MOSTARDA-PRETA

17/02/2020 22:04

Brassica nigra  (L.) W.D.J. Koch.

Brassicaceae (antiga Cruciferae)


SinonímiasSinapis nigra L., Brassica sinapoides Roth, Mutarda nigra (L.) Bernh., Sisymbrium nigrum (L.) Prantl.

Nomes populares: Mostarda-preta, mostardeira, black Mustard (inglês), mostaza negra (espanhol), moutarde noire (francês), sènape nera (italiano), schwarze (alemão).

Origem ou Habitat: Europa e Ásia.

Características botânicas: Herbácea anual, ereta, medindo de 1 a 3 metros de altura; possui muitas ramificações. Folhas lobadas e estreitas com margens serreadas; flores amarelas, pequenas, agrupadas em cachos. Os frutos são tipo síliqua (Derivado de um ovário superior de dois carpelos, na maturidade o pericarpo seco se separa em três partes, uma parte central (um septo) que contem as sementes.

Partes usadas: Folhas e sementes.

Uso popular: O emprego popular mais conhecido é o cataplasma com suas folhas ou sementes, chamado de sinapismo, aplicados em casos de reumatismo, neuralgia, frieiras e afecções das vias respiratórias. Outro uso popular são os escalda-pés em casos de resfriados e cefaleias. A infusão do pó das sementes adicionadas com gotas de vinagre, é empregada para fazer gargarejos em casos de angina ou faringite.

No Peru, emprega-se a infusão do pó das sementes como antipirético. No Marrocos como estimulante, digestivo e emético. Pulverizando sobre a comida ou moída com pão, diz-se que é afrodisíaco. Empregam-se 20-30 sementes de mostarda-negra por dia, para estimular o apetite e melhorar a digestão. (ALONSO, J., 2004).

Composição química: Glicosinolatos (compostos contendo enxofre e nitrogênio): sinigrina (1%) por hidrólise com a enzima mirosinase ou tioglicosidase, gera uma substância volátil chamada de isotiocianato de alila, conhecida como óleo ou essência de mostarda. O isotiocianato de alila (AITC) foi identificada como o componente principal do óleo essencial de Brassica nigra.

Outros compostos: Mucilagens (20%), proteínas, lipídeos, óleo fixo (25-37%) composto principalmente por glicerídeos de ácidos graxos insaturados (ácido eicosenoíco, ácido erúcico, ác. lignocérico, ác. linolêico, ác. linolênico e ác. oleico.

Ácidos fenólicos: Ácido gálico (sementes) e ácido carnósico.

Flavonóides: Quercetina (sementes), Flavanone, Flavanona, Iso-flavanona, 7-hidroxiflavanona, 7-hidroxiflavona e 6-hidroxiflavona.

Glucosinolatos: Sinigrina (Sementes)

Ações farmacológicas: Rubefasciente, Antibacteriano, fungicida, antitumoral.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O emplastro ou cataplasma de mostarda pode causar bolhas, ulceração e necrose se não for removido dentro de 15-30 minutos.

Há relatos de reações anafiláticas, caracterizadas por gastroenterites, rinites, bronco-espasmos, convulsões epileptiformes ou colapso cardiorrespiratório, pelo uso interno com molhos ou sementes.

Por via externa foram observados alguns casos de dermatites de contato.

Em um estudo efetuado com pessoas hipersensíveis à mostarda-negra, 66% apresentaram reações sistêmicas e 34% reações locais.

Vários quadros de polinose foram associados ao consumo conjunto de outros vegetais.(Alonso, J. 2004) A polinose, denominada genericamente febre de feno ( hay fever ), é uma doença alérgica estacional devido à sensibilização por pólens alergizantes. Estes encontram-se no ar durante a época de polinização de determinadas plantas, produzindo rino-conjuntivite e/ou asma brônquica. Apesar do nome, não existe febre e o feno não é o responsável pelos sintomas. Existe sim, uma sensação de febre, simulando um desagradável estado gripal. (http://www.sbai.org.br/)

O uso interno da mostarda em altas doses, provoca cólicas digestivas, vômitos, diarréia, seguidos de sonolência, dispneia, arritmias cardíacas e coma. Em caso de intoxicação emprega-se carvão ativado, aplicação de substâncias mucilaginosas e hidratação. (Alonso, J. 2004).

A sinigrina, ao ser metabolizada a isotiocianato de alila, comporta-se como agente carcinógeno no teste de Ames, alterando o papel protetor do gene P53 (Ortega Mata M., 1994 apud Alonso, J., 2004.

Contra-indicações: Não administrar em casos de úlcera gastroduodenal, transtornos circulatórios de membros (varizes, úlceras, hemoorróidas e tromboflebites), hipotiroidismo, gravidez ( o óleo essencial é abortivo) e lactação. Não aplicar por via externa a crianças menores de 6 anos.

Posologia e modo de uso: Sinapismo ou cataplasma: prepara-se a base com farinha de mostarda diluída em água quente (40°C a 50ºC), envolver em um pano ou gaze sobre a região a ser tratada. Manter no máximo 10 a 15 minutos, para não fazer bolhas.

Pedilúvio ou escaldapés: prepara-se com 20-30g de farinha de mostarda por litro de água, deixe os pés imersos até a região da panturrilha, em água quente, chegando numa temperatura de 38ºC à 40ºC. Ir acrescentando água quente durante o tratamento.

Observações: A Mostarda está entre as especiarias mais antigas registradas, datam de cerca de 3000 aC. Três variedades estão em uso popular Brassica alba, Brassica juncea e Brassica nigra. (THOMAS, J. et all, 2012).

Um condimento de mostarda é feita a partir de sementes de mostarda, vinagre, sal, água, e opcionalmente outros aditivos, sendo baixo o conteúdo de isotiocianato (<0,05% em peso). O produto é obtido por desactivação da mirosinase presente nas sementes de mostarda, antes que a pasta é feita. (GAL, Stefan, 2002)

O ácido erúcico junto ao ácido oléico, constitui um óleo que ajuda no combate a Adrenoleucodistrofia (ALD), fato relatado no filme Lorenzo’s Oil

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BALKRISHNA, Acharya; MISRA, Laxminarain. Chemo-botanical and Neurological Accounts of Some Ayurvedic Plants Useful in Mental Health. The Natural Products Journal, [s.l.], v. 8, n. 1, p.14-31, 9 fev. 2018.

DELAQUIS, P. J.; Mazza, G. “Antimicrobial properties of isothiocyanates in food preservation.” From Food Technology (Chicago) (1995). (Scifinder) – Acesso 30 Maio 2016.

DELAQUIS, Pascal J.; Sholberg, Peter L. “Antimicrobial activity of gaseous allyl isothiocyanate.” From Journal of Food Protection (1997)-(Scifinder) – Acesso 30 Maio 2016.

DHINDSA, Kuldip S.; Gupta, S. K.; Singh, Randhir; Yadava, T. P. “Chemical composition and fatty acid pattern of some Brassica species.” From Indian Journal of Nutrition and Dietetics (1975), 12(3), 85-8.-(Scifinder) – Acesso 30 Maio 2016.

GAL, Stefan “Isothiocyanate-​low mustard condiment obtained by myrosinase deactivation.” From Patentschrift (Switz.) (2002). (Scifinder)- Acesso 30 Maio 2016.

HUSSEIN, E.a. et al. Phytochemical Screening, Total Phenolics and Antioxidant and Antibacterial Activities of Callus from Brassica nigra L. Hypocotyl Explants. International Journal Of Pharmacology, [s.l.], v. 6, n. 4, p.464-471, 1 abr. 2010.

