ALFAVACA

27/12/2019 00:47

Ocimum basilicum  L.

Lamiaceae (Labiatae) 


SinonímiasOcimum thyrsiflorum L., Ocimum basilicum var. thyrsiflorum (L.) Benth.

Nomes populares: Alfavaca-cheirosa, basilicão, basilico-grande, manjericão-de-molho, folhas-largas-dos-cozinheiros, manjericão-da-folha-larga, manjericão-doce.

Origem ou Habitat: Ásia tropical.

Características botânicas: É uma erva anual com caule quadrangular muito ramificado, quase glabro na base e com pelos macios no topo, cerca de 60 cm de altura, formando touceira. Folhas com 2,5 – 7,5 cm de comprimento, 1,5 – 4 cm de largura, simples, opostas, pecioladas, ovadas ou ovadas-lanceoladas, com margens serradas ou inteiras e ciliadas. Inflorescência tipo cacho terminal, com 6 flores em cada nó. Flores brancas ou ligeiramente violáceas, cerca de 0,8cm de comprimento, formando pseudo-umbelas axilares nas partes superiores dos ramos ou nas extremidades dos galhos.

Partes usadas: Folhas e sumidades floridas.

Uso popular: As folhas são usadas internamente como estomáquico, carminativo, antiespasmódico, em gastrite, constipação, em reumatismo, inflamação das mucosas do trato urogenital e, eventualmente, como diurético e galactagogo, além de estimulante do apetite. O infuso das partes aéreas é também indicado contra catarro, em casos de tosse, coqueluche, rouquidão (chá adicionado de gemada, uma gema de ovo batida com açúcar), em casos de inflamação das vias urinárias, e para casos de frieira. Externamente, o infuso é recomendado para banhos.

Como gargarejo em inflamações da garganta e aftas, bem como na preparação de compressas para feridas.

O extrato alcoólico pode ser incorporado em pomadas para o tratamento de feridas de difícil cicatrização.

Composição química: Nas partes aéreas: óleo essencial contendo linalol, estragol, eugenol, pineno, cineol, lineol, cinamato de metila, etc.; flavonóides principalmente xantomicrol e heterosídeos da quercetina e do kaempferol; cumarina (esculetina);

Análise alimentícia sobre 100 g de folhas frescas: calorias 43, água 86,5%, proteínas 3,3g, lipídeos 1,2g, hidratos de carbono 7g, fibras 2g, cinzas 2g, cálcio 320mg, fósforo 38mg, ferro 4,8mg, sódio 12mg, potássio 429mg, caroteno 4500ug, tiamina 0,08mg, riboflavina 0,35mg, niacina 0,80mg e ácido ascórbico 27mg.

Ações farmacológicas: A atividade anti-ulcerogênica de extratos aquosos e metanólicos das folhas parece estar relacionada aos flavonóides presentes.

O óleo essencial possui atividades anti-helmíntica, antifúngica in vitro e antimicrobiana.

Interações medicamentosas: Não há relatos.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses indicadas não apresenta toxicidade. Evitar o uso do óleo essencial.

Contra-indicações: O chá não é adequado durante a gravidez.

Posologia e modo de uso:  O infuso é preparado com 1 – 2 colheres de chá (2 – 4 g) de folhas rasuradas adicionadas a 150 ml de água fervente, se necessário use durante 15 dias e faça uma pausa de 7 dias.

pode ser usada a tintura de alfavaca para tratar micose de unha, uma gota embaixo da unha 2 vezes ao dia.

Observações: Existem várias raças, subespécies ou quimiotipos de Ocimum basilicum L., além de outras espécies de Ocimum. O Ocimum americanum L. também conhecido como manjericão ou manjericão de folha miúda (foto abaixo) é usada para os mesmos fins da O. basilicum L.. Outra espécie (Ocimum sp.) muito apreciada na Ilha de Santa Catarina é chamada alfavaca de peixe (foto abaixo).

 

Referências: 
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BISSET, N.G. (Ed.) Herbal Drugs and Phytopharmaceuticals. 4.ed. Stuttgart Medpharm, Boca Raton: CRC Press, 1994.

CORDEIRO, H.M. et al. Atividade antifúngica in vitro de óleos essenciais contra o gênero Tri-Chophyton. In: XIV SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL,1996, Florianópolis. Resumos. p. 151.

