ESTÉVIA

19/01/2020 23:32

Stevia rebaudiana  (Bertoni) Bertoni.

Compositae (Asteraceae)  


Sinonímias: Eupatorium rebaudianum Bertoni.

Nomes populares:  Etévia, azuca-caá, caá-hé-e, caá-jhe-hê, caá-yupi, capim-doce, eira-caá, erva-adocicada, estévia, folha-doce, planta-doce, hah’e, estévia-de-brasília.

Origem ou Habitat: Nativa do Brasil, na área de domínio da Floresta Tropical Atlântica.

Características botânicas:  Herbácea perene, semi-ereta, de 40-80cm, podendo chegar até 1 metro de altura, muito ramificada¹; caule pardo, pubescente, ramificado e folioso até o ápice; folhas simples, de pouco mais de 1cm de comprimento, opostas, subsésseis, obtusas e cuneiformes na base; flores esbranquiçadas, reunidos em pequenos capítulos terminais, e sua floração ocorre no verão; a raiz é pivotante. Geralmente perde a parte aérea depois de 1 ano, rebrotando em seguida a partir de sua parte subterrânea. Multiplica-se por sementes e estaquia.

Partes usadas: Folhas.

Uso popular:  Conhecida durante séculos pelos índios guaranis do Paraguai e Brasil como adoçante, principalmente para adoçar o chá mate muito consumido por esses povos. É empregada com fins medicinais como tônico para o coração, contra obesidade, hipertensão, azia e para fazer baixar os níveis de ácido úrico. É usada como tônico vascular, exerce efeito calmante sobre o sistema nervoso, eliminando a fadiga, a depressão, a insônia e a tensão. Estimula as funções digestivas e cerebrais e age como anti-inflamatória. É refrigerante, diurética, antidiabética. É anticárie e contraceptiva. Usada contra obstipação (intestino preso). Na China, empregam a stévia como estimulante de apetite, enquanto os indígena do Paraguai atribuem a suas folhas propriedades contraceptivas (Alonso, 2004).

Composição química:  Os resultados das análises fitoquímicas mostram a presença de 5 a 10% de steviosídeo (A,B,D e E), 2 a 4% de rebaudiosídio A e dulcosídio (A e B). Apresenta também steviobiosídio, saponinas, taninos e óleo essencial, que contém álcool benzílico, a-bergamoteno, bisaboleno, borneol, b-bouboneno, a e g-cadineno, calacoreno, clameneno, centaureidina, carvacrol, cosmosiina. O esteviosídeo é o principal componente da planta e tem um poder adoçante 300 vezes superior a sacarose e pode representar até 18% da composição total da folha.

  • Ácidos fenólicos: Ácido clorogênico, ácido cafeico, ácido cinâmico, ácido cumarico, ácido gálico, ácido protocatecuico, 4-metilcatecol e sinapico.
  • Flavonóides: Austrinulina, catequina, epicatequina, rutina, quercetina, dentre outros.
  • Diterpenos (esteviolglicosídeos): Esteviosídeo, rebaudiosídeo A-F, esteviolbiosideo, dulcosídeo, óxido de rebaudi, dentre outros.
  • Álcools alifáticos: Ciclodecanol, hexadecanol, iso-heptadecano, dotriacontanol.
  • Alcalóides de polihidroxi-indozilidina: Esteviamina
  • Triterpenos: β-amirina
  • Esteroides: β-sitosterol e estigmasterol.

Ações farmacológicas: A planta possui uma importante atividade hipoglicemiante, e a maior parte dos estudos centraram-se nesta propriedade. Estudos com humanos (diabéticos e obesos) demonstraram que as curvas de tolerancias a sobrecarga de glicose pós-prandial foram melhores naqueles que receberam o extrato da stévia, comparado ao hipoglicemiante oral (glibenclamida). No Paraguai, estudos também realizados em humanos, mostraram resultados satisfatórios como hipoglicemiante, sem efeitos adversos. Tanto o esteviosídio quanto o rebaudiosídio A demonstraram um efeito protetor frente aos germes constituintes da placa bacteriana dental. Também se constatou um efeito bactericida em extratos aquosos da stévia contra uma ampla gama de bactérias infectantes de alimentos, como a E. coli. In vitro, o extrato inibiu a replicação de quatro sorotipos de rotavirus humano. Vários experimentos com animais demonstraram atividade anti-hipertensiva do componente esteviosídio, inibindo o efeito contrátil de vasopressina e fenilefrina no músculo liso de ratas.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Cerca de 1.000 toneladas anuais de extrato de stévia são consumidas no Japão, sem que nenhum efeito tóxico tenha sido denunciado ao Japanese Food and Drug Safety Center. Estudos com animais não mostraram índices de toxicidade.

Contra-indicações:  Alguns usos populares indicam a stévia como contraceptiva. Na literatura consultada, apenas Duke, no Medicinal Plants of Latin America, coloca que o uso da stévia deve ser evitado na gestação e lactação, já que os dados que atestam a segurança do uso nessas condições são insuficientes.

Posologia e modo de uso: Infusão de uma colher de chá de folhas por xícara, 2 vezes ao dia. As folhas secas podem ser trituradas, resultando em um pó fino, de 10 a 15 vezes mais doce que o açúcar. Outra preparação como adoçante recomenda uma colher de sopa das folhas verdes para cada copo de bebida. Outra infusão, com uma colher de chá de folhas por xícara, filtrada e com a adição do suco de um limão e gelo também é recomendada. Toma-se um copo por dia.

 

 

Referências:
ALONSO, J. Fitomedicina: Curso para Profissionais da Área da Saúde. [S. I.], Pharmabooks Editora, 2008. p. 138.

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 1102-1105.

CORRÊA, A. D., SIQUEIRA-BATISTA, R.; QUINTAS, L. E. M. Plantas Medicinais: Do Cultivo à Terapêutica. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. p. 190.

