 


Sinonímias: Hebanthe paniculata Mart., Hebanthe virgata Mart., Gomphrena paniculata (Mart.)Moq., Iresine paniculata (Mart.) Spreng., Pfaffia erianthos (Poir.) Kuntze.

Nomes populares:  Fáfia, pfáfia, suma, ginseng-brasileiro, corango, paratudo.

Origem ou Habitat: O gênero Pfaffia apresenta em torno de 33 espécies distribuídas na América do Sul e Central e destas, 21 espécies estão no Brasil.

Pfaffia paniculata cresce nas clareiras da selva tropical amazônica, sendo espontânea nos estados do Mato Grosso, Goiás e nos cerrados de Minas Gerais. No Sul do Brasil a espécie mais comum é a Pfaffia glomerata (Spreng.)Pedersen.

Características botânicas:  Subarbusto perene, ramos escandentes, caracterizado por apresentar de 2 – 3 m de altura, com raízes tuberosas, e outras longas e grossas. Folhas simples, ovado-lanceoladas e acuminadas, opostas, membranáceas, glabras, de cor verde mais clara na face inferior, medindo de 4-7 cm de comprimento (segundo LORENZI & MATOS, 2002) e 5-12 cm (segundo ALONSO, 2004). Flores subglobosas, esbranquiçadas, muito pequenas, dispostas em panículas abertas.

Partes usadas: Folhas e principalmente as raízes.

Uso popular:  As populações indígenas da Amazônia usam as raízes há mais de 300 anos para a cura de uma ampla variedade de moléstias e como tônico geral, afrodisíaco e rejuvenescedor.

Nas Américas, a medicina herbária recomenda suas raízes como tônico regenerativo visando regular vários sistemas do organismo, como imunoestimulante e para tratar a síndrome da fadiga crônica, hipoglicemia, impotência, artrites, anemia, diabetes, alguns tipos de tumores, disfunção hormonal e de estresses de várias origens.

Na medicina herbária européia essa planta é usada para restaurar funções nervosas e glandulares, para balancear o sistema endócrino, para fortalecer o sistema imunológico, contra infertilidade, para problemas menstruais e de menopausa, para minimizar os efeitos colaterais de anticoncepcionais, contra o alto teor de colesterol e como tônico geral para situações de convalescença.

As folhas são usadas para acalmar a febre e como analgésico.

Composição química:  O perfil fitoquímico desta família – Amaranthaceae – compreende óleos essenciais, betalaínas, compostos fenólicos e terpenóides.

Dois novos nortriterpenoides, pfaffine A e B (1-2), foram isolados a partir das raízes de Pfaffia paniculata Kuntze, juntamente com dez compostos conhecidos. incluindo quatro ecdisteróides, ecdisona, 20-hidroxiecdisona, pterosterone, rapisterone, cinco triterpenóides, ácido pfáffico, ácido pfameric, ácido mesembryanthemoidigenic, E 6 calenduloside ‘-Me éster, ácido oleanólico 28-O-β-D-glucopiranósido, e um glicósido monoterpeno (+) – angelicoidenol-2-O-β-D-glucopiranósido. As estruturas dos novos compostos. foram elucidadas como norolean 16β 12,20-di-hidroxi-30-ácido 3β, (29) -dien-28-óico (1), e 3β-hidroxi-30-norolean-12,20 (29) -dieno-28- óico-28-o-β-D-glucósido.

Além de 19 aminoácidos diferentes, eletrólitos e traços de minerais como ferro, magnésio, cobalto, sílica, zinco e vitaminas A, B-1, B-2, E, K e ácido pantotênico (vitamina P).

Ações farmacológicas: A bioatividade da mistura de saponinas ou de saponinas individuais, in vitro e in vivo incluem: citotóxico, imunomodulador, hepatoprotetor, anti-diabético, hipolipidêmico, antiosteoposose, antivirais, antifúngicos e ações anti-helmínticas.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Doses excessivas, acima de 10 g pode causar hipertensão arterial, nervosismo, erupções na pele, diarréia e insônia.

As pessoas hipertensas deverão consultar um médico antes de tomar extratos de fáffia.

Contra-indicações:  Não administrar na gravidez e amamentação.

Suspender o uso de fáffia quando submeter-se a exame para determinação de ferro sérico, porque pode haver distorções dos resultados.

