SANTANA

22/02/2020 16:48

Baccharis vulneraria  Baker.

Asteraceae (antiga Compositae)


SinonímiasBaccharidastrum triplinervium (Less.) Cabrera, Conyza triplinervia Less., Archibaccharis vulneraria (Baker) Heering ex Malag.

Nomes populares: Erva-santana, erva-de-santana, santana, erva-santa, erva-sant’ana.

Origem ou Habitat: Espécie que distribui-se pelo Sudeste e Sul do Brasil, assim como Paraguai, Uruguai e Argentina, habita ambientes de borda de floresta, savanas e florestas secundárias, com solos rasos, especialmente na região de Floresta Ombrófila Mista.

Características botânicas: Subarbusto de mais ou menos 1-1,5m de altura, pouco ramificado, caule glabro, cilíndrico, estriado. Folhas pecioladas, ovado-lanceoladas, com 6-8 cm de comprimento e 3 cm de largura, membranáceas, de margem serreada, ápice acuminado, trinérveas. Capítulos dispostos em ramos corimbosos, formando uma panícula terminal multiflora. Flores femininas numerosas, com corola filiforme, de mais ou menos 1,5 mm de comprimento e 0,1-2,2 mm de diâmetro. Pápus de numerosas cerdas filiformes, com 3 mm de comprimento. Flores masculinas, mais ou menos 4. Corola tubulosa, com 3 mm de comprimento, dividida em 5 lobos oblongos, planos. Pápus de muitas cerdas finas, com cerca de 3 mm de comprimento. Rudimeno de ovário muito reduzido. Estilete com 3mm de compr., dividido em dois ramos curtos. Aquênios glandulosos, com cerca de 0,8mm de comprimento. (Barroso & Bueno, 2002).

A polinização é realizada por insetos, provavelmente abelhas e a dispersão é anemocórica (dispersão das sementes pela ação do vento).

Partes usadas: Folhas.

Uso popular: Na medicina Xokleng, esta espécie é utilizada para lavar as feridas e como abortivo.

Um informante do Paraná indicou esta planta para lavar feridas e para diabetes.

Composição química: sem informações.

Ações farmacológicas: sem informações.

Interações medicamentosas: sem informações.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É invasor de pastagens e causa intoxicação no gado.

Contra-indicações: Não utilizar na forma oral. Somente uso externo.

Não utilizar internamente em gestantes nem em lactantes.

Posologia e modo de uso: Breve descrição da utilização da planta.

Observações: Existe uma espécie chamada popularmente de mio-mio (Baccharis coridifolia DC.), considerada uma das plantas daninhas cujo envenenamento tem maior índice de letalidade entre os animais (bovinos, ovinos, suínos e equinos) cujos compostos tóxicos são os tricotecenos macrocíclicos.

Não foram encontrados estes compostos tóxicos em Baccharis vulneraria Baker.

Referências: 

Lorenzi, H. et all. “Plantas tóxicas: estudos de fitotoxicologia química de plantas brasileiras. — São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2011.

Heiden, G.; Schneider, A. Baccharis in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: . Acesso em: 23 Jun. 2015

Heiden, G.; Schneider, A. Baccharis in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro .Disponivel acesso em 23 Jun. 2015.

Langohr I.M., Gava A. & Barros C.S.L., 2005 “Intoxicação por Baccharidastrum triplinervium (Asteraceae) em bovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira 25(4):235-238, out./dez. /Animal Disease Diagnostic Laboratory, Purdue University, 406 South University, West Lafayette, IN 47907, Estados Unidos. E-mail: ilangohr@purdue.edu – Acesso 23 Junho 2015.

http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/index.php?pag=buscar_mini.php – Acesso 23 Junho 2015.

http://www.europeana.eu/portal/record/11615/_DIGIT_TYPER_UCPH_DENMARK_C10007003.html – Acesso 23 Junho 2015.

http://www.tropicos.org/Name/2704935?tab=synonyms – Acesso 23 Junho 2015.

Tags: AbortivoFeridas

SALSA

20/02/2020 00:06

Petroselinum crispum  (Mill.) Fuss.

Apiaceae


SinonímiasApium petroselinum L., Apium crispum Mill., Petroselinum vulgare Lag., Wydleria portoricensis DC.

Nomes populares: Salsa, salsinha, salsa-de-cheiro, salsa-das-hortas, cheiro-verde, salsa-cultivada, perejil(Espanha, Argentina), Petersilien (Alemanha).

Origem ou Habitat: A salsa é originária da Grécia e da Ilha de Sardenha, com distribuição pela região mediterrânea, norte da África e sudoeste da Ásia. É muito cultivada nas zonas temperadas de todo o mundo.

Características botânicas: Erva anual ou bianual, ereta, perenifólia, aromática, medindo de 15-90 cm de altura. Raiz carnosa e bem desenvolvida. Folhas pecioladas, compostas pinadas, de formas variadas dependendo da cultivar ou variedade, de 3-10 cm de comprimento. Flores pequenas, amarelo-esverdeada, reunidas em umbelas terminais dispostas acima da folhagem. Os frutos são aquênios, muito pequenos, medindo 2 mm de comprimento por 1-2 mm de largura, circular, de cor verde grisáceo. Multiplica-se por sementes.

Partes usadas: Frutos (confundidos com sementes), folhas e raiz.

Uso popular: Esta planta é considerada a erva condimentar mais usada na culinária em todo o mundo, havendo hoje dezenas de cultivares e variedades das mais diferentes formas e tamanhos de folhas.

Na medicina tradicional é considerada diurética, emenagoga, sedativa, emoliente e antiparasitária.

Usos etno-medicinais: a infusão das folhas ou sementes é usada em casos de tosse, catarro, bronquite, transtornos menstruais, nervosismo, reumatismo, gases, cistite, edemas, cólicas intestinais e como galactagogo. Externamente é empregado para combater lêndeas e piolhos do couro cabeludo.

Em Cuba a decocção ou mastigação das folhas é empregada para tratar disfonia e para fortalecer as cordas vocais, enquanto que a decocção da raiz é usada como abortivo.

Na Europa, empregam-se as folhas e talos frescos cortados e macerados com vinagre, na forma de cataplasma para favorecer a cicatrização de abcessos, feridas, chagas, úlceras e eliminar manchas da pele.

No Marrocos, a decocção de raízes de salsa e malva (Malva sylvestris) é empregada em casos de nefrite, e a infusão das folhas de salsa é usada como agente anti-hipertensivo em cistite.

Na Turquia, a salsa ou perejil, é indicada para diabetes.

Em muitos países é costume mastigar folhas de salsa para eliminar o mal hálito produzido pela ingestão de dentes de alho, cebola.

Composição química: Óleo essencial- sementes (2-7%), folhas (0,05-0,3%), raiz (0,1-0,5%): apiol, miristicina, tetra-metoxi-alilbenzeno, p-mentadienos (aldeídos), p-metil-acetofenona, cetonas, 1,3,8-p-mentatrieno, 1-metil-4-isopropenilbenzeno, alfa-pineno, beta-pineno, beta-mirceno, beta-ocimeno, beta-felandreno, p-terpineno, alfa-terpineol (monoterpenos), cariofileno, alfa-copaeno (sesquiterpenos), linalol, carotol (alcoóis terpênicos), petrósido (glicosídeo monoterpênico).

Flavonóides: nas folhas e sementes: glicosídeos de apigenina e luteolina (apiína, luteolina-7-apiosil-glicosídeo. Na raiz predomina apiína. Exclusivo nas folhas a apigenina-7-glicosídeo e a luteolina-7-diglicosídeo.

Furanocumarinas – sementes, folhas e raiz (traços): bergapteno, xantotoxina, oxi-peucedanina, psoraleno, imperatorina, isoimperatorina, isopimpinelina, 8-MOP(methoxypsoralen).

Outros compostos: ácido petroselínico (óleo fixo), óleo-resina, provitamina A, ácido ascórbico, vitaminas do complexo B (nas partes verdes).(Alonso, 2004).

Composição nutricional por 100 g de folhas: calorias 60; proteínas 4,4 g; carboidratos 9,8 g; fibras 4,3 g; água 81,9 g; sódio 33 mg; potássio 1.000 mg; cálcio 245 mg; fósforo 128 mg; magnésio 41 mg; ferro 8 mg; flúor 0,10 mg; retinol 1,2 mg; vitamina B1 0,14 mg; vitamina B2 0,30 mg; niacina 1,4 mg; vitamina C 166 mg; zinco 900 mg; cobre 520 mg; cromo 7 mg; selênio < 100 mg . (Alonso, 2004

Ações farmacológicas: Além de ser considerado nutritivo pelo seu conteúdo em minerais e vitaminas, possui ação diurética, estrogênica e antioxidante.

