VINAGREIRA

24/02/2020 18:35

Hibiscus sabdariffa  L.

Malvaceae


SinonímiasSabdariffa rubra Kostel., Hibiscus cannabinus L., Hibiscus cruentus Bertol., Hibiscus fraternus L., Hibiscus palmatilobus Baill.

Nomes populares: Rosela, rosélia, azedinha, azeda-da-guiné, caruru-da-guiné, chá-da-jamaica, pampulha, papoula-de-duas-cores.

Origem ou Habitat: Sudeste da Ásia, Índia e seus vizinhos a leste e ao sul do Himalaia. Foi introduzido no Egito, Sri Lanka, Tailândia, Jamaica e México, e difundida para vários países de clima tropical.

Características botânicas: Existem muitas variedades de Hibiscus sabdariffa, segundo SILVA JUNIOR, 2003, e a variedade que vamos descrever é Hibiscus sabdariffa L. var. sabdariffa Wester f. ruber que apresenta cálices vermelhos e suculentos, próprios para consumo (Morton, 1987, apud SILVA JUNIOR, 2003); é um subarbusto anual, ereto, medindo cerca de 1,8 – 2,20 m de altura. Apresenta caule avermelhado, cilíndrico e ramoso. Folhas alternas, longo-pecioladas, verdes com nervuras vermelhas, sendo as inferiores inteiras e ovadas e as superiores palmatilobadas, com 3-5 lobos estreitos e agudos, 5-nervuras, denteados, com uma grande glândula na base da nervura mediana e medindo de 7 – 12 cm de comprimento.

Flores amarelas ou ocre-pálidas, solitárias, sésseis, axilares, de andróforo rosa ou marrom, medindo cerca de 12 cm de diâmetro. As pétalas adquirem uma tonalidade rósea ao final do dia, quando tendem a murchar.

Cálice vermelho e carnoso, formado por 5 pétalas grandes e um colar composto de 8 a 12 brácteas triangulares, finas e pontiagudas em torno da base. Fruto tipo cápsula, verde quando imaturo e vermelho e suculento quando maduro, de formato cônico-ovóide, medindo 3-5 cm de comprimento. As sementes são reniformes e castanho-claras, em número de 3 a 4 por fruto.

Partes usadas: Flores, folhas, sementes e raízes.

Uso popular: As folhas são usadas popularmente como emolientes, estomáquicas, febrífugos, hipo-tensoras e antiescorbúticas. Os cálices ou frutos, são refrescantes, coleréticos, diuréticos e laxantes suaves. As sementes são diuréticas, tônicas e tidas como afrodisíacas. A raiz é estomáquica, aperitiva, amarga e tônica.

Composição química: Cálice e flores: antocianidinas (hibiscina, cianidina, crisantenina e delfinidina), flavonóides (hibiscina, gossipetina, hibiscetina e sabdaretina), ácido protocatechuico (é um ácido fenólico), polissacarídeos mucilaginosos, ácidos orgânicos (ácido hibístico e cítrico), vitamina C, pectina, fitosteróis (b-sitosterol, campesterol, ergosterol, estigmasterol),

As folhas são ricas em proteínas e sais minerais. Apresentam alto nível de ferro e zinco, além de cálcio, carotenos e vitamina C.

Raízes: principalmente ácido tartárico e saponinas.

Ações farmacológicas: A infusão ou decocção do hibisco, em animais não-humanos, demonstrou propriedades hipo-tensoras arteriais (ALONSO, J. 2004);

A ingestão do extrato aquoso da planta reduz a taxa de absorção de álcool no organismo, reduzindo o efeito do alcoolismo (Watt & Breyer-Brandwijk, 1962, apud SILVA JUNIOR, 2003);

O extrato etanólico da planta inteira produz efeitos hipoglicemiantes em ratas submetidas a diabetes experimental.

Extratos de vinagreira reduziram a taxa plasmática de lipídeos totais, colesterol total e triglicerídeos, através de um provável sinergismo com os fitoesteróis, estimulando os sistemas enzimáticos do fígado. (ALONSO, J., 2004).

Alguns estudos apontam atividade antitumoral.

O extrato seco das flores apresenta poderosa atividade antioxidante.

