CIPÓ-INSULINA

08/01/2020 15:56

Cissus sicyoides  L.

Vitaceae  


 Sinonímias: Vitis sicyoides (L.) Morales, Cissus brevipes C.V. Morton & Standl., Cissus elliptica Schltdl& Cham., Cissus obtusata Benth., Cissus umbrosa Kunth, Cissus canescens Lam., Cissus compressicaulis Ruiz & Pav. 

Nomes populares:  Cipó-insulina, insulina-vegetal, insulina, anil-trepador, cipó-pucá, cipó-puci, puçá, uva-branca, uva-do-mato, tinta-dos-gentios, cortina-de-pobre, cortina-japonesa, achite, caavurana-de-cunhan, etc

Origem ou Habitat: Nativa da região norte do país. 

Características botânicas:  Herbácea trepadeira, perene, vigorosa, de até 6 metros de altura, com ramos e folhas carnosas, com gavinhas opostas às folhas, que são simples, membranáceas, glabras, oblongas, pecioladas, mais ou menos dentadas, de 4 a 7 cm de comprimento e 2,5 a 4,5 cm de largura. Flores pequenas, de cor creme ou amarelo-esverdeada, dispostas em inflorescências corimbiformes. Fruto drupa ovoide-globosa, de cor roxo-escura, com polpa carnosa, contendo uma única semente de cerca de 6 mm de comprimento. Multiplica-se por sementes e por enraizamento dos ramos. 

Partes usadas:Folhas, talos e frutos. 

Uso popular:  Considerada antidiabética, anti-inflamatória, antibacteriana, emenagoga, aumentando a resistência de vênulas e arteríolas (Drescher, 2001). O chá das folhas é utilizado principalmente para o tratamento de problemas cardíacos, incluindo taquicardia e pressão alta (Van den Berg, 1983), além de hidropsia, anemia, derrames, tremores e como ativador da circulação sanguínea (Lorenzi & Matos, 2002). O suco das folhas e ramos é utilizado em regiões da Amazônia contra epilepsia por sua ação anticonvulsivante e nos últimos anos tem sido muito empregada como hipoglicemiante. (Lorenzi & Matos, 2002). Em Cuba é utilizada para transtornos respiratórios, como catarro, tosse e asma. É usada externamente para afecções de pele, como furúnculos e abscessos e também para fraturas (uso comum no México) (Gupta, 1995). 

Composição química:  Estudos fitoquímicos evidenciaram a presença de esterois, quinonas e compostos fenólicos nas folhas e antocianinas no fruto. Outras investigações apontaram a presença de aminoácidos, alcaloides, saponinas, taninos, açúcares, esterois, lactonas sesquiterpênicas e luteolina (Gupta, 1995). Possui flavonóides como cianidina, cianidina-3-arabinosideo, cianidina-3-rhamnosil-arabinosideo, delfinidina, delfinidina-3-O-beta-D-glucosideo, delfinidina-3-O-beta-D-rutinosideo, delfinidina-3-rhamnosideo, canferol 3-α-ramínosideo e quercetina 3-α-ramínosideo (Gupta, 1995; Beltame, et al., 2001). Contém alfa e beta-carotenoides, sais de magnésio, manganês, silício, cálcio, fósforo, potássio e oxalato de cálcio (Drescher, 2001), beta-sitosterol sitosterol-beta-D-glucopiranosideo (Beltrame, et al., 2002). 

  • Flavonóides: Canferol 3-ramnosideo, quercetina 3-ramnosideo, canferol 3- α -ramnosideo, quercetina 3- α -ramnosideo, dentre outros. 
  • Esteróides: Sitosterol e 3β-O-β-D-glucopiranosilsitosterol 
  • Cumarinas: Sabandina, 5,6,7,8-tetra-hidroxicumarina-5β-xilopiranósido 
  • Outros: Ácido fítico 