Interações medicamentosas: Referências principalmente ao óleo essencial.

A salsa possui alto conteúdo de vitamina K que pode antagonizar drogas anticoagulantes, se tomado mais de 10 gotas do óleo essencial ao dia.

A atividade diurética da salsa pode requerer um ajuste nas doses das drogas anti-hipertensivas.

OBS.: muitas interações e efeitos adversos podem acontecer com o uso abusivo e crônico do óleo essencial da salsa.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo essencial principalmente por sua composição em apiol, miristicina, bergapteno e xantotoxina pode ser tóxico. Quantidades superiores a 10 gotas de óleo essencial ao dia pode resultar em aborto, em doses mais elevadas produz intoxicação do fígado, lesão nos rins, diarreia, vômito, alterações do ritmo cardíaco inclusive paralisação e morte. Outro componente tóxico do óleo essencial, a miristicina, afeta o sistema nervoso central e pode produzir convulsões. A xantotoxina e o bergapteno são fototóxicos que reagem em contato com a luz produzindo lesões na pele.

ATENÇÃO: Dada a periculosidade que pode resultar a ingestão do óleo essencial de salsa, recomendamos não utilizar este produto, aproveitando as outras preparações para conseguir os efeitos benéficos desta planta.

Contra-indicações: O óleo essencial é contra-indicado na gravidez e lactação, e em pessoas com insuficiência renal. Aplicações externas, como o cataplasma, é contra-indicado em pessoas com histórico de alta sensibilidade cutânea.

Posologia e modo de uso: Infusão: 1 colher (chá) de frutos ou 1 colher (sopa) de folhas para cada copo(250 ml) de água fervente. Tomar dois copos ao dia.

Óleo essencial: duas gotas em 1/2 copo de água, 2x ao dia.

Observações: Dada a periculosidade que pode resultar a ingestão do óleo essencial de salsa, recomendamos não utilizar este produto na forma de óleo essencial, aproveitando as outras preparações para conseguir os efeitos benéficos desta planta.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

http://www.botanical-online.com/toxicidad_del_perejil.htm – acesso em 27 de janeiro de 2013.

http://www.tropicos.org/Name/27900127 – acesso em 26 de janeiro de 2013.

Tags: AbortivoBronquiteCatarroCicatrizanteCistiteCólicaCondimentoDisfoniaEdemaEmenagogoEmolientesFeridasFlatulênciaNervosismoReumatismoSedativoTosse

MORINGA

17/02/2020 21:59

Moringa oleifera  Lam.

Moringaceae


SinonímiasGuilandina moringa L., Hyperantera moringa (L.)Vahl., Moringa moringa (L.) Millsp., Moringa pterydosperma Gaertn., Moringa zeylanica Burmann.

Nomes populares: Moringa, cedro, quiabo-de-quina, drumstick tree, horse radish tree, ben oil tree, benzoil tree, kelor tree, shagara al rauwaq, tree for purifying, sohanjna (Paquistão).

Origem ou Habitat: Nativa do oeste e áreas abaixo do Himalaia, Índia, Paquistão, Ásia Menor, África e Arábia. Distribuída atualmente nas Filipinas, Camboja, América Central, América do Norte e do Sul e Ilhas do Caribe (ANWAR et all., 2007). No Brasil é cultivada principalmente nas regiões Norte e Nordeste.(LORENZI & MATOS, 2002).

Esta árvore é encontrada selvagem e cultivada em todas as planícies e, longe de casa, desenvolve-se melhor em clima tropical e é abundante perto dos leitos arenosos dos rios e córregos.(Morton, 1991). E mais, ela pode crescer bem nos trópicos úmidos ou nas terras quentes e secas, podem sobreviver em solos pobres e é pouco afetada pela seca. (Morton, 1991).

É uma árvore muito tolerante quanto a quantidade de chuva, com requisitos mínimos de precipitação anual estimada em 250 mm e máxima em mais de 3000 mm e pH de 5,0 – 9,0. (Palada & Changl, 2003.

Características botânicas: Árvore que mede de 5 a 10 metros de altura, com folhas compostas bipinadas, com folíolos obovais, pequenos e glabros. Flores esbranquiçadas, reunidas em racemos pendentes. Os frutos são do tipo cápsula alada e deiscente com aspecto de uma vagem, medindo até 35 cm de comprimento e marcado pelas sementes em seu interior. As sementes são trialadas e oleaginosas.(LORENZI & MATOS, 2002).

Partes usadas: Raízes, cascas das raízes, folhas, frutos, flores, sementes e vagens imaturas.

Uso popular: No Brasil, por tratar-se de introdução e cultivo recentes, há poucos registros de uso desta planta, porém, devido ao elevado valor alimentício, está sendo usada na merenda escolar de alguns municípios da região Nordeste do país, as folhas cozidas com feijão ou na forma de salada com vinagreira (Hibiscus sabdariffa).

Na Índia, as sementes tostadas e as flores são usadas como alimento, as sementes cruas e amassadas são aplicadas externamente em ferimentos infectados e na forma de banhos e compressas para o tratamento da gota, dores reumáticas e na cicatrização de feridas. As raízes são abortivas e cicatrizante de feridas. O sumo extraído das folhas ou das raízes é usado internamente para melhorar o apetite e auxiliar a digestão. As sementes são usadas como agente purificador de água com tecnologia desenvolvida na África e Guatemala, já aplicada no Brasil sob orientação do ESPLAR, cuja sede em Fortaleza estimula seu cultivo e oferece uma cartilha com instruções para aplicação desta técnica. (LORENZI & MATOS, 2002).

Várias partes desta planta (raiz, casca, goma, folhas, vagens imaturas, flores, sementes e o óleo das sementes) é usada na medicina indígena do Sul da Ásia, para tratar diversas doenças inflamatórias e infecciosas, além de desordens cardiovascular, gastrointestinal, hematológica e hepato-renal.

A infusão das folhas é usada como diurético.

Nas Filipinas esta árvore é conhecida como ” melhor amiga da mãe” por que é utilizada para aumentar a produção de leite nas lactantes e algumas vezes prescrito para anemia. (ANWAR et all., 2007).

Composição química: A Moringa oleifera é rica em compostos que variam desde um simples açúcar, ramnose e um grupo bastante exclusivo de compostos chamados glucosinolatos e isotiocianatos.(ANWAR et all., 2007).

As folhas da Moringa oleifera são ricas fontes de B-caroteno, proteína, vitamina C, cálcio e potássio, atuando como uma boa fonte de antioxidantes, apresentando vários tipos compostos por ácido ascórbico, flavonóides, fenólicos e carotenóides.(ANWAR et all., 2007).

A casca do caule tem dois alcalóides chamados moringina e moringinina. O caule contém vanilina, B-sitosterol, B-sitostenone, 4-hydroximellin e ácido octacosanóico.

O exsudato total da goma purificada contém L-arabinose, -galactose, ácido glicurônico e L-ramnose, -manose e -xilose;

As flores contém 9 aminoácidos, sucrose, D-glucose, traços de alcalóides, cera, quercetina, kaempferol, alguns pigmentos flavonóides. As cinzas são ricas em potássio e cálcio.

Dos frutos (vagens) da moringa, foram isolados os glicosídeos tiocarbamato e isotiocianato, que tem propriedades anti-hipertensivas. E citoquininas. Do extrato etanólico das sementes, foram isolados 8 compostos bioativos, sendo que o O-ethyl-4-(A-L-rhamnosyloxy) benzyl carbamate pela primeira vez. (Guevara et al., 1999).

Ações farmacológicas: No artigo de revisão desta planta as seguintes propriedades são relatadas: estimulante cardíaco e circulatório, antitumoral, antifebril, antiepilético, anti-inflamatório, anti-úlcera, anti-espasmódico, diurético, anti-hipertensivo, baixa o colesterol, anti-oxidante, antidiabético, hepatoprotetor, antibacteriano e antifúngico.(ANWAR et all., 2007).

Interações medicamentosas: Não encontrado na literatura pesquisada.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não encontrado na literatura pesquisada.

Contra-indicações: As folhas, flores e raízes são abortivas, sendo contra indicada para gestantes.

Posologia e modo de uso: As folhas (foliólulos) podem ser usadas como saladas, sopas, omeletes, pães, bolinhos, etc.

