CAFÉ

05/01/2020 16:23

Coffea arabica  L. 
Rubiaceae 


Nomes populares:  Cafeeiro-comum, cafezeiro, cafeeiro, café-arábica, coffee (EUA, English), xiao li ka fei (pinyin, China), etc.  

Origem ou Habitat: Etiópia (antiga Abissínia – África). É cultivada em muitos países tropicais da Ásia e da América, particularmente no Brasil e na Colômbia. 

Características botânicas:  Arvoreta ou arbusto grande, perene, com até 4 m de altura, ramificada desde a base, dotada de copa densa e alongada. Folhas simples, opostas, totalmente glabras, de superfície brilhante, medindo de 8-12 cm de comprimento. Flores em glomérulos axilares, brancas e suavemente perfumadas. Fruto do tipo baga, vermelho ou amarelo quando maduro, medindo 10-15 mm, com duas sementes. Semente ovalada (10-15 x 6-8 mm), convexa em sua face dorsal e aplanada na face ventral que é atravessada por um sulco longitudinal, o hilo, dura, esverdeada e sem cheiro.  

É também cultivada no Brasil, mais precisamente no vale do Rio Doce e Norte do Espírito Santo, o café-robusta (Coffea canephora Pierre ex A. Froehner), com propriedades similares ao café-arábica 

Partes usadas:Sementes e folhas. 

Uso popular:  O café é bebida estimulante de amplo uso em todo o mundo; preparado na forma de infuso feito com as sementes tostadas e moídas(5). 

Para melhorar a capacidade física e desempenho intelectual em situação de astenia psicofísica. Como estimulante cárdio-circulatório, na hipotensão arterial e braquicardia. Como diurético e auxiliar digestivo. Nas enxaquecas. No tratamento de diarreias, e de inflamações na boca e faringe. Para diabetes. Para febre intermitente. Para “limpar o sangue”, como hipoglicemiante e para afecções nos olhos, fazer banhos ou compressas locais, diluindo com metade de água o infuso, feito com o café tostado.  

No Haiti é usado o cozimento das folhas em água com sal para “limpar” o sangue. O chá por infusão das sementes cruas é usado como hipoglicemiante. 

Composição química:  Nos grãos: Cafeína, teofilina, teobromina, hemicelulose e outros carboidratos, ácido clorogênicotrigonelina (ácido-metil-nicotínico); ácidos graxos, esteróis, fenóis, ácidos fenólicos, proteínas e taninos.  

A torrefação dos grãos verdes modifica a composição química, resultando substâncias da combustão da hemicelulose, que dão a cor e o odor característico do café torrado.  

Nas folhas: além dos mesmos componentes dos grãos mais os ácidos benzóicocinâmico e ascórbico, quercetina e outros flavonóides 

Outros: ácido cafeico, ácido ferúlicocafestolkahweol e derivados kauránicos, ácido quínico. 

Interações medicamentosas: Não associar a tranquilizantes nem estimulantes como ginseng, fáfia, noz-de-cola, guaraná, efedra, erva-mate.  

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Insônia, nervosismo, palpitações, sobretudo se associado a outros estimulantes. Grandes concentrações de cafeína podem causar gastrite, úlceras gástricas, hipertensão arterial, arritmia cardíaca, hiperglicemia, dificuldade de absorção de ferro nas anemias, dificuldade de absorção e aumento na excreção de cálcio, irritabilidade, excitação, dispnéia. Agrava quadros de hérnia de hiato com refluxo gastroesofágico. A abstinência de cafeína costuma causar cefaleias (nos primeiros 3-5 dias), irritabilidade e ansiedade. O vício em cafeína aumenta o risco de carcinogenicidade. Altas doses podem gerar dificuldade de engravidar. A intoxicação pela cafeína (ingestão de altas doses, dez xícaras ou mais) pode ser fatal. 

Contra-indicações:  Pessoas com úlcera péptica, hipertensão arterial, taquicardia, hipertireoidismo devem evitar o uso. Evitar nos pacientes diabéticos, renais crônicos, neuróticos, anêmicos, osteoporóticos, pacientes com colites e úlceras gastroduodenais, pacientes com insônia e no tremor essencial.  

Mulheres grávidas ou amamentando devem evitar o uso do café. O uso prolongado pode causar habituação (cafeinismo) e reduzir a vitalidade. 

Posologia e modo de uso: 8 g do pó de café para 750 ml de água dá para 6 xícaras (150 ml) contendo 85 mg de cafeína cada xícara. Como estimulante do sistema nervoso central, rins, músculos e coração é bastante tomar uma xícara e meia por dia. Para obter um efeito estimulante das secreções do estômago favorável à digestão tomar 3 xícaras. Nos casos de hipotonia e sonolência ou de resfriado e enxaqueca, associado a analgésicos. Com a dose de 5 xícaras por dia pode aparecer tensão nervosa e ansiedade; e acima destas doses aparecem os sintomas de intoxicação pela cafeína, que pode ser fatal com a ingestão de 10 ou mais xícaras. 