O ácido protocatechuico demonstrou ação antioxidante e anti-inflamatória. (Liu et al., 2002 apud SILVA JUNIOR, 2003).

Alguns ensaios clínicos demonstraram que o chá das flores reduziu a pressão arterial. (SILVA JUNIOR, 2003).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo obtido das sementes apresenta mutagenicidade(ALONSO, J., 2004; SILVA JUNIOR, 2003.

Contra-indicações: A planta e seus produtos são contra-indicados para pessoas portadoras de doenças cardíacas, o efeito diurético da planta aumenta a excreção de eletrólitos, especialmente o potássio. (Teske & Trentini, 1997 apud SILVA JUNIOR, 2003).

Ante a falta de dados sobre inocuidade durante a lactação e gravidez, não se recomenda nestas circunstâncias (ALONSO, J., 2004).

Posologia e modo de uso: Infusão: 1 colher das de sopa de cálices jovens em 1 xícara de água fervente. Tomar 1 xícara 3 x ao dia, após as refeições.

Decocção: 1 colher das de sopa de flores em 2 copos de água. Ferver por mais ou menos 5 minutos. Coar e tomar 1 copo 3 x ao dia, após as refeições.

Emplasto com as folhas quentes aplicar sobre furúnculos, rachaduras nos pés e úlceras dérmicas.

Observações: Os frutos e os cálices são utilizados na preparação de geleias, compotas, pudim, tortas, gelatina, sorvetes, refrescos, vinho de rosela, xarope, vinagre, etc.

No Maranhão é consumido um prato típico chamado “arroz de cuxá”, que consiste em folhas cozidas de vinagreira servidas com peixe e arroz.

As fibras dos caules são utilizadas no ramo têxtil.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

DRESCHER, L. (coordenador). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. Laranja da Terra, ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001. p. 113.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

SILVA JUNIOR, A.A.. Essentia herba – Plantas bioativas. Florianópolis: Epagri, 2003.pgs. 266-280.

http://www.tropicos.org/Name/19600047?tab=synonyms – acesso em 28 de setembro de 2012.

Tags: AfrodisíacoColeréticaDiuréticoEmolientesEstomáquicoFebrífugaLaxanteTônico

GARRA-DO-DIABO

09/02/2020 21:48

Harpagophytum procumbens  DC.

Pedaliaceae  


SinonímiasHarpagophytum procumbens subsp. procumbens DC. ex Meisn, Harpagophytum burchellii Decne., Harpagophytum procumbens var. sublobatum (Engl.) Stapf., Harpagophytum procumbens subsp. transvaalense Ihlenf. & H. Hartmann.

Nomes populares: Garra-do-diabo, harpagofito (Português), garra del diablo, raiz de Windhoeck (Espanhol), artiglio del diavolo (Italiano), devil’s claw, woodspider, grapple plant (Inglês).

Origem ou Habitat: Sul da África (Namíbia).

Características botânicas:Planta rasteira, perene, apresentando uma raiz primária que mede de 20 a 50 cm de comprimento, de onde partem raízes ramificadas tuberosas secundárias, que podem armazenar até 70% de água de seu peso e são estes tubérculos que se utilizam por suas propriedades medicinais. Talos múltiplos; folhas alternas, lobuladas, profundamente recortadas, carnosas, medindo 7 cm de comprimento, margens brancas e aveludadas. As flores são em forma de dedal ou trombeta, crescem isoladamente sobre curtos pecíolos na axila das folhas, de cor rosa-claro ou roxo-púrpura. Os frutos são duros, capsulares, deiscentes, medindo até 10 cm, armados de espinhos em forma de ganchos, de 2,5 cm de comprimento, que atuam como verdadeiros arpões aderindo-se à pele dos animais, facilitando a dispersão das sementes.

Partes usadas: Raízes secundárias ou tubérculos.

Uso popular: A raiz é empregada popularmente como antirreumática, antigotosa, aperiente, antiespasmódica, analgésica, para acalmar dores do parto, colerética e hipoglicemiante. Externamente é usada como cicatrizante de feridas.

Composição química: Glicosídeos iridóides (harpagina, harpágido, trans-cinnamoyl harpagide, trans-coumaroyl harpagide, procumbide, etc.); glicosídeos fenólicos (verbascosídeo, acteosídeo, isoacteosídeo e biosídeo); traços de óleo essencial, b-sitosterol, triterpenos pentacíclicos; flavonóides (kaempferol e luteolina); aminoácidos; açúcares; harpagoquinona; gomoresina; aucubinina B; beatrinas A e B.

