KAVA-KAVA

12/02/2020 22:22


Piper methysticum  G. Forst.

Piperaceae


Nomes populares: Kava-kava, kava, pimenta-embriagante, kawa-kawa, opu, makea, liwa e papa (Hawaii), wati (Nova Guiné).

Origem ou Habitat: É nativo da Oceania, em especial dos estados e das Ilhas de Papua e Nova Guiné, Nova Caledônia, Vanuatu, Fidji, Samoa, Tahiti, Ilhas da Micronésia e Hawaii.

Características botânicas: É um arbusto dióico, ereto, trepador, perene, medindo de 2 a 3 metros de altura. Folhas grandes e rígidas, cordiforme, profundamente cortadas na base. Possuem de 9 a 13 nervuras principais, estípulas presentes e grandes. Contém inúmeras flores pequenas que se arranjam em cachos tipo espigas, com 3 a 9 cm de comprimento. A parte central do rizoma é bastante porosa, com feixes lenhosos e finos, que são torcidos de forma irregular e separados por raios medulares, dando origem a malhas sob a casca. O caule é subterrâneo do tipo rizoma, podendo pesar até 10 kg, ramificado, suculento, com várias raízes, cor negro-acinzentado por fora e esbranquiçado no interior.

Partes usadas: A parte utilizada é o rizoma seco. Ao mastigar o rizoma de kava-kava provoca dormência na língua e salivação.

Uso popular: Os nativos das distintas Ilhas e estados da Oceania preparam uma mistura com as raízes e a córtex deste arbusto, mediante processo de decocção e maceração, dando o nome de “kava”. É a bebida nacional, por exemplo de Fidji, usada em cerimoniais ou situações importantes na vida da comunidade.

Para as comunidades de Hawaii, a bebida “kava” teria efeitos refrescantes, aperitivos, redutores da fadiga, ansiolíticos, anti-asmáticos, geradores de uma sensação prazerosa e bom regulador do sono.

Em outras Ilhas do Pacífico também se empregam como descongestionante e anti-infeccioso urinário, anti-sifilítico e antigonorréico, reconstituinte para crianças debilitadas, anti-asmático, redutor de peso e antiartrítico.

Com as folhas fazem um cataplasma para casos de cefaléia e febre.

Composição química: Raízes – Resina (5-10%): constituída por lactonas chamadas kavalactonas ou kavapironas. Outros compostos são kawain, methysticin, dihydrokawain, dihydromethysticin, methoxyyangonin e desmetoxy-yangonin. Possuem também mucilagens, óleo essencial, alcalóide piperidínico (pipermetistina) e glicídeos.

Ações farmacológicas: Kavalactonas ligam-se a vários neuroreceptores, especialmente GABA e os receptores de Dopamina, e inibem os canais de Na+. Estas interações podem explicar os efeitos sedativo, relaxante muscular, anti-convulsivante, tranquilizante e analgésico.

Mostrou atividade antimicótica frente a alguns fungos, por exemplo Aspergillus niger.

Interações medicamentosas: Se Kava-kava for consumido junto com anti-arrítmico amiodarona pode aumentar o perfil hepatotóxico da amiodarona.

É contra-indicado o uso concomitante.

Não administrar extratos de kava-kava a pacientes que estejam em tratamento com ansiolíticos pela possibilidade de potenciação dos efeitos.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A kava pode causar diarreia, vertigem, dilatação das pupilas, distúrbios do equilíbrio e acomodação oculomotor, raramente alergias na pele. A kava pode afetar a capacidade de dirigir e operar máquinas. Pode causar sonolência e diminuir os reflexos motores.

O uso crônico de altas doses de kava tem sido associado com dermopatia, síndrome caracterizada por pele seca e escamosa, olhos avermelhados, coloração amarelada temporária da pele, cabelos e unhas. Normalmente ocorre dentro de 3 meses a 1 ano de uso de kava e pode ser reversível com a diminuição ou interrupção do uso de kava.

Também há alguma preocupação de que a kava possa afetar adversamente o fígado. A toxicidade hepática está associada ao uso prolongado de doses muito altas, pacientes com história de hepatite recorrente. Há relatos de uso de kava em curto prazo e em doses normais que causou hepatite aguda em alguns pacientes.