Observações: Em 1730, Johann Sebastian Bach, compôs a “Cantata do café”. Em 1650, os estudantes com aspirações literárias e outros intelectuais, encontravam-se em cafeterias que eram a sensação da época, para degustar a bebida sedutora. 

 

 

Referências:
CUNHA, A. P.; SILVA, A. P.; ROQUE, O. R.; Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. LisboaFundação Calouste Gulbenkian, 2003. Pp. 184-185. 

ROSS, I. A., Medicinal Plants of the World, Volume 3: Chemical Constituents, Traditional and Modern Medicinal Uses. New Jersey: Humana Press Inc., 2005. Pp. 155-195. 

DRECHER, L. (Coord.) Herbanário da Terra: Plantas e receitas. Laranja da Terra-ES: Gráfica Aymorés, 2001. Pp. 206, 235. 

BRUNETON, J.; Farmacognosia. Fitoquímica. Plantas MedicinalesTrad. Á. V. del Fresno; E. C. Accame; M. R. Lizabe. 2. ed. Zaragoza, Espanha: Acribia, 2001. Pp. 1067-1069. 

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A.; Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. Pp. 457-458. 

MATOS, F. J. A.; O formulário terapêutico do Professor Dias da Rocha. 2ª ed. Fortaleza: UFC Edições, 1997. Pp. 87. 

FERRO, D.; Fitoterapia: Conceitos clínicos. São Paulo: Ed. Ateneu, 2008. Pp. 267. 

http://www.tropicos.org/Name/27900016 – Acesso Abril 2014.  

LAWS, Bill 50 plantas que mudaram o rumo da História (tradução de Ivo Korytowski). Rio de Janeiro: Sextante, 2013.

Tags: BradicardiaDiarreiasDiuréticoEstimulanteHipoglicemianteHipotensão

ARNICA DA PRAIA I I

27/12/2019 17:50

Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass.

Asteraceae 


SinonímiasCacalia porophyllum L., Cacalia ruderalis (Jacq.) Sw., Kleinia porophyllum (L.) Willd., Kleinia ruderalis Jacq., Porophyllum ellipticum Cass. , Porophyllum ellipticum var. ruderale (Jacq.) Urb., Porophyllum macrolepidium Malme, Porophyllum obscurum (Spreng.) DC, etc.

Nomes populares: Arnica, arnica-do-campo, couvinha, couve-cravinho, cravo-de-urubu, cravinho, couve-de-galinha, erva-couvinha(DRESCHER, 2001), herva-fresca(HOEHNE, 1978), couve-de-veado, arruda-de-galinha(GALINA, 1998), arnica-do-mato, picão-branco, arnica-da-praia, Pápaloquelite (México), etc.

Observação: Diversas espécies são conhecidas popularmente como “arnicas” saiba mais no link: Arnicas

Origem ou Habitat: Nativa do Brasil (LORENZI & MATOS, 2002).

Características botânicas: Planta herbácea, ereta, de caule ramificado na parte superior. Chega a medir 60 a 120 cm de altura. Suas folhas são verde-escuras, apresentando tom mais claro na face inferior. Flores brancas e fruto do tipo aquênio. Toda a planta exala cheiro característico, intenso (MATOS, 1997).

Partes usadas: Folhas, raízes.

Uso popular:  Planta utilizada pela população no combate a hipertensão, aterosclerose, varizes, hemorróidas, relatada no tratamento da pressão baixa e fadiga mental. Utilizada contra vertigens e hemorragias. Em forma de decocto é usada como diaforética e nas afecções do útero. O uso tópico da tintura na forma de compressa é utilizada para amenizar dores provocadas por batidas e contusões. Esta espécie é ainda utilizada na culinária como tempero.

Informações científicas: Não foram encontrados estudos clínicos e pré-clínicos referentes a esta espécie.

Observação do uso clínico em Florianópolis: Planta pouco citada na prática clínica. Utilizada pela população como planta alimentícia.

Modo de usar: A segurança do uso interno desta planta ainda não está bem estabelecida.

Cuidados no uso desta espécie:

Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas e seus efeitos colaterais, o seu uso interno e/ou concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso.

Deve-se evitar o uso durante a gestação e a lactação.

