MARCELA-GALEGA

14/02/2020 23:04

Matricaria discoidea  DC.

Asteraceae


SinonímiasMatricaria matricarioides (Less.)Porter ex Britton, Chamomilla suaveolens (Pursh) Ridb., Matricaria suaveolens (Pursh) Buchenau, Tanacetum suaveolens (Pursh) Hook.

Nomes populares: Marcela-galega, macelinha, macela-galega.

Origem ou Habitat: Europa.

Características botânicas: Espécie herbácea, aromática, inicialmente ereta formando uma roseta de folhas, depois rasteira e radicante, ramificada, pouco pilosa, com cerca de 10 a 15 cm de altura. Folhas alternas, sésseis ou curtopecioladas, medindo 1,5 cm de comprimento por 7 mm de largura, profundamente fendidas. Inflorescência formando um capítulo globoso-ovóide, medindo cerca de 8 mm de diâmetro, apétalo, reunindo cerca de 90 flores hermafroditas. O florescimento ocorre na primavera e no verão e a polinização é feita por abelhas e moscas. (Silva Jr. e Michalak, 2014).

Partes usadas: Folhas e inflorescências.

Uso popular: Indicada para “dor de barriga”, carminativa, antiespasmódica, galactagoga, sedativa, vermifuga, anti-inflamatória. Indicada para o tratamento de inflamações da pele, cólica, vômito, colite, náusea, câimbras e tenesmo. Externamente é utilizada como antiartrítica.

Composição química: Óleo essencial: geranil isovalerato, mirceno, B-farneseno, cis-en-in-bycicloether. Cumarinas: umbeliferona, herniarina. Flavonóides: cynaroside, luteolina. A composição química de Matricaria recutita, a camomila, e a Matricaria discoidea, a macelinha, é muito semelhante; de 31 compostos investigados, 19 são comuns a ambas as espécies: 9 flavonóides, 8 ác. fenol carboxílicos e 2 cumarinas

Ações farmacológicas: Anti-inflamatória e antiespasmódica.

Interações medicamentosas: Não encontrado na literatura consultada.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Algumas pessoas são alérgicas à planta.

Contra-indicações: Contraindicada na gravidez e lactação.

Posologia e modo de uso: Infusão: 1 a 2 g(1 colher de sopa) de flores e folhas adicionadas em 250 ml de água fervente, cobrir e deixar 10 minutos em repouso. Coar e tomar 2 xícaras ao dia.

Externamente pode ser feito compressas ou banhos com a infusão.

Observações: É repelente de insetos.

Referências: 

SILVA JUNIOR, A.A.; MICHALAK, E. O ÉDEN DE EVA. Florianópolis: Epagri, 2014.

https://origin-scifinder.cas.org/scifinder/view/scifinder/scifinderExplore – Essential oil composition of pineapple-​weed (Matricaria discoidea DC.) grown in Canada. By Lopes, Daise; Kolodziejczyk, Paul P. From Journal of Essential Oil-Bearing Plants (2005), 8(2), 178-182. | Language: English, Database -: CAPLUS – acesso 01 julho 2014.

Constituents of Matricaria discoidea: geranyl isovalerate, trans-​β-​farnesene, and herniarin By Arak, E.; Raal, A.; Pehk, T.; Maeorg, U. From Khimiya Prirodnykh Soedinenii (1988), (6), 804-6. | Language: Russian, Database: CAPLUS – acesso 01 julho 2014

Comparative study of phenols in inflorescences of two species of Matricaria L By Chetvernya, S. A. From Rastitel’nye Resursy (1986), 22(3), 373-7. | Language: Russian, Database: CAPLUS – Acesso 01 julho 2014.

http://www.tropicos.org/Name/2702888?tab=synonyms.

Tags: Anti-inflamatórioAntiespasmódicoCarminativaCólicaColiteGalactagogoNáuseaSedativoVermífuga

MARCELA

14/02/2020 23:00

Achyrocline satureioides (Lam.) DC.

Asteraceae (Compositae)


SinonímiasAchyrocline flaccida DC.; Gnaphalium satureoides Lam.; Anaphalium flaccidum Welnm.

Nomes populares: Marcela-do-campo, alecrim-de-parede, macela.

Origem ou Habitat: Regiões sudeste subtropical e temperada da América do Sul. É uma planta frequentemente encontrada no sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, sendo muito utilizada na medicina popular destes países.

Características botânicas: Erva anual, monóica, ramificada, de até 1,5 m de altura, coberta de pilosidades brancas. Folhas alternas, inteiras, sésseis, lineares e lanceoladas, de até 12 cm de comprimento por 1,8 cm de largura. Capítulos com dois tipos de flores, reunidos em panícula corimbosa. Flores amarelo-douradas, as centrais hermafroditas, de corola tubulosa, em número de uma a duas e as flores marginais, quatro ou cinco, femininas, de corola filiforme; papus branco. Fruto do tipo aquênio, glabro, pardo.

Partes usadas: Inflorescências.

Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha as folhas e inflorescências são empregadas como infuso e decocto em casos de congestão, cólica e como emético. Segundo a literatura o infuso das inflorescências de marcela é utilizado internamente como antiespasmódico, digestivo, carminativo, eupéptico, colagogo, anti-inflamatório, emenagogo e hipocolesterêmico. Seu uso externo é indicado em inflamações e como antisséptico. Na literatura também é citado o uso dos talos florais e menos frequentemente a planta inteira. As flores secas de marcela são citadas como úteis na confecção de travesseiros para dor de cabeça e insônia.

Informações científicas: 🐁(AN): Para a espécie A. satureioides, é apontada ação anti-inflamatória (Barione et al., 2013; Da Silva et al. 2016) para o extrato hidroalcoólico de suas inflorescências. O efeito gastroprotetor foi demonstrado frente a diferentes modelos de indução por agentes de lesão gástrica (Santin et al. 2010). Foram relatadas atividades antiparasitárias para o óleo essencial da planta (Do Carmo, 2014; Ritter, 2017).

Observação do uso clínico em Florianópolis: O uso da infusão preparada com os capítulos florais da macela apresenta alívio em dores de cabeça e em casos de dermatoses ocasionadas por herpes. A macela pode ser associada com a alfavaca anisada (Ocimum selloi) por infusão, para o tratamento de cólicas e distúrbios digestivos.

Cuidados no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas o uso concomitante desta espécie vegetal com outros medicamentos deve ser cauteloso. Evitar o uso interno em gestantes, lactantes, crianças menores de 02 anos e em pessoas sensíveis a plantas da família Asteraceae. Não usar a tintura em gestantes, lactantes, alcoolistas e diabéticos, em função do teor alcoólico na formulação. Pode, em casos raros, provocar vertigem, cefaleia, dermatite, alergia ocular e fotodermatite. Pessoas que desenvolvem quadro hipoglicêmico (baixas taxas de glicose no sangue) devem pedir orientação aos prescritores antes do uso. Pode potencializar o efeito de insulina, barbitúricos e outros sedativos (ANVISA, 2018).

Posologia e modo de uso

Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das inflorescências para 1 xícara de água (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Uso externo: A infusão pode ser utilizada na forma de compressas para o tratamento do herpes.

Tintura: Utilizar 10 gramas das inflorescências rasuradas para 100 ml de álcool etílico 70% e armazenar em vidro escuro protegido da umidade e da luz. Tomar 3 a 9 ml da tintura, diluídos em 50ml de água, três vezes ao dia. A indicação dessa tintura é como auxiliar no tratamento sintomático de processos inflamatórios das vias aéreas superiores e distúrbios gastrintestinais (ANVISA, 2018).

Composição química: Em relação à constituição química da Achyrocline satureioides, vários trabalhos relatam a presença de compostos flavonoídicos, ácidos fenólicos, óleo essencial, polissacarídeos e minerais. Entre os compostos flavonoídicos, podemos citar a isognafalina , quercetina, 3-O-metilquercetina, luteolina, gnafalina, entre outros. Com relação ao óleo essencial, foi constatada a presença de α-pineno como constituinte principal , β-pineno, limoneno, p-cimeno , entre outros. Foi constatada ainda a presença de kawapirona e derivados da fenilpirona.

 

Referências: 

1. AKISSUE, M. K. Análise do óleo essencial da Achyrocline satureoides D.C. Compositae. Rev. Farm. Bioquim., [S. I.], v.9, p.101-6, 1971.

2. BAUER, L. et al Contribuição a Análise dos Óleos essenciais de Eupatoríum ligulifolium H.A. e Achyrocüne satureioides D.C do Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Farm., [S. I.], v.60, p. 97-9, 1979.

3. BROUSSALIS, M. A. et al Phenolic Constituents of Four Achyrocline Species. Biochem. Syst. Ecol., [S. I.], v. 16, n. 4, p. 2-401, 1988.