Observações: Nas Olimpíadas, os atletas russos utilizaram extratos de Pfaffia paniculata como um anabólico, para aumentar a massa muscular e a resistência física promovida pela substância beta-ecdisterona, sem os efeitos colaterais dos esteróides sintéticos. Foi chamada de “segredo russo”.

 

Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

LORENZI, Harri – Manual de identificação e controle de plantas daninhas. 6ª ed. Nova Odessa, SP / Instituto Plantarum, 2002.

Mroczek, Agnieszka “Phytochemistry and bioactivity of triterpene saponins from Amaranthaceae family” – From Phytochemistry Reviews (2015), Ahead of Print.(Scinfinder art.3) Acesso 26 Maio 2015.

SILVA JUNIOR, A.A.; MICHALAK, E. O ÉDEN DE EVA. Florianópolis: Epagri, 2014

http://www.tropicos.org/Name/1100502.

Tags: AfrodisíacoAnalgésicoAnemiaArtriteDiabetesHipoglicemiaHipolipemianteImpotênciaInfertilidadeRejuvenescedorTônico

ESPINHEIRA-SANTA

19/01/2020 23:21

Monteverdia ilicifolia (Mart. ex Reissek) Biral

Celastraceae 


Sinonímias: Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek; Maytenus castaneaeformis Reissek; Maytenus castaneiformis Reissek; Maytenus macrodonta Reissek; Maytenus muelleri Schw.; Maytenus officinalis Mabb.;

Nomes populares:  Espinheira-santa, cancerosa, cancorosa, espinho-de-deus, salva-vidas, sombra-de-touro, coromilho-do-campo, erva-cancerosa, erva santa (Brasil); quebrachillo, sombra-de-toro, concorosa, congorosa (Argentina, Uruguai, Rio da Prata).

Origem ou Habitat: O gênero Maytenus é pantropical, concentrando na América do Sul o maior número de espécies.

No Brasil, a espécie Maytenus ilicifolia é encontrada predominantemente na Região Sul, no entanto, ela pode ocorrer em outros Estados. As outras espécies do gênero Maytenus, como M. aquifolium e M. robusta, têm distribuição mais ampla. (Reis e Silva, 2004).

Características botânicas:  Maytenus ilicifolia Mart. é planta arbórea, arbustiva ou subarbustiva, podendo atingir 5 m de altura. Folhas simples, inteiras, alternas, coriáceas e brilhantes, com margem inteira ou mais comumente espinescente, estípulas inconspícuas. Inflorescências axilares, fasciculadas, cimosa. Flores pequenas, esverdeadas, diclamídeas, dialipétalas, hermafroditas; 5 estames livres, ovário bilocular com disco nectarífero; fruto cápsula bi-valvar de cor vermelha; semente coberta por arilo carnoso e branco.

Partes usadas: Folhas e raízes.

Uso popular:  Anticonceptivo, cicatrizante, vulnerário (curar feridas), anti-séptico, digestivo, antiespasmódico, contra hiperacidez e ulcerações do estômago, curar o vício da bebida e enfermidades do fígado, hidropisia devido ao abuso de álcool, diurético, antipirético, laxativo, anti-asmático, anti-tumoral e analgésico.

Informações científicas: 👥(HU): Apenas três estudos clínicos com pouca qualidade metodológica e baixo número amostral foram realizados até o momento. O primeiro foi realizado em sete voluntários sadios (fase I), durante 14 dias, não sendo observado nenhum evento adverso que pudesse ser associado ao uso da planta (Carlini, 1988). O segundo foi realizado em pacientes portadores de dispepsia alta ou úlcera péptica (10 pacientes no grupo tratado e 10 do grupo placebo), sendo que as cicatrizações aconteceram nos dois grupos, com grande perda de seguimento, sem diferença estatística. Apenas houve melhora na sintomatologia, que é um desfecho subjetivo (Geocze et al., 1988). O último estudo, também datado dos anos 1990, não verificou atividade do extrato sobre Helicobacter pylori, quando testado em 10 pacientes (Coelho et al., 1994).

Observações do uso clínico em Florianópolis: A infusão preparada com as folhas da M. ilicifolia tem boa resposta quando utilizada em afecções de boca (gengivite, afta e após procedimentos odontológicos). Esta espécie também pode ser associada à erva-santa (Aloysia gratissima) em distúrbios estomacais, azia e gastrite.