Ações farmacológicas: Anti-inflamatória, analgésica, sedativa, anti-espasmódica, digestiva e diurética.

Interações medicamentosas: Em altas doses pode interferir com drogas anti-arrítmicas e anti-hipertensivas.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em geral, são bem tolerados nas doses indicadas, mas tem relatos de cefaleia, zumbido, anorexia, gastralgia e perda da gustação. No início do tratamento pode haver um ligeiro efeito laxante e transtorno estomacal.

Não é recomendado a administração endovenosa por ser potencialmente tóxica por esta via.

Contra-indicações: Não é recomendada durante a gravidez.

Posologia e modo de uso: Capsula de extrato seco da garra do diabo (padronizado como 100mg de harpagosídeo ou 150 mg de iridóides totais expresso em harpagosideos), tomar uma cápsula vez ao dia por 2 semanas.

Observações: Harpagophytum, do grego, significa “planta-arpão.

 

 

Referências: 
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

http://www.bihrmann.com/caudiciforms/subs/har-pro-sub.asp – Acesso 11 Março 2014.

http://www.avogel.es/enciclopedia-de-plantas/harpagophytum_procumbens.php – Acesso 11 Março 2014.

http://www.publish.csiro.au/paper/CH9792085.htm – Acesso 18 Março 2014.

http://www.sofmmoo.com/grand-public/musee/plantes/plantes.htm – Acesso 11 Março 2014.

http://www.tropicos.org/Name/24300038?tab=subordinatetaxa – Acesso 11 de Março 2014.

Tags: AnalgésicoAnti-reumáticoAntiespasmódicoAntigotosaAperienteCicatrizanteColeréticaHipoglicemiante

DENTE-DE-LEÃO

09/01/2020 15:30

Taraxacum officinale   F.H.Wigg.

Asteraceae 


Sinonímias: Leontodon taraxacum L., Leontodon vulgare Lam., Taraxacum dens-leonis Desf., Taraxacum vulgare Schrank. 

Nomes populares:  Dente-de-leão, dente-de-leão-dos-jardins, serralha, taraxaco, chicória-silvestre, alface-de-cão, alface-de-coco, soprão, salada-de-toupeira, amargosa, amor-dos-homens, chicória-louca, pára-quedas, radite-bravo. 

Origem ou Habitat: Originária da Europa e Ásia. 

Características botânicas: Planta herbácea, perene, leitosa, acaule, com raiz tuberosa e pivotante. Folhas em roseta, simples, sem pecíolos, curto-pilosas ou glabras, inteiras ou pinatipartidas, de 15 a 25 cm de comprimento, de sabor amargo. Inflorescências em capítulos solitários, situados no ápice de caules florais ocos, pubescentes, de 20 a 30 cm de altura, cada capítulo medindo de 5 a 15 cm de diâmetro. As flores são amarelas e hermafroditas, e os frutos são aquênios escuros e finos, contendo em uma das extremidades um chumaço branco de pelos que facilitam a sua flutuação no vento. Multiplica-se por sementes.  

Uso popular:  Considerada popularmente como uma das melhores plantas diuréticas, com efeitos laxativo, colagogos e coleréticos. A infusão da raiz fresca é utilizada em casos de cálculos biliares, estágios inicias de cirrose e hepatite. Indicada para dispepsias como tônico amargo e utilizada em tratamento coadjuvante em processos reumáticos e obesidade e também para tratar o excesso de ácido úrico, gota e hipertensão. Indicada para dores reumáticas, prisão de ventre, astenia, diabetes e para afecções de pele, além das enfermidades do fígado, icterícia, afecções do baço e diarreia crônica. Em algumas regiões, suas folhas são consumidas como saladas (Lorenzi & Matos, 2002; Drescher, 2001; Stuart, 1981). 