GIRRE, L. La Santé Par Les Plantes. Rennes: Edilarge S.A., 1992.

HOPPE, H. A. Taschenbuch der Drogenkunde. Berlin: Walter de Gruyter, 1981.

NAKAMURA, C.V. Atividade antifúngica do óleo essencial de Ocimum gratissimum L. In: In: XIV SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL,1996, Florianópolis. Resumos. p. 125.

POUSSET, J. L. Plantes Medicinales Africaines: Utilization Pratique. Paris: Agence de Cooperation Ellipses Culturelle et Technique, 1989.

THESEN, R.; SCHULZ, M.¡ BRAUN, R. Ganz oder teilweise negativ bewertete Arzneistoffe. Basilicumöl Pharm. Ztg., v.137, n.38, p.2-2900, 1992.

VAN HELLEMONT, J. Compendium de phytothérapie. Bruxelles: Association Pharmaceutique Belge, 1986.

http://www.tropicos.org Acesso em: 17 de maio de 2011.

http://www.hawriverprogram.org/NCPlants/Ocimum_basilicum_page.html Acesso em: 03 de junho de 2011.

Tags: AftasAntiespasmódicoCarminativaCatarroConstipaçãoDiuréticoGastriteReumatismoRouquidãoTosse

ALCACHOFRA

27/12/2019 00:31

Cynara scolymus  L.

Asteraceae (antiga Compositae) 


Sinonímias: Cynara cardunculus L., Cynara cardunculus subsp. cardunculus L.

Nomes populares: Alcachofra, alcachofra-comum, alcachofra-cultivada, alcachofra-da-horta, alcachofra-rosa, carciofo, artichaut etc.

Origem ou Habitat: Originária do Mediterrâneo.

Características botânicas: É uma planta perene que pertence a família da asteraceae. Apresenta folhas grandes, talo longo pouco ramificado e um capítulo floral grande, composto por um receptáculo carnoso e numerosas flores de cor azul violeta ou púrpuras, implantadas sobre cálices provido de brácteas, que aparecem durante a segunda metade do verão. As folhas são simples e apresentam sabor amargo. Quando jovens, são sésseis e, quando maduras, apresentam um pecíolo curto. Quando totalmente desenvolvida varia de aproximadamente 70 cm a 120 cm de comprimento e 30cm a 55cm de largura.

Partes usadas: Brácteas e folhas.

Uso popular: Por terem uma concentração maior dos componentes da planta as folhas são a principal parte da planta quando se trata do uso medicinal, mas as brácteas tem um importante valor nutricional.
São utilizadas para fins medicinais envolvendo principalmente queixas no sistema digestivo, dispepsia, melhora no metabolismo lipídico, colagogo, náuseas, flatulência, diurético, urticária, asma e eczema além de melhorar o sistema urinário também.
Tem uma grande capacidade de diminuir a glicose pós prandial, diminuir os níveis de colesterol, triglicerídeos e LDL além de aumentar os níveis HDL, o que está associado ao seu uso para emagrecimento e controle de peso, auxiliando consequentemente no controle de comorbidades associadas com os níveis lipídicos como problemas cardiovasculares. É também muito usada pela sua capacidade hepato protetora, sendo inclusive responsável pela normalização de marcadores de danos hepáticos em estudos com ratos em uso de altas doses de paracetamol.

Composição química: Extensivos estudos têm se debruçado sobre a composição química das partes da alcachofra haja visto a sua importância na medicina cultural. Todos os estudos relatam uma quantidade grande de compostos fenólicos, flavonoide e taninos na composição de todas as partes desta planta mas principalmente nas folhas, substâncias que são responsáveis pelos efeitos fitoterápicos da planta. Em um estudo realizado com plantas cultivadas na Mongólia foram avaliadas a composição de flores, folhas e raízes em relação a quantidade de proteínas, carboidratos, lipídios e vitamina C; além de realizar uma análise fitoquímica comprovando a presença de compostos fenólicos, flavonoides e saponinas em todas as partes da planta, quantidade dos compostos foi avaliada também, sendo evidenciado diferentes concentrações nas partes, sendo as folhas da planta onde se encontravam em maior concentração.