MAZUMDER, Anisha; DWIVEDI, Anupma; DUPLESSIS, Jeanetta. Sinigrin and Its Therapeutic Benefits. Molecules, [s.l.], v. 21, n. 4, p.416-427, 29 mar. 2016.

MEJÍA, Any Carolina Garcés; PINO, Nancy J.; PEÑUELA, Gustavo A.. Effect of Secondary Metabolites Present in Brassica nigra Root Exudates on Anthracene and Phenanthrene Degradation by Rhizosphere Microorganism. Environmental Engineering Science, [s.l.], v. 35, n. 3, p.203-209, mar. 2018.

THOMAS, J.; Kuruvilla, K. M.; Hrideek, T. K. ” Mustard” From Woodhead Publishing Series in Food Science, Technology and Nutrition (2012).(Scifinder)- Acesso 30 Maio 2016.

WYK, Ben-Erik van & WINK Michael “MEDICINAL PLANTS OF THE WORLD”, Timber Press, Portland, Oregon/U.S.A. 2004.

http://www.sbai.org.br/secao.asp?s=81&id=300 – Acesso 30 Maio 2016.

http://www.plantamed.com.br/ Acesso 30 Maio 2016.

http://farmacobotanica.xpg.uol.com.br/aula3%205.html – Acesso 30 Maio 2016.

https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_er%C3%BAcico.- Acesso 30 Maio 2016.

http://www.tropicos.org/Name/4100069?tab=synonyms – Acesso 30 Maio 2016.

Tags: AfrodisíacoantipiréticoCataplasmaCefaléiaDigestivoEméticaNeuralgiaResfriadoReumatismo

MORINGA

17/02/2020 21:59

Moringa oleifera  Lam.

Moringaceae


SinonímiasGuilandina moringa L., Hyperantera moringa (L.)Vahl., Moringa moringa (L.) Millsp., Moringa pterydosperma Gaertn., Moringa zeylanica Burmann.

Nomes populares: Moringa, cedro, quiabo-de-quina, drumstick tree, horse radish tree, ben oil tree, benzoil tree, kelor tree, shagara al rauwaq, tree for purifying, sohanjna (Paquistão).

Origem ou Habitat: Nativa do oeste e áreas abaixo do Himalaia, Índia, Paquistão, Ásia Menor, África e Arábia. Distribuída atualmente nas Filipinas, Camboja, América Central, América do Norte e do Sul e Ilhas do Caribe (ANWAR et all., 2007). No Brasil é cultivada principalmente nas regiões Norte e Nordeste.(LORENZI & MATOS, 2002).

Esta árvore é encontrada selvagem e cultivada em todas as planícies e, longe de casa, desenvolve-se melhor em clima tropical e é abundante perto dos leitos arenosos dos rios e córregos.(Morton, 1991). E mais, ela pode crescer bem nos trópicos úmidos ou nas terras quentes e secas, podem sobreviver em solos pobres e é pouco afetada pela seca. (Morton, 1991).

É uma árvore muito tolerante quanto a quantidade de chuva, com requisitos mínimos de precipitação anual estimada em 250 mm e máxima em mais de 3000 mm e pH de 5,0 – 9,0. (Palada & Changl, 2003.

Características botânicas: Árvore que mede de 5 a 10 metros de altura, com folhas compostas bipinadas, com folíolos obovais, pequenos e glabros. Flores esbranquiçadas, reunidas em racemos pendentes. Os frutos são do tipo cápsula alada e deiscente com aspecto de uma vagem, medindo até 35 cm de comprimento e marcado pelas sementes em seu interior. As sementes são trialadas e oleaginosas.(LORENZI & MATOS, 2002).

Partes usadas: Raízes, cascas das raízes, folhas, frutos, flores, sementes e vagens imaturas.

Uso popular: No Brasil, por tratar-se de introdução e cultivo recentes, há poucos registros de uso desta planta, porém, devido ao elevado valor alimentício, está sendo usada na merenda escolar de alguns municípios da região Nordeste do país, as folhas cozidas com feijão ou na forma de salada com vinagreira (Hibiscus sabdariffa).

Na Índia, as sementes tostadas e as flores são usadas como alimento, as sementes cruas e amassadas são aplicadas externamente em ferimentos infectados e na forma de banhos e compressas para o tratamento da gota, dores reumáticas e na cicatrização de feridas. As raízes são abortivas e cicatrizante de feridas. O sumo extraído das folhas ou das raízes é usado internamente para melhorar o apetite e auxiliar a digestão. As sementes são usadas como agente purificador de água com tecnologia desenvolvida na África e Guatemala, já aplicada no Brasil sob orientação do ESPLAR, cuja sede em Fortaleza estimula seu cultivo e oferece uma cartilha com instruções para aplicação desta técnica. (LORENZI & MATOS, 2002).

Várias partes desta planta (raiz, casca, goma, folhas, vagens imaturas, flores, sementes e o óleo das sementes) é usada na medicina indígena do Sul da Ásia, para tratar diversas doenças inflamatórias e infecciosas, além de desordens cardiovascular, gastrointestinal, hematológica e hepato-renal.

A infusão das folhas é usada como diurético.

Nas Filipinas esta árvore é conhecida como ” melhor amiga da mãe” por que é utilizada para aumentar a produção de leite nas lactantes e algumas vezes prescrito para anemia. (ANWAR et all., 2007).

Composição química: A Moringa oleifera é rica em compostos que variam desde um simples açúcar, ramnose e um grupo bastante exclusivo de compostos chamados glucosinolatos e isotiocianatos.(ANWAR et all., 2007).

As folhas da Moringa oleifera são ricas fontes de B-caroteno, proteína, vitamina C, cálcio e potássio, atuando como uma boa fonte de antioxidantes, apresentando vários tipos compostos por ácido ascórbico, flavonóides, fenólicos e carotenóides.(ANWAR et all., 2007).

A casca do caule tem dois alcalóides chamados moringina e moringinina. O caule contém vanilina, B-sitosterol, B-sitostenone, 4-hydroximellin e ácido octacosanóico.

O exsudato total da goma purificada contém L-arabinose, -galactose, ácido glicurônico e L-ramnose, -manose e -xilose;

As flores contém 9 aminoácidos, sucrose, D-glucose, traços de alcalóides, cera, quercetina, kaempferol, alguns pigmentos flavonóides. As cinzas são ricas em potássio e cálcio.

Dos frutos (vagens) da moringa, foram isolados os glicosídeos tiocarbamato e isotiocianato, que tem propriedades anti-hipertensivas. E citoquininas. Do extrato etanólico das sementes, foram isolados 8 compostos bioativos, sendo que o O-ethyl-4-(A-L-rhamnosyloxy) benzyl carbamate pela primeira vez. (Guevara et al., 1999).

Ações farmacológicas: No artigo de revisão desta planta as seguintes propriedades são relatadas: estimulante cardíaco e circulatório, antitumoral, antifebril, antiepilético, anti-inflamatório, anti-úlcera, anti-espasmódico, diurético, anti-hipertensivo, baixa o colesterol, anti-oxidante, antidiabético, hepatoprotetor, antibacteriano e antifúngico.(ANWAR et all., 2007).

Interações medicamentosas: Não encontrado na literatura pesquisada.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não encontrado na literatura pesquisada.

Contra-indicações: As folhas, flores e raízes são abortivas, sendo contra indicada para gestantes.