As flores podem ser consumidas cruas em saladas ou cozidas.

os frutos tenros e jovens podem ser raspados e cozidos como vagem de feijão.

As sementes tostadas são usadas como alimento enquanto as sementes cruas e amassadas, são aplicadas externamente em ferimentos infectados e, na forma de lavagens e compressas para o tratamento da gota, dores reumáticas e como cicatrizantes de feridas.

Referências: 

ANWAR, F.; LATIF S.; ASHRAF, M. & GILANI, A.H. Review article: “Moringa oleifera: a Food Plant with Multiple Medicinal Uses”. Phytotherapy Research 21, 17-25 (2007)Paquistão.

Guevara AP, et al. An antitumor promoter from Moringa oleifera Lam. Mutat Res. 440: 181-188, 1999

LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. – 1a. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. Pp. 346.

Morton JF. 1991. The horseradish tree, Moringa pterigosperma (Moringaceae). A boon to arid lands. Econ Bot 45: 318–333

Palada MC, Changl LC. 2003. Suggested cultural practices for Moringa. International Cooperators’ Guide AVRDC. AVRDC pub # 03–545 www.avrdc.org.

KINUPP, V.F., LORENZI, H. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil. 1ª.ed. São Paulo, SP: Instituto Plantarum, 2014.

Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Acesso em 10 abril 2014.

Tags: AbortivoCicatrizanteDiuréticoDores reumáticasNutritiva

LOURO

13/02/2020 21:35


Laurus nobilis  L.

Lauraceae


Nomes populares: Louro, loureiro-ordinário, loureiro-dos-poetas, louro-comum, laurel (Ingles).

Origem ou Habitat: Ásia Menor. É amplamente distribuída nas áreas do Mediterrâneo e Europa e cultivada no Sul e Sudeste do Brasil.

Características botânicas: Árvore perene que mede de 2-10 m de altura, porém, nas regiões de origem pode chegar de 14-25 m. É ramificada e aromática. Folhas simples, alternas, pecioladas, coriáceas, brilhantes, ligeiramente onduladas nas bordas, de cor verde-escuro, de 4-8 cm de comprimento. Flores amareladas ou brancas, aromáticas, reunidas em fascículos axilares, em grupo de 3 a 4. Os frutos são bagas globosas de cor preta quando maduros. (Lorenzi & Matos, 2002).

Partes usadas: Folhas e frutos.

Uso popular: As folhas secas são amplamente empregadas na culinária de vários países como condimento (Alonso, 2004; Lorenzi & Matos, 2002; Stuart, 1981). Utilizada na medicina tradicional, como estimulante do apetite e da digestão, é indicada em casos de dispepsias, flatulência, cólicas, astenias e dores reumáticas e também em casos de estados gripais (acompanhados de mal estar e cansaço) (Lorenzi & Matos, 2002; Alonso, 2004). Externamente, é usada como antisséptica para a pele e antiparasitária (contra caspa e piolhos), reduzindo o mau cheiro dos pés e no combate aos fungos (Lorenzi & Matos, 2002; Drescher, 2001). É usada externamente na Turquia a decocção das folhas frescas em casos de hemorróidas e a decocção dos frutos macerados para mialgias (Alonso, 2004). No Irã, utiliza-se o óleo essencial das folhas como anticonvulsivante, enquanto na Amazônia brasileira prepara-se a decocção das folhas como antihipertensivo. Nas zonas de Mata Atlântica, a infusão das folhas é empregada em doenças do fígado, dores de cabeça, como emética e abortiva (Alonso, 2004; Di Stasi & Hiruma-Lima, 2002) Tem outros usos, como o empego na fabricação de cremes, loções, perfumes, sabonetes e detergentes (Alonso, 2004).

Composição química: As folhas possuem óleo essencial (1-3%) ricos em compostos terpênicos como cineol (40-44%), eugenol e metileugenol (17%), sabineno (6,2%), terpineol (5,7%), pineno (4,7%), linalol, lactonas sesquiterpênicas, fenilhidrazina, piperidina, geraniol, flavonoides, taninos e alcaloides isoquinolínicos (pricipalmente reticulina e em menor medida boldina, launobina, isodomesticina, neolitsina e nandigerina) (Alonso, 2004; Sayyah, et al., 2002). Os frutos possuem óleo essencial (2-4%) rico em derivados terpênicos como cineol (30-50%), alfa e beta-pineno (10%), citral, felandreno, limoneno, p-cimeno, eugenol (livre e esterificado), geraniol, sabineno e metilcinamato. Contém ainda lipídeos (25-55%, sendo muito abundante também nas sementes) compostos por glicerídeos dos ácidos láurico, oleico, palmítico e linoleico. Possui alcaloides isoquinolínicos e princípios amargos (lactonas sesquiterpênicas) como costunolídeo, dehidrocostuslactona, eremantina e laurenbiolídeo.

Ações farmacológicas: As folhas e alguns dos seus compostos presentes no óleo essencial demonstraram atividade inseticida contra baratas, enquanto o extrato aquoso das folhas evidenciou efeito inibitório sobre Biomphalaria glabrata, caramujo hospedeiro do Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose (Ré, 1987; Alonso, 2004). O óleo essencial obtido das folhas demonstrou efeitos antiparasitários in vitro, principalmente contra piolhos e ácaros na medicina veterinária (Alonso, 2004). Estudos em ratos com úlceras gástricas induzidas por etanol evidenciaram atividade protetora da mucosa gástrica quando tratados tanto com o extrato aquoso e metanólico quanto o óleo essencial das sementes (Alonso, 2004). Em um estudo sobre absorção alcoólica com cobaias, Yoshikawa (2000) concluiu que sete sesquiterpenos ativos da planta apresentaram atividade inibitória da absorção do álcool pelo organismo, atribuindo potente ação preventiva sobre intoxicação alcoólica aguda. A planta possui atividade anticonvulsivante comprovada em estudos com ratos, prevenindo convulsões tônicas induzidas por eletrochoque e por pentilenetetrazol, atribuída a compostos como metileugenol, eugenol e pineno. Em doses anticonvulsivantes, produziu sedação e comprometimento motor, corroborando seu uso na medicina popular iraniana como antiepilética. Os autores colocam, no entanto, a necessidade de mais estudos antes de conclusões absolutas (Sayyah, et al., 2002).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É uma espécie com potencial alergênico na pele devido a presença de lactonas sesquiterpênicas, monoterpenos monocíclicos (limoneno, felandreno) e bicíclicos (pineno), os quais podem provocar desde dermatite de contato (Adisen & Onder, 2007; Ozden, et al., 2001) até fotossensibilização. Em altas doses ou com uso muito frequente, pode causar gastrite e úlceras na mucosa digestiva, devido às lactonas e taninos. No entanto, é considerada uma planta segura para uso medicinal em humanos nos EUA e Espanha (Alonso, 2004).

Contra-indicações: Contra-indicada na gravidez (abortiva), lactação, em crianças menores de 6 anos, gastrite, úlceras gástrica ou duodenal, colite ulcerativa, doença de Chron, hepatopatias, epilepsia e doença de Parkinson (Alonso, 2004, citando Arteche Garcia A. et al., 1998).

Posologia e modo de uso: Infusão: 1 colher (sobremesa) de folhas picadas para 1 xícara de água fervente. Tomar 1 xícara antes das refeições.
Decocção para uso externo: 5 colheres (sopa) de folhas picadas em 1 litro de água. Ferver por 10 minutos; é indicado banho de imersão por 15 minutos como antisséptico para a pele, como relaxante muscular contra mau cheiro dos pés e no combate a fungos, parasitos e suor.

Observações: Na antiguidade, os gregos consideravam esta planta muito nobre, de tal forma que coroavam seus heróis com suas folhas e ramos. As expressões “laureado” = premiado e “os louros da vitória” são usadas em alusão a esta planta: Laurus nobilis.

Referências: 

Chen, Hongqiang; Xie, Chunfeng; Wang, Hao; Jin, Da-Qing; Li, Shen; Wang, Meicheng; Ren, Quanhui; Xu, Jing; Ohizumi, Yasushi; Guo, Yuanqiang – Sesquiterpenes Inhibiting the Microglial Activation from Laurus nobilis. Journal of Agricultural and Food Chemistry (2014), 62(20), 4784-4788. | – Acesso 14 Jul 2014.

ADISEN, E. e ONDER, M. Allergic contact dermatitis from Laurus nobilis oil induced by massage. Contact Dermatitis. 2007 Jun;56(6):360-1.

ALONSO, Jorge. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos – 1. ed.; Argentina, Rosario. Corpus Libros, 2004. Pp. 665-667.