Outro estudo, mais focado na caracterização dos compostos fenólicos presentes no extrato metanólico de folhas de Cynara scolymus compradas na região de Granada na Espanha, conseguiu identificar cerca de 61 compostos fenólicos, dentre os quais 34 foram identificados pela primeira vez. Dentre os compostos fenólicos caracterizados no estudo estão classificados em hidroxibenzóicos; hidroxicinâmicos (Ácido clorogênico, Ácido monocaffeoilquinico, Ácido dicafeoilquínico e derivados); flavonol (Rutin I e II); flavona (Luteolina, Apigenina, Cinaroside, Veronicastroside e derivados) e lignana.

Ações farmacológicas: As ações farmacológicas derivadas da Cynara scolymus são provenientes dos seus compostos majoritários ou de possíveis sinergias que aconteça com os compostos presentes no extrato. Estudos tentam elucidar como os componentes majoritários já identificados possam atuar nas células a fim de proporcionar os efeitos obtidos, alguns desses modelos atribuem a os efeitos redutores de peso a capacidade do extrato de inibir enzimas digestivas como a 𝛂-amilase, bloquear enzimas digestivas é uma maneira eficiente de diminuir a absorção de açúcares e proporciona uma sensação de saciedade.
A modulação do perfil lipídico pelo extrato das folhas acontece principalmente pela ação do ácido clorogênico e luteolin nas células hepáticas. Luteolin consegue diminuir a expressão de HNF4α (fator nuclear de hepatócito 4α) que consequentemente diminui a síntese de colesterol pela inibição da SREBP-2 (Proteínas de Ligação a Elemento Regulador de Esterol) e HMG-CoA Redutase. A redução na expressão de HNF4α também diminui a síntese de apolipoproteína B, diminuindo os níveis de LDL e VLDL. O ácido clorogênico consegue também diminuir a síntese de de colesterol por estimular AMPK e consequentemente diminuir a SREBP-2, é possível que o ácido clorogênico ainda tenha a capacidade de diminuir os níveis de triglicerídeos através da estimulação de Carnitina Palmitoil Transferase (CPT) que aumenta a β-oxidação e inibe a malonil-CoA.
A alcachofra ainda tem uma capacidade de modulação do sistema antioxidante nos hepatócitos, visto principalmente pelos resultados positivos no níveis de transaminases e ROS encontrados em experimentos com administração de extrato de folhas, os compostos mais prováveis de serem os responsáveis por esse efeito sendo o ácido cafeoilquínico e luteolin, estas têm potencial de diminuir a cascata de sinais da TLR4, que ativa a NF-κB. A NF-κB no núcleo consegue estimular várias citocinas pró-inflamatórias que vão danificar a célula e sua membrana consequentemente levando ao aumento dos níveis de transaminases no sangue.
Outra substância encontrada em abundância na alcachofra é o Inulin, este tem capacidade de modular o perfil lipídico através do ciclo entero hepático, quando ingerida em quantidade suficiente a inulina no intestino aumenta a demanda de sais biliares in situ, e diminui o retorno ao fígado fazendo assim com que o fígado aumente a bioconversão de colesterol em sais biliares e a sua excreção, levando a uma diminuição nos níveis de VLDL e LDL.

Interações medicamentosas: Não há estudos.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A alcachofra está na cultura alimentar e medicinal de várias populações pelos séculos, a evidência da sua segurança é clara pela falta de relatos de intoxicações, apesar de reações alérgicas já terem sido reportadas em doses recomendadas. Apesar disso, a sua dose letal (LD50) foi identificada como sendo cerca de 2000 mg/Kg em ratos wistar.

Contra-indicações: A alcachofra é contra indicada na gravidez pelo seu efeito emenagogo e na lactação pela possibilidade de o leite materno ficar amargo. Além disso, para casos de cálculo biliar. Igualmente, em caso de fermentação intestinal ou alergias à alcachofra ou a outras plantas da mesma família, a utilização é igualmente contra indicada.

