ERVA DE SANTA MARIA

10/01/2020 15:24

Chenopodium ambrosioides  L.

Amaranthaceae (antiga Chenopodiaceae)


Sinonímias: Ambrina ambrosioides (L.) Spach,  Ambrina anthelmintica (L.) Spach, Ambrina chilensis Spach, Blitum ambrosioides (L.) Beck, Chenopodium ambrosioides var. anthelminticum (L.) A. Gray, Chenopodium ambrosioides var. dentata Fenzl, Chenopodium santamaria Vell., Orthosporum ambrosioides (L.) Kostel., Roubieva anthelmintica Hook (L.).& Arn., Teloxys ambrosioides (L.) WA Weber, etc.

Nomes populares:  Mastrunço, mestruz, mastruz, lombrigueira, quenopódio, ambrosia-do-méxico, erva-das-cobras, erva-do-formigueiro,caacica.

Obs.: No Norte do Brasil, um dos nomes populares dessa erva é mastruço ou mastruz, aqui no Sul, o nome mastruço refere-se a outra planta, a Coronopus didymus L.

Origem ou Habitat: América Central e do Sul.

Características botânicas:  Planta herbácea, perene, ereta, muito ramificada na base, com até 1 m de altura, apresenta pubescência glandular. Folhas simples, numerosas, alternadas de cor verde escura, as inferiores geralmente ovoides e lanceoladas, pecíolo curto, verde claro, nervuras em forma de pena; as superiores são menores, lanceoladas e de margens inteiras. Flores pequenas, verdes, dispostas em espigas axilares densas, possuem cálice com 5 sépalos. Frutos muito pequenos do tipo aquênio, esféricos, pretos, ricos em óleo e muito numerosos, geralmente confundido com as sementes, que são lenticulares, brancas ou pretas. Toda a planta tem cheiro forte, característico.

Partes usadas: Folhas e frutos.

Uso popular:  Muito utilizada como vermífugo, sendo também utilizada na expulsão de parasitas intestinais de outros animais. A infusão das folhas é usada, internamente, contra reumatismo, sinusite, catarro crônico, tosse, bronquite, febre, inflamação da gargante, dor ciática e parasitoses. A planta triturada é usada como anti-inflamatória e cicatrizante no tratamento de contusões e fraturas, por meio de compressas ou ataduras , como sabonete e shampoo para pediculose e sarna. Outro uso disseminado no Brasil é como inseticida doméstico, extremamente útil para afugentar pulgas, percevejos, baratas e demais insetos. Também utilizada como estomáquica e digestiva.

Informações científicas: 🐁 (AN): Em um estudo realizado em cães infestados por Ancylostoma spp., foi possível avaliar a eficácia do óleo essencial e do extrato etanólico de C. ambrosioides, contidos em biscoitos caninos, demonstrando 100% de atividade inibitória sobre as larvas (Monteiro et al., 2017). Também foram avaliadas as propriedades acaricidas do óleo essencial, sob a forma de sabão em barra, aplicado 2x ao dia em bodes infestados por carrapatos (Kouam et al., 2015). 🧪(VI): O óleo essencial atua como fungicida em dermatófitos como Aspergillus fumigatus e Cladosporum trichoides (Dembitsky et al., 2008). A mesma fração apresenta atividade citotóxica (Degenhardt et al., 2016).

Observação do uso clínico em Florianópolis: O uso externo da infusão preparada com as folhas da erva-de-santamaria tem boa resposta no tratamento de infestações por piolhos. A utilização da infusão ou da tintura na forma de compressas é eficaz em machucados e contusões.

Cuidados para o uso desta espécie: Devido à falta de informações sobre segurança, não é indicado o uso interno desta espécie. O uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. O seu uso é contra indicado para gestantes, lactantes e crianças de até 3 anos, pessoas debilitadas ou com doenças hepáticas, renais e auditivas.

OBS: O óleo essencial não deve ser ingerido.