Posologia e modo de uso: As folhas (foliólulos) podem ser usadas como saladas, sopas, omeletes, pães, bolinhos, etc.

As flores podem ser consumidas cruas em saladas ou cozidas.

os frutos tenros e jovens podem ser raspados e cozidos como vagem de feijão.

As sementes tostadas são usadas como alimento enquanto as sementes cruas e amassadas, são aplicadas externamente em ferimentos infectados e, na forma de lavagens e compressas para o tratamento da gota, dores reumáticas e como cicatrizantes de feridas.

Referências: 

ANWAR, F.; LATIF S.; ASHRAF, M. & GILANI, A.H. Review article: “Moringa oleifera: a Food Plant with Multiple Medicinal Uses”. Phytotherapy Research 21, 17-25 (2007)Paquistão.

Guevara AP, et al. An antitumor promoter from Moringa oleifera Lam. Mutat Res. 440: 181-188, 1999

LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. – 1a. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. Pp. 346.

Morton JF. 1991. The horseradish tree, Moringa pterigosperma (Moringaceae). A boon to arid lands. Econ Bot 45: 318–333

Palada MC, Changl LC. 2003. Suggested cultural practices for Moringa. International Cooperators’ Guide AVRDC. AVRDC pub # 03–545 www.avrdc.org.

KINUPP, V.F., LORENZI, H. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil. 1ª.ed. São Paulo, SP: Instituto Plantarum, 2014.

Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Acesso em 10 abril 2014.

Tags: AbortivoCicatrizanteDiuréticoDores reumáticasNutritiva

MITSUBA ou SALSA-JAPONESA

17/02/2020 21:53

Cryptotaenia japonica  Hassk.

Apiaceae


SinonímiasCryptotaenia canadensis subsp. japonica (Hassk.) Hand.-Mazz., Cryptotaenia canadensis var. japonica (Hassk.) Makino.

Nomes populares: Mitsubá, salsa-japonesa, salsa-pedra, trefoil, mitsuba, “cerefólio-da-irmã-Eva”, entre outros.

Origem ou Habitat: Leste da Ásia (China, Japão, Coréia do Sul, Coréia do Norte, Taiwan, Mongólia).

Características botânicas: Herbácea perene ou anual, ereta, medindo de 40 a 80 cm de altura, prefere lugares úmidos e sombreados. Hastes ramificadas com folhas verdes compostas trifolioladas permanentes, dotadas de longo pecíolo e aromática. Existem cultivares com folhas roxas. Flores brancas, reunidas em inflorescências umbeladas terminais dispostas acima da folhagem.

Partes usadas: Folhas, caules, sementes e raízes.

Uso popular: Suas folhas jovens e brotos são consumidos como saladas e em sopas. As hastes, folhas e raízes são utilizadas na culinária como tempero de sopas e sushi. As sementes podem ser utilizadas para brotos e como tempero.

É cultivada no Brasil de norte a sul, principalmente para as pessoas com ascendência japonesa.

Referências: 

KINUPP, V.F., LORENZI, H. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil. 1ª.ed. São Paulo, SP: Instituto Plantarum, 2014.

http://www.tropicos.org/Name/1701453 – Acesso 24 NOV 2015.

Tags: Condimento

MIL FOLHAS

17/02/2020 21:50

Achillea millefolium  L.

Asteraceae (Compositae)


SinonímiasChamaemelum millefolium (L.) E.H.L. Krause.

Nomes populares: Mil-folhas, aquiléia, atroveran, erva-de-carpinteiro, erva-de-cortaduras, erva-dos-carreteiros, milefólio, mil-em-rama, mil-folhada, nariz-sangrento, novalgina, pronto-alívio, erva-dos-militares,erva-dos-golpes, erva-dos-soldados, erva-de-cortaduras, erva-do-bom-deus, prazer-das-damas.

Origem ou Habitat: Nativa da Europa e amplamente cultivada em hortas domésticas em quase todo o Brasil.

Características botânicas: Herbácea perene, rizomatosa, ereta, aromática, entouceirada, de 30-50 cm de altura. Folhas compostas finamente pinadas, de 5-8 cm de comprimento. Flores brancas, em capítulos reunidos em uma panícula terminal. Existem variedades cultivadas com fins ornamentais com capítulos de cores variadas. Multiplica-se por estacas e por divisão de touceira.

Partes usadas: Folhas e flores.

Uso popular: Uso interno: infecção das vias respiratórias superiores, indisposição, astenia, flatulência, dispepsia, estimulante das funções digestivas, cálculos renais, dores reumáticas, como auxiliar no tratamento de gota, cólicas menstruais e renais, falta de apetite, náuseas, vômitos, discinesia hepatobiliar , colecistite, flebites, ajuda a regular o ciclo menstrual, reduz sangramento menstrual excessivo, diarréia, disenteria, febres, hipertensão, amenorréia, enurese noturna de criança, hemorragias internas e externas (uterina, pulmonar, hemorróidas, feridas, úlceras, queimaduras e varizes), dores de estômago e de dente, como antiinflamatória para bexiga, incontinência urinária, rins e intestinos, é benéfica na febre do feno, melhora a circulação venosa e tonifica veias varicosas, e associada a outras ervas ajuda na recuperação de gripes e resfriados. Desde muito tempo é utilizada na fabricação de bebidas amargas.

Uso externo: hemorróidas, prostatite, fissuras anais, contusões, dores musculares, doenças de pele, feridas, úlceras dérmicas, queimaduras, inflamações ginecológicas, eczemas, cãibras, como auxiliar no tratamento da psoríase, como suavizante e antipruriginoso em afecções dermatológicas, em condições espasmódicas dolorosas do baixo ventre(na forma de banhos de assento). É utilizada há séculos na cura de feridas.

Informações científicas: 👥 (HU*): Estudos sobre a eficácia de preparações com as partes aéreas da A. millefolium demonstraram redução dos efeitos colaterais provocados pela quimioterapia, como: náusea e vômito, estomatite e mucosite (Miranzadeh et al., 2014, 2015; Sheikhi et al., 2015).

🐁 (AN*): Preparações com as folhas e flores da planta, em animais, demonstraram efeito gastroprotetor, principalmente na redução de úlceras gástricas (Cavalcanti et al., 2006; Potrich et al., 2010). Também em animais foi reconhecido que seu uso provoca alívio em sintomas relacionados à dispepsia (Ali; Gopalakrishnan; Venkatesalu, 2017; Baggio et al., 2008; Borreli et al., 2012).

*HU: Estudos clínicos realizados em humanos; AN: estudos pré-clínicos realizados em animais.

Observação do uso clínico em Florianópolis: : A utilização da infusão preparada com as folhas da mil-folhas tem boa resposta em sintomas de gripes e resfriados. A espécie também pode ser utilizada em distúrbios menstruais e sintomas da TPM, associada à erva-cidreira (Melissa officinalis) e à alfavaca-anisada (Ocimum selloi).

Cuidados no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas, o seu uso concomitantemente a outros medicamentos deve ser cauteloso. Evitar o uso interno na gestação, lactação e em crianças menores de 12 anos. Não deve ser utilizada por indivíduos portadores de úlceras gastroduodenais ou oclusão das vias biliares. O uso acima das doses recomendadas pode causar cefaleia, tontura e inflamação. O uso prolongado pode provocar reações alérgicas (ANVISA, 2011, 2018). A tintura da planta não deve ser usada em gestantes, lactantes, alcoolistas e diabéticos, em função do teor alcoólico na formulação.

