ERVA-CIDREIRA

10/01/2020 15:38

Melissa officinalis  L.

Lamiaceae (Labiatae)


Sinonímias: Melissa bicornis Klokov.

Nomes populares:  Erva-cidreira, cidreira, erva-cidreira-verdadeira, melissa, chá-da-frança, limonete, melissa-romana, balm or lemon balm (English), bee balm, sweet balm (English, United States), xiang feng hua (Pinyin, China), etc.

Origem ou Habitat: Europa, norte da África e oeste da Ásia.

Características botânicas:  Erva perene, ereta, de até 80 cm de altura, ramificada desde a base, com ramos quadrangulares, folhas opostas, simples, ovadas, com até 7 cm de comprimento, pilosas, de margem crenada, curto pecioladas, com nervuras salientes na face inferior. Flores brancas e rosadas, dispostas em verticilos axilares, em número de 6 – 12.

OBS.:A Melissa officinalis cultivada no Brasil não floresce, exceto a chamada M. officinalis var. limonete.

Partes usadas: Folhas e ramos.

Uso popular:  As folhas ou ramos de melissa são usadas como sedativo, em dores de cabeça e de dente, em estados gripais (como diaforético e tônico), em palpitações, em distúrbios gastrointestinais e menstruais, bem como em reumatismo.

– Tem ação sobre o sistema nervoso central, agindo como calmante. – Usada contra dor de cabeça causada por nervosismo ou má digestão. – É um ótimo digestivo, pois aumenta a produção de bile e auxilia a eliminação de gases. Tem boa ação em gastrites e diarréias. – Tem ação sobre o vírus do herpes simples, vírus da gripe e da caxumba. – Exerce bons efeitos sobre o hipertireoidismo. – Baixa a pressão arterial, mas não é diurético. – Tem bom efeito em cólicas menstruais.

– Usar o chá externamente para rachaduras das mamas e em picadas de insetos. Outros usos:

– Usada na cozinha européia como tempero ou como aromatizante de doces e licores. – Também usado em perfumaria.

Composição química:  Entre os principais constituintes da melissa encontra-se o óleo essencial composto majoritariamente por monoterpenos, sendo os principais o citronelal e o citral a e b, e sesquiterpenos, dentro os quais o β-cariofileno e germacreno-D. A composição do óleo essencial depende fortemente de diversos fatores, inclusive da procedência e do clima . Além do óleo essencial, a planta contém taninos típicos de Labiatae (derivados do ácido rosmarínico), glicosídeos, flavônicos e ácidos triterpênicos, bem como substâncias amargas.

Óleo essencial:

  • Monoterpenos: Citral, Citronelal, Geraniol, dentre outros.
  • Sesquiterpenos: β-Cubebeno, β-cariofileno, óxido de β-cariofileno, dentre outros.
  • Triterpenos: Ácido ursólico, ácido oleanólico 3β, 16β, 23-trihidroxi-13,28-epoxiurs-11-eno-3- o -β-d-glucopiranósido, dentre outros.
  • Ácidos fenólicos: Ácido rosmarínico, ácido cafeico, ácido protocatecuico, ácido 3-(3,4-di-hidroxifenil)-láctico, dentre outros.
  • Flavonoides: Luteolina, apigenina 7- o -β-D-glucopiranosideo, luteolina 3′- o -β-d-glicuronopiranosideo, hesperidina, luteolina 3′- o -β-D-glicuronídeo, luteolin7- o –glicosídeo, apigenin7- o- glicosídeo, isoquercitrina, naringenina, quercitrina, ramnocitrina, catequina, epi-catequina, rutina, dentre outros.

Ações farmacológicas: Tanto o óleo essencial quanto a planta possuem ações sedativa, espasmolítica e antibacteriana os polifenóis são atribuídas ações colerética e, provavelmente, virustática (vírus Herpes simplex), evidente em extratos aquosos de Melissa officinalis. Ensaios preliminares com extrato aquoso indicaram uma possível ação antiúlcera gástrica.

Interações medicamentosas: Pode potencializar substâncias hipnóticas sedativas.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo essencial de melissa é tóxico podendo causar entorpecimento e diminuição da pulsação.

A absorção de mais de 2g de óleo essencial provoca entorpecimento e sono com diminuição da freqüência respiratória, do ritmo cardíaco e da pressão arterial.

