MULUNGU
Erythrina mulungu Mart. ex Benth
Família Fabaceae
Sinonímias: Erythrina dominguezii Hassl. Erythrina verna Vell
Nomes populares: Mulungu, amansa-senhor, árvore-de-coral, bico de papagaio, canivete, capa-homem, corticeira, flor-de-coral, suinã, suiná-suinã, tiricero.
Origem ou habitat: América do Sul, Brasil, Minas Gerais, São Paulo, Brasília, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul.
Características botânicas: Caule: cor ritidoma castanho claro; superfície suberoso; acúleo ausente. Folha: pecíolo armado; formato par estipela subglobosa; lâmina(s) concolor(es); formato folíolo obovado; margem repando. Inflorescência: pseudo-racemoso terminal(ais)/ereta(s). Flor: cálice campanulado/truncado/carnoso; estandarte não ressupinado/laranja/laranja avermelhado; ala aurícula ausente/unguiculada presença; quilha falcada/conata; androceu pseudo monadelfo; antera(s) dorsifixa(s). Fruto: legume forma fusiforme/glabro. Semente: forma reniforme; cor castanha listrada.
Possíveis espécies similares que possam ser utilizadas como adulterantes: A monografia, da espécie Erythrina mulungu, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2013), descreve a comparação da descrição macroscópica das cascas de duas espécies da família Fabaceae, Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (barbatimão) e Erytrhina verna. Os pesquisadores citados nessa monografia relatam que a casca de barbatimão é avermelhada e muito fibrosa, enquanto a casca de mulungu tem coloração marrom e é macia e leve. Internamente, a casca de barbatimão é estriada e tem cor marrom avermelhada, enquanto a casca de mulungu tem uma superfície lisa e cor branco-amarelada. Microscopicamente, em secção transversal, as células da casca de barbatimão apresentam uma forma tabular e um arranjo regular, com paredes celulares espessas e avermelhadas, enquanto que as células em mulungu são de diferentes formas; Além disso, as paredes celulares são finas e não apresentam qualquer coloração. Aglomerados de células de pedra são encontrados no parênquima cortical de mulungu e nas cascas de barbatimão. No entanto, no barbatimão, tais grupos podem ser muito densos e as células de pedra, também podem formar camadas contínuas, o que não é observado nas cascas de mulungu.
Partes usadas: casca, folha e sementes
Uso popular: a monografia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2013), descreve os principais usos populares de diversas partes de Erythrina mulungu, destacando o uso para insônia e desordens do sistema nervoso central. É também utilizado popularmente para acalmar a agitação, como anticonvulsivante, antidepressivo, sedativo, hipnótico, para dor em geral, enxaqueca, como anti-inflamatório, tranquilizante, para tratar bronquites, como hipotensivo, analgésico e antitérmico. Há relatos de que a tintura das folhas e o decocto das cascas são utilizados pela população para acalmar a agitação e outras desordens do sistema nervoso central, sendo utilizadas como sedativo e para tratar insônia e depressão. Há descrições também de que o decocto das cascas é utilizado como calmante e para insônia. Além disso, as civilizações pré-colombianas utilizavam o decocto das cascas para tratar o medo e dificuldades em tempos de guerra. A decocção das cascas e flores é usada para agitação, asma, processos inflamatórios, tosse e desordens do sistema nervoso, como insônia, ansiedade e depressão. As cascas de Erythrina mulungu são utilizadas por afro-brasileiros como tranquilizante para os nervos e hipnótico.
Efetividade no controle da ansiedade: Ferreira (2023) em um estudo de revisão integrativa com objetivo de selecionar plantas medicinais que possuem indicação para transtornos de ansiedade e realizar um levantamento bibliográfico sobre a efetividade dos tratamentos, relata que não foi possível localizar estudos comprovando a eficácia da Erythrina mulungu no controle da ansiedade. A autora cita estudo de Cunha et al. (2021 apud Ferreira, 2023) no qual foi avaliado fitoterápico de Erythrina mulungu no controle da ansiedade em procedimentos odontológicos. Porém, essa autora cita outra pesquisa de Araújo et al. (2021 apud Ferreira, 2023) que relata que Erythrina mulungu é eficaz e seguro no controle da ansiedade em pacientes adultos submetidos a intervenções odontológicas, uma vez que, o uso dessa planta proporcionou um procedimento cirúrgico mais tranquilo para a maioria dos pacientes, não causou depressão respiratória e anormalidades motoras.