Posologia e modo de uso

Uso interno: 1 colher de sobremesa das folhas secas ou 10 cm de 1 folha fresca rasurada para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Para aliviar sintomas da TPM: infusão com 1 xícara de água fervente com 5 folhas de Ocimum selloi + 10cm de uma folha de Achillea millefolium + 5 folhas frescas de Melissa officinalis. Ter cautela no uso deste composto concomitantemente a ansiolíticos e medicamentos para tireoide.

Tintura: Utilizar 20 gramas das partes aéreas secas para 100 ml de álcool etílico 45% e armazenar em vidro escuro protegido da umidade e da luz. Tomar 5 ml da tintura, três vezes ao dia, entre as refeições ou tomar 2 a 4 ml, diluídos em meio copo com água, três a quatro vezes ao dia. A indicação dessa tintura é como auxiliar no alívio dos sintomas dispépticos, flatulência, inflamação, como colerético e antiespasmódico (ANVISA, 2018).

Observações: Planta de sabor amargo.

Composição química: Óleo essencial: borneol, acetato de bornila (oligoelemento), cânfora, 1,8-cineol, cineol, limoneno, sabineno, termineno-4-ol, terpineol e α-tujona (monoterpenos), cariofileno (sesquiterpeno), aquilicina, aquilina, milefina e milefolídeo (lactonas sesquiterpênicas), azuleno e camazuleno (derivados de lactonas sesquiterpênicas) e isoartemísia cetônica; taninos: condensados e hidrolisáveis, sendo que a glicose é o componente de carboidrato destes últimos; flavonóides: predominantemente glicosídeos de flavona apigenina- e luteolina-7-glicosídeos, além de artemetina, casticina, 5-hidroxi-3,6,7,4’-tetrametoxiflavona,, isoramnetina, rutina (glicosídeo de flavonol); alcalóides/bases: betonicina e estaquidrina (pirrolidínica), trigonelina (piridínica), betaína e colina (bases), e entre os alcalóides não caracterizados estão aquiceína, aquileína (possível sinônimo para L-betonicina), que produz aquiletina sob hidrólise alcalina, e moscatina/mosquatina, um glicoalcalóide mal definido; ácidos: aminoácidos (como alanina, ácido aspártico, ácido glutâmico, histidina, leucina, lisina, prolina e valina), ácidos graxos (como linoléico, mirístico, oléico, palmítico e esteárico), ácidos ascórbico, caféico, fólico, salicílico e succínico; outros componentes: composto cianogênico desconhecido, açúcares (como arabinose, galactose, dextrose, dulcitol, glicose, inositol, maltose e sacarose),resinas, cumarinas, saponinas, esteróides, ácido tânico.

  • Fenólicos: Luteolina 7-O-glicosídeo, apigenina 7-O-glicosídeo e ácido cafeico glicosídeo1; ácido 1,3-dicafeoilquínico, ácido 1,4-dicafeoilquínico, ácido cafeico, etc. (17 compostos)2; ácido salicílico e coniferina3;
  • Flavonoides: 5-Hidroxi-3,6,7,4′-tetrametoxiflavona, artemetina e casticina1, resveratrol, morina, miricetina, etc (54 compostos)2, apigenina, artemetina e luteolina-7-O-β-D-glicuronídeo3;
  • Guaianolídeos: Leucodina, 8α-angeloxi-leucodina, aquilina, 8α-angeloxi-aquilina e desacetilmatricarina1;
  • Monoterpenoides: Monoterpenos hidrocarbonetos [cis-crisantenol, α-pineno, β-pineno, etc (11 compostos)]2 e monoterpenos oxigenados [cânfora, borneol, acetato de bornila, etc (19 compostos)]2;
  • Sesquiterpenoides: Lactonas sesquiterpênicas (aquilinina A2, aquilinina B e aquilinina C1); sesquiterpeno oxigenado (viridiflorol)2; sesquiterpenos hidrocarbonetos (E)-β-cariofileno, β-cubebeno, germacreno-D)2; proazulenos (camazuleno2,3 e azuleno3), etc (mais de 30 compostos)2;
  • Triterpenos e esteróis: α-Amirina, β-amirina, taraxasterol, etc (8 compostos)2.

Referências: 

1. BLUMENTHAL, M. (ed.). The Complete German Comission E Monographs. Therapeutic Guide to Herbal Medicines. Austin, Texas: American Botanical Council, 1998. Pp. 233-234.

2. BRUNETON, Jean. Farmacognosia. Fitoquímica. Plantas Medicinales. Trad. Á. V. del Fresno; E. C. Accame; M. R. Lizabe. 2. ed. Zaragoza, Espanha: Acribia, 2001. Pp. 333-336.

3. CHEVALLIER, Andrew. The Encyclopedia of Medicinal Plants. London: Dorling Kindersley, 1996. Pp. 54.

4. CORRÊA, Anderson Domingues; SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo; QUINTAS, Luiz Eduardo M. 2 ed. Plantas Medicinais: do cultivo à terapêutica. Petrópolis/RJ: Vozes, 1999. Pp. 164.

5. CUNHA, A. Proença da; SILVA, Alda Pereira da; ROQUE, Odete Rodrigues. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. Pp. 474-475.

6. CUNHA, A. Proença da et al. Plantas e Produtos Vegetais em Cosmética e Dermatologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004. Pp. 203-204.

7. DRESCHER, Lírio (coord.). Herbanário da Terra – Plantas e Receitas. Laranja da Terra-ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001. Pp. 92.

8. FERRO, Degmar. Fitoterapia: Conceitos Clínicos. São Paulo: Atheneu, 2008. Pp. 201.

9. FRANCO, Ivacir João; FONTANA, Vilson Luiz. Ervas e Plantas: A Medicina dos Simples. 9 ed. Erexim-RS: Livraria Vida, 2004. Pp. 156.

10. LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. Pp. 109-110.

11. NEWALL, Carol A.; ANDERSON, Linda A.; PHILLIPSON, J. David. Plantas Medicinais. Guia Para Profissional de Saúde [Herbal Medicines]. Trad. De Mirtes F. de Oliveira Pinheiro. São Paulo: Premier, 2002. Pp. 194-196.

12. www.tropicos.org – acesso em 18 de maio de 2011.

13. SHEIKHI, M. A., et al., Alternative Methods to Treat Nausea and Vomiting from Cancer Chemotherapy. Chemotherapy Research and Practice v.1, p. 1-6. 2015. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4655029/>.

14. MIRANZADEH S., et al., A New mouthwash for Chemotherapy Induced Stomatitis. Nursing and Midwifery Studies journal v. 3 p. 1-7, 2014. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4332993/>.

15. MIRANZADEH S., et al., Effect of adding the herb Achillea millefolium on mouthwash on chemotherapy induced oral mucositis in cancer patients: A double-blind randomized controlled trial. European Journal of Oncology Nursingl 19 (2015) 207-213. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1462388914001999?via%3Dihub>.

16. POTRICH et al. Antiulcerogenic activity of hydroalcoholic extract of Achillea millefolium L.: Involvement of the antioxidant system. Journal of Ethnopharmacology, v. 130, p.85–92, 2010; 157. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S037887411000245X?via%3Dihub>.

17. CAVALCANTI A.M. et al., Safety and antiulcer efficacy studies of Achillea millefolium L. after chronic treatment in Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology v. 107, p. 277–284. 2006. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378874106001565?via%3Dihub>.