Composição química:  Raiz: inulina (25-38%), derivados triterpênicos pentacíclicos provenientes do látex (isolactucerol, taraxerol, taraxasterol, acetatos e seus 16-HO-derivados), lactonas sesquiterpênicas (taraxicina, derivados do ácido taraxínico, 11-b-13-dihidrolactucina, ixerina D, ainslioside), uma resina ácida (taraxerina), goma, mucilagem (1%), fitoesterois (beta-sitosterol, estigmasterol), tiamina, ácidos graxos (ácido mirístico, palmítico, linoleico, linolenico), ácidos fenilcarboxílicos (ácido cafeico, clorogênico e p-hidrofenilacético), água (10-14%), frutose (até 18% na primavera), saponinas, glucosídeos benzílicos, beta-frutofuranosidase (enzima que despolimeriza a inulina), dihidroconiferina, siringina, dihidrosiringina, carotenóides, vitaminas (A, B, C, D, ácido nicotínico, nicotinamida) e sais minerais (8-10%): manganês, magnésio, ferro, silício, cromo e potássio, principalmente. 

Folhas: flavonoides (apigenina, luteolina), vitaminas B, C e D, provitamina A (em concentração maior que a da cenoura), potássio, germanólidos, carotenoides (luteína, violoxantina), taraxacina (princípio amargo do grupo das lactonas sesquiterpênicas), aminoácidos (asparagina, glutamina) e cumarinas. 

Flores: lecitina, carotenoides (criptoxantina, crisantomaxantina, violaxantina, flaxantina, luteína, luteína-epóxido, criptoxantina-epóxido), taraxacina, beta-amirina, beta-sitosterol, vitamina B2, arnidiol, farnidiol, lipídeos (acilglicerídeos e ácidos graxos). Látex: de cor branca e amargo, contém álcool cerílico, glicerol, ácido tartárico, lactucerol alfa e beta, derivados triterpênicos pentacíclicos descritos na raiz. 

Pólen: cicloartenol, cicloartanol, 31-norcicloartanol, pollinastanol. 

Análise proximal para cada 100 g de folhas: calorias 45; água 85,6%; proteínas 2,7g; gorduras 0,7g; carboidratos 9,2g; fibras 1,6g; cálcio 187mg; fósforo 66mg; ferro 3,1mg; sódio 76mg; potássio 297mg; ácido ascórbico 35mg; riboflavina 0.26mg; tiamina 0.19mg; beta-caroteno 8.400 microg. (Alonso, 2004). 

Ações farmacológicas: Planta com efeito diurético importante, confirmado em estudos com seres humanos (Clare, et al., 2009). O taraxaco, um composto do dente-de-leão, aumenta a secreção dos sucos gástrico e salivar, estimula a liberação de bile da vesícula biliar e do fígado, e atua como laxativo leve. Os resultados obtidos de estudos em animais e em seres humanos mostraram melhora na icterícia, hepatite e inflamação do ducto biliar. Num pequeno grupo de paciente, a raiz do dente-de-leão foi utilizada com sucesso no tratamento da colite inespecífica crônica, produzindo alívio da dor abdominal, constipação e diarreia (Fetrow & Avila, 1999). A planta possui atividade anti-inflamatória e anti-nociceptiva através da inibição da produção de óxido nítrico e expressão de COX-2 e atividade antioxidante (Jeon, et al., 2008). 

Interações medicamentosas: Agentes antidiabéticos: podem potencializar os efeitos desses agentes, causando hipoglicemia. Evitar uso concomitante. 

Agentes anti-hipertensivos: possível efeito hipotensor aditivo ou sinérgico. Evitar uso concomitante. 

Diuréticos: podem potencializar as perdas de líquido e eletrólitos. Evitar o uso concomitante (Fetrow & Avila, 1999). 

O dente-de-leão pode diminuir a absorção de alguns antibióticos pelo corpo, diminuindo a eficácia destes: ciprofloxacino, enoxacino, norfloxacino, sparfloxacino, trovafloxacino, gatifloxacino, levofloxacino, lomefloxacino, moxifloxacino, norfloxacino, ofloxacino, e grepafloxacino. 

Tomar dente-de-leão junto com medicações que são metabolizadas pelo fígado pode levar a aumento de efeitos adversos destas medicações, a exemplo de amitriptilina, haloperidol, ondansetron, propranolol, teofilina, verapamil, e outros. 