Por sua ação hipnosedante é necessário cuidado ao dirigir, manusear máquinas e exercer funções que exijam atenção.

Contra-indicações:  O óleo essencial não deve ser usado por grávidas e lactantes, e o extrato seco é contraindicado em hipotireoidismo.

Posologia e modo de uso: Para uso interno: Infusão – Uma colher das de sobremesa de folhas (2-3g) para uma xícara de água. Tomar de 3 a 4 xícaras ao dia.

Segundo Agência Européia de Medicina (http://www.ema.europa.eu/ema/):

Na França usa-se cápsula (275 mg de pulverizado de ervas) – Adultos: Dose: 0,275 g 3 vezes por dia – (Dose diária: 0,825 g); adolescentes com mais de 12 anos de idade: dose única: 0,275 mg 2 vezes por dia – (Dose diária: 0,55 g). Tradicionalmente usado em tratamento sintomático de patologias digestivas, tais como: distensão epigástrica, digestão lenta, eructação, flatulência.

Na Alemanha, Chá da erva: Para uma xícara, 1 saquinho de erva (= 1,6 g Melissae Folium) 1-3 vezes por dia. a) para melhora geral de condição mental de estresse, b) para ajudar ao sono c) tratamento sintomático de dispepsias leves, queixas como sensação de plenitude e flatulência.

Na Holanda, recomenda-se ingerir 2 cápsulas contendo 171 mg de extrato seco, três vezes ao dia.

Na Polônia, uso oral; adolescentes com mais de 12 anos de idade e adultos: infusão com 2-3 g em 150 ml de água, até 3 vezes diárias.

Na Espanha, erva em pó, cápsula contendo 275 mg de pulverizado de ervas, adolescentes e adultos: Dose: 0,55 g 3-2 vezes ao dia; (dose diária: 1,1-1,65 g).

No Reino Unido, extrato seco – cápsula contendo 171 mg de extrato seco equivalente a 684-1026 mg de folhas de lemon balm (Melissa officinalis). Adultos e idosos: 2 cápsulas 3 vezes diariamente. O uso em crianças ou adolescentes menores 18 anos não é recomendado.

Referências:
BISSET, N. G. (ed.). Herbal Drugs and Phytopharmaceuticals. 4.ed. Stuttgart: Medpharm, Boca Raton: CRC Press, 1994.

CAMARGO, N. M. C. L.; JORGE, N. J. Melissa officinalis L.: Atividade Antiulcera Gástrica. In: IX REUNIÃO ANUAL DA FEDERAÇÃO DE SOCIEDADES DE BIOLOGIA EXPERIMENTAL, 1994, [S. I.]. Resumos. [S. I.], 1994. p.208.

DELAVEAU,P. et al. Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Lisboa: Lisgrafica, 1983.

http://www.ema.europa.eu/ Acesso 19 Abril 2016.

GIRRE, L. La santé par lês plenes. Rennes: Ed. Quest France, 1992.

HANSEL, R.; HAAS, H. Therapie mit Phytopharma ka. Berlin: Springer, 1984.

SIMÕES, C. M. O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986.

SHAKERI, Abolfazl; SAHEBKAR, Amirhossein; JAVADI, Behjat. Melissa officinalis L. – A review of its traditional uses, phytochemistry and pharmacology. Journal Of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 188, p.204-228, jul. 2016.

VAN HELLEMONT, J. Compendium de phytothérapie. Bruxelles: Association Pharmaceutique Belge, 1986.

POUYANFAR, Elahe et al. Analysis of phytochemical and morphological variability in different wild-and agro-ecotypic populations of Melissa officinalis L. growing in northern habitats of Iran. Industrial Crops And Products, [s.l.], v. 112, p.262-273, fev. 2018.

MORADKHANI, Hojat et al. Melissa officinalis L., a valuable medicine plant: A review. Journal Of Medicinal Plants Research, [s.l.], v. 4, n. 25, p.2753-2759, dez. 2010.

WAGNER, H. Pharmazeutische Biologie 2: Drogen und ihre Inhaltsstoffe. 4.ed. Stuttgart: Gustav Fischer, 1988.

http://www.tropicos.org/Name/17600147 – Acesso em: 27 de março de 2012.

Tags: CefaléiaCólicaCondimentoDiarreiasGastritePalpitaçõesReumatismoSedativo