MARCELA

14/02/2020 23:00

Achyrocline satureioides (Lam.) DC.

Asteraceae (Compositae)


SinonímiasAchyrocline flaccida DC.; Gnaphalium satureoides Lam.; Anaphalium flaccidum Welnm.

Nomes populares: Marcela-do-campo, alecrim-de-parede, macela.

Origem ou Habitat: Regiões sudeste subtropical e temperada da América do Sul. É uma planta frequentemente encontrada no sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, sendo muito utilizada na medicina popular destes países.

Características botânicas: Erva anual, monóica, ramificada, de até 1,5 m de altura, coberta de pilosidades brancas. Folhas alternas, inteiras, sésseis, lineares e lanceoladas, de até 12 cm de comprimento por 1,8 cm de largura. Capítulos com dois tipos de flores, reunidos em panícula corimbosa. Flores amarelo-douradas, as centrais hermafroditas, de corola tubulosa, em número de uma a duas e as flores marginais, quatro ou cinco, femininas, de corola filiforme; papus branco. Fruto do tipo aquênio, glabro, pardo.

Partes usadas: Inflorescências.

Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha as folhas e inflorescências são empregadas como infuso e decocto em casos de congestão, cólica e como emético. Segundo a literatura o infuso das inflorescências de marcela é utilizado internamente como antiespasmódico, digestivo, carminativo, eupéptico, colagogo, anti-inflamatório, emenagogo e hipocolesterêmico. Seu uso externo é indicado em inflamações e como antisséptico. Na literatura também é citado o uso dos talos florais e menos frequentemente a planta inteira. As flores secas de marcela são citadas como úteis na confecção de travesseiros para dor de cabeça e insônia.

Informações científicas: 🐁(AN): Para a espécie A. satureioides, é apontada ação anti-inflamatória (Barione et al., 2013; Da Silva et al. 2016) para o extrato hidroalcoólico de suas inflorescências. O efeito gastroprotetor foi demonstrado frente a diferentes modelos de indução por agentes de lesão gástrica (Santin et al. 2010). Foram relatadas atividades antiparasitárias para o óleo essencial da planta (Do Carmo, 2014; Ritter, 2017).

Observação do uso clínico em Florianópolis: O uso da infusão preparada com os capítulos florais da macela apresenta alívio em dores de cabeça e em casos de dermatoses ocasionadas por herpes. A macela pode ser associada com a alfavaca anisada (Ocimum selloi) por infusão, para o tratamento de cólicas e distúrbios digestivos.

Cuidados no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas o uso concomitante desta espécie vegetal com outros medicamentos deve ser cauteloso. Evitar o uso interno em gestantes, lactantes, crianças menores de 02 anos e em pessoas sensíveis a plantas da família Asteraceae. Não usar a tintura em gestantes, lactantes, alcoolistas e diabéticos, em função do teor alcoólico na formulação. Pode, em casos raros, provocar vertigem, cefaleia, dermatite, alergia ocular e fotodermatite. Pessoas que desenvolvem quadro hipoglicêmico (baixas taxas de glicose no sangue) devem pedir orientação aos prescritores antes do uso. Pode potencializar o efeito de insulina, barbitúricos e outros sedativos (ANVISA, 2018).

Posologia e modo de uso

Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das inflorescências para 1 xícara de água (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Uso externo: A infusão pode ser utilizada na forma de compressas para o tratamento do herpes.

Tintura: Utilizar 10 gramas das inflorescências rasuradas para 100 ml de álcool etílico 70% e armazenar em vidro escuro protegido da umidade e da luz. Tomar 3 a 9 ml da tintura, diluídos em 50ml de água, três vezes ao dia. A indicação dessa tintura é como auxiliar no tratamento sintomático de processos inflamatórios das vias aéreas superiores e distúrbios gastrintestinais (ANVISA, 2018).

Composição química: Em relação à constituição química da Achyrocline satureioides, vários trabalhos relatam a presença de compostos flavonoídicos, ácidos fenólicos, óleo essencial, polissacarídeos e minerais. Entre os compostos flavonoídicos, podemos citar a isognafalina , quercetina, 3-O-metilquercetina, luteolina, gnafalina, entre outros. Com relação ao óleo essencial, foi constatada a presença de α-pineno como constituinte principal , β-pineno, limoneno, p-cimeno , entre outros. Foi constatada ainda a presença de kawapirona e derivados da fenilpirona.