A planta também pode diminuir a eficácia de algumas medicações como: acetaminophen, atorvastatina, diazepam, digoxina, entacapone, estrogênio, irinotecano, lamotrigina, lorazepam, lovastatina, meprobamato, morfina, oxazepam, e outros (Natural Medicines Comprehensive Database, 2011). 

A planta também pode diminuir a excreção de lítio, levando a aumento do nível sérico, podendo resultar em efeitos colaterais desta medicação (Natural Medicines Comprehensive Database, 2011). O aumento da toxicidade do lítio durante tratamentos antidepressivos pode ocorrer pela depleção do sódio devido ao efeito diurético da planta (Alonso, 2004).  

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A planta tem sido usada em alimentos por vários anos, sem quaisquer efeitos colaterais. Entretanto, não deve ser ingerida em quantidades maiores do que aquelas normalmente presentes em alimentos ou bebidas alcoólicas. (Fetrow & Avila, 1999). Doses elevadas podem provocar hiperacidez e, consequentemente, vômitos (Drescher, 2001). 

O dente-de-leão pode causar reações alérgicas quando tomado via oral ou colocado sobre a pele em pessoas sensíveis ou que tenham história de alergia com outras plantas como crisântemos e margaridas (Natural Medicines Comprehensive Database, 2011. 

Contra-indicações:  Evitar o uso da planta por gestantes ou lactantes, pois os efeitos não são conhecidos. Pessoas com cálculos biliares, inflamações na vesícula ou obstrução do trato gastrointestinal também não devem utilizá-la (Fetrow & Avila, 1999). Contra-indicado para menores de 2 anos (Alonso, 2004). 

Pessoas que utilizam medicamentos como anti-hipertensivos, antidiabéticos e diuréticos devem ter atenção ao início de sintomas de hipoglicemia, hipotensão e desidratação com o uso concomitante da planta com as medicações. (Fetrow & Avila, 1999). 

Posologia e modo de uso:  Para distúrbios da função digestiva (estomacal, hepática, biliar, intestinal e prisão de ventre) e como diurético, é recomendado seu extrato alcoólico, preparado amassando-se em pilão 2 colheres de sopa de raízes e folhas picadas e deixando em repouso por 3 dias em 1 xícara de chá de álcool de cereais a 75% administrando 1 colher de chá diluída em um pouco de água antes das principais refeições. 

Pode-se também empregar na forma de decocção, fervendo por 5 minutos, e tomando de 2 a 3 xícaras diárias (Alonso, 2004). 

Para afecções de pele do rosto (pruridos, eczemas, escamações e vermelhidão) e irritação nos olhos, é recomendado o uso externo do seu chá, preparado com 1 colher de sopa de raízes picadas em 1 xícara de chá de água em fervura por 5 minutos e adicionando-se 1 colher de sobremesa de mel após esfriar e coar. Aplicar no rosto e inclusive nas pálpebras, com um chumaço de algodão, 2 vezes por dia, de preferência antes de deitar (Lorenzi & Matos, 2002; Panizza, 1997). 

Para casos de cálculos biliares, e processos iniciais de cirrose e hepatite, recomenda-se a infusão da raíz fresca, na proporção de 1 colher da raíz para uma xícara de água. 

Observações: A farmacopeia alemã recomenda o emprego da planta em casos de anorexia, meteorismo, dispepsias e como diurético (Alonso, 2004). 

A raíz seca, moída e tostada é utilizada como substituta ao café (Alonso, 2004).
 

 

 

Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 406-411 

CLARE, B. A.; CONROY, R. S.; SPELMAN, K. The diuretic effect in human subjects of an extract of Taraxacum officinale folium over a single day. Journal of Alternative and Complementary Medicine, [S. I], v. 15, n. 8, p. 929-34, ago 2009. 

CUNHA, A. P.; SILVA, A. P.; ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 602-603. 

DRESCHER, L. (coord.). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. Laranja da Terra, ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001. p. 61 

FETROW, C. W.; AVILA, J. R. Manual de Medicina Alternativa para o Profissional. Rio de Janeiro, RJ: Editora Guanabara Koogan S.A., 2000. p. 251-253. 

JEON H. J. et al. Anti-inflammatory activity of Taraxacum officinaleJournal of Ethnopharmacology, [S. I], v. 115, n. 1, p. 8-82, 4 jan 2008. 