Cuidados para o uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o seu uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. Deve ser evitado o seu uso interno em gestantes, lactantes e em crianças menores de 4 anos. Embora os estudos referentes à espécie Maytenus ilicifolia indiquem que a mesma possa ser usada com segurança nas doses preconizadas, o mesmo não se pode afirmar em relação à Zollernia ilicifolia, já que, apesar de possuir efeitos antiulcerogênico e analgésico, apresenta glicosídios cianogênicos. Quanto à Sorocea bonplandii, que também possui efeitos antiúlcera e analgésico, apresenta mais segurança em seu uso, já que não demonstrou ser tóxica.

Posologia e modo de uso:

🍵 Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Uso externo: emprega-se a infusão em forma de compressas, banhos, bochechos e gargarejos. M. ilicifolia pode ser associada com a espécie Erva Santa (Aloysia gratissima) para tratamento de úlceras gástricas com o uso interno da infusão preparada 1 xícara de água fervente com até 4 folhas frescas de cada planta até 3 vezes ao dia por no máximo 15 dias.

Observações: A espécie Maytenus ilicifolia é facilmente confundida com outras espécies que também apresentam folhas com margem espinescente. Exemplos são as espécies Monteverdia ilicifolia (Mart. ex Reissek) Biral e Monteverdia aquifolia (Mart.) Biral da família Celastraceae, Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel da família Fabaceae, Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al. da família Moraceae, Berberis fortunei Lindl. da família Berberidaceae e Jodina rhombifolia (Hook. & Arn.) Reissek da família Santalaceae.

Composição química: Alcalóides: maitansina, maitanprina, maitanbutina e cafeína; terpenos: maitenina, tingenona, isotenginona III, congorosina A e B, pristimerina, celastrol, ácido maitenóico, friedelina friedelan-3-ol, maitenoquinona, β e δ-amirina, fitoesteróis (campesterol, ergosterol, β-sitosterol; outros: pristimerina e isopristimerina III (macrolídeos presentes na raiz); flavonóides (derivados da quercetina e kaempferol), leucoantocianidinas, ilicifolinosídeos A, B e C; ácido clorogênico; taninos hidrolizáveis (ac. tânico); traços de minerais e oligoelementos (ferro, enxofre, sódio e cálcio) e óleo fixo nas sementes. (Alonso, 2004).

  • Triterpenóides quinone-metilóides: Maltenin, 22β-hidroximathenin, celastrol, pristimerina, tingenona, isotenginone ii, cangorosinas A e B, ácido maitenoico.
  • Alcalóides Piridínicos Sesquiterpênicos: Ilicifoliunina A, ilicifoliunina B, aquifoliunina EI e maiteina.
  • Taninos condensados: Proanthocyanidins: Epicatechin, epicatechin gallate, procyanidin B2.
  • Triterpenos: Friedelina, friedelan-3-ona, friedelanol, cangorosin A e B, maitefolinas A, B e C, Uvaol-3-cafeato e eritrodiol.
  • Glicolipídeos: Monogalactosildiacilglicerol, digalactosildiacilglicerol, trigalactosildiacilglicerol, tetragalactosildiacilglicerol, sulfoquinovosildiacilglicerol.
  • Flavonóides: Mauritianina, trifolina , hiperina, epicatequina, catequina, canferol, quercetina, galactitol, mono- di- tri- e tetra-glicosídeos de quercetina, rutina, quercitrina e hiperosídeo, dentre outros.

 

Referências
1. ALONSO, J. Tratado de Fitofarmacêuticos e Nutracêuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p.370-373

2. DUKE, J.A. Plantas medicinais da América Latina. Boca Raton, EUA: CRC Press, 2008.

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4. CONDE-HERNÁNDEZ, Lilia A.; ESPINOSA-VICTORIA, José R.; GUERRERO-COPPEDE, Juliana S. et al. Culturas celulares de Maytenus ilicifolia Mart. são fontes mais ricas de triterpenóides de quinone-methide do que raízes vegetais in natura. Célula vegetal, tecido e cultura de órgãos (pctoc), [s.l.], v. 118, n. 1, p.33-43, 23 mar. 2014.

5. LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

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19. COELHO, L. G. V.; ANDRADE, A. M.; CHAUSSON, Y. et al. Maytenus ilicifolia (“Espinheira santa”), peptic ulcer and Helicobacter pylory. Gastroenterolologia Endoscopia Digestiva, 13, p. 109-112, 1994. Disponível em:

 

 

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