CUNHA, A. P., SILVA, A. P., ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 9-308.

DRESCHER, L. (coord.). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. Laranja da Terra,ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001. p. 68.

DUKE, J.; BOGENSCHUTZ-GODWIN, M. J.; OTTESEN, A. R. Duke’s Handbook of Medicinal Plants of Latin America. [S.i.]: CRC Press, 2009. p. 669-670.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. p. 173.

http://www.plantamed.com.br/plantaservas/especies/Stevia_rebaudiana.htm

SIMÕES, C.M.O. et al.(Orgs.) Farmacognosia – da planta ao medicamento. Porto Alegre/Florianópolis: UFRGS/UFSC, 1999. 821p.

KOVACEVIC, Danijela Bursać et al. Innovative technologies for the recovery of phytochemicals from Stevia rebaudiana Bertoni leaves: A review. Food Chemistry, [s.l.], v. 268, p.513-521, dez. 2018.

MOMTAZI-BOROJENI, Amir Abbas et al. A Review on the Pharmacology and Toxicology of Steviol Glycosides Extracted from Stevia rebaudiana. Current Pharmaceutical Design, [s.l.], v. 23, n. 11, p.1616-1622, 12 maio 2017.

FERRAZZANO, Gianmaria et al. Is Stevia rebaudiana Bertoni a Non Cariogenic Sweetener? A Review. Molecules, [s.l.], v. 21, n. 1, p.38-50, 26 dez. 2015.

LEMUS-MONDACA, Roberto et al. Stevia rebaudiana Bertoni, source of a high-potency natural sweetener: A comprehensive review on the biochemical, nutritional and functional aspects. Food Chemistry, [s.l.], v. 132, n. 3, p.1121-1132, jun. 2012.

WOLWER-RIECK, Ursula. The Leaves of Stevia rebaudiana (Bertoni), Their Constituents and the Analyses Thereof: A Review. Journal Of Agricultural And Food Chemistry, [s.l.], v. 60, n. 4, p.886-895, 24 jan. 2012.

http://www.tropicos.org/Name/2716375 – acesso em 30 de setembro de 2013.

Tags: AdoçanteAnti-inflamatórioAziaCalmanteContraceptivaDiuréticoHipertensãoInsôniaObesidadeObstipaçãoTônico

ERVA-LUIZA

19/01/2020 23:00

Aloysia triphylla   Royle.

Verbenaceae 


Sinonímias: Lippia citrodora Kunth, Aloysia citriodora Cav.

Nomes populares:  erva-cidreira, cidró, cidrózinho, cidrão, “Cedrón” (Peru), limão-verbena, verbena, erva-da-pontada, cidró-pessegueiro, erva-luíza, etc.

Origem ou Habitat: Nativo da América do Sul, provavelmente do Chile. É cultivada no Sul do Brasil. Foi introduzida na Europa e norte da África..

Características botânicas:  Arbusto grande, muito ramificado, ereto, aromático, medindo de 2-3 m de altura. Folhas simples, glabras em ambas as faces, de margens serreadas na porção apical, verticiladas, em número de 3 ou 4 por nó, de 8-12cm de comprimento. Flores brancas ou rosadas, dispostas em inflorescências paniculadas terminais.

Uso popular:  Erva aromática, rica em óleo essencial, que age como sedativo brando, febrífugo, antiespasmódico. Suas folhas são empregadas internamente contra resfriados, gripes, como digestiva, tônica, antiespasmódica, carminativa, eupéptica e calmante.

Composição química:  Óleo essencial (citral, limoneno, citronelol, geraniol, α e β-pineno, cineol, etil-eugenol, entre outros); flavonóides (luteolina-7-diglicuronídeo, apigenina, crisoeriol, hispidulina, etc.); compostos fenólicos (verbascosídeo); taninos hidrolisáveis; iridóides; etc. (Alonso, Lorenzi, Simões.

INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS:

👥(AN): Estudos apontam o efeito ansiolítico para compostos extraídos da planta.                      🧫🦠(IV): Estudo mostrou atividade antimicrobiana do óleo essencial contra Aeromonas spp

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Relativos ao óleo essencial, em altas doses comporta-se como um neurotóxico. O uso prolongado provoca irritação da mucosa gástrica. O emprego do óleo essencial em perfumaria provocou reações de hipersensibilidade na pele ante a exposição solar. Cabe assinalar que tanto o citral como o geraniol, são agentes tóxicos para a pele quando se aplicam em forma cutânea.

Contra-indicações:  O óleo essencial produz uterotonicidade, por isso é contra indicado durante a gravidez. A ação irritativa sobre as mucosas contra indica seu uso nos processos de gastrite, úlceras e lesões do sistema urinário. Não administrar tampouco durante a lactação. (Newall C. et al., 1996 apud Alonso).

Para o infuso de folhas não há relato de efeitos adversos.

Posologia e modo de uso: Infusão: para uma xícara colocar 1 colher de sopa de folhas e flores , verter água quente sobre as folhas , abafar 15 min., Coar e tomar. Toma-se 2-3 xícaras ao dia.

 

Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

SIMÕES, C. M. O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986.

J Altern Complement Med. 2011 Nov;17(11):1051-63. doi: 10.1089/acm.2010.0410.- acesso em 24 de julho de 2013.

http://www.tropicos.org/Name/33700999 – acesso em 21 de setembro de 2012.

Tags: AntiespasmódicoAromáticaCalmanteCarminativaEupépticaFebrífugaGripeResfriadoSedativoTônico

ERVA-BALEEIRA

10/01/2020 15:30

Varronia curassavica Jacq.