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002. p. 177. 

PANIZZA, S. Plantas que curam: cheiro de mato. 5. ed. São Paulo: IBRASA, 1997. p. 91-92. 

STUART, M. Enciclopedia de Hierbas y Herboristería. Barcelona: Ediciones Omega S. A., 1981. p. 270-271. 

http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/druginfo/natural/706.html – Acesso em: 06 de junho de 2011. 

http://www.tropicos.org – Acesso em: 06 de junho de 2011. 

http://srtaohara.blogspot.com/2010/10/velha-infancia.html – fotos – Acesso em: 06 de dezembro de 2011. 

http://arcadenoe.sapo.pt/forum/viewtopic.php?t=51682 – fotos – Acesso em: 06 de dezembro de 2011. 

http://blogdomoquenco.blogspot.com/2011/07/dente-de-leao-como-fonte-de-borracha.html – fotos – Acesso em: 06 de dezembro de 2011.

Tags: AsteniaColagogoColeréticaDispepsiaDiuréticoDores reumáticasHipertensãoLaxante

CHICÓRIA

08/01/2020 15:29

Cichorium intybus   L.
Asteraceae (Compositae) 


Sinonímias: Cichorium byzantinum Clementi , Cichorium rigidum Salisb., Cichorium perenne Stokes, Cichorium glaucum Hoffmanns. & Link , etc. 

Nomes populares:  Almeirão-selvagem, radice selvagem (RG), achicoria (Spanish, El Salvador), blue daisy (English, United States), chicoria (Spanish, Guatemala), chicória-brava. 

Origem ou Habitat: Nativo da Europa e cultivado no Sul e Sudeste do Brasil. 

Características botânicas:  Subarbusto anual ou bianual, ereto, latescente, ramificado, de caule rígido e anguloso, medindo entre 30-110 cm de altura. Folhas simples, as folhas basais em roseta com margens dentadas e as folhas superiores muito pequenas com dentes menores, membranáceas, curto-pecioladas ou quase amplexicaules, medindo de 5-18 cm de comprimento. Inflorescências em capítulos axilares, de cor azul céu, com flores laterais de longas pétalas, que se abrem pela manhã e fecham-se à tarde. Multiplica-se por sementes. 

Partes usadas:Folhas e raízes. 

Uso popular:  Esta planta é consumida como hortaliça na forma de saladas e refogados em todo o mundo, havendo vários cultivares atualmente. Suas folhas e raízes são empregadas na medicina tradicional há cerca de 4 mil anos antes de Cristo, sendo considerada um remédio seguro e inofensivo, empregada para tratar males do fígado e vesícula, reumatismo, gota e hemorroidas. O infuso de suas folhas e raízes é considerado diurético, levemente laxante, estomacal e anti-inflamatório do fígado e intestinos. 

Estômago – a chicória age como um tônico estomacal estimulando a produção dos sucos gástricos, favorecendo a digestão, abre o apetite sendo adequado em casos de inapetência ou anorexia. 

Fígado e vesícula biliar – a chicória possui propriedades hepatoprotetoras, coleréticas e colagogas e estimula a produção de bílis. 

Os preparados com chicória constitui-se um bom remédio para icterícia. 

Pelo seu conteúdo em ferro é um bom auxiliar nos casos de anemia. 

Externamente é usada pelas suas propriedades adstringente e vulnerária para afecções de pele. 

Composição química:  Inulina, chicorina; intibina; proteínas (aminoácidos: treonina, arginina, triptofano, lisina, valina); ácidos: ascórbico, chicorésico, clorogênico, isoclorogênico, linoléico, alfa-linoléico, esteárico, mirístico, palmítico; fibras; minerais (potássio, ferro, fósforo, cálcio e magnésio); mucilagem; taninos. 