Posologia e modo de uso:

🍵 Uso interno: O uso interno desta espécie não possui segurança estabelecida, apesar do tradição popular indicar a forma de infusão para uso oral e na culinária.

Uso externo: Como repelente e inseticida através da infusão de 20g da planta para 1 litro d´água fervente. Pode ser utilizada externamente também na forma de tintura.

Observações: Planta utilizada na alimentação.

Composição química:  A composição do óleo essencial pode variar com as condições climáticas, maturação da planta e método de extração. A substância Ascaridol (folhas até 9,2% de óleo essencial de ascaridol e frutos até 20% de óleo com 80 a 90 % de ascaridol) e outros monoterpenos (carenos, limoneno, isolimoneno, timol, P-cimeno, carvacol, cavona, safrol, P-cimol, cineol, aritasona, mirceno, A-pineno, A-terpineno, felandreno, quenopodina, histamina, glicol), alcaloides, ácido butírico, salicitado de metilo, saponinas, sesquiterpenos, triterpenos, lipídeos, flavonoides (campferol-7-ramino-sidio, ambosidio, quercetina), aminoácidos, ácidos orgânicos (cítrico, málico, vanílico, tartárico, oxálico e succínico), alcanfor, pectina, taninos, terpenos, carveno, anethole (ester fenótico) e santonina. Contém ainda proteínas, gorduras, carboidratos, fibras, cálcio, fósforo, ferro, caroteno, tiamina, riboflavina, niacina e ácido ascórbico.

 

Referências
1. ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 839-842

2. DI STASI, L.C.; HIRUMA-LIMA, C.A. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. 2.ed. Colaboração de Alba Regina Monteiro Souza-Brito, Alexandre Mariot, Claudenice Moreira dos Santos. São Paulo: Editora UNESP, 2002. p. p. 163-164.

3. DRESCHER, L. (coord.). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. Laranja da Terra,ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001. p. 64-65.

4. GUPTA, M. P. (ed.). 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas.Santafé de Bogotá, Colombia: Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarollo (CYTED), 1995. p. 230-236

5. LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2008. p. 122-123.

6. MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais: Guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. 2. ed. Fortaleza: IU, 2000. p. 253-255.

7. PANIZZA, S. Plantas que curam: cheiro de mato. 5. ed. São Paulo: IBRASA, 1997. p. 96-98.

8. REVILLA, J. Plantas da Amazônia: oportunidades econômicas e sustentáveis. Manaus: SEBRAE – INPA, 2000. p. 307-310.

9. http://www.tropicos.org – Acesso em: 17 de junho de 2011.

10. PEREIRA, W S. et al., Evaluation of the subchronic toxicity of oral treatment with Chenopodium ambrosioides in mice. Journal of ethnopharmacology, v. 127, n. 3, p. 602-605, 2010. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378874109007739?via%3Dihub

11. MONTEIRO, J. N. et al., Chenopodium ambrosioides L. essential oil and ethanol extract on control of canine Ancylostoma spp. Semina: Ciências Agrárias, 2017. 38, 4, 1947-1954. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/319146429_Chenopodium_ambrosioides_L_essential_oil_and_ethanol_extract_on_control_of_canine_Ancylostoma_spp

12. KOUAM, M. K. et al., Evaluation of in vivo acaricidal effect of soap containing essential oil of Chenopodium ambrosioides leaves on Rhipicephalus unulatus in the western highland of Cameroon, 2015. ID 516869, 1-5. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/jpath/2015/516869/

13. DEGENHARDT, R. T., et al., Characterization and evaluation of the cytotoxic potencial of the essential oil of Chenopodium ambrosioides. Revista Brasileira de Farmacogonsia, 2016. 26, 56-61. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0102695X15002033

14. DEMBITSKY, V. et al., Ascaridole and related peroxides from the genus Chenopodium. Biomed Pap Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech Reppub, 2008. 152 (2): 209-215. Disponível em: http://biomed.papers.upol.cz/artkey/bio-200802-0004_ascaridole_and_related_peroxides_from_the_genus_chenopodium.php

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