DI STASI, Luiz Claudio., HIRUMA-LIMA, Clélia Akiko; colaboradores Alba Regina Monteiro Souza-Brito, Alexandre Mariot, Claudenice Moreira dos Santos. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. 2. ed. rev. e ampl. – São Paulo: Editora UNESP, 2002. Pp. 107-108.

DRESCHER, Lírio (coordenador). Herbanário da Terra – Plantas e Receitas. – 1. ed. 2001. Pp. 86.

LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. – 1. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. Pp. 267.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa/SP: Instituto Plantarum, 2008.

OZDEN, MG., OZTAS, P., OZTAS, MO., ONDER, M. Allergic contact dermatitis from Laurus nobilis (laurel) oil. Contact Dermatitis. 2001 Sep;45(3):178.

RE, Liliane and KAWANO, Toshie. Effects of Laurus nobilis (Lauraceae) on Biomphalaria glabrata (Say, 1818). Mem. Inst. Oswaldo Cruz [online]. 1987, vol.82, suppl.4, pp. 315-320. Acessado em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0074-02761987000800060&script=sci_arttext

SAYYAH, M., VALIZADEH, J. And KAMALINEJAD, M. Anticonvulsant activity of the leaf essential oil of Laurus nobilis against pentylenetetrazole- and maximal electroshock-induced seizures. Phytomedicine Volume 9, Issue 3, 2002, Pages 212-216. Acessado em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S094471130470104X

STUART, Malcolm. Enciclopedia de Hierbas y Herboristería. Ediciones Omega, S. A., Barcelona, 1981. Pp. 211.

YOSHIKAWA, M., SHIMODA, H., UEMURA, T., MORIKAWA, T., KAWAHARA, Y., MATSUDA, H. Alcohol absorption inhibitors from bay leaf (Laurus nobilis): structure-requirements of sesquiterpenes for the activity. Bioorganic & Medicinal Chemistry Volume 8, Issue 8, August 2000, Pages 2071-2077. Acessado em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0968089600001279 Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 04 Jul 2011

http://www.tropicos.org/Name/17804359 – Acesso 14 Jul 2014.

Tags: Abortivoanti-hipertisivoAnti-parasitáriaAnticonvulsivaAntissépticaAsteniaCólicaCondimentoDispepsiaDores reumáticasEméticaFlatulênciaGripeHemorróidaMialgias

LOSNA

13/02/2020 21:27

Artemisia absinthium   L.

Asteraceae (Compositae)


Nomes populares: Losna, losna-maior, losma, absinto, acinto, acintro, ajenjo, alenjo, Artemísia, grande-absinto, erva-santa, alvina, aluína, flor-de-diana, gotas-amargas, erva-dos-vermes, erva-dos-velhos, sintro, alvina, erva-de-santa-margarida, erva-do-fel (LORENZI; MATOS, 2005.

Características botânicas: Planta subarbustiva, de caule piloso, com pouco mais de 1m de altura. Folhas multifendidas de lóbulos finos, canescentes, de margem inteira, de 7 a 12 cm de comprimento. Flores em capítulos subglobosos, amarelos, agrupados em panículas. Todas as partes da planta tem sabor muito amargo. Cresce espontaneamente em locais pedregosos da Europa, Ásia e Norte da África. É cultivada na América do Norte e em alguns países da Europa para preparação de vinhos e licores, bem como no Brasil, onde é mantida em hortas e jardins para atender a seu emprego na medicina caseira, geralmente nas regiões de clima ameno (LORENZI; MATOS, 2005).

Partes usadas: Folhas.

Uso popular: Anti-pirética (DRESCHER, 2001), hipnótica, espasmolítica (CUNHA; SILVA; ROQUE, 2003), antiinflamatória, antidepressiva moderada (CHEVALLIER, 1996). carminativa, diurética, colagoga, emenagoga, abortiva, anti-helmíntica, aumenta a secreção estomáquica, aumenta o volume biliar, do suco pancreático, o fluxo salivar e o peristaltismo intestinal,(LORENZI; MATOS, 2005) tônica, aperitiva, expectorante, estimulante, vermífuga.

Composição química: Constituintes amargos: lactonas sesquiterpênicas (absintina ou artemisina, anabsintina, matricina, artabsina, cetopenelónidos A e B, hidroxipenelónido, artabina, arabsina. Óleo essencial: tujona, cis-epoxi-ocimeno, trans-acetato de sabinilo, flavonas, ácidos fenólicos, taninos, sais de potássio,³ azuleno, camazulenos, isotujona, tujol livre e esterificado, monoterpenos (mirceno, limoneno, cineol, 1,8-cineol, p-cimeno), sesquiterpenos (α-bisabolol, cardineno, cariofileno).

Outros: flavonóides (rutina), flavonóis (artemetina), vitaminas C e B6, ácido palmítico, ácido caféico, ácido glutâmico, ácido esteárico, ácido gálico, ácido ferúlico, santonina, lignanos, betaína, poliacetilenos, cumarinas (escopoletina e umbeliferona), ácido nicotínico, carotenóides, quebrachitol, fitosterol(ALONSO, 2004).

Ações farmacológicas: Anti-pirética (DRESCHER, 2001), hipnótica, espasmolítica (CUNHA; SILVA; ROQUE, 2003) antiinflamatória, antidepressiva moderada (CHEVALLIER, 1996). carminativa, diurética, colagoga, emenagoga, abortiva, anti-helmíntica, aumenta a secreção estomáquica, aumenta o volume biliar, do suco pancreático, o fluxo salivar e o peristaltismo intestinal (LORENZI; MATOS, 2005), tônica, aperitiva, expectorante, estimulante, vermífuga.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Os quadros tóxicos correspondem principalmente à ação da tujona(ALONSO, 2004). Em altas doses causa vômitos, cólicas no estômago e nos intestinos, dor de cabeça, zumbido nos ouvidos (LORENZI; MATOS, 2005), convulsões, distúrbios da consciência (DRESCHER, 2001). O uso prolongado de extratos desta planta (em especial como licor alcoólico) origina o chamado absintismo, podendo ocasionar danos neurológicos (torpor, delírio, agressividade, perda da consciência, vertigem e convulsões), transtornos digestivos (espasmos e irritações gastrointestinais) e renais (retenção de urina), entre outros sintomas. Seu uso tópico é normalmente bem aceito, tendo-se relatado apenas alguns casos de alergia ao contato com pólen da planta. Na ingestão de altas doses de extratos da planta, a santonina também pode produzir quadro tóxico, com alucinações, convulsões epileptiformes, delírio, midríase, vômitos, icterícia, salivação excessiva, dispnéia, contrações dos músculos faciais e irritação das mucosas(ALONSO, 2004).

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 89-94.
CHEVALLIER, A. The Encyclopedia of Medicinal Plants. London: Dorling Kindersley, 1996. p. 63.
CUNHA, A. P.; SILVA, A. P.; ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 70-71.
DRESCHER, L. (coord.). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. Laranja da Terra, ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001. p. 85.
LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. p. 138-139.
http://www.tropicos.org/Name/2701751 – Acessado em: 23 de julho de 2012.

Tags: AbortivoAnti-helmínticaAnti-inflamatórioAnti-piréticaCarminativaColagogoDiuréticoEmenagogoEspasmolíticaExpectoranteHipnótica

ERVA DE SANTA MARIA

10/01/2020 15:24

Chenopodium ambrosioides  L.

Amaranthaceae (antiga Chenopodiaceae)


Sinonímias: Ambrina ambrosioides (L.) Spach,  Ambrina anthelmintica (L.) Spach, Ambrina chilensis Spach, Blitum ambrosioides (L.) Beck, Chenopodium ambrosioides var. anthelminticum (L.) A. Gray, Chenopodium ambrosioides var. dentata Fenzl, Chenopodium santamaria Vell., Orthosporum ambrosioides (L.) Kostel., Roubieva anthelmintica Hook (L.).& Arn., Teloxys ambrosioides (L.) WA Weber, etc.

Nomes populares:  Mastrunço, mestruz, mastruz, lombrigueira, quenopódio, ambrosia-do-méxico, erva-das-cobras, erva-do-formigueiro,caacica.

Obs.: No Norte do Brasil, um dos nomes populares dessa erva é mastruço ou mastruz, aqui no Sul, o nome mastruço refere-se a outra planta, a Coronopus didymus L.

Origem ou Habitat: América Central e do Sul.