  • Lactonas sesquiterpênicas de guaianolida:  Lactucina, 11,13-di-hidrolactucina, 8-desoxilactucina, 11,13-di-hidro-8-desoxilactucina, lactucopicrina, 11,13-di-hidrolactucopicrina, cichoriolide A, B e C, cichoriosides A, B e C, crepidiaside B, chicoralexina, 8-deoxilactucina, 11B,13dihidrolactucina, lactucopicrina, jacquilenin, 11,13-dihidrolactucopicrina, 3,4-Dihidro-15-dehidrolactucopicrina e artesina.  
  • Lactonas sesquiterpenicas: Magnolialide, cichopumilide, picrisideo B, sonchusideo A, sonchusideo C, Ixerisoside D.  
  • Flavonóides: Quercetina malonil glucosídeo, apigenina glucuronida, glucuronido de canferol, isoramnetina-3-glicuronideo, canferol-7-O- (6 “-O-malonil) –glicosídeo, espicosideo, esculetina-7-glicosideo, ácido cis-caftarico e ácido trans-caftarico.  
  • Antocianinas: Cianidina 3-O-glucosideo, cianidina 3-O- (6-malonil) –glicosídeo, cianidina-3-O-galactosideo, dentre outros. -Cumarinas: Cichorina A –C e umbeliferona  
  • Óleo essencial: 1,8-Cineole, canfora, geranil acetona, dentre outros. -Triterpenos: α –amirina, taraxerone e Baurenil acetato 
  • Iridoides: Loliolide 
  • Esteroides: β -sitosterol, campesterol, estigmasterol, dentre outros. 
  • Ácidos fenólicos: Ácido 3,5-dicafeoilquinico, ácido 4,5-dicafeoilquinico, ácido 3-cafeoilquinico, ácido 4-cafeoilquinico, ácido 5-cafeoilquinico. ácido cafártaro, ácido chicorico, ácido clorogênico, ácido cafeico, ácido Chicórico, ácido p-acâmico, ácido cafeoilmalico, ácido ferúlico, ácido protocatecuico, ácido p-hidroxibenzoico, ácido p-cumarico, dentre outros. 

Ações farmacológicas: Destacam-se as propriedades diurética, anti-inflamatória, hepatoprotetora, antioxidante, adstringente e vulnerária. 

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A ingestão da flor com o pólen pode causar reações alérgicas. Em contato com a pele o látex pode produzir dermatites. 

Contra-indicações:  Devido à presença de oxalatos é contra-indicada para pessoas que tenham tendência a produzir pedras nos rins, indivíduos artríticos e os gotosos. A chicória é um diurético potente e pessoas com pressão baixa devem evitar os preparados a base desta planta. Tampouco devem usá-los em casos de úlceras gastroduodenais. 

Observações: Existe a espécie semelhante Cichorium endivia L., popularmente conhecida como endívia, que possui folhas brancas, crocantes, levemente amargas e cultivada como verdura.
 

 

Referências:
LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2008. 

PEÑA-ESPINOZA, Miguel et al. Antiparasitic activity of chicory (Cichorium intybus) and its natural bioactive compounds in livestock: a review. Parasites & Vectors, [s.l.], v. 11, n. 1, p.475-489, 22 ago. 2018. 

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http://www.ceunossasenhoradaconceicao.com.br/artigos/plantas-medicinais?plan=Almeir%C3%A3o%20selvagem desenho – Acesso em: 13 de março de 2012.

Tags: AnemiaAnti-inflamatórioColagogoColeréticaComestívelDiuréticoHemorróidaHepatoprotetoraLaxanteReumatismo

BOLDO-DO-CHILE

04/01/2020 23:23

Peumus boldus Molina.
Monimiaceae 


SinonímiasBoldea boldus (Molina) Looser; Boldu boldus (Molina) Lyons.

Nomes popularesBoldo, Boldo-do-Chile

Origem ou HabitatChile.

Características botânicasArbusto frondoso, aromático, dióico, caracterizado por apresentar altura máxima de 6 metros (na maioria dos casos alcança 2-3 metros). Folhas opostas curtamente pecioladas, de cor verde cinzenta, ligeiramente pubescentes em ambos os lados, com pequenas papilas pelo feixe, ásperas e quebradiças ao toque. Presença de uma fina cortiça marrom acinzentada, rugosa, ramos cilíndricos abundantes e pequenas flores unissexuadas de cor branco-amareladas ou branco-esverdeadas, dispostas em racimos terminais frouxos. A floração ocorre de julho a novembro. O fruto é uma drupa escura, reunida em número de 2 a 5, vovide, de 6 – 8 mm de largura

Partes usadas: Folhas.