Boraginaceae


Sinonímias: Cordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult.; Cordia salicina DC.; Cordia verbenacea DC.; Cordia intonsa I.M.Johnst.; Varronia intonsa (I.M.Johnst.) J.S.Mill.;

Nomes populares:  Erva-balieira, erva-baleeira, erva-preta, maria-preta, maria-milagrosa, catinga-de-barão, caramona, mijo-de-grilo, milho-de-grilo, salicina, cheiro-de-tempêro.

Origem ou Habitat: Regiões litorâneas do Sudeste e Leste brasileiro.

Características botânicas:  Arbusto ereto, muito ramificado, aromático, com a extremidade dos ramos um pouco pendente e hastes revestidas por casca fibrosa, medindo de 1,5 a 2,5m de altura. Folhas simples, alternas, serrilhadas, coriáceas, verrugosas e aromáticas, de 5-9 cm de comprimento. Inflorescências racemosas terminais com pequenas flores brancas, de 10-15 cm de comprimento. Os frutos são cariopses esféricas e vermelhas.

Partes usadas: Folhas.

Uso popular:  É amplamente utilizada na medicina caseira nas regiões litorâneas do Sudeste e Leste brasileiro, onde é considerada antiinflamatória, cicatrizante, diurética, antiartrítica, analgésica, tônica e antiulcerogênica. É usada para as seguintes afecções: reumatismo, artrite reumatóide, gota, dores musculares e da coluna, prostatites, nevralgias e contusões e também para feridas externas e úlceras. É comum seu uso entre os pescadores da região litorânea. Usuários que ingerem o chá abafado (infusão) relatam melhora de sintomas dispépticos e aumento da diurese, além da melhora dos sintomas dolorosos para o qual foi indicada.

Informações científicas:🐁(AN): Estudos pré-clínicos contribuíram para o desenvolvimento do primeiro fitomedicamento anti-inflamatório de uso tópico desenvolvido no Brasil com o óleo essencial extraído da V. curassavica (Sertié, 1991, 2005). Para o extrato etanólico das folhas foi demonstrada atividade analgésica, efeito protetivo contra úlcera gástrica e baixa toxicidade (Roldão, 2008). Estudo com compostos extraídos das folhas da planta apresentaram atividade anti-inflamatória, sendo considerados importantes marcadores para a elucidação das propriedades farmacológicas da espécie (Medeiros, 2007). O extrato etanólico das folhas da planta mostrou atividade anti-alergênica, reduzindo in vitro a secreção de histamina em mastócitos de rato, porquinho-da-índia e hamster (Oliveira, 2011).

Observações do uso clínico em Florianópolis: O uso interno da infusão das folhas da erva-baleeira tem bom resultado para alívio das dores em geral, assim como a utilização da tintura ou da infusão das folhas para uso tópico, na forma de compressa, em dores musculares e das articulações.

Cuidados no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. Estudos in vivo não mostraram toxicidade e não há relatos de efeitos adversos. Por falta de maiores estudos, deve ser evitado o uso interno em gestantes e lactantes e crianças menores de 6 anos.

Modo de uso:

🍵Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Uso externo: Tintura na proporção de 1:10 em álcool 70% e 1:5 em álcool 90%. Deixar armazenado em garrafa de vidro e em local escuro por no mínimo 15 dias e utilizar para uso tópico na forma de compressas com auxílio de um algodão ou pano limpo para alívio de dores reumáticas, artralgias e contusões.

Observações: Os frutos são apreciados pelos pássaros. Existe uma espécie assemelhada, chamada de Trinca-Trinca (Cordia monosperma), usada popularmente como antiinflamatória para combater hemorróidas, na forma de banho de assento.

Composição química:  Os princípios ativos básicos são o óleo essencial e os flavonóides. Principais componentes do óleo essencial: α-tuyeno (12%), α-pineno (5%), trans-cariofileno, tuya-2,4(10)-dieno (0,4%), sabineno (2,5%), β-cariofileno (6,8%), α-humuleno (1,3%), allomadendreno (1,8%), germacreno D (6,6%), biciclogermacreno (5,3%), α-muuroleno (0,7%), α-cadineno (traços), δ-cadineno (16,8%), elemol (3,3%), germacreno D-4-ol (5,0%), neo-5-cedranol (14,8%); Principais flavonóides: sitosterol (Lins et al.); 5-hidroxi-3,6,7,3´,4´-pentametoxiflavona (artemetina) (Sertieé et al., 1990) (Lins et al.); 5,6´-diidroxi-3,3´,4´,6,7-pentametoxiflavona (Lins et al.); 7,4´- diidroxi-5´-carboximetóxi isoflavona e 7,4´- diidroxi-5´- metil isoflavona (Ameira, et al. 2006).

 

Referências:
1. AMEIRA, O.A. et al. Estabelecimento de cultura de células em suspensão e identificação de flavonóides em Cordia verbenacea DC. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 11, n. 1, p. 7-11, 2009.

2. FERRAZ, E. O. Cordia verbenacea: um caso de sucesso na fitoterapia brasileira. Lavras, MG: UFLA, 2010.

3. LINS,A.P.; ALVARENGA, M. A. Flavonóides de Cordia verbenacea. Supl. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 32, p. 457, 1980.

4. LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

5. LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2008.

6. QUISPE-CONDORI, S. et al. Global yield of the Supercritical CO2 extraction from Cordia verbenacea DC – Anticancer and antimycobacterial activities. Pharmacognosy Magazine, v. 3, p. 39-46, 2007.

7. SERTIEÉ, J. A. A. Pharmacological assay of Cordia verbenacea. Part 1. Anti-inflammatory activity and toxicity of the crude extract of leaves. Planta Médica, v. 54, p. 7-11, 1988.