Características botânicas:  Planta herbácea, perene, ereta, muito ramificada na base, com até 1 m de altura, apresenta pubescência glandular. Folhas simples, numerosas, alternadas de cor verde escura, as inferiores geralmente ovoides e lanceoladas, pecíolo curto, verde claro, nervuras em forma de pena; as superiores são menores, lanceoladas e de margens inteiras. Flores pequenas, verdes, dispostas em espigas axilares densas, possuem cálice com 5 sépalos. Frutos muito pequenos do tipo aquênio, esféricos, pretos, ricos em óleo e muito numerosos, geralmente confundido com as sementes, que são lenticulares, brancas ou pretas. Toda a planta tem cheiro forte, característico.

Partes usadas: Folhas e frutos.

Uso popular:  Muito utilizada como vermífugo, sendo também utilizada na expulsão de parasitas intestinais de outros animais. A infusão das folhas é usada, internamente, contra reumatismo, sinusite, catarro crônico, tosse, bronquite, febre, inflamação da gargante, dor ciática e parasitoses. A planta triturada é usada como anti-inflamatória e cicatrizante no tratamento de contusões e fraturas, por meio de compressas ou ataduras , como sabonete e shampoo para pediculose e sarna. Outro uso disseminado no Brasil é como inseticida doméstico, extremamente útil para afugentar pulgas, percevejos, baratas e demais insetos. Também utilizada como estomáquica e digestiva.

Informações científicas: 🐁 (AN): Em um estudo realizado em cães infestados por Ancylostoma spp., foi possível avaliar a eficácia do óleo essencial e do extrato etanólico de C. ambrosioides, contidos em biscoitos caninos, demonstrando 100% de atividade inibitória sobre as larvas (Monteiro et al., 2017). Também foram avaliadas as propriedades acaricidas do óleo essencial, sob a forma de sabão em barra, aplicado 2x ao dia em bodes infestados por carrapatos (Kouam et al., 2015). 🧪(VI): O óleo essencial atua como fungicida em dermatófitos como Aspergillus fumigatus e Cladosporum trichoides (Dembitsky et al., 2008). A mesma fração apresenta atividade citotóxica (Degenhardt et al., 2016).

Observação do uso clínico em Florianópolis: O uso externo da infusão preparada com as folhas da erva-de-santamaria tem boa resposta no tratamento de infestações por piolhos. A utilização da infusão ou da tintura na forma de compressas é eficaz em machucados e contusões.

Cuidados para o uso desta espécie: Devido à falta de informações sobre segurança, não é indicado o uso interno desta espécie. O uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. O seu uso é contra indicado para gestantes, lactantes e crianças de até 3 anos, pessoas debilitadas ou com doenças hepáticas, renais e auditivas.

OBS: O óleo essencial não deve ser ingerido.

Posologia e modo de uso:

🍵 Uso interno: O uso interno desta espécie não possui segurança estabelecida, apesar do tradição popular indicar a forma de infusão para uso oral e na culinária.

Uso externo: Como repelente e inseticida através da infusão de 20g da planta para 1 litro d´água fervente. Pode ser utilizada externamente também na forma de tintura.

Observações: Planta utilizada na alimentação.

Composição química:  A composição do óleo essencial pode variar com as condições climáticas, maturação da planta e método de extração. A substância Ascaridol (folhas até 9,2% de óleo essencial de ascaridol e frutos até 20% de óleo com 80 a 90 % de ascaridol) e outros monoterpenos (carenos, limoneno, isolimoneno, timol, P-cimeno, carvacol, cavona, safrol, P-cimol, cineol, aritasona, mirceno, A-pineno, A-terpineno, felandreno, quenopodina, histamina, glicol), alcaloides, ácido butírico, salicitado de metilo, saponinas, sesquiterpenos, triterpenos, lipídeos, flavonoides (campferol-7-ramino-sidio, ambosidio, quercetina), aminoácidos, ácidos orgânicos (cítrico, málico, vanílico, tartárico, oxálico e succínico), alcanfor, pectina, taninos, terpenos, carveno, anethole (ester fenótico) e santonina. Contém ainda proteínas, gorduras, carboidratos, fibras, cálcio, fósforo, ferro, caroteno, tiamina, riboflavina, niacina e ácido ascórbico.

 

Referências
1. ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 839-842

2. DI STASI, L.C.; HIRUMA-LIMA, C.A. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. 2.ed. Colaboração de Alba Regina Monteiro Souza-Brito, Alexandre Mariot, Claudenice Moreira dos Santos. São Paulo: Editora UNESP, 2002. p. p. 163-164.

3. DRESCHER, L. (coord.). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. Laranja da Terra,ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001. p. 64-65.

4. GUPTA, M. P. (ed.). 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas.Santafé de Bogotá, Colombia: Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarollo (CYTED), 1995. p. 230-236

5. LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2008. p. 122-123.

6. MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais: Guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. 2. ed. Fortaleza: IU, 2000. p. 253-255.

7. PANIZZA, S. Plantas que curam: cheiro de mato. 5. ed. São Paulo: IBRASA, 1997. p. 96-98.

8. REVILLA, J. Plantas da Amazônia: oportunidades econômicas e sustentáveis. Manaus: SEBRAE – INPA, 2000. p. 307-310.

9. http://www.tropicos.org – Acesso em: 17 de junho de 2011.

10. PEREIRA, W S. et al., Evaluation of the subchronic toxicity of oral treatment with Chenopodium ambrosioides in mice. Journal of ethnopharmacology, v. 127, n. 3, p. 602-605, 2010. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378874109007739?via%3Dihub

11. MONTEIRO, J. N. et al., Chenopodium ambrosioides L. essential oil and ethanol extract on control of canine Ancylostoma spp. Semina: Ciências Agrárias, 2017. 38, 4, 1947-1954. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/319146429_Chenopodium_ambrosioides_L_essential_oil_and_ethanol_extract_on_control_of_canine_Ancylostoma_spp

12. KOUAM, M. K. et al., Evaluation of in vivo acaricidal effect of soap containing essential oil of Chenopodium ambrosioides leaves on Rhipicephalus unulatus in the western highland of Cameroon, 2015. ID 516869, 1-5. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/jpath/2015/516869/

13. DEGENHARDT, R. T., et al., Characterization and evaluation of the cytotoxic potencial of the essential oil of Chenopodium ambrosioides. Revista Brasileira de Farmacogonsia, 2016. 26, 56-61. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0102695X15002033

14. DEMBITSKY, V. et al., Ascaridole and related peroxides from the genus Chenopodium. Biomed Pap Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech Reppub, 2008. 152 (2): 209-215. Disponível em: http://biomed.papers.upol.cz/artkey/bio-200802-0004_ascaridole_and_related_peroxides_from_the_genus_chenopodium.php

Tags: AbortivoAnti-inflamatórioBronquiteCicatrizanteFebreInseticidaNutritivaParasitoseReumatismoSarnaSinusiteTosseVermífuga

DAMIANA

09/01/2020 15:21

Turnera diffusa  Willd.

Turneraceae  


Sinonímias: Turnera aphrodisiaca Ward., Turnera diffusa var. aphrodisiaca (Ward.)Urb., Turnera humifusa (C. Presl) Endl. ex Walp., Turnera pringlei Rose. 

Nomes populares:  Damiana, hierba de la pastora, hierba del venado, té de México, pastorcita, damiana da Califórnia, etc. 

Origem ou Habitat: Turnera difusa é uma planta predominantemente de regiões áridas e semi-áridas, que se estende desde a Califórnia e México até América do Sul. Também é encontrada na Índia (Alcaraz-Meléndes et al., 1994 apud CAMARGO & VILEGAS, 2015. 

Características botânicas:  É um arbusto aromático perene, caracterizado por apresentar uma altura máxima de 2 m, folhas simples pecioladas e lanceoladas, com aproximadamente 2,5 cm de comprimento, coloração verde amarelada, apresentando na parte inferior nervuras saliente. Suas flores são pequenas, axilares, amarelas, que aparecem no final do verão e são seguidas por um fruto capitular, globoso e pequeno que contém numerosas sementes (ALONSO, 1998). 

Partes usadas:Folhas secas. 

Uso popular:  No México e em Cuba, os índios usam o extrato aquoso de Turnera diffusa como expectorante, diurético, afrodisíaco e em outros tratamentos (Perez et al., 1984). O decoto de folhas de Turnera difusa também é usado para curar distúrbios digestivos (Krag, 1976; Ishikura, 1982). Na Bolívia, o extrato aquoso das folhas é usado no tratamento da blenorragia. O chá de Turnera ulmifolia, preparado usando-se a planta inteira, é indicado para mulheres em período pós-parto e para aquelas que apresentam amenorréia (Ayensu, 1978). Em Cuba, o extrato aquoso a quente das flores é utilizado para alívio das cólicas menstruais. Na Jamaica, o extrato aquoso das folhas é utilizado como antipirético e na Colômbia o decoto das folhas é usado como abortivo (apud CAMARGO & VILEGAS, 2015. 