Uso popularNo Chile e nos países importadores emprega-se a infusão de suas folhas como regulador digestivo, colagogo, colerético, calmante, anti-helmíntico, e na forma de cataplasma a ser aplicado nas dores reumáticas.

Composição químicaAlguns compostos são: ascaridol, cineol, benzoato de bencilo,fenchona, carvona, canfeno, farnesol, α-terpineol, γ-terpineol, p-cimeno, eugenol, limoneno; boldina, isoboldina, kampferol, boldoglucina, ácido cítrico, taninos, cumarina¹, 6a,7-dehidroboldina , proaporfina, linalol, terpineno-4-ol, α-pineno, β-pineno, alcanfor.

  •  Óleo essencial: Terpinol, p-cimeno, eucaliptol, dióxido de limoneno, canfeno, ascaridol (tóxico), dentre outros.
  • Alcalóides: Boldina, secoboldina, esparteína (toxico), dentre outros.

Ações farmacológicas: Atividade hepatovesicular, hepatoprotetora, eupéptica, colerética, digestiva, atividade antioxidante, atividade antimicrobiana, anti-helmíntica, ação diurética discreta¹, colagoga, anti-séptica, sedativa, antiinflamatória. Mostrou, in vitro contra Malassezia furfur.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Doses maiores que 100mg do extrato seco por vez podem causar alucinações cromáticas e auditivas, vômitos, diarreias, letargia e convulsões. Doses altas da essência podem causar irritação renal, vômitos diarreia, efeitos narcóticos, paralisantes e convulsivantes. Entre os elementos tóxicos em altas doses estão a paquicarpina, o ascaridol e o terpineol. 

Contra-indicaçõesNão deve ser utilizado por pessoas com doença hepática aguda ou severa, colecistite séptica, espasmos do intestino e íleo e câncer hepático. Não deve ser utilizado por pessoas com obstrução das vias biliares, doenças severas no fígado e nos casos de gravidez. A presença de alcaloides desaconselha o uso infantil (até seis anos) e durante a lactação. O óleo essencial, devido ao seu alto conteúdo de ascaridol (tóxico), não deve ser prescrito sem exclusiva vigilância profissional.

Posologia e modo de uso: Uso interno: Infusão de 1 a 2g (1 a 2 colheres de chá) de folhas picadas em 150mL (xícara de chá) de água fervente. Tomar uma xícara de chá, 2x ao dia. Não exceder a dosagem recomendada. Não usar durante muito tempo e de forma contínua.

Referências: 
CASTRO, Débora Silva Borges de et al. Larvicidal activity of essential oil of Peumus boldus Molina and its ascaridole-enriched fraction against Culex quinquefasciatus. Experimental Parasitology, [s.l.], v. 171, p.84-90, dez. 2016.

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 226-229.

ANVISA. RDC N° 10/2010. Diário Oficial da União (Imprensa Nacional), 2010. Ano CXLVII, N° 46, Seção 1. p. 52-59.

BRUNETON, J. Farmacognosia: Fitoquímica, Plantas Medicinales. Tradução de Á. V. del Fresno; E. C. Accame; M. R. Lizabe. 2. ed. Zaragoza, Espanha: Acribia, 2001. p. 900-901.

CUNHA, A. P., SILVA, A. P., ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 176-177.

GUPTA, M. P. (ed.). 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas. Santafé de Bogotá, Colombia:. Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarollo (CYTED), 1995.

HERRERA-RODRÍGUEZ, Carmen et al. Bioactivity of Peumus boldus Molina, Laurelia sempervirens (Ruiz & Pav.) Tul. and Laureliopsis philippiana (Looser) Schodde (Monimiacea) essential oils against Sitophilus zeamais Motschulsky. Chilean Journal Of Agricultural Research, [s.l.], v. 75, n. 3, p.334-340, set. 2015.

NEWALL, C. A.; ANDRESON, L. A.; PHILLIPSON, J. D. Plantas medicinais: guia para profissionais de saúde. São Paulo: Premier, 2002. p. 47-48.

SOUZA, Wanderson Fernando Mello de et al. Evaluation of the volatile composition, toxicological and antioxidant potentials of the essential oils and teas of commercial Chilean boldo samples. Food Research International, [s.l.], p.1-7, jan. 2019.

http://www.tropicos.org – Acesso em: 26 de julho de 2010.

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