HORTELÃ

11/02/2020 21:46

Mentha piperita  L.

Lamiaceae (Labiatae)


Nomes populares: Hortelã-pimenta, hortelã roxa, menta.

Origem ou Habitat: A Mentha piperita é um híbrido cultivado pela primeira vez na Inglaterra do sec. XVII.

Características botânicas: Erva perene de 0,3 – 0,6m de altura, pubescente, caule quadrangular, avermelhado. Folhas com 1 – 5cm de comprimento, 0,5 – 3cm de largura, opostas, simples, curtamente pecioladas, elípticas e lanceoladas, acuminadas, margens serradas, pilosas. Possui inflorescência do tipo glomérulo, separados uns dos outros, formando espigas no ápice dos ramos. Flores brancas e violáceas.

Partes usadas: Folhas e inflorescência.

Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha o infuso, preparado com as partes aéreas, é empregado internamente para anemia, cólica menstrual, diarréia, como calmante e para combater vermes, sendo que neste último caso, é preparado com leite. Segundo a literatura a hortelã é empregada internamente no tratamento de sintomas de problemas digestivos, tais como meteorismo epigástrico, digestão lenta, eructação e flatulência. Emprega-se também em resfriados e para dores de cabeça e musculares. Externamente, em ferimentos e contusões na pele, bem como em bochechos nas dores de dente, garganta, em inflamações da boca, gengiva e dor de dente.

Informações científicas: 👥(HU):  Uma revisão sistemática indica o uso de M. piperita na dispepsia não-ulcerosa (Thompson Coon, 2002) , enquanto outra revisão sistemática recomenda o uso do óleo essencial de Mentha para a síndrome do colon irritável (Ruepert, 2011).

Observação do uso clínico em Florianópolis: O uso da infusão preparada com as folhas da espécie M. piperita tem boa resposta para aliviar sintomas de gripes e resfriados, dores de garganta e dores abdominais. É utilizada na forma de inalação (da infusão ou de seu óleo essencial), assim como é feito uso tópico da infusão nas têmporas para dores de cabeça. Já a espécie M. crispa pode ser indicada em casos de infestação por Ameba e Giárdia.

Cuidados no uso desta espécie: Esta espécie pode apresentar interações com medicamentos para anemia, felodipino, sinvastatina, ciclosporina. Evitar o uso interno em gestantes, lactantes e em crianças menores de 04 anos. O uso da tintura ou do óleo essencial das espécies de Mentha é contraindicado para pessoas com cálculos biliares e obstrução dos ductos biliares, danos hepáticos severos e durante a lactação (ANVISA, 2018). Não se recomenda o uso tópico nasal de formulações contendo mentol em crianças, devido ao risco de espasmos da glote após sua aplicação e até mesmo colapso instantâneo seguido de aplicação local de mentol.

Posologia e modo de uso: 

🍵Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Tintura: Utilizar 20 gramas das folhas rasuradas para 100 ml de álcool etílico 70% e armazenar em vidro escuro protegido da umidade e da luz. Tomar 2 a 3 ml da tintura, diluídos em 50 ml de água, duas a três vezes ao dia. A indicação dessa tintura é como auxiliar no alívio dos sintomas dispépticos e como antiflatulento (ANVISA, 2018).

Observações: Existem outras espécies de mentha utilazadas como remédio, a hortelã de “cabo” branco – Mentha rotundifolia e a hortelã de “cabo” roxo Mentha sp. são comuns na ilha de Santa Catarina. A hortelã referida nos usos populares pode ser outra espécie que não a Mentha piperita.

Composição química: As hortelãs possuem um teor variável de óleo essencial 0,5 – 4%), em função da idade do vegetal, época do ano, tipo de solo, luminosidade, umidade, etc., sendo que um teor mínimo de 1,2% é exigido para fins medicinais . Todas contém um óleo essencial rico em mentol.

  • Óleo essencial: Mentol, mentona, pulegona (a partir desse se obtem no processo de extração o mentofurano que é toxico), dentre outros.
  • Flavonóides: Narirutina, hesperidina, luteolina-7-O-rutinosideo, isorgoifolina, diosmina, 5,7-di-hidroxicromona-7 O-rutinosideo e eriocitrina.
  • Ácidos fenólicos: Ácido rosmarinico, ácido cinâmico, dentre outros.

Referências: 

1. FARIAS, M.R., et al. Plantas medicinais na ilha de Santa Catarina: Grupo de Estudos em Fitoterapia, Florianópolis: UFSC/P.M.F., 1996, 111p. (inédito)

2. HOPPE, H. A. Taschenbuch der Drogenkunde. Berlin: Walter de Gruyter, 1981.

3. MATOS, F.J.A. Farmácias Vivas: Sistemas de Utilização de Plantas Medicinais Projetado para Pequenas Comunidades. Fortaleza: EUFC, 1994.

4. REYNOLDS, J.E.F. (Ed.) Martindale The Extra Pharmacopoeia. 30.ed. London: The Pharmaceutical Press, 1993.

5. RITA, Paul & Datta, Animesh. An updated overview on peppermint (Mentha piperita L.). Int. Res. J. Pharm. Ago. 2011. cap2.pg. 1-10.

6. SIMÕES, C.M.O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986.

7. SHRIVASTAVA, Alankar. A review on peppermint oil. Asian Journal of Pharmaceutical and Clinical Research.Volume 2, Issue 2, April- June, 2009 pg.27-33.

8. VERMA. Ram & Rahman et al. Essential Oil Composition of Menthol Mint (Mentha arvensis L.) and Peppermint (Mentha piperita L.) Cultivars at Different Stages of Plant Growth from Kumaon Region of Western Himalaya. Open Access Journal of Medicinal and Aromatic Plants. Jan. 2010; Vol. 1, pg: 13-18.

9. Rachitha P, Krupashree K, Jayashree G V, Gopalan N, Khanum F. Growth inhibition and morphological alteration of Fusarium sporotrichioides by Mentha piperita essential oil. Phcog Res. Fev. 2017; vol.9, pg:74-79.

10. Thompson Coon J, Ernst E. Systematic review: herbal medicinal products for non-ulcerdyspepsia. Alimentary. Pharmacology and Therapeutics 2002; 16(10): 1689-1699. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1046/j.1365-2036.2002.01339.x?sid=nlm%3Apubmed

11. Ruepert L., et al., Bulking agents, antispasmodics and antidepressants for the treatment of irritable bowel syndrome. Cochrane Database of Systematic Reviews 2011, Issue 8. Art. No.: CD003460. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8745618/

12. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira Primeiro suplemento. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2018. Página 62

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