18. BORRELLI F., et al. Prokinetic effect of a standardized yarrow (Achillea millefolium) extract and its constituent choline: studies in the mouse and human stomach. Neurogastroenterol Motil v. 24, p. 164–171, 2012. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2982.2011.01827.x>.

19. ALI S. I., GOPALAKRISHNAN B. e VENKATESALU V. Pharmacognosy, Phytochemistry and Pharmacological Properties of Achillea millefolium L.: A Review. Phytotherapy research, 2017. 160. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ptr.5840>.

20. BAGGIO H, C. et al. Botanical medicine in clinical practice: Brazilian medicinal plants in gastrointestinal therapy. Botanical Medicine in Clinical Practice. Ed. CABI: Oxon, 1ª edição, United Kingdom; p. 46–51. 2008.

21. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira Primeiro suplemento. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília.ANVISA, 2018. Página 9

22. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2011, pag.19.

 

Tags: AmenorréiaAnti-inflamatórioAsteniaColecistiteCólicaDiarreiasDisenteriaDispepsiaDores reumáticasEczemaFebreFlatulênciaFlebitesHipertensãoIndisposiçãoNáuseaQueimaduraVômitos

MENTRASTO

14/02/2020 23:28

Ageratum conyzoides  L..

Asteraceae (Compositae)


SinonímiasAgeratum cordifolium Roxb., Ageratum conyzoides var. inaequipaleaceum Hieron., Ageratum hirtum Lam., Ageratum latifolium Cav., Ageratum microcarpum (Benth.) Hemsl., Alomia microcarpa (Benth.) B.L. Rob., Cacalia mentrasto Vell., Carelia conyzoides (L.) Kuntze.

Nomes populares: O Brasil é conhecida por mentraste, erva-de-são-joão, erva-de-são-josé, cacália-mentrasto, catinga-de-barão, catinga-de-bode, picão-branco, picão-roxo; marrubio-blanco, mastranto, retentina (Colômbia); mejorana (Guatemala); rompe zaraguellos (Venezuela); goat weed (EEUU); babadotan, aru batu (Índia).

Origem ou Habitat: América tropical. No Brasil predomina nas regiões Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal.

Características botânicas: Erva anual, ereta, pilosa e aromática, medindo até 1 metro de altura. Caule de cor arroxeado, piloso. Folhas opostas, ovais com bordas crenadas, longo-pecioladas, membranáceas, pubescentes, medindo de 3-9 cm de comprimento. Inflorescência em capítulos terminais com cerca de 30-50 flores pequenas de cor lilás a branca. Fruto do tipo aquênio, pequeníssimo, preto. É considerada planta cosmopolita tropical.

Partes usadas: Folhas.

Uso popular: Segundo os registros etnofarmacológicos, são atribuídas a esta planta propriedades hemostática e cicatrizante de ferimentos, contra inapetência, flatulência, cólicas intestinais e menstruais e no tratamento caseiro do reumatismo. Os indígenas do Paraná e Santa Catarina usam para dor de barriga, dor de ouvido, cólicas, machucaduras, inchaços, lombriga.

Composição química: A composição principal do Ageratum conyzoides é baseada em óleos essenciais com terpenos (salineno, pineno, eugenol, cineol, felandreno, limoneno, linalol, terpineol e cariofileno); compostos cumarínicos e benzofuranos; resinas; alcalóides pirrolizidínicos (licopsamina e equinatina); flavonas, flavonóides e cromonas (Laus, 1994). Possui também ácido cianídrico.

Ações farmacológicas: Anti-inflamatória, analgésica, antimicrobiana e atividade inseticida.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A planta inteira mostrou-se tóxica para coelhos devido a presença de cumarinas e ácido cianídrico.

Contra-indicações: Considerando as ações hepatotóxicas dos alcalóides pirrolizidínicos deve-se evitar o uso interno desta planta.

Posologia e modo de uso: Externamente, pode-se usar o extrato alcoólico a 20% ou extrato aquoso ou pomada de uso local, em compressas e fricções, nos casos de dores articulares.

Observações: Esta erva Ageratum conyzoides, está citada no anexo I da RDC 10, de 09 de março de 2010, onde está “indicado o uso de suas partes aéreas sem flores, na forma de infusão, para tratamento de dores articulares e reumatismo, sendo contra-indicado o uso por pessoas com problemas hepáticos e não devendo ser utilizada por mais de 03 semanas consecutivas” (ANVISA, 2010).

Os alcalóides pirrolizidínicos (AP) e as plantas que os contém são objeto de investigações científicas porque muitas destas plantas são usadas medicinalmente. Os AP são encontrados mais comumente em plantas das famílias Asteraceae, Boraginaceae e Fabaceae.

Segundo a dissertação de mestrado de Cristiane Fracari Bosi (acervo Biblioteca da UFSC), “os efeitos tóxicos e cancerígenos dos Alcalóides Pirrolizidínicos (AP) estão relacionados com a sua estrutura química. Os alcalóides 1,2-insaturados são capazes de serem metabolizados a intermediários hepatotóxicos, enquanto os alcalóides saturados não são hepatotóxicos. Os AP ocorrem naturalmente como mono-ésteres e di-ésteres ou di-ésteres macrocíclicos. Sua forma N-óxidos são mais hidrossolúveis e apresentam propriedades físicas e vias metabólicas diferentes. Os AP 1,2-insaturados são produzidos nas raízes e transportados para as folhas e flores como N-óxidos, onde se acumulam tanto na forma N-óxidos como de base terciária, podendo variar com a parte da planta e com a fase de crescimento. Nos mamíferos, os AP 1,2-insaturados ingeridos são oxidados no fígado por oxidases de função mista (citocromo P450s) a derivados pirrólicos. O anel pirrolizidínico torna o carbono C-7 e/ou C-9 altamente eletrofílico e capaz de reagir com nucleófilos de tecidos, concomitante com a clivagem dos substituintes ésteres, ocorrendo a ligação com proteínas, que pode alterar a função celular e causar dano ou morte celular, e/ou ácidos nucleicos”. Concluindo sua dissertação, a autora recomenda cautela no uso desta espécie Ageratum conyzoides, devido à presença dos AP que pode oferecer risco à saúde e que sejam feitos mais testes de toxicidade com a infusão.

Referências:

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BOSI, C.F. PRESENÇA DE ALCALÓIDES PIRROLIZIDÍNICOS EM Ageratum conyzoides L., ASTERACEAE (dissertação)/ Cristiane Fracari Bosi; orientadora, Maique Weber Biavatti – Florianópolis/SC, 2012.

LAUS CB 1994. Manual de fitoterapia: plante saúde. Curitiba: Prefeitura Municipal de Curitiba, apud Rev. bras. farmacogn. vol.19 no.3 João Pessoa July/Sept. 2009

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-695X2009000500002 – Atividade antitumoral do Ageratum conyzoides L. (Asteraceae) Luciano da Silva Momesso; Rute Mendonça Xavier de Moura; Dulce Helena Jardim Constantino.

LORENZI, H.; MATOS, F.J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2ªed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

MARQUESINI, N.R. – Plantas usadas como medicinais pelos índios do Paraná e Santa Catarina. Resumos do XIV SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, Florianópolis/SC, 1996, pg 64.

MATOS, F.J.A. Plantas medicinais: guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no Nordeste brasileiro. Fortaleza: EUFC, 1989.

Nakajima, J. 2013. Ageratum in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB15934)- acesso em 12 de setembro de 2013

http://www.tropicos.org/Name/2700026 – acesso em 12 de setembro de 2013.