Interações medicamentosas: monografia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2013) relata a necessidade de monitorar o uso concomitante do decocto das cascas de Erythrina mulungu com psicotrópicos, anti histamínicos, betabloqueadores e hipoglicemiantes.
Composição química: Proença e colaboradores (2012) relataram a presença de alcaloides, flavonoides, taninos, triterpenos e esteroides após análise por cromatografia em camada delgada das cascas de Erythrina mulungu.
Lima e colaboradores (2006) verificaram a presença de flavanonas, flavanoides, flavanois, flavanonas e xantonas no extrato etanólico das cascas de Erythrina mulungu.
De Bona e colaboradores (2012) relatam que o extrato hidroalcoólico das folhas apresenta açúcares redutores, fenóis e taninos, proteínas e aminoácidos, flavonoides, alcaloides, depsídeos e depsidonas, derivados de cumarina, esteroides e triterpenoides, saponina espumídica. Relatam também que o extrato hidroalcoólico das inflorescências apresentam açúcares redutores, fenóis e taninos, proteínas e aminoácidos, flavonoides, alcaloides, depsídeos e depsidonas, derivados de cumarina, esteroides e triterpenoides, alcaloides (ácido pícrico), glicosídeos cardiotônicos e glicosídeos antraquinônicos.
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Farmacopeia Brasileira. 5. ed. Brasília, DF: Anvisa, 2013. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/consultas-publicas/2017/arquivos/MonografiaErythrina.pdf Acessado 14 de outubro de 2024
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n° 10, de 10 de março de 2010. Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília, DF: ANVISA, 2010.
DE BONA, A.P; BATITUCCI, M. C. P; ANDRADE, M.A; et al. Análise fitoquímica e mutagênica de folhas e inflorescências de Erythrina mulungu (Mart. ex Benth) através do teste de micronúcleo em roedores. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 14, n. 2, p. 344-351, 2012. Disponível em https://doi.org/10.1590/S1516-05722012000200014 Acessado em 07 de novembro de 2024
FERREIRA, Cynthia Ketholyn Melo. Uso de plantas medicinais no tratamento de transtornos de ansiedade: uma revisão de literatura integrativa. Orientadora: Maique Weber Biavatti, TCC (Graduação) – Curso de Farmácia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2023.
LIMA, M. R. F; LUNA, JS; SANTOS, AF; ANDRADE, MCC; SANT’ANA, AEG; GENET, J.-P.; MARQUEZ, B.; NEUVILLE, L.; MOREAU, N. Atividade antibacteriana de algumas plantas medicinais brasileiras. Revista de Etnofarmacologia , v. 105, n. 1-2, pág. 137-147, 21 abr. 2006. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16356672/ Acessado em 07 de novembro de 2024
LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.
PROENÇA, GV; SILVA, MG; SABHA, M.; VILA, MMDC Toxicological effects of Erythrina mulungu Mart. on the reproductive performance of pregnant rats. Pharmacologyonline , v. 2, p. 23-28, jan. 2012
https://www.researchgate.net/publication/279861218_Toxicological_effects_of_Erythrina_mulungu_Mart_on_the_reproductive_performance_of_pregnant_rats Acessado em 07 de novembro de 2024
SITES CONSULTADOS PARA INFORMAÇÕES BOTÂNICAS
JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. Flora e Funga do Brasil. http://floradobras.jbrj.gov .br/.
WORLD FLORA ONLINE. Lista de plantas WFO. https ://wfoplantlist.org .
TRÓPICOS. Site Trópicos. https://www.tropicos.org /início.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Flora Digital. https ://florad.ufsc.br/ .
GLOBAL BIODIVERSITY INFORMATION FACILITY. Site Global Biodiversity Information Facility.https://www.gb.gbif .org /pt/.