Contra-indicações: Gestação, lactação e crianças menores de 3 anos.

Tampouco recomenda-se seu emprego por mais de 3 meses de tratamento contínuo.

Não administrar em pacientes depressivos endógenos por perigo de piora do quadro.

Não administrar em pessoas com histórico de distúrbios hepáticos e alcoolismo.

Observações: Piper” em alusão ao sabor picante e “methysticum” deriva da palavra grega ‘methu’ que significa “bebida embriagante” ou “bebida intoxicante”, “Kava” significa amargo.

A preparação tradicional e cerimonial da kava-kava envolvia a mastigação da raiz fresca por indivíduos jovens. Atualmente esta prática foi abandonada e usa-se outras ferramentas como madeira, pedra ou metal para preparar a bebida com kava. A raiz mastigada ou esmagada, era colocada em uma tigela de madeira e adicionada água ou leite de coco.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. 1. ed. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

http://www.itpac.br/arquivos/Revista/63/3.pdf – Acesso 02 Junho 2015.

http://www.plantasmedicinales.org/archivos/kava_kava___estudios_farmacognosticos.pdf – Acesso 02 Junho 2015.

http://www.tropicos.org/Name/25001137 – Acesso 02 Junho 2015.

Xing, Chengguo; Hecht, Stephen; Lu, Junxuan; Upadhyaya, Pramod; Murphy, Sharon; Leitzman, Pablo; Narayanapillai, Sreekanth; Balbo, Silvia “Kava derived therapeutic compounds and methods of use thereof”. From PCT Int. Appl. (2015), WO 2015070226 A1 20150514. (Scifinder, artigo 4) Acesso 8 Junho 2015.

Tags: Ansiolíticoanti-asmáticoAnti-infecciosoCefaléiaDescongestionante

BUCHINHA-DO-NORTE

04/01/2020 23:33

Luffa operculata (L.)Cogn.
Cucurbitaceae 


SinonímiasMomordica operculata L., Momordica purgans Mart., Luffa purgans (Mart.)Mart., Luffa astorii Svenson, Luffa operculata var. intermedia Cogn., Luffa operculata var. lobata Cogn., entre outros.

Nomes popularesBuchinha-do-norte, cabacinha, abobrinha-do-norte, buchinha-paulista, buchinha, bucha, purga-de-paulista, purga-dos-frades-da-companhia (Brasil), esponjilla, esponjuelo, pepino de monte, zapallito de monte (Espanha)

Origem ou HabitatÉ nativo da América do Sul, principalmente do Brasil.

Características botânicasTrepadeira herbácea escandente, com gavinha ramificada, anual, caule muito ramificado, volúvel (caule aéreo fino e longo, com pouca rigidez por isso tende a se enrolar em suportes mais rígidos), delgado, medindo até 10 m de comprimento.Folhas simples e cordiformes, tri a pentalobadas, medindo de 2-8 cm de comprimento por 3-15 cm de largura. Flores amarelo-pálidas com 5 pétalas, medindo 2 cm aproximadamente. Os frutos são ovoides ou fusiformes, de superfície rugosa e conteúdo esponjoso, medindo, aproximadamente, 5 cm de comprimento e pesando em torno de um grama, com três cavidades longitudinais contendo numerosas sementes escuras, achatadas e lisas

Partes usadas: Frutos maduros e secos (bucha fibrosa interna).

Uso popularNas práticas caseiras da medicina tradicional do Nordeste é empregada como descongestionante nasal, para tratar sinusite, como emenagogo e como abortivo.

No Brasil, a infusão do fruto seco de Luffa operculata é utilizada para inalação ou instilação nasal, resultando em liberação profusa de muco que alivia os sintomas nasossinusais, mas há relatos freqüentes de irritação nasal, epistaxe e anosmia.

Na Europa e nos EUA, está em medicamentos homeopáticos.

Hoje existe no mercado nacional um preparado para uso nasal à base de Luffa operculata 1% e soro fisiológico, de venda livre nas farmácias.

