MACELA-DO-NORDESTE
Egletes viscosa (L.) Less.
Asteraceae (antiga Compositae)
Sinonímias: Cotula viscosa L., Egletes floribunda Poepp., Egletes obovata Benth.
Nomes populares: Macela, macela-da-terra, macela-do-sertão, chá-da-lagoa, losna-do-mato.
Origem ou Habitat: Nativa da América Tropical, incluindo o Brasil, onde ocorre do Piauí até Mato Grosso.
Características botânicas: Erva anual, prostrada, 10-30 cm de altura, aromática. Caule e ramos com pelos glanduloso-viscosos. Folhas simples, alternas, curto-pecioladas; lâmina 3-7 cm comprimento, partida, verde-cinérea. Inflorescências em capítulos globosos, 5-7 mm de diâmetro. Flores marginais com lígulas estreitas, 1-2 mm; flores centrais tubulosas, monoclinas, amareladas. Fruto aquênio, 2-3 cm, com papus coroniformes, crassos.
Cresce às margens de lagoas, açudes, riachos, no início do verão, após a baixa das águas.
Partes usadas: Folhas, capítulos florais e ramos.
Uso popular: São usados no Nordeste para tratamento caseiro de problemas digestivos e intestinais, cólicas, azia, má digestão, diarreia, enxaqueca e irregularidades menstruais.
Composição química: Óleo essencial: pinano, b-pineno, acetato de trans-pinocarveila, acetato de carveila, acetato de mirtenila e acetato de sabinila (substâncias responsáveis pelo seu odor característico). Entre os constituintes não voláteis o principal componente é o diterpeno ácido centipédico, o acetato da lactona do ácido hautriwaico (diterpeno tanabalina), a ternatina e outros flavonóides minoritários.
Um novo glicosídeo labdano, 8α-Hydroxylabd-14(15)-ene 13(S)-O-β-D-ribopyranoside, foi isolado a partir das partes aéreas de E. viscosa, juntamente com 13-epi- Sclareol, barbatol, tarapacol, espinasterol, ternatina e triacontano.
Estudos anteriores revelaram a existência de dois quimiotipos de macela-do-nordeste (Egletes viscosa), cujos óleos essenciais são caracterizados pela presença de acetato trans- pinocarveol (quimiotipo A) ou acetato cis-isopinocanfeil (quimiotipo B).
Ações farmacológicas: Os estudos com a Ternatina demonstraram propriedades antiinflamatória, antiespasmódica, ação antiviral e protetoras do estômago e fígado. O ácido centipédico exerce um efeito antioxidante.
Interações medicamentosas: Não encontrado.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não encontrado.
Contra-indicações: Por falta de maiores estudos, evitar o uso na gravidez e lactação.
Posologia e modo de uso: Os capítulos florais são usados na forma de infusão ou tintura. A infusão é preparada na ocasião do uso, com 1 a 2 g de inflorescência seca para 1 xícara de água fervente.
Observações: Existem duas espécies, da mesma família Asteraceae, com nomes parecidos, a marcela-do-sul, Achyrocline satureioides e a macela-do-reino ou rainha-das-ervas Tanacetum parthenium. Fotos abaixo para comparação.
Todas as “marcelas” citadas possuem usos semelhantes.
Referências:
ARTUR e SILVA-FILHO, Francisco; Lima, Mary Anne S.; Bezerra, Antonio Marcos E.; Braz Filho, Raimundo; Silveira, Edilberto R. “A labdane diterpene from the aerial parts of Egletes viscosa(L.)Less”. From Journal of the Brazilian Chemical Society (2007), 18(7), 1374-1378. Acesso 24 Abril 2015.
BATISTA, Jose M. M.; Torres, Davi C.; Jorge, Daniel M. de M.; Soares, Carlos E. A.; Bezerra, Walderly M.; Silveira, Edilberto R.; Grangeiro, Thalles B. – Molecular identification and phylogenetic analysis of Egletes viscosa (L.) Less., a traditional medicinal plant from northeastern Brazil. From Journal of the Brazilian Chemical Society (2012), 23(5), 818-824. Acesso 24 Abril 2015.
CALOU, Iana Bantim Felicio; Sousa, Daniel Italo Maia; Cunha, Geanne Matos de Andrade; Brito, Gerly Anne de Castro; Silveira, Edilberto Rocha; Rao, Vietla Satyanarayana; Santos, Flavia Almeida “Topically applied diterpenoids from Egletes viscosa (Asteraceae) attenuate the dermal inflammation in mouse ear induced by tetradecanoylphorbol 13-acetate- and oxazolone”. From Biological & Pharmaceutical Bulletin (2008), 31(8), 1511-1516. Acesso 24 Abril 2015.
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LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.
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