Composição química:  Óleo essencial: alfa e beta pineno, p-cimeno, timol, 1,8-cineol; sesquiterpenos (a-copaeno, g-cadineno, calameno,); glicosídeo fenólico (arbutina), damianina (princípio amargo), taninos, b-sitosterol, glicosídeo cianogênico (tetrafilina B), clorofila, resinas, goma, amido, proteínas, alcalóides, etc. 

Ações farmacológicas: Diurética, anti-inflamatória, antibacteriana, tônica, antioxidante, expectorante. 

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Altas doses pode provocar efeito purgante, taquicardia, insônia, irritabilidade das mucosas do aparelho urinário e tóxico para o aparelho respiratório. Há relato de um caso em que a ingestão de 200 g de extrato de damiana causou convulsões. Além disso, não se recomenda o emprego de damiana em casos de esofagite por refluxo, úlceras duodenais, enfermidade diverticular e colite ulcerosa. 

Contra-indicações:  Não é recomendado o emprego de damiana durante a gestação e lactação, nem em crianças pequenas, e pacientes com transtornos de ansiedade e insônia. 

Posologia e modo de uso: Infusão: 2-4 g de folhas secas por xícara. Tomar até 3x ao dia. 

Observações: Existem outras espécies, fotos abaixo: Turnera subulata Sm. e Turnera sidoides L..
 

 

Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. 

AVELINO-FLORES, Maria del Carmen; Cruz-Lopez, Maria del Carmen; Jimenez-Montejo, Fabiola E.; Reyes-Leyva, Julio “Cytotoxic Activity of the Methanolic Extract of Turnera diffusa Willd on Breast Cancer Cells.” From Journal of Medicinal Food (2015), 18(3), 299-305.https://scifinder.cas.org/ – Acesso 5 Maio 2015. 

ELY E. S. Camargo; WAGNER Vilegas – Quality control of polar extracts from Turnera diffusa Willd. ex Schult., Turneraceae – Rev. bras. farmacogn. vol.20 no.2 Curitiba Apr./May 2010 – Acesso 4 Maio 2015. 

http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/index.php?pag=buscar_mini.php – Acesso 4 Maio 2015. 

https://sites.google.com/site/biodiversidadecatarinense/plantae/magnoliophyta/turneraceae – Acesso 4 Maio 2015. 

SZEWCZYK, Katarzyna; Zidorn, Christian “Ethnobotany, phytochemistry, and bioactivity of the genus Turnera (Passifloraceae) with a focus on damiana-​ Turnera diffusa.” From Journal of Ethnopharmacology (2014), 152(3), 424-443. https://scifinder.cas.org/ Acesso 5 Maio 2015. 

WYK, Ben-Erik van & WINK Michael “MEDICINAL PLANTS OF THE WORLD”, Timber Press, Portland, Oregon/U.S.A. 2004. 

WONG-PAZ, Jorge E.; Contreras-Esquivel, Juan C.; Rodriguez-Herrera, Raul; Carrillo-Inungaray, Maria L.; Lopez, Lluvia I.; Nevarez-Moorillon, Guadalupe V.; Aguilar, Cristobal N.”Total phenolic content, in vitro antioxidant activity and chemical composition of plant extracts from semiarid Mexican region”. From Asian Pacific Journal of Tropical Medicine (2015), 8(2), 104-111. https://scifinder.cas.org/ – Acesso 5 Maio 2015. 

http://www.tropicos.org/Name/33100134?tab=synonyms – Acesso 4 Maio 2015.

Tags: AbortivoAfrodisíacoAmenorréiaantipiréticoCólicaDiuréticoExpectorante

CIPÓ MIL-HOMENS

08/01/2020 15:50

Aristolochia spp.

Aristolochiaceae 


Nomes populares:  Urubu-caá, angelicó, calunga, capa-homem, contra-erva, batarda, jarrinha, cipó jarrinha, mil-homens, papo-de-peru, aristolóquia, caçaú, cassau, cassiu, chaleira-de-judeu, cipó-mata-cobra, erva-de-urubu, contra-erva, erva-bicha, giboinha, milhomem, papo-de-galo, camará-açú, crista-de-galo, raja, mata-porcos, mil-homens-do-ceará, mil-homens-do-rio-grande (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002),(LORENZI; MATOS, 2002),(CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1998).

Origem ou Habitat: No Brasil, ocorrem aproximadamente sessenta espécies distintas de Aristolochia (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002).

As espécies mais importantes no uso medicinal são:

Aristolochia cymbifera Mart. & Zucc. (regiões Sul e Sudeste, até a Bahia),

Aristochia triangularis Cham. (no Rio Grande do Sul),

Aristolochia esperanzae O. Kuntze (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul),

Aristolochia ridicula N.E.Br. (São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul),

Aristolochia brasiliensis Mart.&Succ.(do Nordeste),

Aristolochia arcuata Mast. (São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul) e

Aristolochia gigantea Mart.&Zucc. (caatinga) (LORENZI; MATOS, 2002).

O gênero ocorre também no Uruguai, Argentina e Paraguai (ALONSO; DESMARCHELIER, 2006),(GUPTA, 1995),(SIMÕES, 1998).

Características botânicas:  Trepadeira herbácea, de ramos finos e flexuosos, com a base engrossada com casca corticosa fissurada, folhas simples, de consistência membranácea, pecioladas, glabras, de 12-20 cm de comprimento. Flores solitárias, com a forma de urna muito característica, e frutos capsulares elipsoides deiscentes, com inúmeras sementes achatadas (LORENZI; MATOS, 2002). Rizoma tuberoso (CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1998).

Partes usadas: Caule, folhas e raízes.

Uso popular:  Na região amazônica, o decocto das folhas é útil contra cólicas abdominais e problemas estomacais, enquanto o banho preparado com folhas em água fria é utilizado contra dores de cabeça e dores musculares. Outros usos populares indicam que a raiz é tônica, estomáquica, estimulante, antisséptica, sudorífica, diurética, anti-histérica e útil contra febres graves, catarros crônicos, disenteria e diarreia; é usada também como abortiva e contra veneno de cobra (LORENZI; MATOS, 2002),(GUPTA, 1995)(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008). O chá da raiz é também usado como emenagogo, excitante, cicatrizante e contra úlceras crônicas, sarnas, caspa e orquites (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002),(LORENZI; MATOS, 2002),(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008). É empregada ainda para asma, gota, hidropisia, convulsões, epilepsia, palpitações, flatulência, prurido e eczemas e até como sedativa. Algumas regiões a usam contra anorexia, ansiedade, prisão de ventre e como anti-helmíntica (LORENZI; MATOS, 2002),(CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1998),(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008). Também para amenorreia (falta de menstruação)(LORENZI; MATOS, 2002)(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008) e clorose (anemia por excesso de sangramento menstrual)(LORENZI; MATOS, 2002).

Composição química:  Os ácidos aristolóquicos são os principais componentes de inúmeras espécies do gênero Aristolochia. Outros componentes incluem terpenoides, alcaloides apoporfíricos, alcaloides aristolactâmicos, alcaloides do grupo da berberina, outros alcaloides, sesquiterpenolactonas, lignanas, beta-cariofileno, alfa-copaeno, beta-elemeno, gama-elemeno, alfa-humuleno e amidas (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002). Análises de raízes e caules tem demonstrado diterpenos e, nas folhas, sesquiterpenoides(LORENZI; MATOS, 2002).