4. FERRARO, G. E.; NORBEDO, C; COUSSIO, J. D. Phenolic Constituents of Achyrocline satureioides. Phytochemistry, [S. I.], v. 20, n. 8, 4-2053, 1981.

5. HANSEL, R.; OHLENDORF, D. Ein neues in Ring B unsubstituiertes Flavon aus Achyrocline satureioides. Arch. der Pharmazie, v. 304, n. 12, p. 6-893, 1971.

6. HIRSCHMANN, G.S. The Constituents of Achyrocline satureioides D.O. b>Rev. Latinoam. Quim., v. 15, n. 3, p. 5-134, 1984.

7. KALOGA. M.; HANSEL. R.; CYBULSKI, E. M. Isolierung eines Kawapirona aus Achyrocfine satureioid. Planta Med.,[S. I.], v.48, p. 103-4. 1983.

8. LAMATY, G. et al The Chemical Composition of Some Achyrocline satureioides and Achyrocline alata Oils From Brazil. J. Ess. Oil. Res., [S. I.], v. 3, p. 21-317, 1991.

9. LIMA, T. C. M.; TAKAHASHI, R. N.; MORATO, G. S. Avaliação da possível atividade antidiabética da Bauhinia forficata Unk. In: IX SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 9, 1986, Rio de Janeiro-RJ. Resumos, Rio de Janeiro, 1986. p. 49.

10. PAZ, E. A.; BASSAGODA, M. J.; FERREIRA, F. YUYOS. Uso Racional de las Plantas Medicinales. Uruguai: Fiorde Siglo, 1992.

11. RICCIARDI, A. L.; YUNES, A. R. Volatile essential oils of the Argentina Coast IV Proof of the natural existence of caryophyllene in the essential oil of Achyrocline satureoides. Rev. Fac. Ing. Quirn., Univ. Nac. Litoral, v.43-49, 1965.

12. SANTOS, C. A. M.; TORRES, K. R.; LEONART, R. Plantas Medicinais: Herbarium et Scientia. Curitiba: Stientia et Labor, 1987.

13. SIMÕES, C. M. O. Antiinflamatory Action of Achyrocline satureioides Extracts Applied Topically. Fitoterapia, [S. I.], v.59, n.5, p. 21-419, 1968.

14. SIMÕES, C. M. O. Investigação Químico-Farmacológica de Achyrodine satumloktes (Lam.) D.C Compositae (Marcela). 1964. 186 f. Dissertação (Mestrado em Farmácia) – Curso de Pós-Graduação em Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1964.

15. SIMÕES, C. M. O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986.

16. DA SILVA L.M., et al., Hydroalcoholic Extract from Inflorescences of Achyrocline satureioides (Compositae) Ameliorates Dextran Sulphate Sodium-Induced Colitis in Mice by Attenuation in the Production of Inflammatory Cytokines and Oxidative Mediators. Evidence-based Complementary and Alternative Medicine: eCAM. 2016;2016:3475356. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5099481/>.

17. BARIONE E. D. et al., Achyrocline satureioides (Lam.) D.C. Hydroalcoholic Extract Inhibits Neutrophil Functions Related to Innate Host Defense. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, 2013. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3582058/>.

18. SANTIN J.R., et al., Antiulcer effects of Achyrocline satureoides (Lam.) DC (Asteraceae) (Marcela), a folk medicine plant, in different experimental models. Journal of ethnopharmacology, 2010, pag334-339. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S037887411000320X?via%3Dihub>.

19. DO CARMO G.M., et al., Effect of the treatment with Achyrocline satureioides (free and nanocapsules essential oil) and diminazene aceturate on hematological and biochemical parameters in rats infected by Trypanosoma evansi. Experimental. Parasitology. 149 (2014), pp. 39-46. <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0014489414002756?via%3Dihub>.

20. RITTER C. S. Achyrocline satureioides essential oil-loaded in nanocapsules reduces cytotoxic damage in liver of rats infected by Trypanosoma evansi. Microbial Pathogenesis, Volume 103, 2017, Pags. 149-154, 148. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0882401016308397?via%3Dihub>.

21. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira Primeiro suplemento. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2018. Página 22.

Tags: Anti-inflamatórioAntiespasmódicoCarminativaCefaléiaColagogoCólicaCongestãoDigestivoEmenagogoEméticaEupépticaInsônia

MACELA-DO-NORDESTE

13/02/2020 21:43

Egletes viscosa  (L.) Less.

Asteraceae (antiga Compositae)


SinonímiasCotula viscosa L., Egletes floribunda Poepp., Egletes obovata Benth.

Nomes populares: Macela, macela-da-terra, macela-do-sertão, chá-da-lagoa, losna-do-mato.

Origem ou Habitat: Nativa da América Tropical, incluindo o Brasil, onde ocorre do Piauí até Mato Grosso.

Características botânicas: Erva anual, prostrada, 10-30 cm de altura, aromática. Caule e ramos com pelos glanduloso-viscosos. Folhas simples, alternas, curto-pecioladas; lâmina 3-7 cm comprimento, partida, verde-cinérea. Inflorescências em capítulos globosos, 5-7 mm de diâmetro. Flores marginais com lígulas estreitas, 1-2 mm; flores centrais tubulosas, monoclinas, amareladas. Fruto aquênio, 2-3 cm, com papus coroniformes, crassos.

Cresce às margens de lagoas, açudes, riachos, no início do verão, após a baixa das águas.

Partes usadas: Folhas, capítulos florais e ramos.

Uso popular: São usados no Nordeste para tratamento caseiro de problemas digestivos e intestinais, cólicas, azia, má digestão, diarreia, enxaqueca e irregularidades menstruais.

Composição química: Óleo essencial: pinano, b-pineno, acetato de trans-pinocarveila, acetato de carveila, acetato de mirtenila e acetato de sabinila (substâncias responsáveis pelo seu odor característico). Entre os constituintes não voláteis o principal componente é o diterpeno ácido centipédico, o acetato da lactona do ácido hautriwaico (diterpeno tanabalina), a ternatina e outros flavonóides minoritários.

Um novo glicosídeo labdano, 8α-Hydroxylabd-14(15)-ene 13(S)-O-β-D-ribopyranoside, foi isolado a partir das partes aéreas de E. viscosa, juntamente com 13-epi- Sclareol, barbatol, tarapacol, espinasterol, ternatina e triacontano.

Estudos anteriores revelaram a existência de dois quimiotipos de macela-do-nordeste (Egletes viscosa), cujos óleos essenciais são caracterizados pela presença de acetato trans- pinocarveol (quimiotipo A) ou acetato cis-isopinocanfeil (quimiotipo B).

Ações farmacológicas: Os estudos com a Ternatina demonstraram propriedades antiinflamatória, antiespasmódica, ação antiviral e protetoras do estômago e fígado. O ácido centipédico exerce um efeito antioxidante.

Interações medicamentosas: Não encontrado.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não encontrado.

Contra-indicações: Por falta de maiores estudos, evitar o uso na gravidez e lactação.

Posologia e modo de uso: Os capítulos florais são usados na forma de infusão ou tintura. A infusão é preparada na ocasião do uso, com 1 a 2 g de inflorescência seca para 1 xícara de água fervente.

Observações: Existem duas espécies, da mesma família Asteraceae, com nomes parecidos, a marcela-do-sul, Achyrocline satureioides e a macela-do-reino ou rainha-das-ervas Tanacetum parthenium. Fotos abaixo para comparação.

Todas as “marcelas” citadas possuem usos semelhantes.

Referências: 

ARTUR e SILVA-FILHO, Francisco; Lima, Mary Anne S.; Bezerra, Antonio Marcos E.; Braz Filho, Raimundo; Silveira, Edilberto R. “A labdane diterpene from the aerial parts of Egletes viscosa(L.)Less”. From Journal of the Brazilian Chemical Society (2007), 18(7), 1374-1378. Acesso 24 Abril 2015.

BATISTA, Jose M. M.; Torres, Davi C.; Jorge, Daniel M. de M.; Soares, Carlos E. A.; Bezerra, Walderly M.; Silveira, Edilberto R.; Grangeiro, Thalles B. – Molecular identification and phylogenetic analysis of Egletes viscosa (L.) Less., a traditional medicinal plant from northeastern Brazil. From Journal of the Brazilian Chemical Society (2012), 23(5), 818-824. Acesso 24 Abril 2015.

CALOU, Iana Bantim Felicio; Sousa, Daniel Italo Maia; Cunha, Geanne Matos de Andrade; Brito, Gerly Anne de Castro; Silveira, Edilberto Rocha; Rao, Vietla Satyanarayana; Santos, Flavia Almeida “Topically applied diterpenoids from Egletes viscosa (Asteraceae) attenuate the dermal inflammation in mouse ear induced by tetradecanoylphorbol 13-​acetate- and oxazolone”. From Biological & Pharmaceutical Bulletin (2008), 31(8), 1511-1516. Acesso 24 Abril 2015.

http://www.cnip.org.br/PFNMs/macela.html – Acesso 24 Abril 2015.

LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

LIMA, J.L. et al. Plantas Medicinais de uso comum no Nordeste do Brasil, Campina Grande, 2006.

http://www.queremedio.com/natural/book/export/html/118 – Acesso 24 Abril 2015.

http://www.tropicos.org/Name/2710014?tab=synonyms – Acesso 24 Abril 2015.

Tags: AziaCólicaDiarreiasEnxaqueca

LOURO

13/02/2020 21:35


Laurus nobilis  L.

Lauraceae


Nomes populares: Louro, loureiro-ordinário, loureiro-dos-poetas, louro-comum, laurel (Ingles).

Origem ou Habitat: Ásia Menor. É amplamente distribuída nas áreas do Mediterrâneo e Europa e cultivada no Sul e Sudeste do Brasil.

Características botânicas: Árvore perene que mede de 2-10 m de altura, porém, nas regiões de origem pode chegar de 14-25 m. É ramificada e aromática. Folhas simples, alternas, pecioladas, coriáceas, brilhantes, ligeiramente onduladas nas bordas, de cor verde-escuro, de 4-8 cm de comprimento. Flores amareladas ou brancas, aromáticas, reunidas em fascículos axilares, em grupo de 3 a 4. Os frutos são bagas globosas de cor preta quando maduros. (Lorenzi & Matos, 2002).

Partes usadas: Folhas e frutos.

Uso popular: As folhas secas são amplamente empregadas na culinária de vários países como condimento (Alonso, 2004; Lorenzi & Matos, 2002; Stuart, 1981). Utilizada na medicina tradicional, como estimulante do apetite e da digestão, é indicada em casos de dispepsias, flatulência, cólicas, astenias e dores reumáticas e também em casos de estados gripais (acompanhados de mal estar e cansaço) (Lorenzi & Matos, 2002; Alonso, 2004). Externamente, é usada como antisséptica para a pele e antiparasitária (contra caspa e piolhos), reduzindo o mau cheiro dos pés e no combate aos fungos (Lorenzi & Matos, 2002; Drescher, 2001). É usada externamente na Turquia a decocção das folhas frescas em casos de hemorróidas e a decocção dos frutos macerados para mialgias (Alonso, 2004). No Irã, utiliza-se o óleo essencial das folhas como anticonvulsivante, enquanto na Amazônia brasileira prepara-se a decocção das folhas como antihipertensivo. Nas zonas de Mata Atlântica, a infusão das folhas é empregada em doenças do fígado, dores de cabeça, como emética e abortiva (Alonso, 2004; Di Stasi & Hiruma-Lima, 2002) Tem outros usos, como o empego na fabricação de cremes, loções, perfumes, sabonetes e detergentes (Alonso, 2004).

Composição química: As folhas possuem óleo essencial (1-3%) ricos em compostos terpênicos como cineol (40-44%), eugenol e metileugenol (17%), sabineno (6,2%), terpineol (5,7%), pineno (4,7%), linalol, lactonas sesquiterpênicas, fenilhidrazina, piperidina, geraniol, flavonoides, taninos e alcaloides isoquinolínicos (pricipalmente reticulina e em menor medida boldina, launobina, isodomesticina, neolitsina e nandigerina) (Alonso, 2004; Sayyah, et al., 2002). Os frutos possuem óleo essencial (2-4%) rico em derivados terpênicos como cineol (30-50%), alfa e beta-pineno (10%), citral, felandreno, limoneno, p-cimeno, eugenol (livre e esterificado), geraniol, sabineno e metilcinamato. Contém ainda lipídeos (25-55%, sendo muito abundante também nas sementes) compostos por glicerídeos dos ácidos láurico, oleico, palmítico e linoleico. Possui alcaloides isoquinolínicos e princípios amargos (lactonas sesquiterpênicas) como costunolídeo, dehidrocostuslactona, eremantina e laurenbiolídeo.

Ações farmacológicas: As folhas e alguns dos seus compostos presentes no óleo essencial demonstraram atividade inseticida contra baratas, enquanto o extrato aquoso das folhas evidenciou efeito inibitório sobre Biomphalaria glabrata, caramujo hospedeiro do Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose (Ré, 1987; Alonso, 2004). O óleo essencial obtido das folhas demonstrou efeitos antiparasitários in vitro, principalmente contra piolhos e ácaros na medicina veterinária (Alonso, 2004). Estudos em ratos com úlceras gástricas induzidas por etanol evidenciaram atividade protetora da mucosa gástrica quando tratados tanto com o extrato aquoso e metanólico quanto o óleo essencial das sementes (Alonso, 2004). Em um estudo sobre absorção alcoólica com cobaias, Yoshikawa (2000) concluiu que sete sesquiterpenos ativos da planta apresentaram atividade inibitória da absorção do álcool pelo organismo, atribuindo potente ação preventiva sobre intoxicação alcoólica aguda. A planta possui atividade anticonvulsivante comprovada em estudos com ratos, prevenindo convulsões tônicas induzidas por eletrochoque e por pentilenetetrazol, atribuída a compostos como metileugenol, eugenol e pineno. Em doses anticonvulsivantes, produziu sedação e comprometimento motor, corroborando seu uso na medicina popular iraniana como antiepilética. Os autores colocam, no entanto, a necessidade de mais estudos antes de conclusões absolutas (Sayyah, et al., 2002).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É uma espécie com potencial alergênico na pele devido a presença de lactonas sesquiterpênicas, monoterpenos monocíclicos (limoneno, felandreno) e bicíclicos (pineno), os quais podem provocar desde dermatite de contato (Adisen & Onder, 2007; Ozden, et al., 2001) até fotossensibilização. Em altas doses ou com uso muito frequente, pode causar gastrite e úlceras na mucosa digestiva, devido às lactonas e taninos. No entanto, é considerada uma planta segura para uso medicinal em humanos nos EUA e Espanha (Alonso, 2004).

Contra-indicações: Contra-indicada na gravidez (abortiva), lactação, em crianças menores de 6 anos, gastrite, úlceras gástrica ou duodenal, colite ulcerativa, doença de Chron, hepatopatias, epilepsia e doença de Parkinson (Alonso, 2004, citando Arteche Garcia A. et al., 1998).

Posologia e modo de uso: Infusão: 1 colher (sobremesa) de folhas picadas para 1 xícara de água fervente. Tomar 1 xícara antes das refeições.
Decocção para uso externo: 5 colheres (sopa) de folhas picadas em 1 litro de água. Ferver por 10 minutos; é indicado banho de imersão por 15 minutos como antisséptico para a pele, como relaxante muscular contra mau cheiro dos pés e no combate a fungos, parasitos e suor.

Observações: Na antiguidade, os gregos consideravam esta planta muito nobre, de tal forma que coroavam seus heróis com suas folhas e ramos. As expressões “laureado” = premiado e “os louros da vitória” são usadas em alusão a esta planta: Laurus nobilis.

Referências: 

Chen, Hongqiang; Xie, Chunfeng; Wang, Hao; Jin, Da-Qing; Li, Shen; Wang, Meicheng; Ren, Quanhui; Xu, Jing; Ohizumi, Yasushi; Guo, Yuanqiang – Sesquiterpenes Inhibiting the Microglial Activation from Laurus nobilis. Journal of Agricultural and Food Chemistry (2014), 62(20), 4784-4788. | – Acesso 14 Jul 2014.

ADISEN, E. e ONDER, M. Allergic contact dermatitis from Laurus nobilis oil induced by massage. Contact Dermatitis. 2007 Jun;56(6):360-1.

ALONSO, Jorge. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos – 1. ed.; Argentina, Rosario. Corpus Libros, 2004. Pp. 665-667.

DI STASI, Luiz Claudio., HIRUMA-LIMA, Clélia Akiko; colaboradores Alba Regina Monteiro Souza-Brito, Alexandre Mariot, Claudenice Moreira dos Santos. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. 2. ed. rev. e ampl. – São Paulo: Editora UNESP, 2002. Pp. 107-108.

DRESCHER, Lírio (coordenador). Herbanário da Terra – Plantas e Receitas. – 1. ed. 2001. Pp. 86.

LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. – 1. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. Pp. 267.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa/SP: Instituto Plantarum, 2008.

OZDEN, MG., OZTAS, P., OZTAS, MO., ONDER, M. Allergic contact dermatitis from Laurus nobilis (laurel) oil. Contact Dermatitis. 2001 Sep;45(3):178.