8. SERTIÉ, J.A., et al., Pharmacological assay of Cordia verbenacea III: Oral and topical anti-inflammatory activity and gastrotoxicity of a crude leaf extract. Journal of Ethnopharmacology. 31, 239-247. 1991. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0378874191900082?via%3Dihub

9. SERTIÉ, J.A., et al., 2005. Pharmacological assay of Cordia verbenacea V: oral and topical anti-inflammatory activity, analgesic effect and fetus toxicity of a crude leaf extract. Phytomedicine, 12, 338-344. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0944711304001448?via%3Dihub

10. ROLDÃO, E. F., et al., Evaluation of the antiulcerogenic and analgesic activities of Cordia verbenacea DC. (Boraginaceae). Journal of Ethnopharmacology. Volume 119, Issue 1, 2008, Pages 94-98. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874108003000?via%3Dihub

11. MEDEIROS, R., Effect of two active compounds obtained from the essential oil of Cordia verbenacea on the acute inflammatory responses elicited by LPS in the rat paw. Br J Pharmacol. 2007 Jul;151(5):618-27. Epub 2007 Apr 30. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2013990/

12. OLIVEIRA, D. M. et al., Cordia verbenacea and secretion of mast cells in different animal species. Journal of Ethnopharmacology, vol. 135, n. 2, 2011, pg. 463-468. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0378-8741(11)00197-8

 

 

Tags: AnalgésicoAnti-inflamatórioCicatrizanteDispepsiaDiuréticoReumatismoTônico

CIPÓ MIL-HOMENS

08/01/2020 15:50

Aristolochia spp.

Aristolochiaceae 


Nomes populares:  Urubu-caá, angelicó, calunga, capa-homem, contra-erva, batarda, jarrinha, cipó jarrinha, mil-homens, papo-de-peru, aristolóquia, caçaú, cassau, cassiu, chaleira-de-judeu, cipó-mata-cobra, erva-de-urubu, contra-erva, erva-bicha, giboinha, milhomem, papo-de-galo, camará-açú, crista-de-galo, raja, mata-porcos, mil-homens-do-ceará, mil-homens-do-rio-grande (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002),(LORENZI; MATOS, 2002),(CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1998).

Origem ou Habitat: No Brasil, ocorrem aproximadamente sessenta espécies distintas de Aristolochia (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002).

As espécies mais importantes no uso medicinal são:

Aristolochia cymbifera Mart. & Zucc. (regiões Sul e Sudeste, até a Bahia),

Aristochia triangularis Cham. (no Rio Grande do Sul),

Aristolochia esperanzae O. Kuntze (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul),

Aristolochia ridicula N.E.Br. (São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul),

Aristolochia brasiliensis Mart.&Succ.(do Nordeste),

Aristolochia arcuata Mast. (São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul) e

Aristolochia gigantea Mart.&Zucc. (caatinga) (LORENZI; MATOS, 2002).

O gênero ocorre também no Uruguai, Argentina e Paraguai (ALONSO; DESMARCHELIER, 2006),(GUPTA, 1995),(SIMÕES, 1998).

Características botânicas:  Trepadeira herbácea, de ramos finos e flexuosos, com a base engrossada com casca corticosa fissurada, folhas simples, de consistência membranácea, pecioladas, glabras, de 12-20 cm de comprimento. Flores solitárias, com a forma de urna muito característica, e frutos capsulares elipsoides deiscentes, com inúmeras sementes achatadas (LORENZI; MATOS, 2002). Rizoma tuberoso (CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1998).

Partes usadas: Caule, folhas e raízes.

Uso popular:  Na região amazônica, o decocto das folhas é útil contra cólicas abdominais e problemas estomacais, enquanto o banho preparado com folhas em água fria é utilizado contra dores de cabeça e dores musculares. Outros usos populares indicam que a raiz é tônica, estomáquica, estimulante, antisséptica, sudorífica, diurética, anti-histérica e útil contra febres graves, catarros crônicos, disenteria e diarreia; é usada também como abortiva e contra veneno de cobra (LORENZI; MATOS, 2002),(GUPTA, 1995)(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008). O chá da raiz é também usado como emenagogo, excitante, cicatrizante e contra úlceras crônicas, sarnas, caspa e orquites (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002),(LORENZI; MATOS, 2002),(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008). É empregada ainda para asma, gota, hidropisia, convulsões, epilepsia, palpitações, flatulência, prurido e eczemas e até como sedativa. Algumas regiões a usam contra anorexia, ansiedade, prisão de ventre e como anti-helmíntica (LORENZI; MATOS, 2002),(CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1998),(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008). Também para amenorreia (falta de menstruação)(LORENZI; MATOS, 2002)(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008) e clorose (anemia por excesso de sangramento menstrual)(LORENZI; MATOS, 2002).

Composição química:  Os ácidos aristolóquicos são os principais componentes de inúmeras espécies do gênero Aristolochia. Outros componentes incluem terpenoides, alcaloides apoporfíricos, alcaloides aristolactâmicos, alcaloides do grupo da berberina, outros alcaloides, sesquiterpenolactonas, lignanas, beta-cariofileno, alfa-copaeno, beta-elemeno, gama-elemeno, alfa-humuleno e amidas (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002). Análises de raízes e caules tem demonstrado diterpenos e, nas folhas, sesquiterpenoides(LORENZI; MATOS, 2002).