Tags: CicatrizanteCólicaFlatulênciaInapetênciaReumatismo

MELISSA

14/02/2020 23:25

Melissa officinalis  L.

Lamiaceae (Labiatae)


SinonímiasErva-cidreira, melissa.

INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS:👥 (HU): Estudos preliminares demonstram efeitos promissores em casos de herpes simples. Estudo clínico randomizado, duplo cego e placebo controlado,com 116 participantes, mostrou a eficácia do creme tópico preparado com o extrato das folhas (droga/extrato 70:1) e creme base em pacientes com infecções de herpes simples na pele ou em mucosas. Estudo clínico randomizado controlado em pacientes com doença de Alzheimer leve a moderada, demonstrou melhora na agitação.

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Observações: A espécie Lippia alba também é chamada de “melissa”; ver Salva/melissa.

Melissa officinalis ver erva-cidreira.

MELÃO-DE-SÃO-CAETANO

14/02/2020 23:24

Momordica charantia   L.

Cucurbitaceae


SinonímiasMomordica indica L., Momordica elegans Salisb., Momordica chinensis Spreng., Momordica sinensis Spreng., Cucumis argyi H. Lév.

Nomes populares: Erva-das-lavadeiras, erva-de-são-caetano, melãozinho, fruto-de-cobra, melão-amargo, erva-de-são-vicente, melón amargo (Espanha), calabacita (Paraguai), balsamina (Perú, Argentina), cundeamor (Cuba), karela (Ìndia), kuguazi (China).

Origem ou Habitat: É pantropical, originária da África e da Ásia.

Características botânicas: Trepadeira anual, sublenhosa, com caule muito longo e ramificado, até 6 metros de comprimento. Folhas recortadas com 5 a 6 lóbulos denteados, medindo entre 4 a 12 cm de comprimento. Flores solitárias, de corola amarela medindo de 2,5 a 3,5 cm. Os frutos são pendentes do tipo cápsula carnosa deiscente, fusiforme, medindo entre 4 a 6 cm de comprimento abrindo quando maduros deixando a mostra as sementes envolvidas em arilo vermelho-vivo, mucilaginoso e adocicado.

Obs.: Nos países asiáticos a variedade mais comum é Momordica charantia var. maxima Williams & Bg., de frutos grandes, subcilíndricos, que chegam a medir mais de 20 cm por 5-6cm de diâmetro, onde recebem os nomes de ampalaya, pepino-chinês, bitter melon, entre outros, e introduzido no Brasil (Lorenzi & Matos, 2008.

Partes usadas: Folhas, frutos e sementes (arilo).

Uso popular: Na medicina caseira as folhas são usadas na forma de infusão para hemorróidas e diarréia. No Caribe contra febres e como vermífugo, anti-reumático, hipotensor e hipoglicemiante, bem como o uso das raízes como afrodisíaco e para combater pedras nos rins.

Nos países do Caribe, cuja variedade é a mesma das que ocorre aqui no Brasil, são recomendados como eficazes o seu uso para o tratamento de afecções da pele e das mucosas, da amenorréia, do diabetes, da anemia e de algumas formas de câncer.

Composição química: Nas folhas foram encontrados momordicinas e triterpenos, esteróides, saponinas e 14 triterpenos glicosilados que são os momordicosídios achados nos frutos e nas sementes e um alto teor de ferro assimilável.

Há ao menos três grupos de substâncias com relato de atividade hipoglicemiante – uma mistura de saponinas esteroidais chamadas de charantina, peptídios semelhante a insulina e alcalóides (LaVALLE, 2001). A fruta de Momordica charantia (MC) foi submetida a analise fitoquímica, tendo encontrado mais de 15 constituintes, dentre eles: alcaloides, glicosídeos, agliconas, taninos, esteroides, fenóis e proteínas. (TONGIA ABHISHEK et al, 2004).

Ações farmacológicas: O extrato alcoólico das folhas e ramos em ensaio farmacológico mostrou atividade anti-hiperglicemiante, enquanto o extrato aquoso apresentou em ensaio clínico atividade antileucêmica, antitumoral e antiviral.

Na Base de Dados SCIFINDER, há 13 estudos clínicos com a Momordica charantia

Um estudo em humanos, comparando o melão-de-são-caetano com a glibenclamida, concluiu que o melão-amargo tem um efeito hipoglicemiante mais fraco, mas melhora os fatores de risco cardiovascular associado a diabetes (CV) de forma mais eficaz do que a glibenclamida.(INAYAT U RAHMAN et all, 2015).

Interações medicamentosas: Trabalho conclui que o extrato dos frutos de melão-de-são-caetano age em sinergismo com hipoglicemiante oral e potencializa a sua hipoglicemia em pacientes diabéticos em uso desses medicamentos (metformin BD ou glibenclamide BD).(TONGIA ABHISHEK et al, 2004).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É abortiva, há relato de coma hipoglicêmico e convulsões em crianças, causa uma síndrome semelhante ao favismo, em animais aumentou a gama GT e a fosfatase alcalina, dor de cabeça, reduziu a fertilidade em camundongos.

Os frutos e as sementes mostraram toxicidade maior do que as folhas.

Contra-indicações: Evitar seu uso durante a gestação devido a sua ação genotóxica na fase de crescimento e retardo sobre o desenvolvimento dos órgãos sexuais.

Evitar o uso das sementes.

Posologia e modo de uso: Infusão: 2-4g dos frutos, tomar 2 a 3 xícaras ao dia.

As folhas também podem ser usadas em infusão.

Segundo Alonso, J.(2004), usar esta planta sob supervisão médica.

Observações: O suco dos frutos verdes é empregado como inseticida. Com a planta, os indígenas preparam um veneno para flechas.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

INAYAT U RAHMAN; Khan Rooh Ullah; Khalil Ur Rahman; Bashir Mohammad “Lower hypoglycemic but higher antiatherogenic effects of bitter melon than glibenclamide in type 2 diabetic patients”. From Nutrition journal (2015), 14, 13. | Language: English, Database: MEDLINE (extraído artigo do SCIFINDER)- Acesso 14 Abril 2016.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

La VALLE J. B. et al. Natural Therapeutics Pocket Guide. Hudson: Apha, 2000.

http://www.fitoterapia.com.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=125)- Acesso em: 17 de abril de 2012.

GROVER J. K.; YADAV, S.P. Pharmacological actions and potential uses of Momordica charantia: a review. Journal of Ethnopharmacology, v. 93, p. 123-132, 2004.

TONGIA ABHISHEK; Tongia Sudhir Kumar; Dave Mangala “Phytochemical determination and extraction of Momordica charantia fruit and its hypoglycemic potentiation of oral hypoglycemic drugs in diabetes mellitus (NIDDM)”. From Indian journal of physiology and pharmacology (2004), 48(2), 241-4.Database: MEDLINE (extraído artigo de SCIFINDER) Acesso 14 Abril 2016.

http://www.tropicos.org/Name/50043681 – Acesso em: 25 de julho de 2012.

Tags: AfrodisíacoAnti-reumáticoDiarreiasFebreHemorróidaHipotensor

MELALEUCA

14/02/2020 23:21

Melaleuca alternifolia  Cheel.

Myrtaceae


Nomes populares: Melaleuca, óleo-de-melaleuca, mirto-de-mel, tea tree, árvore-do-chá.

Origem ou Habitat: A melaleuca é originária da Austrália.

Características botânicas: Árvore aromática que mede de 5-7 m de altura. Folhas.