RE, Liliane and KAWANO, Toshie. Effects of Laurus nobilis (Lauraceae) on Biomphalaria glabrata (Say, 1818). Mem. Inst. Oswaldo Cruz [online]. 1987, vol.82, suppl.4, pp. 315-320. Acessado em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0074-02761987000800060&script=sci_arttext

SAYYAH, M., VALIZADEH, J. And KAMALINEJAD, M. Anticonvulsant activity of the leaf essential oil of Laurus nobilis against pentylenetetrazole- and maximal electroshock-induced seizures. Phytomedicine Volume 9, Issue 3, 2002, Pages 212-216. Acessado em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S094471130470104X

STUART, Malcolm. Enciclopedia de Hierbas y Herboristería. Ediciones Omega, S. A., Barcelona, 1981. Pp. 211.

YOSHIKAWA, M., SHIMODA, H., UEMURA, T., MORIKAWA, T., KAWAHARA, Y., MATSUDA, H. Alcohol absorption inhibitors from bay leaf (Laurus nobilis): structure-requirements of sesquiterpenes for the activity. Bioorganic & Medicinal Chemistry Volume 8, Issue 8, August 2000, Pages 2071-2077. Acessado em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0968089600001279 Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 04 Jul 2011

http://www.tropicos.org/Name/17804359 – Acesso 14 Jul 2014.

Tags: Abortivoanti-hipertisivoAnti-parasitáriaAnticonvulsivaAntissépticaAsteniaCólicaCondimentoDispepsiaDores reumáticasEméticaFlatulênciaGripeHemorróidaMialgias

HORTELÃ

11/02/2020 21:46

Mentha piperita  L.

Lamiaceae (Labiatae)


Nomes populares: Hortelã-pimenta, hortelã roxa, menta.

Origem ou Habitat: A Mentha piperita é um híbrido cultivado pela primeira vez na Inglaterra do sec. XVII.

Características botânicas: Erva perene de 0,3 – 0,6m de altura, pubescente, caule quadrangular, avermelhado. Folhas com 1 – 5cm de comprimento, 0,5 – 3cm de largura, opostas, simples, curtamente pecioladas, elípticas e lanceoladas, acuminadas, margens serradas, pilosas. Possui inflorescência do tipo glomérulo, separados uns dos outros, formando espigas no ápice dos ramos. Flores brancas e violáceas.

Partes usadas: Folhas e inflorescência.

Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha o infuso, preparado com as partes aéreas, é empregado internamente para anemia, cólica menstrual, diarréia, como calmante e para combater vermes, sendo que neste último caso, é preparado com leite. Segundo a literatura a hortelã é empregada internamente no tratamento de sintomas de problemas digestivos, tais como meteorismo epigástrico, digestão lenta, eructação e flatulência. Emprega-se também em resfriados e para dores de cabeça e musculares. Externamente, em ferimentos e contusões na pele, bem como em bochechos nas dores de dente, garganta, em inflamações da boca, gengiva e dor de dente.

Informações científicas: 👥(HU):  Uma revisão sistemática indica o uso de M. piperita na dispepsia não-ulcerosa (Thompson Coon, 2002) , enquanto outra revisão sistemática recomenda o uso do óleo essencial de Mentha para a síndrome do colon irritável (Ruepert, 2011).

Observação do uso clínico em Florianópolis: O uso da infusão preparada com as folhas da espécie M. piperita tem boa resposta para aliviar sintomas de gripes e resfriados, dores de garganta e dores abdominais. É utilizada na forma de inalação (da infusão ou de seu óleo essencial), assim como é feito uso tópico da infusão nas têmporas para dores de cabeça. Já a espécie M. crispa pode ser indicada em casos de infestação por Ameba e Giárdia.

Cuidados no uso desta espécie: Esta espécie pode apresentar interações com medicamentos para anemia, felodipino, sinvastatina, ciclosporina. Evitar o uso interno em gestantes, lactantes e em crianças menores de 04 anos. O uso da tintura ou do óleo essencial das espécies de Mentha é contraindicado para pessoas com cálculos biliares e obstrução dos ductos biliares, danos hepáticos severos e durante a lactação (ANVISA, 2018). Não se recomenda o uso tópico nasal de formulações contendo mentol em crianças, devido ao risco de espasmos da glote após sua aplicação e até mesmo colapso instantâneo seguido de aplicação local de mentol.

Posologia e modo de uso: 

🍵Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Tintura: Utilizar 20 gramas das folhas rasuradas para 100 ml de álcool etílico 70% e armazenar em vidro escuro protegido da umidade e da luz. Tomar 2 a 3 ml da tintura, diluídos em 50 ml de água, duas a três vezes ao dia. A indicação dessa tintura é como auxiliar no alívio dos sintomas dispépticos e como antiflatulento (ANVISA, 2018).

Observações: Existem outras espécies de mentha utilazadas como remédio, a hortelã de “cabo” branco – Mentha rotundifolia e a hortelã de “cabo” roxo Mentha sp. são comuns na ilha de Santa Catarina. A hortelã referida nos usos populares pode ser outra espécie que não a Mentha piperita.

Composição química: As hortelãs possuem um teor variável de óleo essencial 0,5 – 4%), em função da idade do vegetal, época do ano, tipo de solo, luminosidade, umidade, etc., sendo que um teor mínimo de 1,2% é exigido para fins medicinais . Todas contém um óleo essencial rico em mentol.

  • Óleo essencial: Mentol, mentona, pulegona (a partir desse se obtem no processo de extração o mentofurano que é toxico), dentre outros.
  • Flavonóides: Narirutina, hesperidina, luteolina-7-O-rutinosideo, isorgoifolina, diosmina, 5,7-di-hidroxicromona-7 O-rutinosideo e eriocitrina.
  • Ácidos fenólicos: Ácido rosmarinico, ácido cinâmico, dentre outros.

Referências: 

1. FARIAS, M.R., et al. Plantas medicinais na ilha de Santa Catarina: Grupo de Estudos em Fitoterapia, Florianópolis: UFSC/P.M.F., 1996, 111p. (inédito)

2. HOPPE, H. A. Taschenbuch der Drogenkunde. Berlin: Walter de Gruyter, 1981.

3. MATOS, F.J.A. Farmácias Vivas: Sistemas de Utilização de Plantas Medicinais Projetado para Pequenas Comunidades. Fortaleza: EUFC, 1994.

4. REYNOLDS, J.E.F. (Ed.) Martindale The Extra Pharmacopoeia. 30.ed. London: The Pharmaceutical Press, 1993.

5. RITA, Paul & Datta, Animesh. An updated overview on peppermint (Mentha piperita L.). Int. Res. J. Pharm. Ago. 2011. cap2.pg. 1-10.

6. SIMÕES, C.M.O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986.

7. SHRIVASTAVA, Alankar. A review on peppermint oil. Asian Journal of Pharmaceutical and Clinical Research.Volume 2, Issue 2, April- June, 2009 pg.27-33.

8. VERMA. Ram & Rahman et al. Essential Oil Composition of Menthol Mint (Mentha arvensis L.) and Peppermint (Mentha piperita L.) Cultivars at Different Stages of Plant Growth from Kumaon Region of Western Himalaya. Open Access Journal of Medicinal and Aromatic Plants. Jan. 2010; Vol. 1, pg: 13-18.

9. Rachitha P, Krupashree K, Jayashree G V, Gopalan N, Khanum F. Growth inhibition and morphological alteration of Fusarium sporotrichioides by Mentha piperita essential oil. Phcog Res. Fev. 2017; vol.9, pg:74-79.

10. Thompson Coon J, Ernst E. Systematic review: herbal medicinal products for non-ulcerdyspepsia. Alimentary. Pharmacology and Therapeutics 2002; 16(10): 1689-1699. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1046/j.1365-2036.2002.01339.x?sid=nlm%3Apubmed

11. Ruepert L., et al., Bulking agents, antispasmodics and antidepressants for the treatment of irritable bowel syndrome. Cochrane Database of Systematic Reviews 2011, Issue 8. Art. No.: CD003460. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8745618/

12. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira Primeiro suplemento. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2018. Página 62

Tags: AnemiaCalmanteCefaléiaCólicaDiarreiasFlatulênciaVermífuga

GENGIBRE

09/02/2020 21:57

Zingiber officinale   Roscoe.

Zingiberaceae 


SinonímiasAmomum zingiber L., Zingiber aromaticum Noronha, Zingiber majus Rumph., Curcuma longifolia Wall.

Nomes populares: Gengibre, jengibre(Espanha), mangarataia.

Origem ou Habitat: Ásia.

Características botânicas: Segundo a descrição de LORENZI & MATOS, é uma erva rizomatosa, perene, ereta, com cerca de 60-120 cm de altura. Folhas simples, lanceoladas, invaginantes, de 15-30 cm de comprimento. Flores estéreis, verdosas ou branco-amareladas com manchas púrpuras dispostas em espigas radicais de até 7 cm de largura. Rizoma ramificado, de cheiro e sabor picante, agradável.

