MASTRUÇO RASTEIRO
Coronopus didymus (L.) Smith.
Sinonímias: Senebiera pinnatifida DC., Senebiera didyma Pers.
Nomes populares: Menstruz, mastrunço, mastruz, mestruz rasteiro, mentrusto, mastruço-de-Buenos-Aires, mentrasto.
Origem ou Habitat: América do Sul. Trata-se de uma planta muito comum no Brasil, que se adapta melhor aos solos úmidos onde se desenvolve com espontaneidade, florescendo no mês de setembro (CRUZ, 1979). É utilizada também no Uruguai e na Argentina; Cresce em hortas, pastagens e lavouras de inverno.
Características botânicas: Erva anual, rasteira, ramos decumbentes com até 40 cm de comprimento, pubescentes. Folhas pinatisectas, as basais são pecioladas e as da porção terminal dos ramos são sésseis, alternas. Inflorescência tipo racemo. Flores brancas ou verdes, muito pequenas (até 1 mm de comprimento), 4 sépalas ovaladas verdes, 4 pétalas hialinas menores que as sépalas, 2 estames ou raramente 4. frutos silículas indeiscentes, comprimidas lateralmente.
Partes usadas: Folhas, flores e sementes.
Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha usa-se toda a planta na forma de decocção, externamente em contusões, machucaduras e hematomas. Internamente, em distúrbios pulmonares. Também se usa na forma de salada, para o tratamento de infecções urinárias, problemas de estômago e fraturas ósseas. Segundo a literatura toda a planta é empregada na forma de infusão (LUTZEMBERGER, 1985), como estomáquico, expectorante, depurativo, nas afecções das vias respiratórias, tosse, bronquite (CRUZ, 1979). Também usado no tratamento de escorbuto e tuberculose. O suco é vermicida (LUTZEMBERGER, 1985).
Informações científicas: 🐁 (AN): Estudo mostrou que o extrato alcoólico das partes aéreas da planta possui potencial anti-inflamatório, antialérgico, antipirético e hipoglicêmico (Busnardo et al., 2010; Mantena et al., 2005; Noreen et al., 2016).
Observação do uso clínico em Florianópolis: A infusão das partes aéreas do C. didymus usada internamente tem boa resposta para aliviar sintomas de infecções respiratórias. Externamente é empregada na forma de infusão ou alcoolatura para machucados e contusões.
Cuidados no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o seu uso concomitantemente a outros medicamentos deve ser cauteloso. Evitar o uso interno da infusão em gestantes e lactantes. Não existem relatos de efeitos adversos com esta planta apesar do largo uso medicinal e alimentício.
Posologia e modo de uso
🍵Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sopa das partes aéreas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.
Uso externo: pode ser feito cataplasma e maceração com álcool ou cachaça e aplicar nos locais afetados.
Tintura: na proporção de 1:10 em álcool 70% e 1:5 em álcool 90%. Deixar armazenado em garrafa de vidro e em local escuro por no mínimo 15 dias e utilizar para uso tópico na forma de compressas com auxílio de um algodão ou pano limpo para alívio de dores reumáticas, artralgias e contusões.
Consumo in natura: Para uso como como salada, deve ser colhido antes da floração.
Composição química: Óleo essencial (substâncias sulfuradas) , sais minerais e vitaminas (LORENZI 2008), flavonóides chrysoeriol e seu glicosideo( Mishra B, Priyadarsini KI, Kumar MS, Unnikrishnan MK, Mohan H.). Na sua composição química, destacam-se óleos essenciais (substâncias sulfuradas), sais minerais e vitamina, além dos flavonóides, crisoeriol e seu glicosideo, (crisoeriol-6-O-acetil-4′-β-D -glucosideo) e stigmastanol. Possui também alguns glucosinolatos, capazes de alterar o gosto do leite de vacas que se alimentam de pasto infestados de Coronopus didymus, deixando o leite com gosto picante e odor forte, e a manteiga com gosto de queimado e picante.
Observações: No Brasil o nome “mastruço” é utilizado ainda para outras plantas da mesma família, do gênero Lepidium (PIO CORREA, 1926-1978); e também para Chenopodium ambrosioides L. var. Anthelmintica (L.) A. Gray., da família Amaranthaceae (Chenopodiaceae) (MATOS, 1994), o que pode provocar confusão.
Referências:
1. CRUZ, G. L Dicionário de Plantas Úteis do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
2. DRESCHER, L. (coord.). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. 2001. p. 90.
3. LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. Pp. 189-190
4. LUTZENBERGER, L. Revisão da nomenclatura e observações sobre as angiospermas citadas na obra de Manuel Cypriano D’Ávila: “Da flora medicinal do Rio Grande do Sul”. 1985. Dissertação (Bacharelado em Ciências Biológicas, ênfase em Botânica) – Faculdade de Biologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1985.
5. MANTENA, S. K. et al. Antiallergic, Antipyretic, Hypoglycemic and Hepatoprotective Effects of Aqueous Extract of Coronopus didymus LINN. Biological & Pharmaceutical BulletinVol., [S.I.], v. 28, n. 3, p.468, 2005.
6. MISHRA, B. et al. Effect of O-glycosilation on the antioxidant activity and free radical reactions of a plant flavonoid, chrysoeriol. Bioorganic & Medicinal Chemistry, v. 11, n. 13, p. 2677-2685, 3 July 2003.
7. NITZ, A. C. Estudo morfométrico na cicatrização de feridas cutâneas em ratos, utilizando Coronopus didymus e Calendula officinalis. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005
8. PANIZZA, S. Plantas que curam: cheiro de mato. 5. ed. São Paulo: IBRASA, 1997. p 148-149
9. PARK, R. J. Benzyl Thiocyanate Taint in the Milk of Dairy Cattle ingesting Coronopus didymus Sm. Nature, v. 207, n. 640, 07 August. 1965. Disponível em: <https://www.nature.com/articles/207640a0>.
10. PRABHAKAR, K.R.; SRINIVASAN, K.K.; RAO P.G.M. Chemical Investigation, Anti-inflammatory and Wound Healing Properties of Coronopus didymus. Pharmaceutical Biology, v. 40, n. 7, p. 490-493, October 2002.
11. MISHRA, B. et al.Effect of O-glycosilation on the antioxidant activity and free radical reactions of a plant flavonoid, chrysoeriol. Bioorg Med Chem. [S.I.], v. 11, n. 13, p. 85-2677, 3 jul. 2003. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0968089603002323?via%3Dihub>.
12. BUSNARDO, T. M., et al., Anti-inflammatory evaluation of Coronopus didymus in the pleurisy and paw oedema models in mice. Journal of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 128, n. 2, p.519- 525, mar. 2010. Elsevier BV. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874109007727?via%3Dihub>.
13. MANTENA, S. K., et al., Antiallergic, Antipyretic, Hypoglycemic and Hepatoprotective Effects of Aqueous Extract of Coronopus didymus LINN. Biological & Pharmaceutical Bulletin, [s.l.], v. 28, n. 3, p.468-472, 2005. Pharmaceutical Society of Japan. Disponível em: <https://www.jstage.jst.go.jp/article/bpb/28/3/28_3_468/_article>.
14. NOREEN, Hafiza, et al., Bioassay-guided isolation of cytotoxic flavonoids from aerial parts of Coronopus didymus. Journal of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 194, p.971-980, dez. 2016. Elsevier BV. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S037887411631529X?via%3Dihub>.