Posologia e modo de uso: Chás (infusão ou decocção): 10g de folhas em um litro de água, uma xícara após as refeições principais. Pode ser adicionado menta, ou outro corretor organoléptico para amenizar o gosto amargo da planta. Após o preparo, este deve ser consumido de imediato, uma vez que, com o tempo, podem surgir substâncias tóxicas derivadas das reações provenientes do preparo. O chá de alcachofra pode ser ingerido por períodos prolongados.
Folhas secas e trituradas: 5 a 10 g/dia misturadas em água morna;
Extrato seco (5:1): 1 a 2 g/dia, 3x ao dia, preferencialmente após as refeições;
Extrato fluído (1 g= 50 gotas): 6 a 15 g/dia, 3x ao dia, após as refeições;
Tintura alcoólica a 30%: 35 gotas após as principais refeições;
Alimentação: As inflorescências imaturas (cabeças) são alimentos de baixo valor calórico, ricos em fibras, minerais, compostos bioativos e ferro, pequeno teor de gorduras e rico em inulina (tipo de carboidrato), especialmente indicados para pacientes diabéticos, obesos, obstipados e anêmicos.

Observações: Aspectos nutricionais: O alto conteúdo de ferro encontrado na planta a torna indicada para pessoas com anemia. Em razão de ser um vegetal com baixo valor calórico, rico em fibras e baixo teor de gorduras, e com um conteúdo hidrocarbonado na sua maioria formado pela inulina (não gera glicose ao ser degradada), é indicada especialmente na dieta de pessoas com diabetes, constipação e obesidade

Referências: 

ABU-REIDAH, I. M. et al. Extensive characterisation of bioactive phenolic constituents from globe artichoke (Cynara scolymus L.) by HPLC–DAD-ESI-QTOF-MS. Food Chemistry, v. 141, n. 3, p. 2269–2277, dez. 2013.

BEN SALEM, M. et al. Protective effects of Cynara scolymus leaves extract on metabolic disorders and oxidative stress in alloxan-diabetic rats. BMC Complementary and Alternative Medicine, v. 17, n. 1, p. 328, dez. 2017.

EL MORSY, E. M.; KAMEL, R. Protective effect of artichoke leaf extract against paracetamol-induced hepatotoxicity in rats. Pharmaceutical Biology, v. 53, n. 2, p. 167–173, fev. 2015.

MAHBOUBI, M. Cynara scolymus (artichoke) and its efficacy in management of obesity. Bulletin of Faculty of Pharmacy, Cairo University, v. 56, n. 2, p. 115–120, dez. 2018a.

MAHBOUBI, M. Cynara scolymus (artichoke) and its efficacy in management of obesity. Bulletin of Faculty of Pharmacy, Cairo University, v. 56, n. 2, p. 115–120, dez. 2018b.

SAFAT, A. A. et al. Evaluation of lipid-lowering effect of Cynara scolymus extract-loaded mesoporous silica nanoparticles on ultra-lipid-fed mice. Comparative Clinical Pathology, v. 27, n. 2, p. 513–518, mar. 2018.

SANTOS, H. O.; BUENO, A. A.; MOTA, J. F. The effect of artichoke on lipid profile: A review of possible mechanisms of action. Pharmacological Research, v. 137, p. 170–178, nov. 2018.

SCHÜTZ, K. et al. Characterization and quantification of anthocyanins in selected artichoke (Cynara scolymus L.) cultivars by HPLC–DAD–ESI–MS n. Analytical and Bioanalytical Chemistry, v. 384, n. 7–8, p. 1511–1517, 30 mar. 2006.

TSEVEGSUREN, N.; DAVAAKHUU, G.; UDVAL, T. Phytochemical analysis of Cynara scolymus L. cultivated in Mongolia. Mongolian Journal of Chemistry, v. 15, p. 40–42, 12 dez. 2014.

ZURLO, B. D. C. et al. GUIA DE PLANTAS MEDICINAIS XAMÂNICAS E INDÍGENAS. Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça, 2016.

Tags: AsmaConstipaçãoDiuréticoHepatoprotetoraHipoglicemianteHipolipemianteIcterícia

AGRIÃO

26/12/2019 10:59

Nasturtium officinale   W.T. Aiton.

Brassicaceae 


Sinonímias:Segundo o Tropicos.org (site de nomenclatura botânica)existem 57 sinonímias para esta espécie, citaremos algumas: Sisymbrium nasturtium-aquaticum L., Cardaminum nasturtium Moench, Cardamine nasturtium-aquaticum (L.) Borbás, Radicula nasturtium-aquaticum (L.) Britten & Rendle, etc.

Nomes populares: agrião, agrião-aquático, agrião-d’água, agrião-da-europa, agrião-das-fontes, agrião-de-lugares-úmidos, agrião-oficial, berro, berro-d’água, mastruço-dos-rios, nastúrcio, etc.