Partes usadas: Rizomas.

Uso popular: Tradicionalmente o gengibre é utilizado para tratar afecções intestinais, especialmente os problemas digestivos, com indicação nos casos de dispepsias e como carminativo nas cólicas flatulentas. Possui ação antimicrobiana local, combatendo a rouquidão e a inflamação da garganta, além de gripes, resfriados e sinusite. O gengibre é um dos melhores remédios para combater as náuseas (enjoos de viagem, enjoos produzidos pelo tratamento com quimioterapia, enjoos de gravidez, enjoos pós-operatório, etc.). É usado em casos de úlceras e diarreia. Tem ainda ação anti-inflamatória, anti-reumática, antiviral, antitussígena, anti-trombose, cardiotônica, colagogo, antialérgica e protetora do estômago. É amplamente usado na cozinha, em suas diferentes formas: gengibre fresco, gengibre caramelizado, gengibre em conserva em xarope de açúcar, gengibre curtido no vinagre, em pó e seco.

Informações científicas: 👥(HU): O gengibre pode ser útil no enjoo da gravidez (Matthews, 2015), e pós operatório (Chanaiyakunapruk, 2006). Há limitada evidência de melhora no quadro de diabetes tipo II (Mahluji et al., 2013; Shidfar et al., 2015), bem como sobre seu efeito na obesidade.

Observação do uso clínico em Florianópolis: O uso interno da infusão preparada com os rizomas do gengibre apresenta boa resposta em sintomas de gripes, resfriados, casos de cinetose, enjoos e vômito devido à quimioterapia. O uso externo da decocção é usado em compressas locais no pescoço em casos de afonia, rouquidão e dores musculares e articulares.

Cuidados no uso desta espécie: O uso do gengibre pode provocar interações com várias classes de medicamentos (anticoagulante, antidiabética e anti-hipertensão arterial). Devido a atividade cardiotônica e anti-agregante plaquetária (in vitro) e hipoglicemiante (in vivo) do gengibre, é recomendado não administrar altas doses porque pode interferir com a medicação de base em pacientes com insuficiência cardíaca, coagulopatias e diabetes (Newall C. et al., 1996 apud Alonso, J., 2004). Em ensaios feitos em animais, os extratos de gengibre aumentaram a absorção de sulfaguanidina ao redor de 150% comparado a grupos controle (Sakai K. et al., 1987 apud Alonso, J., 2004).

Durante a gravidez e lactação utilizar no máximo 1 (um) grama por dia. Não usar gengibre fresco em casos de aftas. Não utilizar gengibre em caso de cálculos biliares, gastrite e hipertensão arterial. Em relação à tintura, não usar em gestantes, lactantes, alcoolistas e diabéticos, em função do teor alcoólico na formulação. Não usar em caso de tratamento com anticoagulantes, pois pode exacerbar seu efeito (Anvisa, 2018).

O gengibre é inócuo nas doses recomendadas. Não tomar doses diárias de extratos do pó superiores a 2g. Doses superiores a 6g diárias podem produzir úlceras ou gastrites.

Posologia e modo de uso: 

🍵 Uso interno: Chá preparado por decocção de até 50g dos rizomas em 2 litros de água. Após esfriar, ingerir uma xícara até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Uso externo: Compressa da decocção preparada com os rizomas, em casos de dores musculares e contusões.

Tintura: Utilizar 20 gramas dos rizomas para 100 ml de álcool etílico 70% e armazenar em vidro escuro protegido da umidade e da luz. Tomar 2,5 mL da tintura, diluídos em 50 mL de água, uma a três vezes ao dia. A indicação dessa tintura é como antiemético e nos casos de cinetose (Shidfar et al., 2015)

OBS: Não usar a tintura em gestantes, lactantes, alcoolistas e diabéticos, em função do teor alcoólico na formulação.

Composição química: Óleo essencial (0,5-3%): composto por monoterpenos: canfeno (8%), alfa-pineno (2,5%), cineol, citral, borneol, mirceno, limoneno, felandreno; composto por sesquiterpenos: A-anforfeno, B-cariofileno, B-elemeno, B-ilangeno, calemeneno, capaeno, ciclo-copacanfeno, ciclosafireno, cis-G-bisaboleno, selina-zonareno, germacraneno B, sesquifelandreno, trans-B-farneseno, zingibereno, bisaboleno; álcoois sesquiterpênicos: necrolidol, elemol, bisabolol, sesquisabineno, trans-B-sesquifelandrol, zingiberenol, B-eudesmol; Outros: hidrocarbonetos (undecano, hexadecano, dodecano, folueno, p-cimeno, etc.), álcoois alifáticos: (2-butanol, 2-heptanol, 2-nonanol), aldeídos alifáticos (butanal, 2-metil-butanal, 3-metil-butanal, pentanal), cetonas (acetona, 2-hexanona, 2-novanona, heptanona, criptona, carvatanacetona, metil-heptanona), aldeídos monoterpênicos (citronelal, mistenal, felandral, neral, geranial).

Compostos picantes presentes na fração resinosa (5-8%): gingerdióis e gingeróis: 6-8-10- gingerol (raiz fresca) e por dessecação: zingerona, zingibereno, 6-8-10- sogaol, fenilfalcanonas, gingerenonas A,C, isogingerenona B, gingerdiona e 1-dihidrogingerdiona. Outros: amido (60%), ácido fosfatídico, lecitina, proteínas, vitaminas e minerais.

-Óleo essencial:

  • Monoterpenos: Canfeno, cineol, citral, felandreno, dentre outros.
  • Sesquiterpenos: Sesquifelandreno, trans-B-farneseno, bisaboleno, zingibereno, dentre outros.
  • Gingeróis: 6-8-10- gingerol (raiz fresca), 6-8-10- Shogaol, zingerona, gingerdiona(dessecação), dentre outros.
  • Diarileptanóides: Gingerenonas A, B e C (dessecação)
  • Monoacil digalactosil gliceróis:Gingerglicolipideos A, B e C.
  • Aldeídos monoterpênicos: Citronelal, neral, geraniale, dentre outros.

Observações: O rizoma de gengibre encontra-se registrado pelo FDA norte-americana e o Council of Europe como suplemento dietético e droga anti-nauseosa. O gengibre cru, em forma de extrato fluido ou como óleo-resina é considerado oficinal pela United States Pharmacopeia (USP) e pelo National Formulary, tendo indicações como carminativo, aromático e estimulante. A Comissão “E” de Monografias da Alemanha inclui o uso do gengibre em casos de dispepsias e na profilaxia de enjoos e náuseas de viagem. A ESCOP da Europa indica o uso preventivo do gengibre em casos de náuseas, vômitos e como medicação antiemética pós-cirúrgica. Os Ministérios da Saúde de Bolívia, Brasil, Colômbia e Cuba reconhecem o rizoma de gengibre para uso medicinal humano. O rizoma do gengibre encontra-se incorporado nas seguintes Farmacopeias: Argentina, Áustria, Austrália, Bélgica, Brasil, China, Korea, Egito, Filipinas, França, Gran Bretanha, Holanda, Índia, Japão, Suíça e Vietnam.

Referências: 
1. ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

2. ALSHERBINY, Muhammad A. et al. Ameliorative and protective effects of ginger and its main constituents against natural, chemical and radiation-induced toxicities: A comprehensive review. Food And Chemical Toxicology, [s.l.], v. 123, p.72-97, jan. 2019.

3. GHOSH, A.k. et al. ZINGIBER OFFICINALE: A NATURAL GOLD. International Journal Of Pharma & Bio Sciences, East Sikkim, v. 2, n. 1, p.283-294, jan. 2011.

4. LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

5. MAHBOUBI, Mohaddese. Zingiber officinale Rosc. essential oil, a review on its composition and bioactivity. Clinical Phytoscience, [s.l.], v. 5, n. 1, p.1-12, 15 jan. 2019.

6. http://www.botanical-online.com/medicinalsgengibre.htm – acesso em 16 de setembro de 2012.

7. http://www.sabetudo.net/ch-de-gengibre.html – foto2- acesso em 16 de setembro de 2012.

8. http://sinuhesilvavieira.blogspot.com.br/2012/05/gengibre-para-que-serve.html – foto3 – acesso em 16 de setembro de 2012.

9. http://www.tropicos.org/Name/34500018?tab=synonyms – foto1- – acesso em 16 de setembro de 2012.