Ações farmacológicas: Substâncias isoladas de A. versicolor e A. indica apresentaram atividade antifertilidade em alguns estudos; alguns apontam que o ácido aristolóquico é antiespermatogênico, por interferir na espermiogênese no estágio de formação das espermátides e reduzir a produção de células de Leydig maduras. O ácido aristolóquico de A. indica apresentou propriedades antiestrogênica e anti-implantacional. O ácido aristolóquico de A. rodix foi eficaz contra o veneno de ofídeos. Diterpenos isolados de A. albida agem como importantes antídotos de picada de cobra do gênero Naja. Constituintes químicos da A. manshuriensis obtidos por cultura celular apresentaram importante atividade cardiotônica. A magnoflorina, alcaloide obtido de várias espécies do gênero, diminui a pressão arterial em coelhos e induz hipotermia em camundongos. O ácido aristolóquico I promove contrações em músculos lisos isolados, enquanto uma atividade relaxante muscular inespecífica em músculos lisos foi descrita para o extrato etanólico de A. papillaris. Estudos com A. birostris demonstraram atividade analgésica e antitérmica e inibição das contrações induzidas por histamina, acetilcolina e ocitocina, a nível central. Atividade anti-inflamatória foi observada em A. tulobataA. multiflora possui atividade citotóxica. A. niaurorum demonstrou atividade antisséptica e cicatrizante. Atividade antifúngica e antibacteriana foi associada a A. papillarisA. gigantea e A. paucinervis também mostraram atividade antibacteriana. A. triangularis foi relacionada à atividade antiviral, enquanto A. paucinervis agiu contra Helicobacter pylori. A constatação da atividade citotóxica experimentalmente abre portas para estudos na área de oncologia (ALONSO,; DESMARCHELIER, 2006)..

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A presença de ácido aristolóquico contra indica o uso interno.

Contra-indicações:  Existem pelo menos 14 tipos de ácidos aristolóquicos (JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005). O consumo crônico da infusão da Aristolochia sp. por humanos leva ao aparecimento rápido de fibrose renal intersticial. Há evidências de que o ácido aristolóquico, além de levar a esta nefropatia, aumenta o risco de câncer urotelial. Estudos mostram o surgimento de lesões renais em um mecanismo dose-dependente em apenas 3 dias de tratamento com 10, 50 ou 100mg/kg por via oral em animais. Na Bélgica, na década de 90, uma contaminação de fitoterápicos chineses, usados para emagrecimento, com ácido aristolóquico proveninente de A. fangchi levou ao relato de dezenas de casos dessa nefropatia, além da associação nesses pacientes com o aumento do risco para carcinoma urotelial. Depois se soube de casos semelhantes em outros países da Europa, Japão, Estados Unidos, etc. Por causa da semelhança da clínica e da histologia entre a “nefropatia da erva chinesa” e a nefropatia dos Bálcãs, iniciou-se uma série de investigações que sugerem que o ácido aristolóquico também é o agente etiológico desta última. A nefropatia dos Bálcãs também cursa, além da lesão tubulointersticial rapidamente progressiva, com pressão arterial normal, leucocitúria asséptica, proteinúria de baixo peso molecular e anemia precoce e severa. A doença afeta homens e mulheres que vivem em áreas rurais da Bósnia, Croácia, Romênia e Sérvia, caracterizada por início insidioso, invariável progressão para insuficiência renal crônica e forte associação com carcinoma urotelial. Estudos epidemiológicos evidenciaram a ocorrência focal da doença em certas vilas e famílias, mas não um padrão de herança da doença. Os achados, entretanto, não são definitivos quanto à associação entre o ácido aristolóquico e a nefropatia endêmica, e outros agentes etiológicos continuam sendo discutidos, como a contaminação da água com toxinas do carvão, e a ocratoxina A, uma toxina proveniente de alguns fungos, também associada à nefrotoxicidade e carcinogênese e encontrada em altos níveis no sangue de indivíduos das áreas de alta endemicidade da doença. planta proibida em vários países, não deve ser usada interna mente.

Observações: O nome do gênero Aristolochia vem do grego: aristos = bom e lochia = nascimento, parto. Segundo a Teoria das Assinaturas, a forma curvada da flor de uma das espécies (Aristolochia clematitis) lembra o feto em posição antes do nascimento, razão pela qual a planta era usada popularmente para facilitar o parto (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002).

Aristolochia triangularis possui acido aristolóquico em suas raízes .

 

Referências:
ALONSO, J.; DESMARCHELIER, C. Plantas Medicinales Autoctonas de La Argentina. Buenos Aires: Fitociencia, 2006.

CORRÊA, A. D.; SIQUEIRA-BATISTA, R.; QUINTAS, L. E. Plantas Medicinais: Do Cultivo a Terapêutica. Petrópolis: Vozes, 1998.

DUKE, J. A.; BOGENSCHUTZ-GODWIN, M. J.; OTTESEN, A. R. Duke’s handbook of medicinal plants of Latin America. Boca Raton: CRC Press, 2008.

GUPTA, M. P. (ed.). 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas. Santafé de Bogotá, Colombia:. Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarollo (CYTED), 1995.

GROLLMAN, A. P. et al. Aristolochic acid and the etiology of endemic (Balkan) nephropathy. Proceedings of the National Academy of Sciences, [S. I.], v. 104, n. 29, 12129-12134, 2007.

JUNIOR, V. F.; PINTO, A. C.; MACIEL, M. A. Plantas medicinais: cura segura. Química nova, [S. I], v. 28, n. 3, p. 28-519, 2005.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

SIMÕES, C.M.O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1988.

STASI L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. São Paulo: Editora UNESP, 2002.

http://www.tropicos.org/NameSearch.aspx?name=Aristolochia&commonname – acesso em 20 de março de 2012.

Tags: AbortivoAnsiedadeAntissépticaAsmaCefaléiaCicatrizanteCólicaDiarreiasDisenteriaDiuréticoEczemaEmenagogoFebreFlatulênciaPruridoSarnaSedativoSudoríficaTônicoÚlceras

CASCA-D’ANTA

07/01/2020 22:24

Drimys winteri J.R. Forst. & G. Forst. 

Winteraceae 


Sinonímias: Drimys brasiliensis Miers., Drimys chilensis DC., Drimys winteri foandina (ReicheHaumanDrimys winteri fogranadensis (L. f.) Eichler, Drimys winteri var. morenonis Kuntze, Drimys winteri var. punctata (Lam.) DC., entre outros. 

Nomes populares:  Casca-d’anta, cataia, canela-amarga, capororoca-picante, casca-de-anta, pau-pra-tudo. 