Origem ou Habitat: Europa.

Características botânicas: Herbácea perene, de porte pequeno, aquática, aromática, de 15 até 80 cm de altura. Têm ramos ocos, decumbentes e suculentos, livremente radicantes, com nós que, em contato com a terra, enraízam. Possui raízes adventícias, folhas verde escuras, alternas, compostas pinadas e ovais, com folíolos irregulares, de 5 a 13 cm de comprimento. Flores pequenas, brancas, de 4 a 5 mm de diâmetro, reunidas em panículas terminais. Multiplica-se por sementes e por estaquia, devendo ser plantada na beira de córregos com água corrente. Nativa da Europa e Ásia (Drescher, 2001; Lorenzi & Matos, 2002; Alonso, 2004).

Partes usadas: Folhas e talos.

Uso popular: É indicado em afecções do sistema respiratório, como asma, bronquite e tosse (Corrêa, et al., 1998; Cunha, 2003). Empregado popularmente como tônico e estimulante dos órgãos digestivos, diurética e vermífuga, antiescorbútica, útil no combate ao raquitismo, contra escrofulose, tendo propriedades laxantes, contraceptiva e afrodisíaca. As folhas, na forma de salada, são indicadas contra o bócio, anemia, tuberculose, diabetes e como antídoto aos efeitos tóxicos da nicotina (Lorenzi & Matos, 2002; Alonso, 2004). É preconizada a sua ação cicatrizante, sendo utilizada na forma de cataplasma em uso externo, além de outras afecções dermatológicas, como caspa, acne, eczemas e furúnculos. Útil para diminuir a queda do cabelo (Lorenzi & Matos, 2002; Corrêa, et al., 1998; Alonso, 2004; Cunha, 2003). Indicada também para constipação, anemia carencial, quadros de astenia e dores de origem reumática (Corrêa, et al., 1998). Na Índia, os centros comunitários de saúde preconizam o uso do pó das folhas trituradas para o combate do parasita hepático Clonorchis sinensis, enquanto que na Alemanha utiliza-se tanto o suco como a infusão da planta como antisséptico em infecções do trato urinário (Alonso, 2004).

Composição química: O agrião contém gliconasturcina, o precursor glicosinolato do feniletil isotiocianato (PEITC), benzil glicosinolato e benzil isotiocianato (BITC) (Fetrow, 2000). Nas partes aéreas encontra-se provitamina A, vitaminas B2, B6, C e D, nicotinamida, manganês, ferro, fósforo, iodo, cálcio, L-fenilalanina (a maior parte se transforma em ácido benzóico, devido ao processo fisiológico do vegetal), rutina (72 mg/100 g), nitritos (3-fenilpropionitrilo, 8-metiltiooctanon-nitrilo, etc) e flavonoides (3-O-soforosídeos de ramnetina, ramnazina), megastigmano (Alonso, 2004). Possui ainda triterpenos e tetra-nortriterpenos (limonoides e protolimonoides do grupo gedunino), taninos (Cunha, 2003) e carotenos (Drescher, 2001; Kopsell, et al., 2007).

Análise proximal de 100 g da planta ingerida: calorias (21), proteínas (1,6g), gorduras totais (0,3 g), hidratos de carbono (2,9 g), fibra (1 g), água (93,5 g), sódio (12 mg), potássio (276 mg), cálcio (180 mg), fósforo (64 mg), magnésio (34 mg), ferro (3,1 mg), provitamina A (450 microg), vitaminas B1 (0,09 mg), B2 (0,20 mg), B3 (0,7 mg), B6 (0,30 mg), vitamina C (51-60 mg), iodo (0,048 mg na planta seca) (Alonso, 2004).