10. MATTHEWS A., Interventions for nausea and vomiting in early pregnancy. CochraneDatabas e of Systematic Reviews 2015, Issue 9. Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD007575.pub4/full

11. CHANAIYAKUNAPRUK N., The efficacy of ginger for the prevention of post-operative nausea and vomiting: a meta-analysis. American Journal of Obstetrics and Gynecology 2006; 194(1): 95-99. Disponível em: https://www.ajog.org/article/S0002-9378(05)00891-4/fulltext

12. MAHLUJI, S., et al., Effects of ginger (Zingiber officinale) on plasma glucose level, HbA1c and insulin sensitivity in type 2 diabeticpatients.International JournalOf FoodSciencesAndNutrition,[s.l.], v. 64, n. 6, p.682-686, 18 mar. 2013. InformaUKLimited. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.3109/09637486.2013.775223?journalCode=iijf20

13. SHIDFAR, F. et al., The effect of ginger (Zingiber officinale) on glycemic markers in patients with type 2 diabetes. Journal of Complementary and Integrative Medicine, [s.l.], v. 12, n. 2, p.165-170, 1 jan. 2015. Walter de Gruyter GmbH. Disponível em: https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/jcim-2014-0021/html

14. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira Primeiro suplemento. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2018. Página 95.

Tags: AfecçõesAnti-inflamatórioAnti-reumáticoAntialérgicaAntimicrobianoCardiotônicaCarminativaColagogoCólicaDiarreiasDispepsiaGripeNáuseaResfriadoÚlceras

FOLHA-DA-FORTUNA

20/01/2020 22:30

Bryophyllum pinnatum  (Lam.) Oken.

Crassulaceae 


Sinonímias: Bryophyllum calycinum Salisb, Cotyledon pinnata Lam., Bryophyllum pinnatum (Lam.)Kurz., Kalanchoe pinnata (Lam.)Pers., Crassula pinnata L.

Nomes populares:  Folha-gorda, erva-da-costa, sempre-viva, planta-do-amor, coirama, courama, courama-vermelha, folha-da-fortuna, fortuna, folha-grossa, folha-de-pirarucu, diabinho, folha-da-vida, fortuna-milagre-de-são-joaquim, folha-do-ar, saião(BR), leaf of life (Jamaica, Madagascar), cathedral bells, air-plant, curtain-plant, floppers, good-luck-leaf, life-plant, mexican love-plant, miracle-leaf (INGLÊS, EEUU).

Origem ou Habitat: África Tropical (Ilha de Madagascar), e amplamente distribuída em América Tropical, Índia, China e Austrália.

Características botânicas:  Herbácea perene, pouco ramificada que mede de 1 a 1,5 metros de altura e a haste é oca e tubular. As folhas são opostas, pinado-compostas, suculentas, margem crenada, medindo de 10-30 cm de comprimento. Os folíolos são oblongos, ovalados ou elípticos; panículas de 10-40 cm; cálice inchado de 3,0 a 3,5 cm e corola rósea ou arroxeada de até 7 cm. O fruto tem 4 folículos.

Partes usadas: Folhas.

Uso popular:  Na medicina caseira é usado no tratamento local de furúnculos e por via oral, na preparação de xaropes para a tosse.

Usos etno-medicinais: na região do Caribe, onde é conhecida por folha-da-vida, é usada para tratar edemas, abcessos, picadas de insetos e contusões, problemas pulmonares, dor de cabeça, resfriado, tosse, hipertensão, falta de ar, asma e problemas menstruais.

Em um trabalho de pesquisa bibliográfica da 3a. fase do curso de medicina da UFSC, foram apresentadas as seguintes indicações de uso popular: Infecção pulmonar, erisipela, queimaduras, feridas, úlceras de pele, verrugas, azia, gastrite, úlceras, dores de cabeça, disenteria e diarreia, cólicas e distúrbios menstruais;

Equilibrar o diabetes; eliminar ou reduzir cálculos renais; inflamações em geral; febre; hematomas internos e ossos quebrados; epilepsia; dores de dente e de ouvido; infecções oculares e conjuntivite; flatulência e gases; distúrbios linfáticos;

Artrite; linfomas; uretrites; insuficiência renal ou pedra nos rins; prisão de ventre; pé de atleta; tosses intermitentes; tuberculose, gripes e resfriados;

Nervosismo, ansiedade e depressão; nefrites; náuseas e muitas outras indicações.

Composição química:  Compostos fenólicos, flavonóides, ácidos orgânicos, mucilagem, cálcio e cloro, bufadienólidos (briofilinas A,B e C), N-triacontano, patuletina, ácidos graxos.

  • Bufadienolideos: Briofilina A (briotoxina C), briofilina B, briofilina C, briofilol, bersaldegenina-1,3,5-ortoacetato, dentre outros.
  • Flavonóides: Glicosídeos de quercetina e canferol, quercitrina, afzelina, acacetina, rutina, luteolina, dentre outros.
  • Ácidos fenólicos: Ácido gálico, ácido cafeico e ácido ferúlico.
  • Triterpenos: α –amirina, briofolona, briofinol, dentre outros.
  • Lignanas: Briofilusideo
  • Ácidos simples: Ácido málico, ácido oxálico, ácido cítrico, dentre outros.
  • Ácidos graxos: Ácido palmítico, ácido esteárico, ácido araquídico e ácido bekênico.
  • Esteroides: β-sitosterol, briofilol, estigmast-24-enol, dentre outros.

Ações farmacológicas: Foram observadas as atividades anti-inflamatória, cicatrizante, antialérgica, antiúlcera e imunossupressiva.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em vários testes com animais não foi demonstrado toxicidade. A dose letal aplicada aos animais foi muito alta e por via intra-peritonial.

Contra-indicações:  Grávidas e lactantes deverão abster-se de seu uso até melhores esclarecimentos de sua inocuidade.

Posologia e modo de uso: Para tratar edemas, abcessos, picada de insetos e contusões: por aquecimento da folha e aplicar na área afetada.

O sumo extraído da folha pode ser misturado com mel e consumido como remédio para problemas pulmonares e para dor de cabeça.

O suco é usado para tratar resfriado, tosse, hipertensão.

O chá por infusão é usado para falta de ar, asma e problemas menstruais.

Dose: 30-40 g/l (não ultrapassar a 5%).

Observações: Recomenda-se não empregar extratos desta planta por mais de 15 dias consecutivos.

 

Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

Braz, D.C.; Oliveira, L.R.S.; Viana, A.F.S.C.- Atividade antiulcerogênica do extrato aquoso da Bryophyllum pinnatum (Lam.) Kurz – Rev. bras. plantas med. vol.15 no.1 Botucatu, SP, 2013.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 1.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

Kamboj A, Saluja AK Bryophyllum pinnatum (Lam.) Kurz :. perfil fitoquímico e farmacológico: uma revisão. Phcog Rev [periódico online] 2009 [citado em 07 março 2014]; 3:364-74. Disponível em: http://www.phcogrev.com/text.asp?2009/3/6/364/59536

KHOOSHBU, Pasha; ANSARI, Imtiyaz. A pharmacognostical and pharmacological review on bryophyllum pinnatum (panphuti). Asian Journal Of Pharmaceutical And Clinical Research, [s.l.], v. 12, n. 1, p.34-39, 7 jan. 2019.

THORAT, Sheela S et al. A REVIEW ON BRYOPHYLLUM PINNATUM. International Research Journal Of Pharmacy, [s.l.], v. 8, n. 12, p.1-3, 22 jan. 2018.

FURER, Karin et al. Bryophyllum pinnatum and Related Species Used in Anthroposophic Medicine: Constituents, Pharmacological Activities, and Clinical Efficacy. Planta Medica, [s.l.], v. 82, n. 11/12, p.930-941, 24 maio 2016.

http://www.tropicos.org/Name/8902864?tab=synonyms – acesso 06 março 2014.

Tags: AbcessoAnti-inflamatórioAsmaAziaCefaléiaCólicaDiarreiasDisenteriaEdemaErisipelaFeridasGastriteHipertensãoQueimaduraResfriadoTosse

ERVA-DOS-GATOS

19/01/2020 22:54

Nepeta cataria  L.

Lamiaceae (Labiatae) 


Sinonímias: Calamintha albiflora Vaniot, Nepeta bodinieri Vaniot, Cataria vulgaris (L.) Gaterau, Glechoma cataria (L.) Kuntze.

Nomes populares:  Erva-dos-gatos, erva-gato, erva-gateira, catária, nêveda, nêveda-dos-gatos, erva-cidreira-do-cabo-branco, cat-mint (English, United States), catnip (English, Canada).

Origem ou Habitat: Originária da Europa e Ásia e introduzida em zonas temperadas.

Características botânicas:  Planta herbácea, perene, de odor intenso, ramificada, pubescente, ereta, de 40 cm a 1 m de altura. Folhas de 3-7 cm de comprimento, serradas, de cor verde-cinza e esbranquiçada na parte inferior, ovadas ou oblongas, pecioladas. Flores brancas, com manchas púrpuras, de 6 mm de comprimento, em densos verticilos terminais e em verticilos axilares espiciformes. Propaga-se por estaquia ou dividindo a raiz.