Composição químicaA análise fitoquímica de Luffa operculata revela a presença de glicosídeos, saponina, esteroides livres, fenóis, ácidos orgânicos e resina. Na resina são encontrados elaterina A, cucurbitacinas B e D e isocucurbitacina B (MATOS, 1979). Também são encontrados em menor quantidade buchinina, buchina e luffanina (alcaloides), citrulina, metacarboxi-fenilalanina e luperosídeos (CACERES, 1996; SOUSA NETO, 2006).

Ações farmacológicas: Vários trabalhos científicos relatam que a Luffa operculata Cong. possui várias atividades farmacológicas, tais como: citotoxicidade, atividade antiinflamatória, antitumoral, antioxidante e antimicrobiana.

Interações medicamentosas: Não encontrado na literatura pesquisada

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É abortiva, irritante das mucosas, sendo que 1g do extrato é letal para 1 homem de 70 Kg. De acordo com alguns usuários, a administração sob a forma de inalação, além de causar irritações severas, provoca hemorragia nasal. Nos casos de intoxicação, através da ingestão de chás preparados com o fruto, foram relatados náuseas, vômitos, diarreia, cólica e dor de cabeça

Em preparações homeopáticas por via nasal e oral não foram evidenciadas sinais de toxicidade ou intolerância.

Contra-indicaçõesNão administrar durante a gravidez e amamentação, nem em casos de úlceras gástricas.

Posologia e modo de uso: Uma receita popular no Nordeste para tratar rinossinusites: extrato aquoso preparado com 1/4 do fruto seco lavado 9 vezes sucessivas com um pouco de água (500 ml) e deixado o material lavado em maceração na nona água durante a noite; para o tratamento coloca-se algumas gotas nas narinas, após o que ocorre intensa eliminação de secreções, deixando uma sensação de queimadura interna que pode ser seguida de hemorragia nasal, se for usado extrato muito concentrado.

Há recomendação na literatura do uso do extrato aquoso a 0,5-1% por instilação de 2 a 3 gotas no nariz, duas vezes ao dia, para tratar sinusite.

Observações: 

A espuma observada no preparo das infusões pode ser atribuída à presença de saponina na Luffa operculata. Como os detergentes, ela não propriamente emulsifica, mas determina uma alteração da tensão superficial da mucosa provocando polarização, que resulta em efeito cáustico no tecido. Assim, a saponina deve ser o componente verdadeiramente irritante. Em doses terapêuticas, as saponinas são princípio ativo de alguns medicamentos mucolíticos.

O gênero Luffa é composto por oito espécies. Conforme MIYAKE (2004) Luffa cylindrica Roem. diferencia-se da Luffa operculata Cogn. , por se tratar de “esponja vegetal”, cujos frutos são maiores, oblongos e cilíndricos com até 35 cm de comprimento. A Luffa cylindrica Roem. é conhecida pelo nome de bucha-dos-paulistas, fruta-dos-paulistas, bucha-dos-pescadores, esfregão, pepino-bravo. Sendo usada para higiene pessoal e limpeza geral.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

MATHEUS Dellaméa Baldissera , Priscila Marquezan Copetti, Pablo Sebastian Britto de Oliveira e Michele Rorato Sagrillo – Eeito genotóxico in vitro do extrato aquoso de Luffa operculata sobre células mononucleares de sangue periférico. Disciplinarum Scientia Série:Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 15, n. 1, p. 1-10, 2014. Acesso 02 Março 2015

MÔNICA Aidar Menon-Miyake; Paulo Hilário Nascimento Saldiva; Geraldo Lorenzi-Filho; Marcelo Alves Ferreira; Ossamu Butugan; Regiani Carvalho de Oliveira – Efeitos da Luffa operculata sobre o epitélio do palato de rã: aspectos histológicos. Rev. Bras. Otorrinolaringol. vol.71 no.2 São Paulo Mar./Apr. 2005 – Acesso 02 Março 2015 –

REBEKA Alves Caribé: Abordagem da atividade biológica do extrato de Luffa operculata Cogn. (CUCURBITACEAE) – Dissertação de mestrado: UFPE, Recife, 2008. – Acesso 02 Março 2015

http://www.brasilescola.com/biologia/caule.htm – Acesso 27 Fev 2015.

http://www.tropicos.org/Name/9200612 – Acesso 25 Fev 2015.

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