TANSAGEM
Plantago major L.
Nomes populares: Tanchagem, tanchagem-maior, tanchás, tachá, tansagem, tranchagem, transagem, sete-nervos, tançagem, tanchagem-média, plantagem.
Origem ou Habitat: Nativa da Europa e naturalizada em todo o sul do Brasil (Lorenzi & Matos, 2002).
Características botânicas: planta herbácea, perene, ereta, não possui caule, pode chegar até 40 cm de altura. As folhas são dispostas em roseta basal, com pecíolo longo e lâmina membranácea com nervuras bem destacadas, de 15-25 cm de comprimento. Flores muito pequenas, hermafroditas, dispostas em inflorescências espigadas eretas sobre haste floral de 20-30 cm de comprimento, de cor verde-amarelada. Os frutos são cápsulas elipsóides de 2 a 4 mm de largura. As sementes são facilmente colhidas raspando-se entre os dedos a inflorescência. Multiplica-se por sementes. A raiz é fasciculada. Outras espécies, muito semelhantes, são utilizadas no Brasil para os mesmos fins na medicina popular, sendo a Plantago lanceolata Hook. de origem européia e a Plantago australis Lam. nativa do Sul e Sudeste do Brasil. Outra espécie, de origem oriental, Plantago ovata Forssk. é descrita com detalhes pelo dr. Jorge Alonso, no Tratado de Fitofármacos y Nutracêuticos, 2002, e apresenta os mesmo usos medicinais.
Partes usadas: Folhas e sementes.
Uso popular: No Brasil é considerada diurética, antidiarreica, expectorante, hemostática e cicatrizante, sendo empregada contra infecções das vias respiratórias superiores (faringite, amigdalite, estomatite), bronquite crônica e como auxiliar no tratamento de úlceras pépticas. Também são empregadas, tanto as flores como as sementes, contra conjuntivite e irritações oculares devidas a traumatismos. As sementes são utilizadas como laxante(neste caso deve-se beber água e colocar as sementes para inchar em água) e depurativas enquanto as folhas são empregadas internamente no tratamento da diarreia. Utilizada para tratar afecções de pele (acne e cravos), queimaduras e picadas de insetos. Usada como auxiliar no tratamento dos que querem deixar do hábito de fumar.
As folhas jovens são usadas como alimento em saladas e refogados.
Relato popular de uso em tensão pré menstrual (TPM).
Composição química: Contém mucilagens de ácidos urónicos (3 a 6%), pectinas, glucosídeos iridóides (asperulósido, aucubósido), taninos, ácido cafeico e seus ésteres (clorogênico, neoclorogênico) e derivados do ácido cinâmico (acteósido), ácido silícico livre e combinado, cumarinas (esculetina), vários ésteres osídicos de ácido cafeico (verbascósido, plantamósido).³ Possui sais de potássio (até 0,5%), enzimas (invertina e emulsina), saponinas, vitamina C, flavonoides (plantaginina) e ácidos orgânicos (cítrico e málico). Um estudo sobre as quantidades de proteínas, açúcares, vitaminas e minerais explica o seu uso como alimentos.
Flavonoides: Luteolina, Apigenina, Baicaleína, dentre outros.
Alcalóides: Indicaina e plantagonina
Terpenoides e Esteróides: Ácido ursólico, ácido oleanólico, ácido de sitosterol, 18β-gliciretínico, dentre outros.
Iridóides: Aucubina, loliolide, asperuloside, majorósideo, dentre outros.
Acidos fenólicos: Plantamajosideo, verbacosideo, ácido clorogênico, ácido fumárico, ácido siríngico, ácido vanílico, dentre outros.
Ácidos graxos: Ácido lignocérico, ácido palmítico, ácido esteárico, dentre outros.
Polissacarídeos: Xilose, arabinose, ácido galacturônico, dentre outros.
Ações farmacológicas: As mucilagens têm efeito emoliente, antialérgico, expectorante e reduzem a assimilação intestinal dos glúcidos e lipídeos. Os glucosídeos iridóides têm ação anti-inflamatória, os taninos conferem-lhe atividade adstringente e as sementes possuem ação laxativa. Em um estudo, alguns compostos puros encontrados no extrato da planta demonstraram uma potente atividade antiviral. Entre eles, o ácido cafeico demonstrou forte atividade contra herpes-vírus (HSV-1 e HSV-2) e adenovírus (ADV-3) e o ácido clorogênico demonstrou atividade contra o adenovírus 11 (ADV-11). Em outro estudo, o extrato da planta exibiu atividade imunomodulatória, aumentando a proliferação de linfócitos e secreção de interferon-y em concentrações baixas.
Interações medicamentosas: No seu trajeto pelo intestino, as sementes podem interferir com a absorção de outros fármacos (glucosídeos cardiotônicos, derivados cumarínicos, vitamina B12, carbamazepina, sais de lítio, cálcio, cobre, magnésio e zinco), por este motivo deve-se ter precaução de não administrá-la junto a algum outro tratamento (Alonso, J., 2004).refere-se á P. ovata.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Para as sementes se menciona a possibilidade de gerar flatulência ou sensações de obstrução de esôfago ou intestino, principalmente quando a quantidade de líquido ingerido com a planta é insuficiente.
Contra-indicações: As sementes não devem ser administradas na presença de obstruções do trato gastrointestinal.
Evitar o uso em gestantes.
Posologia e modo de uso: Uso interno: como laxante e depurativo: infusão das sementes, preparado adicionando-se água fervente em um copo contendo uma colher de sopa de sementes deixadas em maceração durante a noite;
contra infecções das vias aéreas, fazer gargarejo de seu chá, 2 a 3 vezes por dia (2 colheres de sopa das folhas picadas para 1 xícara de chá de água fervente).
Para dores de garganta tomar 3 x ao dia a infusão de 1 colher de sopa de folhas picadas para 1 xícara de chá de água fervente.
Uso externo: cataplasma preparado com folhas amassadas, misturado com glicerina e aplicado sobre feridas, queimaduras e picadas de insetos;
para prostatites, é indicado banho de assento, de duração de 20 minutos, 2 vezes por dia, preparado através da fervura de 5 colheres de sopa de folhas picadas em 1 litro de água(Lorenzi & Matos, 2002; Panizza, 1997.
Observações: Existem outras espécies de Plantago usadas como remédio, apesar de informantes relatarem que Plantago major é melhor.
Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 633-635.
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