Origem ou Habitat: É nativa do Chile. No Brasil ocorre nos domínios fitogeográficos: Caatinga, Central Brazilian Savanna, Atlantic Rainforest. Alguns autores assinalam que é nativa do Brasil. 

Características botânicas:  Arvoreta de até 5 m de altura. Folhas alternas, oblanceoladas a oblongas, obtusas, coriáceas, medindo aproximadamente 6 a 7 cm de comprimento por 6 cm de largura, com a face inferior branco-prateada. Inflorescências em corimbos axilares. Flores hermafroditas, de 2 a 3 cm de diâmetros, com 2 ou 3 sépalas e 10 pétalas brancas, com muitos estames. Fruto carnoso, com 4 a 12 partes, separadas na maturação. 

Partes usadas:Folhas e cascas. 

Uso popular:  Problemas gástricos e estomacais (dispepsia, disenteria, náuseas, dores intestinais e cólicas), febres, anemia, expectorante na bronquite crônica, considerado um tônico na convalescença. 

Composição química:  Taninos, sesquiterpenóides. Cascas: sesquiterpenos, terpenóides e lignanas. Folhas: terpenóides e flavonóides (com ação antitumoral), Folhas jovens: substâncias cardioativas (SIMÕES, 1995). 

Ações farmacológicas: Anteriores experimentos pré-clínicos realizados revelou que o extrato hidroalcoólico da planta mostrou propriedades anti-alérgicas, anti-inflamatória e antinociceptiva.(CECHINEL FILHO, V. et all., 1998). 

 

 

Referências:
CECHINEL FILHO, V. et all. “Isolation and identification of active compounds from Drimys winteri barks”. Journal of Ethnopharmacology, Volume 62, Issue 3, October 1998, Pages 223–227. Acesso Julho 2016. 

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. 

Mello-Silva, R. 2015. Winteraceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: .Acesso Julho 2016. 

SIMÕES, C. M. O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986. 

http://www.tropicos.org/Name/50081423 – Acesso 25 Julho 2016 

Tags: AnemiaCólicaDisenteriaDispepsiaExpectoranteFebreNáuseaTônico

CARQUEJA

07/01/2020 22:11

Baccharis spp.

Asteraceae (Compositae)  


Sinonímias: Várias espécies de Baccharis são conhecidas por “carqueja” e outras por “vassoura”: 

Baccharis articulata (Lam.) Persoon, Baccharis trimera (Less.) DC., Baccharis genistelloides var. trimera (Less.) Baker, Baccharis cylindrica (Less.) DC., Baccharis fastigiata Baker, Baccharis gaudichaudiana DC., Baccharis genistifolia DC., Baccharis genistelloides (Lam.) Pers. Baccharis glaziovii Baker, Baccharis junciformis DC., Baccharis junciformis var. triptera Baker, Baccharis lundii DC., Baccharis microcephala Baker, Baccharis notosergila Griseb., Baccharis opuntioides Mart., Baccharis pauciflosculosa DC., Baccharis pentaptera DC., Baccharis polyptera DC., Baccharis sagittalis (Less.) DC., Baccharis stenocephala Baker, Baccharis dracunculifolia DC. etc. 

Nomes populares:  Carqueja, carqueja-amarga, carqueja-amargosa, carqueja-doce, vassourinha, carquejinha (DEGASPARI, 2011; FACHINETTP; TEDESCO, 2009). [Quebra da Disposição de Texto][Quebra da Disposição de Texto]Origem ou Habitat:O gênero Baccharis está representado por mais de 500 espécies distribuídas principalmente no Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Paraguai, Bolívia e México. No Brasil, estão descritas 120 espécies de Baccharis, distribuídas em maior concentração na Região Sul do país. (DEGASPARI, 2011; AGOSTINI, F. et al, 2005. 

Características botânicas:  As espécies deste gênero são subarbustos ou arbustos ramificados, com 0,5 a 4 metros de altura, com caule e ramos cilíndricos, folhas alternas e muito variáveis na forma e no tamanho, e com capítulos que podem ser de uni a multiflores. São plantas dióicas com inflorescências masculinas e femininas em plantas separadas.4 As flores são pequenas, brancas ou amareladas, unissexuais, reunidas em inflorescências, apresentadas em capítulos pequenos, sésseis, de 6 a 7 mm de altura, dispostas nas terminações dos ramos, formando espigas interrompidas. O fruto é um aquênio com papilho, com 10 estrias longitudinais, de cor branca ou amarelado. As sementes tem um penacho plumoso que serve para dispersar-se pelo vento. Diversas espécies de Baccharis com ramos trialados são confundidas com Baccharis trimera, como Baccharis crispa, Baccharis cylindrica, Baccharis microcephala e Baccharis usteri. Exceto a última, que apresenta folhas normais nos extremos inferiores, as demais espécies só podem ser identificadas macroscopicamente quando estão floridas. A presença de ramos bialados na Baccharis articulata permite a distinção desta do resto das carquejas.6 

OBS.: Baccharis dracunculifolia DC., popularmente conhecida por alecrim-vassoura, vassourinha, alecrim-do-campo ou vassoura-carqueja, é um arbusto alto, pode atingir até 4 m de altura, muito ramificado. As folhas são simples, alternas, subssésseis, pequenas e possuem forma de lança. Flores bem pequenas, brancas ou amareladas. Os frutos são do tipo aquênio. Floresce entre fevereiro e abril.(MARONI, B., DI STASI, L. C., MACHADO, S. 2006). [Quebra da Disposição de Texto][Quebra da Disposição de Texto]Partes usadas:hastes aéreas. 