Partes usadas: Partes aéreas.

Uso popular:  Indicada o uso das partes aéreas da planta em casos de ansiedade, insônia, cãibras, cólicas intestinais, problemas respiratórios (tosse e bronquites) e ginecológicos (Cunha, et al., 2003). O chá é particularmente eficaz em cólicas intestinais e diarreias infantis e útil no tratamento de resfriados, irritabilidade e para menstruação atrasada. Externamente, pode ser aplicada sobre cortes e contusões (Stuart, 1981).

Composição química:  Óleo essencial (0,3 a 1%) contendo alfa-nepetalactona e beta-nepetalactona (70 a 90%), cariofileno, cânfora, humuleno, carvacrol, timol, pulegona (Cunha, et al., 2003), nepetol, ácido nepetálico (Stuart, 1981). Possui flavonoides livres e combinados e iridoides não voláteis (actinidina), saponinas, taninos e ácidos fenólicos (Cunha, et al., 2003). Foram também identificados em seu óleo essencial: 1,8-cineol (21,00%), alfa-humuleno (14,44%), alfa-pineno (10,43%) e acetato de geranil (8,21%) (Gilani, et al., 2009). Daucosterol (beta-sitosterol 3-O-beta-D-glucosideo), junto com pequenas quantidades de beta-sitosterol, campesterol, alpha-amirina and beta-amirina também foram isolados (Klimek, et al., 2005).

Ações farmacológicas: Antiespasmódica, antidiarreica, carminativa, estomáquica, emenagoga suave (Stuart, 1981). Possui ação sedativa ligeira atribuída às nepetalactonas e à actinidina e também conta com propriedades antipiréticas, diaforéticas e diuréticas (Cunha, et al., 2003) e broncodilatadora (Gilani, et al., 2009). O óleo essencial possui propriedades repelentes de insetos (contra mosca doméstica e baratas), e em estudos comparativos mostrou-se tão boa quanto ou até melhor que DEET (repelente químico) e citronelal (Schultz, et al., 2004).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não são conhecidos efeitos tóxicos, porém seu uso não é recomendado na gestação (Cunha, et al., 2003). Considerada um alucinógeno suave se fumada (Stuart, 1981), com efeitos semelhantes, porém mais leves, que o da Cannabis sp. (Grognet, 1990).

Contra-indicações:  Seu uso não é recomendado na gestação.

Posologia e modo de uso: Infusão das folhas, de 2 a 3 vezes por dia (Cunha, et al., 2003).

Observações: A planta recebe estes nomes populares devido a atração que gera em gatos e outros felinos. Costuma-se esfregar brinquedos com esta planta para apresentá-los aos gatos..

 

Referências:
CUNHA, A. P., SILVA, A. P., ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 5-204.

GILANI, A. H., et al. Chemical composition and mechanisms underlying the spasmolytic and bronchodilatory properties of the essential oil of Nepeta cataria L. Journal of Ethnopharmacology, [S. I.], v. 121, n. 3, p. 11-405, 30 Jan. 2009.

GROGNET, J. Catnip: Its uses and effects, past and present. Canadian Veterinary Journal, v. 31, n. 6, p. 455–456, June 1990. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1480656/pdf/canvetj00079-0049.pdf – Acesso em: 2 julho de 2012.

KLIMEK, B.; MODNICKI, D. Terpenoids and sterols from Nepeta cataria L. var. citriodora (Lamiaceae). Acta Pol Pharm. [S. I], v. 62, n. 3, p.5-231, 2005.

SCHULTZ, G. et al.Nepeta cataria (Lamiales: Lamiaceae)—A Closer Look: Seasonal Occurrence of Nepetalactone Isomers and Comparative Repellency of Three Terpenoids to Insects. Environmental Entomology, [S. I], v. 33, n. 6, December 2004, p. 1562-1569.

STUART, M. Enciclopedia de Hierbas y Herboristería. Barcelona: Ediciones Omega, S. A., 1981. p. 228.

www.tropicos.org – Acesso em: 01 de junho de 2011.

Tags: AnsiedadeBronquiteCãibraCólicaInsôniaResfriadoTosse

ERVA-DOCE

10/01/2020 15:41

Pimpinella anisum   L.

Apiaceae  


Sinonímias: Anisum graveolens (L.) Crantz , Carum anisum (L.) Baill., Selinum anisum (L.) EHL Krause, Sison anisum (L.) Spreng., Tragium anisum (L.) Link.

Nomes populares:  Anis, anis-verde, erva-doce, pimpinela-branca.

Origem ou Habitat: É natural da Ásia e cultivada no Brasil, especialmente no Sul.

Características botânicas:  Erva aromática anual, ereta, de até 50 cm de altura. Folhas compostas de várias formas, fendidas. Flores brancas, dispostas em umbelas. Os frutos são aquênios, de sabor adocicado e cheiro forte.

Partes usadas: Frutos e sementes.

Uso popular:  Muito utilizada contra resfriado, tosse, bronquite, febre, cólicas, inflamações orofaríngeas, má digestão, flatulência, dispepsia, eructação, dor decorrente de transtornos digestivos funcionais, perda do apetite, para combater cólicas e dores de cabeça e como repelente de insetos, além de ser aromática e condimentar. Também pode ser utilizada em parasitoses intestinais leves, e menos frequentemente para promover a lactação, a menstruação, facilitar o parto, incrementar a libido e atenuar os sintomas do climatério. Uso pediátrico por via inalatória para hipersecreção brônquica. Externamente na pediculose, escabiose e em micoses cutâneas como pitiríase, candidíase e pé de atleta.

Composição química:  Óleo essencial (anetol 90-95%), álcoois, cetonas, hidrocarbonetos terpênicos, proteínas, carboidratos, glicosídeos, ácidos málico, cafeico e clorogênico, cumarinas, flavonóides, esteróides , acetilcolina (e seu precursor, colina),6 eugenol, pseudoisoeugenol, metilchavicol, anisaldeídos, scopoletin, umbelliferon, polienos e poliacetilenos.5 À exposição do óleo à luz solar ocorre a formação de dianetol (que possui ação estrogênica) e isoanetol (com ação tóxica).

Ações farmacológicas: Digestiva, carminativa, espasmolítica, expectorante, galactogoga, antifúngica, antiséptica, antiviral,6 antioxidante,5 estrogênica,³ mucolítica4 e sedativa, além de favorecer a absorção de ferro.¹ Tem uma moderada ação anti-helmíntica.7 Os componentes químicos eugenol e estragol têm ação anestésica, hipotérmica, relaxante muscular e anticonvulsivante.

Interações medicamentosas: Altas doses podem interferir com drogas anticoagulantes ou com inibidores da MAO (monoaminooxidase).¹ Os efeitos estrogênicos podem interferir com hormonioterapia de reposição e pílulas anticoncepcionais (apenas evidenciado em altas doses).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Altas doses ( de oleo essencial?))podem causar quadro alucinógeno ou neurotóxico (confusão mental, sonolência), podendo em casos extremos levar a paralisia muscular, transtornos respiratórios, convulsões e coma.¹ Reação alérgica ocasional da pele, trato respiratório ou trato gastrointestinal.

Contra-indicações:  O óleo essencial é contra-indicado para uso interno durante a gravidez e o aleitamento, em crianças menores de 6 anos e na presença de problemas crônicos gastrointestinais ou doenças neurológicas,4 em casos de alergia ao anis ou ao anetol² e na presença de tumores hormônio-dependentes.¹ Não se recomenda o uso tópico em pessoas hispersensíveis ou com história de alergias cutâneas.

Posologia e modo de uso: Uso interno – Infusão de uma colher de café dos frutos (vulgarmente conhecidos como sementes) em uma xícara de água fervente. Pode-se beber até 2 xícaras/dia. Nos casos de problemas digestivos ou cólicas, tomar o chá meia hora antes das refeições.6 Uso externo – óleo essencial dilúido a 10% em óleo de amêndoas.

Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 162-166.

BLUMENTHAL, M. (ed.). The Complete German Comission E Monographs: Therapeutic Guide to Herbal Medicines. Austin, Texas: American Botanical Council, 1998. p. 82-83.

BRUNETON, J. Farmacognosia: Fitoquímica, Plantas Medicinales. Trad. Á. V. del Fresno; E. C. Accame; M. R. Lizabe. 2. ed. Zaragoza, Espanha: Acribia, 2001. p. 507-510.

CUNHA, A. P.; SILVA, A. P.; ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 124-125.

GULCIN, I.; OKTAY, M.; KIRECCI, E.; KUFREVIOGLU, O.I. Screening of antioxidant and antimicrobial activities of anise (Pimpinella anisum L.) seed extracts. Food Chemistry, [S. I.], v. 83, n. 3, p. 371-382, 2003.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. p. 484.