Ações farmacológicas: Os compostos sulfurados do agrião possuem propriedades expectorantes e antissépticas sobre a árvore respiratória. O organismo converte a gliconasturcina em feniletil isotiocianato (PEITC), que também é liberado quando se mastiga a planta fresca. Em modelos com animais, o PEITC e os isotiocianatos sintéticos atuaram como inibidores do carcinogênico específico do tabaco, a nitrosamina-4-(metilnitrosamino)-1-(3-piridil)-1-butanona (NNK) (Fetrow, 2000; Alonso, 2004). Os glicotiocianatos normalmente estimulam as secreções gástricas e biliares, principalmente após mascar as folhas do agrião. O feniletilsevenol é empregado na forma de loção capilar para diminuir a queda dos cabelos, existindo, inclusive, produtos comerciais com o composto (Alonso, 2004). O ácido benzóico, na forma isolada, evidenciou propriedades antissépticas, expectorantes, analgésicas, antifebris e anti-inflamatórias. O extrato metanólico das folhas demostrou propriedades anti-inflamatórias in vivo, enquanto o sumo das folhas do agrião evidenciou atividade inibitória in vitro sobre o Mycobacterium tuberculosis, em concentrações mínimas de 1:20 microlitros (Alonso, 2004). Em um estudo com cobaias submetidas à dieta rica em gorduras, a administração do extrato hidroalcoólico demonstrou potente atividade cardio-protetora, diminuindo níveis de triglicerídeos, colesterol total, LDL-colesterol, e aumentado os níveis de HDL-colesterol (Bahramikia & Yazdanparast, 2008).

Interações medicamentosas: O agrião pode inibir o metabolismo oxidativo do paracetamol, por isso deve-se evitar o uso concomitante (Fetrow, 2000). Por meio da sua interação com o sistema citocromal CYP2E1, inibe o metabolismo da droga clorzoxazona e interfere levemente com o metabolismo do etanol (Alonso, 2004).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Se consumida em doses elevadas ou por uso prolongado, pode produzir irritação das mucosas gástrica e urinária (Corrêa, et al., 1998; Drescher, 2001 Alonso, 2004). Cunha (2003) coloca que a ação irritativa sobre a mucosa gástrica se daria pelos taninos contidos na planta, enquanto os glicosinolatos poderiam originar bócio. A aplicação por via externa da planta em estado fresco pode levar a dermatite de contato em pessoas sensíveis, devido a presença de feniletil isotiocianatos (Alonso, 2004). Corrêa, et al (1998) e Drescher (2001) apontam risco de aborto em altas doses ou uso prolongado.

Contra-indicações: Não deve ser consumida durante o período de floração, por conter altas concentrações de glicosinolatos, tornando-se perigosa para o consumo humano neste período (Alonso, 2004). O extrato do agrião ainda não foi testado em situações de gravidez e lactação, por isso, seu uso não é recomendado durante estes períodos. Quanto à planta crua, em saladas, recomenda-se às gestantes não ingerir em altas quantidades. Contraindicado o uso interno do extrato em casos de úlceras gástricas ou duodenais, irritações na mucosa das vias urinárias, e em crianças menores de 4 anos (Alonso, 2004).

Posologia e modo de uso: Utiliza-se a infusão, com 2 g das folhas secas por xícara de água fervente (ou 10 g das folhas frescas), várias vezes ao dia, ou a sua decocção, fervendo por 3 minutos de 3 a 5 g de folhas frescas por xícara. Tomar 2 vezes por dia (Alonso, 2004; Cunha, 2003).

Para as afecções pulmonares, tosse e bronquite, é recomendado o seu xarope preparado com 1 colher de sopa de folhas e ramos picados em 1 xícara de água em fervura, adicionando ao seu coado 1 xícara de chá de açúcar cristal e fervendo-se novamente até derreter; em seguida acrescentar 1 colher de sopa de mel e tomar 1 colher de sopa, de 2 a 3 vezes por dia (Lorenzi & Matos, 2002). Pode-se usar o suco da planta, preparado a partir de 60-150 g das folhas, tomando de 3 a 4 colheres de sopa por dia (Alonso, 2004).

Para uso externo, contra problemas de pele (manchas, sardas, acnes, eczemas) e para problemas da mucosa oral (aftas e gengivites), recomenda-se o seu extrato alcoólico preparado com 2 colheres de sopa de folhas e ramos amassados, 1 xícara de café de álcool de cereais e 1 xícara de café de glicerina (Lorenzi & Matos, 2002).

Observações: O agrião é um importante vegetal para consumo humano já que a ingesta de 100 g oferece quase a dose diária requerida em adultos de vitamina C e boa parte das necessidades diárias de vitaminas A, B1, B2 e B6, e dos minerais cálcio e ferro. Para aproveitar o máximo do seu potencial nutritivo, aconselha-se eliminar a parte dura do caule e evitar as folhas em mau estado (Alonso, 2004).