Uso popular:  No Brasil, a carqueja está entre as dez plantas medicinais mais comercializadas, e o Paraná destaca-se como seu maior produtor. A carqueja é indicada como tônico estomáquico, antidiarreico e antirreumático. Sua função principal é regular o funcionamento do fígado e intestinos. Auxilia nos regimes de emagrecimento, sendo usada no tratamento de má digestão, cálculos biliares, doenças do baço e dos rins. É também muito recomendada para combater o diabetes e como vermífugo. Na Região Sul é comum acrescentar um pouco de carqueja na erva mate e como complemento do chimarrão.  

Externamente, é usada no tratamento de feridas e ulcerações (FACHINETTP; TEDESCO, 2009).  

Na Argentina, acredita-se que a Baccharis articulata (carqueja-doce, carquejinha) tenha atividade no tratamento de impotência sexual masculina e de esterilidade feminina.  

No Paraguai, é utilizada como anti-hipertensiva. Os óleos essenciais extraídos de folhas de Baccharis dracunculifolia (óleo-de-vassoura) e Baccharis trimera (óleo-de-carqueja) são produzidos e usados em perfumaria, possuindo alto valor para a indústria de fragrâncias (AGOSTINI, et al, 2005).  

A infusão das hastes da carqueja, usada antes das refeições, é indicada em caso de afecções estomacais, intestinais e hepáticas. O mesmo chá feito com a planta picada tem ação antifebril, anti reumática, colagoga, estomáquica, para cálculos biliares, diabetes, obesidade e obstrução do fígado. Já o decocto da haste, além de ser usado para os mesmo fins, é referido eficaz contra tosse, gripes, resfriados e também usado como diurético, tônico e contra afecções do couro cabeludo. A mistura feita ao amassar a planta fresca ou triturá-la seca com alho e água fervente é indicada como anti-helmíntico (MARONI; DI STASI; MACHADO, 2006). 

Composição química:  Para o gênero Baccharis, existem relatos da presença de flavonóides, diterpenos, taninos, óleo essencial e saponinas.1 Cerca de 120 espécies deste gênero foram estudadas quimicamente e de modo geral, os compostos que mais se destacam são os flavonóides (apigenina, cirsiliol, cirsimantina, eriodictol, eupatrina e genkawaniana) e os terpenóides, como monoterpenos, sesquiterpenos, diterpenos e triterpenos. DEGASPARI, et al, 2011; AGOSTINI, et al, 2005). Outros princípios ativos são lignanos, alfa e beta pinenos, canfeno, carquejol, acetato de carquejila, ledol, calameno, elemol, eudesmol, palustrol, nerotidol, hispidulina, campferol, quercerina e esqualeno (DEGASPARI, et al, 2011). 

Ações farmacológicas: O gênero Baccharis tem uma ampla gama de efeitos microbicidas e reconhecidas propriedades colérico-colagogas (PASSERO, et al, 2011). 

O conjunto de flavonóides, em especial a hispidulina, demonstra ação hepatoprotetora e colagoga. O alto conteúdo de ácidos cafeoilquínicos presentes nas diferentes espécies de carqueja justificam seu emprego como colerética e colagoga, além das sabidas atividades antioxidantes.  

Extratos aquosos e hidroalcoólicos de Baccharis notorsegila e Baccharis crispa em doses de 5mg/ml demonstraram atividade antibacteriana frente a Bacillus subtilisMicrococcus luteus e Staphylococcus aureus, especialmente por parte do flavonóide genkwanina. Um estudo evidenciou que as folhas de Baccharis dracunculifolia, a principal origem botânica da produção do Própolis Brasileiro, tem efeito inibitório dos fatores cariogênicos avaliados do Streptococcus mutans, similar ao do própolis mencionado, o qual é usado para prevenir cáries dentárias por esse patógeno. (ABAD; BERMEJO, 2008). 

As lactonas sesquiterpênicas de Baccharis trimera demonstraram atividade inibitória frente a cercárias do Schistosoma mansoni (agente causador da esquistossomose) e do crescimento do Trypanosoma cruzi (causador da Doença de Chagas). Ensaios evidenciaram também atividade molusquicida de Baccharis trimera sobre Biomphalaria glabrata (molusco hospedeiro intermediário do S. mansoni), as custas de lactonas diterpênicas e flavonas, em especial a eupatorina (ALONSO; DESMARCHELIER, 2005). 

Além disso, mais recentemente vários componentes de Baccharis retusa e Baccharis uncinella têm sido estudados e apresentam atividade contra patógenos causadores da Leishmaniose Tegumentar (PASSERO, et al, 2011). 

Estudos diferentes com extratos de Baccharis articulata e Baccharis genistelloides encontraram atividade antiviral frente ao VSV (vírus da estomatite vesicular) e ao HSV-1 (Herpes simplex vírus). Um estudo em 1996 demonstrou os ácidos cafeoilquínicos como tendo atividade inibitória específica sobre a enzima HIV-1 integrase, o que abre portas para estudos futuros relacionados ao HIV (ALONSO; DESMARCHELIER, 2005). 

Ensaios em animais são controversos em demonstrar a atividade analgésica e antiinflamatória de extratos de B. trimera. Um estudo que investigou o efeito antiartrítico do extrato aquoso de Baccharis genistelloides mostrou uma redução importante da gravidade da artrite colágeno-induzida em animais. Em estudos com ratos com diabetes induzida por streptozotocina, o extrato aquoso de Baccharis trimera induziu uma redução importante, embora parcial, da glicemia, após 7 dias de uso. O efeito, o qual não esteve associado a perda de peso, pode estar associado a presença de flavonóides e ácidos clorogênicos, já que suas atividades hipoglicemiantes já foram previamente demonstradas. Esse potencial justifica maiores investigações (OLIVEIRA, 2005; ABAD; BERMEJO, 2008). 