Partes usadas: Óleo essencial de suas folhas e gemas.

Uso popular: Entre os usos populares mais recomendados está a aplicação do óleo essencial , por via externa, em casos de feridas infectada, micoses, tinhas, pé-de-atleta e abscessos. Usada também para candidíase, herpes simples, afecções bucais e bronqueais e em quadros dolorosos reumáticos.

Composição química: Composição química do Óleo essencial: Segundo Alonso(2004):

Monoterpenos: A-pineno (2,5%), B-pineno(1%), mirceno(1%), A-terpineno(8%), G-terpineno(18%), p-cimeno(3,9%), limoneno(2%), terpinoleno (3%), p- felandreno, hidratos sabineno trans e cis e trans- piperitol. Sesquiterpenos: aromadendreno (3%), α- ylangene, biciclogermacreno, palustrol, globulol, rosifoliol e espatulenol. Álcoois monoterpênicos: terpinen-4-ol (42,1%), A-terpineol (9,1%), B-terpineol (0,24%), l-terpineol (traços); Óxidos: 1,8 cineol (2,65%).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo puro da árvore de Melaleuca não deve ser ingerido, e devem ser mantidos fora do alcance das crianças; vários casos de envenenamento por óleo de tea tree foram registrados. O óleo também pode causar dermatite de contato.

5 ml do óleo essencial puro pode produzir quadros neurotóxicos.

Posologia e modo de uso: Aplicação do óleo essencial , por via externa, na forma de compressas com 3-5 gotas diluídas na água, em casos de feridas infectada, micoses, tinhas, pé-de-atleta e abscessos.

Na presença de candidíases, lava-se 4 x dia a 1% de solução em água destilada.

Em casos de herpes simples empregam-se 30 gotas em 1 litro de água, realizando banhos de assento ou duchas vaginais.

Para aftas e afecções bucais empregam-se 5-10 gotas em um copo de água para fazer gargarejos e bochechos.

Em afecções bronqueais coloca-se 5 gotas em recipiente com água quente e faz-se inalação de 5-10 minutos. Em quadros dolorosos reumáticos misturam-se 30 gotas de óleo de melaleuca em 50 ml de suspensão oleosa vegetal para friccionar as partes afetadas, 2-3 vezes ao dia.

Na presença de micoses cutâneas prepara-se um líquido com base em tintura de própolis (85%), óleo essencial de melaleuca (10%), e óleo essencial de gerânio (5%). Aplica-se diretamente sobre a zona afetada com algodão ou pulverizador, 2x ao dia. Repetir esse procedimento até duas semanas depois de desaparecidos os sintomas.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BROPHY, Joseph J.; Davies, Noel W.; Southwell, Ian A.; Stiff, Ian A.; Williams, Lyall R. “Gas chromatographic quality control for oil of Melaleuca terpinen-​4-​ol type (Australian tea tree)”. – From Journal of Agricultural and Food Chemistry (1989), 37(5), 1330-5. (Scifinder) Acesso 09 NOV 2015.

YU, D.; WANG, J.; Shao, X.; Xu, F.; Wang, H. – ” Antifungal modes of action of tea tree oil and its two characteristic components against Botrytis cinerea”. – from Journal of Applied Microbiology (2015), 119(5), 1253-1262. (Scifinder) Acesso 05 NOV 2015.

http://www.kew.org/science-conservation/plants-fungi/melaleuca-alternifolia-tea-tree – Acesso 17 NOV 2015.

http://www.tropicos.org/Name/50234332 – Acesso 05 NOV 2015.

Tags: Micose

MASTRUÇO-DE-GALINHA

14/02/2020 23:17

Lepidium virginicum   L.

Brassicaceae (Cruciferae)


Nomes populares: Mastruço, mastruço-de-galinha, mentruz, erva-fome, mastruço-dos-índios (Brasil); bei mei du xing cai (Pinyin, China); bird-pepper, peppergrass, poor-man’s-pepper, tongue-grass Virginia pepper-weed (Ingles, Estados Unidos); poor-man’s pepper-grass, (Ingles, Canada).

Origem ou Habitat: Nativa do continente americano e naturalizada na Europa, Peru, Equador e Ilhas Canárias.

Características botânicas: Erva anual, ereta, aromática, com a formação inicial de uma roseta de folhas, muito ramificada. de 30 a 60 cm de altura. Folhas caulinares, lanceoladas, com margens serrilhadas, glabras. Flores brancas pequenas, pétalas ovais, obtusas, não emarginadas no ápice. É uma erva muito comum especialmente em zonas úmidas. Propaga-se apenas por sementes.

Partes usadas: Partes aéreas e raízes.

Uso popular: Possui usos populares semelhantes ao do mastruço-rasteiro (Coronopus didymus).

Usada para tratar deficiências de vitamina C e diabetes, expelir vermes intestinais, como diurética, antidiarréica, antidisentérica e para dores reumáticas. A raiz é usada para tratar excesso de muco no trato respiratório. Utilizada para dissolver cálculos renais e como emenagogo.

Composição química: Estudos de análise fitoquímica da planta reportaram a presença de aminas, flavonoides, leucoantocianinas, esteróis, triterpenos, taninos e fenóis. Contém quantidades altas de vitamina C.

Ações farmacológicas: Foram realizados estudos farmacológicos comparativos do efeito diurético do Lepidium virginicum e hidroclorotiazida, utilizando cachorro como modelo animal, confirmando-se o efeito diurético da planta. O extrato etanólico a 95% das suas folhas secas apresentou efeito fungicida frente a Neurospora crassa. O extrato bruto das raízes apresentou atividade antiprotozoário contra trofozoítos de Entamoeba histolytica, confirmando seu uso popular como antidiarreica e antidisentérica.

Posologia e modo de uso: Infusão, maceração, tintura ou alcoolatura.

Observações: Existe uma outra planta do gênero Lepidium, a Lepidium meyenii Walpers, conhecida como ginseng-peruano ou maca, muito utilizada na região andina do Peru. A parte da planta utilizada é a raiz, comestível e de importante valor nutricional. É indicada como afrodisíaco, revitalizante em estados de desnutrição, cansaço, fadiga mental, antianêmico, antituberculoso e paliativo como em casos de síndrome da fadiga crônica e câncer de estômago. É usada também pelos peruanos contra impotência, perda de memória, dismenorreia e contra os sintomas da menopausa. É contra indicada para hipertensos e não são conhecidos efeitos tóxicos.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 696-698

CALZADA, F.; BARBOSA, E.; CEDILLO-RIVERA, R. Antiamoebic activity of benzyl glucosinolate from Lepidium virginicum. Phytotherapy Research, v. 17, n. 6, p. 618–619, June 2003.

CHEVALLIER, A. The Encyclopedia of Medicinal Plants. London: Dorling Kindersley Limited, 1996. p. 225

CUNHA, A. P., SILVA, A. P., ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 438-439

DUKE, J.; BOGENSCHUTZ-GODWIN, M. J.; OTTESEN, A. R. Duke’s Handbook of Medicinal Plants of Latin America. [S.I]: CRC Press, 2009. Pp. 408-409

GUPTA, M. P. (ed.). 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas. Satafé de Bogotá, D.C., Colombia: Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarollo, CYTED, 1995. p. 205-207

LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2000. p. 228

http://www.missouriplants.com/Whitealt/Lepidium_virginicum_page.html – acesso em: 02 junho 2011.

http://www.tropicos.org – acesso em: 02 de junho de 2011.