O agrião é utilizado na medicina popular há muitos séculos. Hipócrates, o pai da medicina, recomendava a planta como expectorante (Alonso, 2004).

Referências: 

ALONSO, Jorge. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos – 1. ed.; Argentina, Rosario. Corpus Libros, 2004. Pp. 218-220.

BAHRAMIKIA, S. e YAZDANPARAST, R. Effect of hydroalcoholic extracts of Nasturtium officinale leaves on lipid profile in high-fat diet rats. Journal of Ethnopharmacoly 2008 Jan 4;115(1):116-21. Epub 2007 Sep 25. Acessado em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17980985?dopt=AbstractPlus.

CORRÊA, Anderson D., SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo; QUINTAS, Luís E. M. Plantas Medicinais: Do Cultivo à Terapêutica. – 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. Pp. 65-66.

CUNHA, A. P., SILVA, A. P., ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. 2003. Pp. 78-79

DRESCHER, Lírio (coordenador). Herbanário da Terra – Plantas e Receitas. – 1. ed. 2001. Pp. 23.

FETROW, Charles W., AVILA, Juan R. Manual de Medicina Alternativa para o Profissional. Editora Guanabara Koogan S.A. Rio de Janeiro, RJ. 2000. Pp 44-46.

KOPSELL, DA., BARICKMAN, TC., SAMS, CE. e MCELROY, JS. Influence of Nitrogen and Sulfur on Biomass Production and Carotenoid and Glucosinolate Concentrations in Watercress (Nasturtium officinale R. Br.) Journal of Agricultural and Food Chemistry, 2007, 55 (26), pp 10628–10634. Acessado em: http://pubs.acs.org/doi/full/10.1021/jf072793f

LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. – 1a. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. Pp. 191.

STUART, Malcolm. Enciclopedia de Hierbas y Herboristería. Ediciones Omega, S. A., Barcelona, 1981. Pp. 228.

Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 05 Jul 2011.

Tags: AnemiaAsmaBronquiteConstipaçãoDiuréticoLaxanteTuberculoseVermífuga

ABACAXI

27/10/2019 21:47

Ananas comosus (L.) Merril

Bromeliaceae


Sinonímias: Bromelia comosa L., Bromelia ananas L., etc.

Nomes populares: abacaxi, ananás, pineapple (inglês), piña (espanhol), etc.

Origem ou Habitat: Nativo do Brasil, principalmente no cerrado do Brasil (LORENZ et al., 2002). Foi utilizado por povos originários na bacia dos rios Paraná-Paraguai. (BERTONI, 1919 apud CRESTANI et al., 2010).

Características botânicas: Planta herbácea perene, quase acaule, com folhas em forma de espadas canaliculadas e margens grosseiramente espinhentas e serreadas, dispostas em roseta na base da planta, medindo de 60 a 90 cm de altura. Flores numerosas, de cor lilás, com brácteas vermelhas, dispostas num racemo denso na extremidade de uma longa haste floral. Sementes ausentes ou muito raras (LORENZ et al., 2002).

O fruto do abacaxi é caracterizado por um aglomerado de uma ou duas centenas de pequenos frutos (gomos) em torno de um mesmo eixo central, em que cada “olho” ou “escama” da casca do abacaxi é um fruto verdadeiro que cresceu a partir de uma flor, e estes se fundem em um grande corpo, chamado infrutescência, no topo do qual se forma a coroa (SILVA et al., 2001 apud CRESTANI et al., 2010).

Partes usadas: Polpa e casca dos frutos (infrutescência).

Uso popular: O abacaxi é uma fruta (infrutescência) muito apreciada, sendo consumido in natura, enlatado, congelado, em calda, cristalizado, em forma de passa e picles e utilizado na confecção de doces, sorvetes, cremes, balas e bolos. É também consumido na forma de suco, refresco, xarope, licor, vinho, vinagre e aguardente e serve de matéria-prima para a extração de álcool e ração animal, pela utilização dos resíduos da industrialização (CRESTANI et al., 2010). A polpa e as cascas do fruto são comumente utilizadas em xaropes para tosse.

A população também utiliza a planta como carminativo, estomáquico, anti-inflamatório, diurético e para problemas gerais das vias respiratórias. O fruto é utilizado topicamente com farinha de trigo em emplastro para lesões de psoríase, eczema e contusões (LORENZ et al., 2002).