Os flavonóides de Baccharis genistelloides possuem atividade diurética, o qual pode gerar hipotensão arterial, tal como se observou em estudos com ratas. Estudos in vitro tem determinado também a atividade anti hipertensiva de Baccharis trimera. (ALONSO; DESMARCHELIER, 2005). Diversos estudos em modelos animais com úlcera gástrica induzida de diferentes maneiras demonstraram atividade antiulcerosa de diferentes extratos de carqueja, e efeito gastroprotetor e anti secretório de Baccharis genistelloides em associação com Lavatera asurgentiflora e Psoralea glandulosa. (ALONSO; DESMARCHELIER, 2005). 

Interações medicamentosas: Os pacientes hipertensos podem necessitar ajustar as doses de medicamentos anti-hipertensivos em caso de uso concomitante de Baccharis trimera. Pacientes hipotensos também devem estar alertas devido a possibilidade de redução da pressão arterial (ALONSO; DESMARCHELIER, 2005).  

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Ensaios com sistemas teste vegetais in vivo e teste in vitro com linfócitos de sangue periférico humano demonstraram atividade antiproliferativa e mutagênica dos extratos de Baccharis trimera e Baccharis articulata , espécies nativas do sul do Brasil, indicando que a utilização pela população requer maior cuidado. No entanto, são necessários mais estudos para avaliar com maior precisão os riscos (FACHINETTP; TEDESCO, 2009). 

Apesar de a carqueja se encontrar incorporada à maioria das farmacopéias oficiais e não ter originado sinais de toxicidade durante seu uso histórico, se recomenda precaução e a não utilização por longos períodos até que sejam aprofundados os estudos sobre toxicidade. 

Os pacientes hipertensos podem necessitar ajustar as doses de medicamentos anti-hipertensivos em caso de uso concomitante de Baccharis trimera. Pacientes hipotensos também devem estar alertas devido a possibilidade de redução da pressão arterial (ALONSO; DESMARCHELIER, 2005). 

Contra-indicações:  Eventualidade de uma estimulação do músculo uterino pelo extrato de carqueja contra-indica seu uso na gravidez. O efeito abortivo foi observado na administração em animais por 10 a 15 dias consecutivos (ALONSO; DESMARCHELIER, 2005). 

Posologia e modo de uso: Infusão: em uma xícara (150ml), coloque 1 colher (sopa: 5g) de hastes picadas e adicione água fervente. Abafe por 10 minutos e coe. Tomar 2 a 3 xícaras por dia.  

Decocção – coloque 1 colher (sopa) de hastes picadas em 1 recipiente com água fria. Deixe ferver por 5 minutos. Desligue o fogo e deixe abafado por 10 minutos coe e tome até 3 xícaras por dia.  

Uso externo – Usa-se a decocção ou infusão aplicando externamente.

 

 

Referências:

ABAD, M. J.; BERMEJO, P. Baccharis (Compositae): a review update. Arkivoc, [S. I], v. 7, p. 76-96, 2007. Disponível em: http://www.arkat-usa.org/get-file/19602/ – Acesso em: 01 de novembro de 2011. 

AGOSTINI, F. et al. Estudo do óleo essencial de algumas espécies do gênero Baccharis (Asteraceae) do sul do Brasil. Revista Brasileira de farmacognosia, João Pessoa, v. 15, n. 3, p. 215-219, Jul/Set 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2005000300010&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-695X2005000300010. Acesso em: 01 de novembro de 2011.  

ALONSO, J.; DESMARCHELIER, C. Plantas Medicinales Autóctonas de la Argentina: Bases Científicas para su Aplicación en Atención Primária de la Salud. Buenos Aires: L.O.L.A., 2005. p. 127-35 

BUDEL, J. M.; DUARTE, M. R.; SANTOS, C. A. M. Parâmetros para análise de carqueja: comparação entre quatro espécies de Baccharis spp. (Asteraceae). Revista Brasileira de farmacognosia, Maringá, v. 14, n. 1, 2004 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2004000100006&lng=en&nrm=iso – Accesso em: 01 de Novembro de 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-695X2004000100006. 

CORREA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura/IBDF, v.2, 1984. 

DEGASPARI, C. H. et al. Obtenção de extrato de carqueja (Baccharis articulata (Lam.) Pers.) por diferentes processos de concentração. Disponível em: http://www.utp.br/tuiuticienciaecultura/FACET/FACET%2029/PDF/Art%208.pdf. Acesso em: 01 de novembro de 2011. 

DUKE, J. A., BOGENCHTZ-GODWIN, M. J., OTTESEN. A. R. Duke’s handbook of medicinal plants of Latin America. [S. I.]: CRC Press, 2008.  

FACHINETTP, J. M.; TEDESCO, S. B. Atividade antiproliferativa e mutagênica dos extratos aquosos de Baccharis trimera (Less.) A. P. de Candolle e Baccharis articulata (Lam.) Pers. (Asteraceae) sobre o sistema teste de Allium cepa. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 11, n. 4, p. 360-367, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-05722009000400002&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-05722009000400002 – Acesso em: 01 de novembro de 2011. 

LORENZI, H, MATOS, F. J. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2002. p. 122-123. 

MARONI, B.; DI STASI, L. C.; MACHADO, S. Plantas medicinais do cerrado de Botucatu. São Paulo: FAPESP, BIOTA, UNESP, 2006. p. 46-48. 

OLIVEIRA, A. C. P. Effect of the extract and fraction of Baccharis trimera and Syzygium cumini on glycaemia of diabetic and non-diabetic mice. Journal Etnhopharmacol, [S. I], v. 102, p. 465-469, 2005. 

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PASSERO, L. F. et al. Lago, 2010. Anti-leishmanial effects of purified compounds from aerial parts of Baccharis uncinella DC. (Asteraceae). Parasitology Research, [S. I], v. 108, n. 3, p. 36-529, Mar 2011. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20886232 – Acesso em: 01 de novembro de 2011. 

http://www.tropicos.org – Acesso em: 11 de novembro de 2011.

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