 

Referências: 

1. AKISSUE, M. K. Análise do óleo essencial da Achyrocline satureoides D.C. Compositae. Rev. Farm. Bioquim., [S. I.], v.9, p.101-6, 1971.

2. BAUER, L. et al Contribuição a Análise dos Óleos essenciais de Eupatoríum ligulifolium H.A. e Achyrocüne satureioides D.C do Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Farm., [S. I.], v.60, p. 97-9, 1979.

3. BROUSSALIS, M. A. et al Phenolic Constituents of Four Achyrocline Species. Biochem. Syst. Ecol., [S. I.], v. 16, n. 4, p. 2-401, 1988.

4. FERRARO, G. E.; NORBEDO, C; COUSSIO, J. D. Phenolic Constituents of Achyrocline satureioides. Phytochemistry, [S. I.], v. 20, n. 8, 4-2053, 1981.

5. HANSEL, R.; OHLENDORF, D. Ein neues in Ring B unsubstituiertes Flavon aus Achyrocline satureioides. Arch. der Pharmazie, v. 304, n. 12, p. 6-893, 1971.

6. HIRSCHMANN, G.S. The Constituents of Achyrocline satureioides D.O. b>Rev. Latinoam. Quim., v. 15, n. 3, p. 5-134, 1984.

7. KALOGA. M.; HANSEL. R.; CYBULSKI, E. M. Isolierung eines Kawapirona aus Achyrocfine satureioid. Planta Med.,[S. I.], v.48, p. 103-4. 1983.

8. LAMATY, G. et al The Chemical Composition of Some Achyrocline satureioides and Achyrocline alata Oils From Brazil. J. Ess. Oil. Res., [S. I.], v. 3, p. 21-317, 1991.

9. LIMA, T. C. M.; TAKAHASHI, R. N.; MORATO, G. S. Avaliação da possível atividade antidiabética da Bauhinia forficata Unk. In: IX SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 9, 1986, Rio de Janeiro-RJ. Resumos, Rio de Janeiro, 1986. p. 49.

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11. RICCIARDI, A. L.; YUNES, A. R. Volatile essential oils of the Argentina Coast IV Proof of the natural existence of caryophyllene in the essential oil of Achyrocline satureoides. Rev. Fac. Ing. Quirn., Univ. Nac. Litoral, v.43-49, 1965.

12. SANTOS, C. A. M.; TORRES, K. R.; LEONART, R. Plantas Medicinais: Herbarium et Scientia. Curitiba: Stientia et Labor, 1987.

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14. SIMÕES, C. M. O. Investigação Químico-Farmacológica de Achyrodine satumloktes (Lam.) D.C Compositae (Marcela). 1964. 186 f. Dissertação (Mestrado em Farmácia) – Curso de Pós-Graduação em Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1964.

15. SIMÕES, C. M. O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986.

16. DA SILVA L.M., et al., Hydroalcoholic Extract from Inflorescences of Achyrocline satureioides (Compositae) Ameliorates Dextran Sulphate Sodium-Induced Colitis in Mice by Attenuation in the Production of Inflammatory Cytokines and Oxidative Mediators. Evidence-based Complementary and Alternative Medicine: eCAM. 2016;2016:3475356. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5099481/>.

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18. SANTIN J.R., et al., Antiulcer effects of Achyrocline satureoides (Lam.) DC (Asteraceae) (Marcela), a folk medicine plant, in different experimental models. Journal of ethnopharmacology, 2010, pag334-339. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S037887411000320X?via%3Dihub>.

19. DO CARMO G.M., et al., Effect of the treatment with Achyrocline satureioides (free and nanocapsules essential oil) and diminazene aceturate on hematological and biochemical parameters in rats infected by Trypanosoma evansi. Experimental. Parasitology. 149 (2014), pp. 39-46. <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0014489414002756?via%3Dihub>.

20. RITTER C. S. Achyrocline satureioides essential oil-loaded in nanocapsules reduces cytotoxic damage in liver of rats infected by Trypanosoma evansi. Microbial Pathogenesis, Volume 103, 2017, Pags. 149-154, 148. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0882401016308397?via%3Dihub>.

21. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira Primeiro suplemento. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2018. Página 22.

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