Ações farmacológicas: Substâncias isoladas de A. versicolor e A. indica apresentaram atividade antifertilidade em alguns estudos; alguns apontam que o ácido aristolóquico é antiespermatogênico, por interferir na espermiogênese no estágio de formação das espermátides e reduzir a produção de células de Leydig maduras. O ácido aristolóquico de A. indica apresentou propriedades antiestrogênica e anti-implantacional. O ácido aristolóquico de A. rodix foi eficaz contra o veneno de ofídeos. Diterpenos isolados de A. albida agem como importantes antídotos de picada de cobra do gênero Naja. Constituintes químicos da A. manshuriensis obtidos por cultura celular apresentaram importante atividade cardiotônica. A magnoflorina, alcaloide obtido de várias espécies do gênero, diminui a pressão arterial em coelhos e induz hipotermia em camundongos. O ácido aristolóquico I promove contrações em músculos lisos isolados, enquanto uma atividade relaxante muscular inespecífica em músculos lisos foi descrita para o extrato etanólico de A. papillaris. Estudos com A. birostris demonstraram atividade analgésica e antitérmica e inibição das contrações induzidas por histamina, acetilcolina e ocitocina, a nível central. Atividade anti-inflamatória foi observada em A. tulobataA. multiflora possui atividade citotóxica. A. niaurorum demonstrou atividade antisséptica e cicatrizante. Atividade antifúngica e antibacteriana foi associada a A. papillarisA. gigantea e A. paucinervis também mostraram atividade antibacteriana. A. triangularis foi relacionada à atividade antiviral, enquanto A. paucinervis agiu contra Helicobacter pylori. A constatação da atividade citotóxica experimentalmente abre portas para estudos na área de oncologia (ALONSO,; DESMARCHELIER, 2006)..

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A presença de ácido aristolóquico contra indica o uso interno.

Contra-indicações:  Existem pelo menos 14 tipos de ácidos aristolóquicos (JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005). O consumo crônico da infusão da Aristolochia sp. por humanos leva ao aparecimento rápido de fibrose renal intersticial. Há evidências de que o ácido aristolóquico, além de levar a esta nefropatia, aumenta o risco de câncer urotelial. Estudos mostram o surgimento de lesões renais em um mecanismo dose-dependente em apenas 3 dias de tratamento com 10, 50 ou 100mg/kg por via oral em animais. Na Bélgica, na década de 90, uma contaminação de fitoterápicos chineses, usados para emagrecimento, com ácido aristolóquico proveninente de A. fangchi levou ao relato de dezenas de casos dessa nefropatia, além da associação nesses pacientes com o aumento do risco para carcinoma urotelial. Depois se soube de casos semelhantes em outros países da Europa, Japão, Estados Unidos, etc. Por causa da semelhança da clínica e da histologia entre a “nefropatia da erva chinesa” e a nefropatia dos Bálcãs, iniciou-se uma série de investigações que sugerem que o ácido aristolóquico também é o agente etiológico desta última. A nefropatia dos Bálcãs também cursa, além da lesão tubulointersticial rapidamente progressiva, com pressão arterial normal, leucocitúria asséptica, proteinúria de baixo peso molecular e anemia precoce e severa. A doença afeta homens e mulheres que vivem em áreas rurais da Bósnia, Croácia, Romênia e Sérvia, caracterizada por início insidioso, invariável progressão para insuficiência renal crônica e forte associação com carcinoma urotelial. Estudos epidemiológicos evidenciaram a ocorrência focal da doença em certas vilas e famílias, mas não um padrão de herança da doença. Os achados, entretanto, não são definitivos quanto à associação entre o ácido aristolóquico e a nefropatia endêmica, e outros agentes etiológicos continuam sendo discutidos, como a contaminação da água com toxinas do carvão, e a ocratoxina A, uma toxina proveniente de alguns fungos, também associada à nefrotoxicidade e carcinogênese e encontrada em altos níveis no sangue de indivíduos das áreas de alta endemicidade da doença. planta proibida em vários países, não deve ser usada interna mente.

Observações: O nome do gênero Aristolochia vem do grego: aristos = bom e lochia = nascimento, parto. Segundo a Teoria das Assinaturas, a forma curvada da flor de uma das espécies (Aristolochia clematitis) lembra o feto em posição antes do nascimento, razão pela qual a planta era usada popularmente para facilitar o parto (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002).

Aristolochia triangularis possui acido aristolóquico em suas raízes .

 

Referências:
ALONSO, J.; DESMARCHELIER, C. Plantas Medicinales Autoctonas de La Argentina. Buenos Aires: Fitociencia, 2006.

CORRÊA, A. D.; SIQUEIRA-BATISTA, R.; QUINTAS, L. E. Plantas Medicinais: Do Cultivo a Terapêutica. Petrópolis: Vozes, 1998.

DUKE, J. A.; BOGENSCHUTZ-GODWIN, M. J.; OTTESEN, A. R. Duke’s handbook of medicinal plants of Latin America. Boca Raton: CRC Press, 2008.

GUPTA, M. P. (ed.). 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas. Santafé de Bogotá, Colombia:. Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarollo (CYTED), 1995.

GROLLMAN, A. P. et al. Aristolochic acid and the etiology of endemic (Balkan) nephropathy. Proceedings of the National Academy of Sciences, [S. I.], v. 104, n. 29, 12129-12134, 2007.

JUNIOR, V. F.; PINTO, A. C.; MACIEL, M. A. Plantas medicinais: cura segura. Química nova, [S. I], v. 28, n. 3, p. 28-519, 2005.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

SIMÕES, C.M.O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1988.

STASI L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. São Paulo: Editora UNESP, 2002.

http://www.tropicos.org/NameSearch.aspx?name=Aristolochia&commonname – acesso em 20 de março de 2012.

Tags: AbortivoAnsiedadeAntissépticaAsmaCefaléiaCicatrizanteCólicaDiarreiasDisenteriaDiuréticoEczemaEmenagogoFebreFlatulênciaPruridoSarnaSedativoSudoríficaTônicoÚlceras

CARAPIÁ ou CONTRA-ERVA

07/01/2020 22:00

Dorstenia brasiliensis  Lam.
Moraceae  


Sinonímias: Dorstenia brasiliensis var. guaranitica Chodat & Vischer, Dorstenia brasiliensis var. major Chodat & Hassl., Dorstenia brasiliensis var. palustris Hassl., Dorstenia brasiliensis var. tomentosa (Fisch. & C.A. Mey.) Hassl., Dorstenia brasiliensis var. tubicina (Ruiz & Pav.) Chodat & Vischer, Dorstenia montevidensis Miq., entre outras.  

Nomes populares:  Contra-erva, carapiá, carapá, cayapiá, conta-de-serpente, eiga-eiga, figueirilha. 

Origem ou Habitat: Nativa do Brasil. Segundo ALONSO (2004), é encontrada desde o México até Argentina, sendo muito comum em Montevidéo (Uruguay), Sul do Brasil, Paraguay, Noroeste e Nordeste da Argentina. 

Características botânicas:  Segundo ALONSO (2004): Erva perene, rosetada, medindo de 60-70 cm de altura, talo pequeno, raiz tuberosa simples ou ramificada, nodosa, medindo até 10 cm de extensão. Folhas inteiras ovado-cordadas com margens dentadas, medindo 8 cm de comprimento e 6 cm de largura, com a face superior áspera e a inferior pilosa, dispostas em espiral, formando uma roseta basal. Flores monóicas, diminutas, agrupadas sobre um receptáculo comum pedunculado plano, carnoso, medindo mais de 2 cm de espessura, comumente orbicular ou elíptico. 

Partes usadas:Rizomas (principalmente), e folhas. 

Uso popular:  No Brasil é usada para tratamento de febres, dismenorréia, atonia do aparelho digestivo, gastrite, disenteria, reumatismo, dermatite, como expectorante, tônico-estimulante, contra picadas de serpentes (emplastro com raiz fresca) e em diarreias crônicas. Na Argentina as folhas são usadas como febrífugo, diurético, emenagogo e abortivo. No Paraguai é empregada para controle de fertilidade. Na Guatemala como tônico-estimulante, febrífugo, emenagogo, antigripal e antidiarreico. No México contra sarampo, febre e tétano. 

Usada em cigarros de palha para acrescentar um sabor especial ao fumo. 

Composição química:  Triterpenóides (ácidos dorstênicos A e B) e furanocumarinas (bergapteno, bergaptol), cardenolídeo esteroidal (sinogenina), catequina, epicatequina e os ácidos benzóico, málico, cítrico e tartárico. 

Ações farmacológicas: Até o momento não foram realizados ensaios clínicos com esta planta, somente em animais de laboratório e testes in vitro. Algumas ações farmacológicas estudadas foram: atividade analgésica e anti-inflamatória.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Pode ocorrer foto-toxicidade devido as furanocumarinas através do contato com a pele.(Gruenwald J., 1998 apud Alonso, J., 2004). 

Contra-indicações:  Em vista de seu uso como abortivo é contraindicado para mulheres grávidas. 

Posologia e modo de uso: Decocção: 2g do rizoma em 150 ml de água. Tomar 2 a 3 xícaras ao dia.. 

Observações: autor do binômio é Jean Baptiste Antoine Pierre de Monnet de Lamarck (1786).  

