BOLDO-PEQUENO
Plectranthus ornatus Codd.
Lamiaceae (Labiatae)
Sinonímias: Coleus comosus Hochst. ex Guerke.
Nomes populares: Boldinho, boldo-rasteiro, boldo-pequeno, tapete-de-oxalá, boldo-gambá, boldo ornamental, etc.
Observação: O nome popular “Boldo” deriva da espécie Peumus boldus, uma árvore da família Monimiaceae, conhecida e comercializada em lojas especializadas e farmácias como Boldo-do-Chile devido as suas propriedades colagoga e colerética nas dispepsias funcionais. Esta árvore é nativa da região ocidental dos Andes e não está aclimatada ao Brasil, onde comumente as espécies Plectranthus barbatus e Plectranthus ornatus , são conhecidas popularmente como “boldos” e utilizadas por terem o sabor amargo semelhante ao Boldo-do-Chile. Outra planta também conhecida pelo nome popular de “boldo” no Brasil é a espécie Gymnanthemum amygdalinum (Boldo Alumã) pertencente a família Asteraceae e que também apresenta o sabor amargo.
Características botânicas: Plectranthus ornatus é uma planta perene, aromática com folhas pequenas que se propaga formando touceiras. A espécie é amplamente cultivada e utilizada medicina popular em todo o país e pode ser propagada por estacas produzidas a partir dos seus caules e por replantio de touceiras, podendo ser cultivada em local com incidência direta de sol ou sombreado, sendo considerada uma espécie aclimatada e espontânea em todo o Brasil.
Uso popular: Planta presente na maioria dos estudos etnobotânicos brasileiros, mostrando o largo uso medicinal feito pela população. Assim com a espécie P. barbatus, a preparação mais comum é a maceração a frio nos casos de azia e excessos alimentares. Também usa-se externamente a infusão das folhas no combate a piolhos.
Informações científicas: São escassos os estudos com esta espécie. Devido ao seu largo uso pela população são necessárias novas pesquisas para garantir a segurança de uso desta espécie.
Observação de uso clínico em Florianópolis: O uso interno da maceração de uma folha da planta com água fria tem boa resposta para aliviar sintomas decorrentes de azia e má digestão. Preferencialmente utiliza-se a espécie P. barbatus.
Cuidados no uso dessa espécie:Devido à falta de estudos completos sobre interações medicamentosas desta espécie, o seu uso concomitante com outros medicamentos deve ser cauteloso. Não deve ser utilizado por gestantes, lactantes, crianças, hipertensos e portadores de obstrução das vias biliares. Não usar no caso de tratamento com metronidazol ou dissulfiram, medicamentos depressores do SNC e anti-hipertensivos. Doses acima das recomendadas e utilizadas por um período de maior do que os recomendados podem causar irritação gástrica. Preparações muito concentradas ou uso prolongado podem causar irritação gástrica.
Composição química: Albuquerque et al. (2003), encontraram um novo diterpeno em folhas de Plectranthus ornatus, além da barbatusina, já descrita anteriormente em Plectranthus barbatus. Estes autores relatam a substituição do uso de boldo miúdo, no lugar do falso boldo, mesmo sem confirmação da atividade hiposecretora gástrica, em Plectranthus ornatus. Rijo et al. (2002) reportam o isolamento de 3 diterpenóides, semelhantes à forskolina, em folhas de Plectranthus ornatus, sendo que dois dos constituintes apresentam atividade antibacteriana.
- Óleo essencial: O-cimeno, terpinen-4-ol, α-Cadinol, dentre outros.
- Diterpenos: Ornitina A – E, ácido rinocerotinóico, plectrornatina A – C, dentre outros.
Referências:
ALVES, Fransérgio Américo Ribeiro et al. Chemical composition, antioxidant and antifungal activities of essential oils and extracts from Plectranthus spp. against dermatophytes fungi. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, [s.l.], v. 19, n. 1, p.105-115, mar. 2018.
ÁVILA, Fábio et al. Miscellaneous Diterpenes from the Aerial Parts of Plectranthus ornatus Codd. Journal Of The Brazilian Chemical Society, [s.l.], p.1014-1028, 2016.
ALBUQUERQUE, R. L. Novo diterpeno isolado das folhas de Plectranthus ornatus. In: 26ª REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, 2003, Poços de Caldas, MG.
CUNHA, A. P.; SILVA, A. P.; ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 246-247.
MAURO, C. et al. Estudo anatômico comparado de órgãos vegetativos de boldo miúdo, Plectranthus ornatus Codd. e malvariço, Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. – Lamiaceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, [S. I.] v. 18, n. 4, p. 608-613, Out./Dez. 2008.
MOTA, Luísa et al. Volatile-Oils Composition, and Bioactivity of the Essential Oils ofPlectranthus barbatus, P. neochilus, andP. ornatusGrown in Portugal. Chemistry & Biodiversity, [s.l.], v. 11, n. 5, p.719-732, maio 2014.
RIJO, P. Neoclerodane and labdane diterpenoids from Plectranthus ornatus. Journal of Natural Products, n. 65, p. 1387- 1390, 2002
http://www.tropicos.org/Name/17602796 acesso em 20 de julho de 2011.
CIT – SC relato de caso – 2011.