SETE-SANGRIAS
Cuphea carthagenensis (Jacq.) J.F.Macbr
Sinonímias: Balsamona pinto Vand., Cuphea balsamona Cham. & Schltdl., Lythrum carthagenense Jacq., Cuphea pinto Koehne.
Nomes populares: Sete-sangrias, erva-de-sangue, pé-de-pinto, guanxuma-vermelha.
Origem ou Habitat: É nativa de toda a América do Sul e ocorre como planta ruderal de crescimento espontâneo em pastagens e terrenos baldios de todo o Brasil, sendo considerada indesejada pelos agropecuaristas.
Características botânicas: Cuphea carthagenensis é uma erva ereta, com até 0,6 m de altura, muito ramificada, setosa-pubescente, caule avermelhado, às vezes base lenhosa. Folhas 0,9-3,5 c, de comprimento e 0,4-1,6cm de largura, simples, opostas, elípticas a lanceoladas, ásperas, pecioladas, pubescentes. Flores com 2 bracteolas, dispostas nas axilas das folhas, cerca de 0,5 cm de comprimento, cálice gamossépalo, internamente piloso, pétalas violáceas ou rosadas, obovadas, presas no ápice do cálice, estames inclusos, inseridos mais ou menos na metade do cálice, ovário súpero. Semente alada.
Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha de Santa Catarina as partes aéreas C. carthagenensis são empregadas na forma de decocto, internamente como depurativo do sangue, para ativação da circulação, em distúrbios do coração, para diminuir a taxa de colesterol e para diabetes.Outra espécie de sete-sangrias , a C. calophylla Cham.& schltdl. é utilizada nestas comunidades com as mesmas indicações.
Segundo a literatura as plantas do gênero Cuphea são consideradas na medicina popular como laxativas e anti-inflamatórias (SOEZIMA et al., 1992); febrífugas (HOEHNE, 1939; GONZÁLEZ et al., 1994); depurativas (HOEHNE, 1939; GRENAND et al., 1987). Na Guatemala, o decocto de Cuphea carthagenensis é utilizado no tratamento da gonorréia e no Brasil é usado como antimalárico. No México, o extrato aquoso das folhas frescas de Cuphea calophylla é utilizado como hipotensor e diurético. Cuphea glutinosa é considerada emenagoga e o decocto de Cuphea strigulosa é usado no Peru como antidiarréico e estomáquico (GONZÁLEZ et al., 1994), em irritação das vias respiratórias e insônia como indicação popular , e uso comprovado na prevenção de doenças cardiovasculares, diminuição do colesterol e e antioxidante (MARONI 2006 plantas botucatu);em doses mais concentradas o infuso é usado externamente para psoríase e outras dermatoses (FRANCO 2004 med. Dos simples).
Composição química: Estudos demonstraram que as partes aéreas de Cuphea carthagenensis contêm os ácidos graxos, ácido láurico e ácido mirístico, β-sitosterol, estigmasterol, β-amirina, ácidos betulínico e ursólico, além da nova substância cartagenol (GONZÁLEZ et al., 1994).
Efeitos adversos e/ou tóxicos: A literatura consultada não informa sobre efeitos adversos nas doses recomendadas. Doses altas podem causar diarréia (Terra ,água e chá 1995);não é indicado o uso em crianças ( LORENZI 2008 ) Uma pessoa que usou a Cuphea carthaginensis referiu ter tido reação alérgica (coceira pelo corpo, picaçada) e que, após três tentativas de uso com a mesma reação , atribuiu o fato ao uso da planta.(informação coletada por Simionato,C.).
Contra-indicações: Estudos em ratos não mostraram alterações na gestação, não significando que possa ser usada em humanos sem mais pesquisas. Também não é indicado seu uso em crianças.
Posologia e modo de uso: Infuso –uma colher de sobremesa da parte aérea em 1 xícara de água ,tomar até 3 xícaras ao dia
Xarope – preparar ao infuso 1 xícara média de açúcar, levar ao fogo até dissolver e tomar uma colher de sopa 3 vezes ao dia para tosse, respiração difícil e insônia (LORENZI 2008).
Observações: Várias espécies de Cuphea são denominadas popularmente “sete-sangrias”. Este nome foi dado pelo caboclo brasileiro por acreditar, ainda no tempo em que se usava fazer sangria nos doentes, que seu infuso valia por sete “sangrias”. O gênero Cuphea, com mais de 200 espécies, encontra-se distribuído em vários países, sendo no Brasil a sua maior representação (HOEHNE, 1939).
Existem no Brasil outras espécies deste gênero com características, propriedades e nomes populares semelhantes: Cuphea racemosa (L.f.)Spreng., Cuphea mesostemon Hoehne e Cuphea calophylla Cham&sch.
Referências:
FRANCO, I. J.; FONTANA, V. L. Ervas e plantas: A medicina dos simples. 6.ed. Erechim: EDELBRA, 2001. 207 p.
HOEHNE, F. C. Plantas e substâncias vegetais tóxicas e medicinais. São Paulo: Departamento de Botânica do Estado, 1939. p. 206-209.
GONZÁLEZ, A. G.; VALENCIA, E.; BERMEJO BARRERA, J.; GRUPTA, M. P. Chemical components of Cuphea species. Carthagenol: a new triterpene from C. carthagenensis. Planta Med., [S.I.], v. 60, p. 592-593, 1994.
GRENAND, P.; MORETTI, C; JACQUEMIN, H. Pharmacopéas tradicionales en Guyane. Paris: Orstom, 1987
LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.
MARONI, B. C.; DI STASI, C.; MACHADO, S. R. Plantas medicinais do cerrado de Botucatu: guia ilustrado. São Paulo: UNESP, 2006. 194p.
SOEZIMA et al., 1992)
http://toptropicals.com/catalog/uid/cuphea_carthagenensis.htm – acesso em 09/06/2011
http://www.virboga.de/Cuphea_carthagenensis.htm – acesso em 09/06/2011
http://www.hear.org/starr/images/species/?q=cuphea+carthagenensis&o=plants&s=date
– acesso em 09/06/11
htpp://www.tropicos.org – acesso em 09 de junho de 2011.