Tags: DiuréticoDores reumáticas

MASTRUÇO RASTEIRO

14/02/2020 23:15

Coronopus didymus  (L.) Smith.

Brassicaceae (Cruciferae)


SinonímiasSenebiera pinnatifida DC., Senebiera didyma Pers.

Nomes populares: Menstruz, mastrunço, mastruz, mestruz rasteiro, mentrusto, mastruço-de-Buenos-Aires, mentrasto.

Origem ou Habitat: América do Sul. Trata-se de uma planta muito comum no Brasil, que se adapta melhor aos solos úmidos onde se desenvolve com espontaneidade, florescendo no mês de setembro (CRUZ, 1979). É utilizada também no Uruguai e na Argentina; Cresce em hortas, pastagens e lavouras de inverno.

Características botânicas: Erva anual, rasteira, ramos decumbentes com até 40 cm de comprimento, pubescentes. Folhas pinatisectas, as basais são pecioladas e as da porção terminal dos ramos são sésseis, alternas. Inflorescência tipo racemo. Flores brancas ou verdes, muito pequenas (até 1 mm de comprimento), 4 sépalas ovaladas verdes, 4 pétalas hialinas menores que as sépalas, 2 estames ou raramente 4. frutos silículas indeiscentes, comprimidas lateralmente.

Partes usadas: Folhas, flores e sementes.

Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha usa-se toda a planta na forma de decocção, externamente em contusões, machucaduras e hematomas. Internamente, em distúrbios pulmonares. Também se usa na forma de salada, para o tratamento de infecções urinárias, problemas de estômago e fraturas ósseas. Segundo a literatura toda a planta é empregada na forma de infusão (LUTZEMBERGER, 1985), como estomáquico, expectorante, depurativo, nas afecções das vias respiratórias, tosse, bronquite (CRUZ, 1979). Também usado no tratamento de escorbuto e tuberculose. O suco é vermicida (LUTZEMBERGER, 1985).

Informações científicas: 🐁 (AN): Estudo mostrou que o extrato alcoólico das partes aéreas da planta possui potencial anti-inflamatório, antialérgico, antipirético e hipoglicêmico (Busnardo et al., 2010; Mantena et al., 2005; Noreen et al., 2016).

Observação do uso clínico em Florianópolis: A infusão das partes aéreas do C. didymus usada internamente tem boa resposta para aliviar sintomas de infecções respiratórias. Externamente é empregada na forma de infusão ou alcoolatura para machucados e contusões.

Cuidados no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o seu uso concomitantemente a outros medicamentos deve ser cauteloso. Evitar o uso interno da infusão em gestantes e lactantes. Não existem relatos de efeitos adversos com esta planta apesar do largo uso medicinal e alimentício.

Posologia e modo de uso

🍵Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sopa das partes aéreas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Uso externo: pode ser feito cataplasma e maceração com álcool ou cachaça e aplicar nos locais afetados.

Tintura: na proporção de 1:10 em álcool 70% e 1:5 em álcool 90%. Deixar armazenado em garrafa de vidro e em local escuro por no mínimo 15 dias e utilizar para uso tópico na forma de compressas com auxílio de um algodão ou pano limpo para alívio de dores reumáticas, artralgias e contusões.

Consumo in natura: Para uso como como salada, deve ser colhido antes da floração.

Composição química: Óleo essencial (substâncias sulfuradas) , sais minerais e vitaminas (LORENZI 2008), flavonóides chrysoeriol e seu glicosideo( Mishra B, Priyadarsini KI, Kumar MS, Unnikrishnan MK, Mohan H.). Na sua composição química, destacam-se óleos essenciais (substâncias sulfuradas), sais minerais e vitamina, além dos flavonóides, crisoeriol e seu glicosideo, (crisoeriol-6-O-acetil-4′-β-D -glucosideo) e stigmastanol. Possui também alguns glucosinolatos, capazes de alterar o gosto do leite de vacas que se alimentam de pasto infestados de Coronopus didymus, deixando o leite com gosto picante e odor forte, e a manteiga com gosto de queimado e picante.

Observações: No Brasil o nome “mastruço” é utilizado ainda para outras plantas da mesma família, do gênero Lepidium (PIO CORREA, 1926-1978); e também para Chenopodium ambrosioides L. var. Anthelmintica (L.) A. Gray., da família Amaranthaceae (Chenopodiaceae) (MATOS, 1994), o que pode provocar confusão.

Referências: 

1. CRUZ, G. L Dicionário de Plantas Úteis do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

2. DRESCHER, L. (coord.). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. 2001. p. 90.

3. LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. Pp. 189-190

4. LUTZENBERGER, L. Revisão da nomenclatura e observações sobre as angiospermas citadas na obra de Manuel Cypriano D’Ávila: “Da flora medicinal do Rio Grande do Sul”. 1985. Dissertação (Bacharelado em Ciências Biológicas, ênfase em Botânica) – Faculdade de Biologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1985.

5. MANTENA, S. K. et al. Antiallergic, Antipyretic, Hypoglycemic and Hepatoprotective Effects of Aqueous Extract of Coronopus didymus LINN. Biological & Pharmaceutical BulletinVol., [S.I.], v. 28, n. 3, p.468, 2005.

6. MISHRA, B. et al. Effect of O-glycosilation on the antioxidant activity and free radical reactions of a plant flavonoid, chrysoeriol. Bioorganic & Medicinal Chemistry, v. 11, n. 13, p. 2677-2685, 3 July 2003.

7. NITZ, A. C. Estudo morfométrico na cicatrização de feridas cutâneas em ratos, utilizando Coronopus didymus e Calendula officinalis. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005

8. PANIZZA, S. Plantas que curam: cheiro de mato. 5. ed. São Paulo: IBRASA, 1997. p 148-149

9. PARK, R. J. Benzyl Thiocyanate Taint in the Milk of Dairy Cattle ingesting Coronopus didymus Sm. Nature, v. 207, n. 640, 07 August. 1965. Disponível em: <https://www.nature.com/articles/207640a0>.

10. PRABHAKAR, K.R.; SRINIVASAN, K.K.; RAO P.G.M. Chemical Investigation, Anti-inflammatory and Wound Healing Properties of Coronopus didymus. Pharmaceutical Biology, v. 40, n. 7, p. 490-493, October 2002.

11. MISHRA, B. et al.Effect of O-glycosilation on the antioxidant activity and free radical reactions of a plant flavonoid, chrysoeriol. Bioorg Med Chem. [S.I.], v. 11, n. 13, p. 85-2677, 3 jul. 2003. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0968089603002323?via%3Dihub>.

12. BUSNARDO, T. M., et al., Anti-inflammatory evaluation of Coronopus didymus in the pleurisy and paw oedema models in mice. Journal of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 128, n. 2, p.519- 525, mar. 2010. Elsevier BV. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874109007727?via%3Dihub>.

13. MANTENA, S. K., et al., Antiallergic, Antipyretic, Hypoglycemic and Hepatoprotective Effects of Aqueous Extract of Coronopus didymus LINN. Biological & Pharmaceutical Bulletin, [s.l.], v. 28, n. 3, p.468-472, 2005. Pharmaceutical Society of Japan. Disponível em: <https://www.jstage.jst.go.jp/article/bpb/28/3/28_3_468/_article>.

14. NOREEN, Hafiza, et al., Bioassay-guided isolation of cytotoxic flavonoids from aerial parts of Coronopus didymus. Journal of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 194, p.971-980, dez. 2016. Elsevier BV. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S037887411631529X?via%3Dihub>.

 

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