Existe outra espécie chamada de Dorstenia contrajerva L. nativa do México “toman el cocimiento de la raíz y hojas, junto con otras plantas, como contraveneno para la mordedura de víbora, de perro rabioso o cualquier intoxicación alimenticia.” Fonte: Biblioteca Digital de la Medicina Tradicional Mexicana.  

As frações solúveis em hexano dos rizomas ou das folhas de cinco espécies do gênero Dorstenia (Moraceae) (D. bahiensis Kl., D. bryoniifolia Mart ex. Miq., D. carautae C.C.Berg., D. cayapiaa Vell. e D. heringerii Car. & Val.) foram analisadas por GC-MS (cromatografia gasosa de alta resolução acoplada a espectrometria de massas). Foram identificados triterpenos pentacíclicos, esteróides e furocumarinas. GC-MS mostrou ser uma ferramenta valiosa para a análise dos terpenóides de Dorstenia spp. 

Estas substâncias podem estar ligadas à utilização tradicional de Dorstenia spp. como plantas anti-ofídicas.(JANETE et all.,1997)..
 

 

Referências:

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. 1. ed. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. 

JANETE H. Y. Vilegas a , Fernando M. Lanças ª*, Wagner Vilegas b , and Gilberto L. Pozetti b “Further Triterpenes, Steroids and Furocoumarins from Brazilian Medicinal Plants of Dorstenia genus (Moraceae)” – J. Braz. Chem. Soc. vol.8 no.5 São Paulo, 1997. Acesso 28 Março 2016. 

http://www.bihrmann.com/caudiciforms/subs/dor-bra-sub.asp – Acesso 22 MARÇO 2016. 

http://www.medicinatradicionalmexicana.unam.mx/monografia.php?l=3&t=Contrayerba&id=7352 – Acesso 28 Março 2016.  

http://www.flordocamponatural.com.br/chas/carapia.htm – Acesso 29 Março 2016.  http://www.tropicos.org/Name/21301596?tab=synonyms

Tags: AbortivoDermatiteDiarreiasDisenteriaDismenorreiaDiuréticoEmenagogoExpectoranteFebreGastriteReumatismo

BUCHINHA-DO-NORTE

04/01/2020 23:33

Luffa operculata (L.)Cogn.
Cucurbitaceae 


SinonímiasMomordica operculata L., Momordica purgans Mart., Luffa purgans (Mart.)Mart., Luffa astorii Svenson, Luffa operculata var. intermedia Cogn., Luffa operculata var. lobata Cogn., entre outros.

Nomes popularesBuchinha-do-norte, cabacinha, abobrinha-do-norte, buchinha-paulista, buchinha, bucha, purga-de-paulista, purga-dos-frades-da-companhia (Brasil), esponjilla, esponjuelo, pepino de monte, zapallito de monte (Espanha)

Origem ou HabitatÉ nativo da América do Sul, principalmente do Brasil.

Características botânicasTrepadeira herbácea escandente, com gavinha ramificada, anual, caule muito ramificado, volúvel (caule aéreo fino e longo, com pouca rigidez por isso tende a se enrolar em suportes mais rígidos), delgado, medindo até 10 m de comprimento.Folhas simples e cordiformes, tri a pentalobadas, medindo de 2-8 cm de comprimento por 3-15 cm de largura. Flores amarelo-pálidas com 5 pétalas, medindo 2 cm aproximadamente. Os frutos são ovoides ou fusiformes, de superfície rugosa e conteúdo esponjoso, medindo, aproximadamente, 5 cm de comprimento e pesando em torno de um grama, com três cavidades longitudinais contendo numerosas sementes escuras, achatadas e lisas

Partes usadas: Frutos maduros e secos (bucha fibrosa interna).

Uso popularNas práticas caseiras da medicina tradicional do Nordeste é empregada como descongestionante nasal, para tratar sinusite, como emenagogo e como abortivo.

No Brasil, a infusão do fruto seco de Luffa operculata é utilizada para inalação ou instilação nasal, resultando em liberação profusa de muco que alivia os sintomas nasossinusais, mas há relatos freqüentes de irritação nasal, epistaxe e anosmia.

Na Europa e nos EUA, está em medicamentos homeopáticos.

Hoje existe no mercado nacional um preparado para uso nasal à base de Luffa operculata 1% e soro fisiológico, de venda livre nas farmácias.

Composição químicaA análise fitoquímica de Luffa operculata revela a presença de glicosídeos, saponina, esteroides livres, fenóis, ácidos orgânicos e resina. Na resina são encontrados elaterina A, cucurbitacinas B e D e isocucurbitacina B (MATOS, 1979). Também são encontrados em menor quantidade buchinina, buchina e luffanina (alcaloides), citrulina, metacarboxi-fenilalanina e luperosídeos (CACERES, 1996; SOUSA NETO, 2006).

Ações farmacológicas: Vários trabalhos científicos relatam que a Luffa operculata Cong. possui várias atividades farmacológicas, tais como: citotoxicidade, atividade antiinflamatória, antitumoral, antioxidante e antimicrobiana.

Interações medicamentosas: Não encontrado na literatura pesquisada

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É abortiva, irritante das mucosas, sendo que 1g do extrato é letal para 1 homem de 70 Kg. De acordo com alguns usuários, a administração sob a forma de inalação, além de causar irritações severas, provoca hemorragia nasal. Nos casos de intoxicação, através da ingestão de chás preparados com o fruto, foram relatados náuseas, vômitos, diarreia, cólica e dor de cabeça

Em preparações homeopáticas por via nasal e oral não foram evidenciadas sinais de toxicidade ou intolerância.

Contra-indicaçõesNão administrar durante a gravidez e amamentação, nem em casos de úlceras gástricas.

Posologia e modo de uso: Uma receita popular no Nordeste para tratar rinossinusites: extrato aquoso preparado com 1/4 do fruto seco lavado 9 vezes sucessivas com um pouco de água (500 ml) e deixado o material lavado em maceração na nona água durante a noite; para o tratamento coloca-se algumas gotas nas narinas, após o que ocorre intensa eliminação de secreções, deixando uma sensação de queimadura interna que pode ser seguida de hemorragia nasal, se for usado extrato muito concentrado.

Há recomendação na literatura do uso do extrato aquoso a 0,5-1% por instilação de 2 a 3 gotas no nariz, duas vezes ao dia, para tratar sinusite.

Observações: 

A espuma observada no preparo das infusões pode ser atribuída à presença de saponina na Luffa operculata. Como os detergentes, ela não propriamente emulsifica, mas determina uma alteração da tensão superficial da mucosa provocando polarização, que resulta em efeito cáustico no tecido. Assim, a saponina deve ser o componente verdadeiramente irritante. Em doses terapêuticas, as saponinas são princípio ativo de alguns medicamentos mucolíticos.

O gênero Luffa é composto por oito espécies. Conforme MIYAKE (2004) Luffa cylindrica Roem. diferencia-se da Luffa operculata Cogn. , por se tratar de “esponja vegetal”, cujos frutos são maiores, oblongos e cilíndricos com até 35 cm de comprimento. A Luffa cylindrica Roem. é conhecida pelo nome de bucha-dos-paulistas, fruta-dos-paulistas, bucha-dos-pescadores, esfregão, pepino-bravo. Sendo usada para higiene pessoal e limpeza geral.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

MATHEUS Dellaméa Baldissera , Priscila Marquezan Copetti, Pablo Sebastian Britto de Oliveira e Michele Rorato Sagrillo – Eeito genotóxico in vitro do extrato aquoso de Luffa operculata sobre células mononucleares de sangue periférico. Disciplinarum Scientia Série:Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 15, n. 1, p. 1-10, 2014. Acesso 02 Março 2015

MÔNICA Aidar Menon-Miyake; Paulo Hilário Nascimento Saldiva; Geraldo Lorenzi-Filho; Marcelo Alves Ferreira; Ossamu Butugan; Regiani Carvalho de Oliveira – Efeitos da Luffa operculata sobre o epitélio do palato de rã: aspectos histológicos. Rev. Bras. Otorrinolaringol. vol.71 no.2 São Paulo Mar./Apr. 2005 – Acesso 02 Março 2015 –

REBEKA Alves Caribé: Abordagem da atividade biológica do extrato de Luffa operculata Cogn. (CUCURBITACEAE) – Dissertação de mestrado: UFPE, Recife, 2008. – Acesso 02 Março 2015

http://www.brasilescola.com/biologia/caule.htm – Acesso 27 Fev 2015.

http://www.tropicos.org/Name/9200612 – Acesso 25 Fev 2015.

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