ÖZCAN, M. M.; CHALCHAT, J. C. Chemical composition and antifungal effect of anise (Pimpinella anisum L.) fruit oil at ripening stage. Annals of Microbiology, v. 56, n. 4, p. 353-358, Dez. 2006.

Tags: AromáticaBronquiteCólicaCondimentoDispepsiaEructaçãoEscabioseFebreMá digestãoParasitosePediculoseRepelenteResfriadoTosse

ERVA-CIDREIRA

10/01/2020 15:38

Melissa officinalis  L.

Lamiaceae (Labiatae)


Sinonímias: Melissa bicornis Klokov.

Nomes populares:  Erva-cidreira, cidreira, erva-cidreira-verdadeira, melissa, chá-da-frança, limonete, melissa-romana, balm or lemon balm (English), bee balm, sweet balm (English, United States), xiang feng hua (Pinyin, China), etc.

Origem ou Habitat: Europa, norte da África e oeste da Ásia.

Características botânicas:  Erva perene, ereta, de até 80 cm de altura, ramificada desde a base, com ramos quadrangulares, folhas opostas, simples, ovadas, com até 7 cm de comprimento, pilosas, de margem crenada, curto pecioladas, com nervuras salientes na face inferior. Flores brancas e rosadas, dispostas em verticilos axilares, em número de 6 – 12.

OBS.:A Melissa officinalis cultivada no Brasil não floresce, exceto a chamada M. officinalis var. limonete.

Partes usadas: Folhas e ramos.

Uso popular:  As folhas ou ramos de melissa são usadas como sedativo, em dores de cabeça e de dente, em estados gripais (como diaforético e tônico), em palpitações, em distúrbios gastrointestinais e menstruais, bem como em reumatismo.

– Tem ação sobre o sistema nervoso central, agindo como calmante. – Usada contra dor de cabeça causada por nervosismo ou má digestão. – É um ótimo digestivo, pois aumenta a produção de bile e auxilia a eliminação de gases. Tem boa ação em gastrites e diarréias. – Tem ação sobre o vírus do herpes simples, vírus da gripe e da caxumba. – Exerce bons efeitos sobre o hipertireoidismo. – Baixa a pressão arterial, mas não é diurético. – Tem bom efeito em cólicas menstruais.

– Usar o chá externamente para rachaduras das mamas e em picadas de insetos. Outros usos:

– Usada na cozinha européia como tempero ou como aromatizante de doces e licores. – Também usado em perfumaria.

Composição química:  Entre os principais constituintes da melissa encontra-se o óleo essencial composto majoritariamente por monoterpenos, sendo os principais o citronelal e o citral a e b, e sesquiterpenos, dentro os quais o β-cariofileno e germacreno-D. A composição do óleo essencial depende fortemente de diversos fatores, inclusive da procedência e do clima . Além do óleo essencial, a planta contém taninos típicos de Labiatae (derivados do ácido rosmarínico), glicosídeos, flavônicos e ácidos triterpênicos, bem como substâncias amargas.

Óleo essencial:

  • Monoterpenos: Citral, Citronelal, Geraniol, dentre outros.
  • Sesquiterpenos: β-Cubebeno, β-cariofileno, óxido de β-cariofileno, dentre outros.
  • Triterpenos: Ácido ursólico, ácido oleanólico 3β, 16β, 23-trihidroxi-13,28-epoxiurs-11-eno-3- o -β-d-glucopiranósido, dentre outros.
  • Ácidos fenólicos: Ácido rosmarínico, ácido cafeico, ácido protocatecuico, ácido 3-(3,4-di-hidroxifenil)-láctico, dentre outros.
  • Flavonoides: Luteolina, apigenina 7- o -β-D-glucopiranosideo, luteolina 3′- o -β-d-glicuronopiranosideo, hesperidina, luteolina 3′- o -β-D-glicuronídeo, luteolin7- o –glicosídeo, apigenin7- o- glicosídeo, isoquercitrina, naringenina, quercitrina, ramnocitrina, catequina, epi-catequina, rutina, dentre outros.

Ações farmacológicas: Tanto o óleo essencial quanto a planta possuem ações sedativa, espasmolítica e antibacteriana os polifenóis são atribuídas ações colerética e, provavelmente, virustática (vírus Herpes simplex), evidente em extratos aquosos de Melissa officinalis. Ensaios preliminares com extrato aquoso indicaram uma possível ação antiúlcera gástrica.

Interações medicamentosas: Pode potencializar substâncias hipnóticas sedativas.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo essencial de melissa é tóxico podendo causar entorpecimento e diminuição da pulsação.

A absorção de mais de 2g de óleo essencial provoca entorpecimento e sono com diminuição da freqüência respiratória, do ritmo cardíaco e da pressão arterial.

Por sua ação hipnosedante é necessário cuidado ao dirigir, manusear máquinas e exercer funções que exijam atenção.

Contra-indicações:  O óleo essencial não deve ser usado por grávidas e lactantes, e o extrato seco é contraindicado em hipotireoidismo.

Posologia e modo de uso: Para uso interno: Infusão – Uma colher das de sobremesa de folhas (2-3g) para uma xícara de água. Tomar de 3 a 4 xícaras ao dia.

Segundo Agência Européia de Medicina (http://www.ema.europa.eu/ema/):

Na França usa-se cápsula (275 mg de pulverizado de ervas) – Adultos: Dose: 0,275 g 3 vezes por dia – (Dose diária: 0,825 g); adolescentes com mais de 12 anos de idade: dose única: 0,275 mg 2 vezes por dia – (Dose diária: 0,55 g). Tradicionalmente usado em tratamento sintomático de patologias digestivas, tais como: distensão epigástrica, digestão lenta, eructação, flatulência.

Na Alemanha, Chá da erva: Para uma xícara, 1 saquinho de erva (= 1,6 g Melissae Folium) 1-3 vezes por dia. a) para melhora geral de condição mental de estresse, b) para ajudar ao sono c) tratamento sintomático de dispepsias leves, queixas como sensação de plenitude e flatulência.

Na Holanda, recomenda-se ingerir 2 cápsulas contendo 171 mg de extrato seco, três vezes ao dia.

Na Polônia, uso oral; adolescentes com mais de 12 anos de idade e adultos: infusão com 2-3 g em 150 ml de água, até 3 vezes diárias.

Na Espanha, erva em pó, cápsula contendo 275 mg de pulverizado de ervas, adolescentes e adultos: Dose: 0,55 g 3-2 vezes ao dia; (dose diária: 1,1-1,65 g).

No Reino Unido, extrato seco – cápsula contendo 171 mg de extrato seco equivalente a 684-1026 mg de folhas de lemon balm (Melissa officinalis). Adultos e idosos: 2 cápsulas 3 vezes diariamente. O uso em crianças ou adolescentes menores 18 anos não é recomendado.

Referências:
BISSET, N. G. (ed.). Herbal Drugs and Phytopharmaceuticals. 4.ed. Stuttgart: Medpharm, Boca Raton: CRC Press, 1994.

CAMARGO, N. M. C. L.; JORGE, N. J. Melissa officinalis L.: Atividade Antiulcera Gástrica. In: IX REUNIÃO ANUAL DA FEDERAÇÃO DE SOCIEDADES DE BIOLOGIA EXPERIMENTAL, 1994, [S. I.]. Resumos. [S. I.], 1994. p.208.

DELAVEAU,P. et al. Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Lisboa: Lisgrafica, 1983.

http://www.ema.europa.eu/ Acesso 19 Abril 2016.

GIRRE, L. La santé par lês plenes. Rennes: Ed. Quest France, 1992.

HANSEL, R.; HAAS, H. Therapie mit Phytopharma ka. Berlin: Springer, 1984.

SIMÕES, C. M. O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986.

SHAKERI, Abolfazl; SAHEBKAR, Amirhossein; JAVADI, Behjat. Melissa officinalis L. – A review of its traditional uses, phytochemistry and pharmacology. Journal Of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 188, p.204-228, jul. 2016.

VAN HELLEMONT, J. Compendium de phytothérapie. Bruxelles: Association Pharmaceutique Belge, 1986.

POUYANFAR, Elahe et al. Analysis of phytochemical and morphological variability in different wild-and agro-ecotypic populations of Melissa officinalis L. growing in northern habitats of Iran. Industrial Crops And Products, [s.l.], v. 112, p.262-273, fev. 2018.

MORADKHANI, Hojat et al. Melissa officinalis L., a valuable medicine plant: A review. Journal Of Medicinal Plants Research, [s.l.], v. 4, n. 25, p.2753-2759, dez. 2010.

WAGNER, H. Pharmazeutische Biologie 2: Drogen und ihre Inhaltsstoffe. 4.ed. Stuttgart: Gustav Fischer, 1988.

http://www.tropicos.org/Name/17600147 – Acesso em: 27 de março de 2012.

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