ESPINHEIRA-SANTA
Monteverdia ilicifolia (Mart. ex Reissek) Biral
Sinonímias: Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek; Maytenus castaneaeformis Reissek; Maytenus castaneiformis Reissek; Maytenus macrodonta Reissek; Maytenus muelleri Schw.; Maytenus officinalis Mabb.;
Nomes populares: Espinheira-santa, cancerosa, cancorosa, espinho-de-deus, salva-vidas, sombra-de-touro, coromilho-do-campo, erva-cancerosa, erva santa (Brasil); quebrachillo, sombra-de-toro, concorosa, congorosa (Argentina, Uruguai, Rio da Prata).
Origem ou Habitat: O gênero Maytenus é pantropical, concentrando na América do Sul o maior número de espécies.
No Brasil, a espécie Maytenus ilicifolia é encontrada predominantemente na Região Sul, no entanto, ela pode ocorrer em outros Estados. As outras espécies do gênero Maytenus, como M. aquifolium e M. robusta, têm distribuição mais ampla. (Reis e Silva, 2004).
Características botânicas: Maytenus ilicifolia Mart. é planta arbórea, arbustiva ou subarbustiva, podendo atingir 5 m de altura. Folhas simples, inteiras, alternas, coriáceas e brilhantes, com margem inteira ou mais comumente espinescente, estípulas inconspícuas. Inflorescências axilares, fasciculadas, cimosa. Flores pequenas, esverdeadas, diclamídeas, dialipétalas, hermafroditas; 5 estames livres, ovário bilocular com disco nectarífero; fruto cápsula bi-valvar de cor vermelha; semente coberta por arilo carnoso e branco.
Partes usadas: Folhas e raízes.
Uso popular: Anticonceptivo, cicatrizante, vulnerário (curar feridas), anti-séptico, digestivo, antiespasmódico, contra hiperacidez e ulcerações do estômago, curar o vício da bebida e enfermidades do fígado, hidropisia devido ao abuso de álcool, diurético, antipirético, laxativo, anti-asmático, anti-tumoral e analgésico.
Informações científicas: 👥(HU): Apenas três estudos clínicos com pouca qualidade metodológica e baixo número amostral foram realizados até o momento. O primeiro foi realizado em sete voluntários sadios (fase I), durante 14 dias, não sendo observado nenhum evento adverso que pudesse ser associado ao uso da planta (Carlini, 1988). O segundo foi realizado em pacientes portadores de dispepsia alta ou úlcera péptica (10 pacientes no grupo tratado e 10 do grupo placebo), sendo que as cicatrizações aconteceram nos dois grupos, com grande perda de seguimento, sem diferença estatística. Apenas houve melhora na sintomatologia, que é um desfecho subjetivo (Geocze et al., 1988). O último estudo, também datado dos anos 1990, não verificou atividade do extrato sobre Helicobacter pylori, quando testado em 10 pacientes (Coelho et al., 1994).
Observações do uso clínico em Florianópolis: A infusão preparada com as folhas da M. ilicifolia tem boa resposta quando utilizada em afecções de boca (gengivite, afta e após procedimentos odontológicos). Esta espécie também pode ser associada à erva-santa (Aloysia gratissima) em distúrbios estomacais, azia e gastrite.
Cuidados para o uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o seu uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. Deve ser evitado o seu uso interno em gestantes, lactantes e em crianças menores de 4 anos. Embora os estudos referentes à espécie Maytenus ilicifolia indiquem que a mesma possa ser usada com segurança nas doses preconizadas, o mesmo não se pode afirmar em relação à Zollernia ilicifolia, já que, apesar de possuir efeitos antiulcerogênico e analgésico, apresenta glicosídios cianogênicos. Quanto à Sorocea bonplandii, que também possui efeitos antiúlcera e analgésico, apresenta mais segurança em seu uso, já que não demonstrou ser tóxica.
Posologia e modo de uso:
🍵 Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.
Uso externo: emprega-se a infusão em forma de compressas, banhos, bochechos e gargarejos. M. ilicifolia pode ser associada com a espécie Erva Santa (Aloysia gratissima) para tratamento de úlceras gástricas com o uso interno da infusão preparada 1 xícara de água fervente com até 4 folhas frescas de cada planta até 3 vezes ao dia por no máximo 15 dias.
Observações: A espécie Maytenus ilicifolia é facilmente confundida com outras espécies que também apresentam folhas com margem espinescente. Exemplos são as espécies Monteverdia ilicifolia (Mart. ex Reissek) Biral e Monteverdia aquifolia (Mart.) Biral da família Celastraceae, Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel da família Fabaceae, Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al. da família Moraceae, Berberis fortunei Lindl. da família Berberidaceae e Jodina rhombifolia (Hook. & Arn.) Reissek da família Santalaceae.
Composição química: Alcalóides: maitansina, maitanprina, maitanbutina e cafeína; terpenos: maitenina, tingenona, isotenginona III, congorosina A e B, pristimerina, celastrol, ácido maitenóico, friedelina friedelan-3-ol, maitenoquinona, β e δ-amirina, fitoesteróis (campesterol, ergosterol, β-sitosterol; outros: pristimerina e isopristimerina III (macrolídeos presentes na raiz); flavonóides (derivados da quercetina e kaempferol), leucoantocianidinas, ilicifolinosídeos A, B e C; ácido clorogênico; taninos hidrolizáveis (ac. tânico); traços de minerais e oligoelementos (ferro, enxofre, sódio e cálcio) e óleo fixo nas sementes. (Alonso, 2004).
- Triterpenóides quinone-metilóides: Maltenin, 22β-hidroximathenin, celastrol, pristimerina, tingenona, isotenginone ii, cangorosinas A e B, ácido maitenoico.
- Alcalóides Piridínicos Sesquiterpênicos: Ilicifoliunina A, ilicifoliunina B, aquifoliunina EI e maiteina.
- Taninos condensados: Proanthocyanidins: Epicatechin, epicatechin gallate, procyanidin B2.
- Triterpenos: Friedelina, friedelan-3-ona, friedelanol, cangorosin A e B, maitefolinas A, B e C, Uvaol-3-cafeato e eritrodiol.
- Glicolipídeos: Monogalactosildiacilglicerol, digalactosildiacilglicerol, trigalactosildiacilglicerol, tetragalactosildiacilglicerol, sulfoquinovosildiacilglicerol.
- Flavonóides: Mauritianina, trifolina , hiperina, epicatequina, catequina, canferol, quercetina, galactitol, mono- di- tri- e tetra-glicosídeos de quercetina, rutina, quercitrina e hiperosídeo, dentre outros.
Referências
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