Em casos isolados pode provocar reações alérgicas com formação de vesículas e necrose (atentar para possíveis reações em pessoas com sensibilidade a plantas da família Asteraceae)

Composição química: A análise fitoquímica da planta Porophyllum ruderale demonstrou a presença dos seguintes constituintes: óleos essenciais(principalmente limoneno, α-pineno, mirceno e trans-ocimeno)(DEVINCENZI, et al., 1996), carotenóides, ácidos graxos, alcalóides, agliconas flavônicas, cumarinas, taninos catéquicos, aminas quatenárias, flavonóides, antocianinas, polissacarídeos, saponinas, mucilagens, compostos acetilênicos derivados do tiofeno, triterpenóides e derivados do timol, além de nitrato de potássio(DEVINCENZI, et al., 1996).

Composição do óleo essencial das partes aéreas de Porophyllum ruderale coletadas na Venezuela: foram identificados 23 compostos, os principais constituintes foram uma mistura de limoneno e B-felandreno (50,3%), sabineno (20,2%), undeceno (4,7%), 4-terpineol (3,8%), alfa-pineno (2,9%); Outros: germacreno-D (com atividade antibacteriana), undeceno, trideceno, cis-p-2-menthen-1-ol, linalol, mirceno, p-cimeno, alfa-terpineno, gama-terpineno, beta-cariofileno, p-mentha-1(7),8-dieno, etc.

  • Óleo essencial: α-copaeno, fitol, mirceno, dentre outros.
  • Derivados de Tiofeno: 5-metil-2,2 ′: 5 ′, 2 ″ -tertiofeno e 5′-metil- [5–4(4-acetoxi-1-butinil)] – 2,2 ′ bi-tiofeno.

 

Referências: 

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. p.170-171.

MARONI, B. C.; STASI, L. C.; MACHADO, S. R. Plantas Medicinais do Cerrado de Botucatu. São Paulo: UNESP, 2006. 56p.

SILVA, J. R. et al. Identificação da droga e do extrato fluido de Porophyllum ruderale Cass. – Compositae. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 13, 1994. Fortaleza-CE. Programas e Resumos. [Fortaleza-CE: Expressão, 1994]. N. 042.

SILVA, S. A. R. et al. Estudo das atividades farmacológicas [antiinflamatória e antiulcerogênica] e determinação da toxicidade aguda do extrato bruto hidroalcoólico da Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL. 14, 1996. Florianópolis,SC. Programa e Resumos. [Florianópolis, 1996?]. 88p

http://www.backyardnature.net/n/07/thumbs/070615pg.htm – Acesso em: 29 de março de 2012.

http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000115053 – Acesso em: 29 de março de 2012.

http://people.ufpr.br/~marcia/artigos/arnica.pdf – acesso em 29 de março de 2012.

http://www.medicinatradicionalmexicana.unam.mx/monografia.php?l=3&t=P%C3%A1palo_o_papaloquelite&id=7743 – Acesso em: 29 de março de 2012.

Takahashi, Helena Teru; Novello, Claudio Roberto; Ueda-Nakamura, Tania; Dias Filho, Benedito Prado; Palazzo de Mello, Joao Carlos; Nakamura, Celso Vataru – Thiophene derivatives with antileishmanial activity isolated from aerial parts of Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass- From Molecules (2011), 16, 3469-3478. | Language: English, Database: CAPLUS – Acesso 7 Jul 2014.

RAGGI, Ludmila et al. Differentiation of twoPorophyllum ruderale(Jacq.) Cass. subspecies by the essential oil composition. Journal Of Essential Oil Research, [s.l.], v. 27, n. 1, p.30-33, out. 2014.

Rondon, Maria E.; Delgado, Jonathan; Velasco, Judith; Rojas, Janne; Rojas, Luis B.; Morales, Antonio; Carmona, Juan – Chemical composition and antibacterial activity of the essential oil from aerial parts of Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. collected in Venezuela, From Ciencia (Maracaibo, Venezuela) (2008), 16(1), 5-9. | Language: English, Database: CAPLUS – Acesso 7 Jul 2014.

TAKAHASHI, Helena Teru et al. Thiophene Derivatives with Antileishmanial Activity Isolated from Aerial Parts of Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. Molecules, [s.l.], v. 16, n. 5, p.3469-3478, 26 abr. 2011.

Fonsceca, Maira C. M.; Barbosa, Luiz C. A.; Nascimento, Evandro A.; Casali, Vicente W. D.- Essential oil from leaves and flowers of Porophyllum ruderale (Jacq.) Cassini (Asteraceae)-By – From Journal of Essential Oil Research (2006), 18(3), 345-347. | Language: English, Database: CAPLUS – Acesso 7 Jul 2014.

http://www.postgradoeinvestigacion.uadec.mx/AQM/No.%204/AQM4fitoquimicos.html – Acesso em: 29 de março de 2012.

POROPHYLLUM ruderale (Jacq.) Cass. Disponível em: https://www.tropicos.org/name/2701154. Acesso em: 01 ago. 2020.

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