Ações farmacológicas: Apesar de uma das indicações ao uso da planta ser a qualidade antidiabético atribuída popularmente, os estudos em modelos animais tem-se mostrado contraditórios nesse aspecto. Autores como Viana, et al., 2004, colocam a redução de até 25% na glicose de animais diabéticos com o uso do extrato aquoso da planta, enquanto outros, como Beltrame, et al., 2002 chegam a resultados que negam este uso popular. Os resultados também são contraditórios no que se refere a níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue com o uso do extrato aquoso. No entanto, um dos estudos aponta atividade antibacteriana para dois compostos da planta (beta-sitosterol e sitosterol-beta-D-glucopiranosideo) (Beltrame, et al., 2002). A ação anticonvulsivante foi demonstrada em estudos com modelos animais, com ação protetora frente a convulsões induzidas (Gupta, 1995).

Contra-indicações:  Não foram encontrados na literatura consultada, entretanto, como a planta demonstrou em alguns estudos atividade estimulante uterina em modelos animais (Gupta, 1995) e pela falta de informações que atestem a segurança do uso durante a gravidez, não é recomendável o seu uso nesta situação. 

Posologia e modo de uso: Faz-se a infusão das folhas, utilizando 1 folha fresca da planta para 1 xícara de água quente. Tomar de 1 a 2 vezes por dia. Para uso externo, como anti-inflamatório, recomenda-se amassar as folhas frescas com um pilão e aplicar sobre a área afetada (Drescher, 2001).
 

 

Referências:
ALMEIDA, Edvaldo Rodrigues de et al. Anxiolytic and Anticonvulsant Effects on Mice of Flavonoids, Linalool, and -Tocopherol Presents in the Extract of Leaves ofCissus sicyoidesL. (Vitaceae). Journal Of Biomedicine And Biotechnology, [s.l.], v. 2009, p.1-6, 2009. 

BELTRAME, Flávio L., Sartoretto, Juliano L., Bazotte, Roberto B., Cuman, Roberto N., Cortez Diógenes, A. G. Estudo fitoquímico e avaliação do potencial antidiabético do Cissus sicyoides l. (VITACEAE). Quim. Nova, Vol. 24, No. 6, 783-785, 2001. 

BELTRAME, Flávio L., Pessini, Greisiele L., Doro, Dani L., Dias Filho, Benedito P., Bazotte, Roberto B., Cortez, Diógenes A. G. Evaluation of the Antidiabetic and Antibacterial Activity of Cissus sicyoides. Brazilian Archives of Biology and Technology. Vol. 45 – No 1 – Curitiba. Março 2002 

DRESCHER, Lírio (coordenador). Herbanário da Terra – Plantas e Receitas. – 1. ed. 2001. Pp. 29 

GUPTA, M. P. (editor). 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas. Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarollo, CYTED. Satafé de Bogotá, D.C., Colombia. 1995. Pp. 571-573 

LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. – 1. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. Pp. 501 

SALAZAR, M.a.r et al. Chemical composition, antioxidant activity, neuroprotective and anti-inflammatory effects of cipó-pucá (Cissus sicyoides L.) extracts obtained from supercritical extraction. The Journal Of Supercritical Fluids, [s.l.], v. 138, p.36-45, ago. 2018. 

SALGADO, Jocelem Mastrodi; MANSI, Débora Niero; GAGLIARDI, AntonioCissus sicyoides: Analysis of Glycemic Control in Diabetic Rats Through Biomarkers. Journal Of Medicinal Food, [s.l.], v. 12, n. 4, p.722-727, ago. 2009. 

VAN DEN BERG, M.E. Plantas Medicinais na Amazônia – Contribuição ao seu conhecimento sistemático. CNPq/PTU, Belém, PA. 1982. Pp. 163-164 

VIANA, Glauce SB., Medeiros, Ana CC., Lacerda, Ana MR., Leal, L Kaline AM., Vale, Tiago G., Matos, F José A. – Hypoglycemic and anti-lipemic effects of the aqueous extract from Cissus sicyoides. BioMed Central Pharmacology 2004, 4:9 

http://www.tropicos.org/Name/34000222 Acesso 12 abril 2014.

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