Composição química: O fruto é abundante em açúcar, se amadurecido na planta, é muito rico em sais minerais e vitaminas A, B1, B2 e C, em que cada 100 g de polpa fresca de abacaxi contém aproximadamente 50 quilocalorias, 89% de água, 0,3% de proteína, 0,5% de lipídios, 5,8% de glicídios, 3,2% de celulose e 0,3% de sais, apresentando quantidade considerável de potássio, ferro, cálcio, manganês e magnésio (GOMES, 1976; SOARES et al., 2004 apud CRESTANI et al.,2010). 

Entre os constituintes do aroma do abacaxi, encontram-se a furanona (4-hidroxi-2,5-dimetil-3[2H]-furanona (HDF) ou furaneol), ésteres como 2-metilbutanoatos de metila e etila, 2-metilpropanoato de etila, hexanoato de metila, 3-(metiltio)propanoatos de metila e etila, como também vários hidroxi e acetoxi ésteres, γ-lactonas e o 1-(E,Z)-3,5-undecatrieno (MENETTI et al. 2009). Os cicloartanos ácido ananásico, ananasasídeos A e B também já foram isolados da espécie (SUTHERLAND et al., 1959 apud MANETTI et al. 2009.)

Além, destes, no tecido do caule do abacaxi foi demonstrado a presença de ácidos cinâmicos, di-p-cumarato de quinila e outros ésteres do ácido quínico (MA et al., 2007 apud MANETTI et al. 2009.)

Outro estudo identificou 6 lignanas dietéticas nos frutos de Ananas comosus pinoresinol, medioresinol, siringaresinol, lariciresinol, secoisolariciresinol e matairesinol (PARADA et al., 1995 apud MENETTI et al., 2009).Efeitos adversos e/ou tóxicos: Os frutos verdes são abortivos.

Ações farmacológicas: Ensaios clínicos têm sido publicados para apoiar as alegações terapêuticas para a bromelina (CHAKRABORTY el al., 2021), substância presente no extrato aquoso bruto do abacaxi. A bromelina, obtida também do resíduo da industrialização do abacaxi, é um grupo de enzimas do complexo proteolítico que protege o fruto da depredação por larvas de insetos, apresentando grande valor comercial devido à sua aplicabilidade, tal como exposto por Manetti et al. (2009), na indústria farmacêutica (possível atividade anti-helmíntica, anti-inflamatória e anticancerígena) e na indústria alimentícia (amaciante de carnes vermelhas, produção de cerveja, pães, leite de soja e ovos desidratados).

Além disso, a substância é considerada diurética e depurativa, sendo utilizada no tratamento de hematomas, contusões e também como expectorante de mucosidades no sistema respiratório (MANETTI et al., 2009).

Um estudo in vivo, em animal, mostrou que a bromelina pode funcionar como imunomodulador, sendo antimetastático, antiedematoso, antitrombótico e anti-inflamatório (BAEZ et al., 2007).

Além disso, em relação a atividade de bromelina como anti-helmíntica contra nematóides gastrointestinais, um estudo documentou a atividade para Trichuris murisTrichoderma viride e Heligmosomoides polygyrus (STEPEK, G., et al. 2006).

Interações medicamentosas: O Observatório de Interações Planta-medicamento (OIPM), cita em sua base de dados de interações, que o abacaxi (Ananas comosus) poderia interagir com o medicamento antiviral Indinavir, diminuindo a concentração plasmática, de forma que pode comprometer o efeito terapêutico do antiviral (HU et al. 2005 apud OIPM, 2022).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Devido às suas propriedades ácidas, pessoas com sensibilidade ao fruto podem sofrer de aftas na mucosa oral pela ingestão.

Contra-indicações: Não consumir o abacaxi verde em pessoas sensíveis.

Posologia e modo de uso popular: Tanto o consumo in natura da polpa do abacaxi maduro, como o preparo de suco ou chá são benéficos para a saúde. É importante optar por uma fruta em que não tenha sido aplicado agrotóxicos para o consumo da casca, principalmente.

Xarope: em banho-maria ou no forno desidratar a fruta e adicionar açúcar mascavo e/ou 1 colher de sopa de mel e 10 gotas de própolis. Fazer o consumo de 2 ou 3 colheres por dia do preparado (LORENZ et al., 2002). Evitar essa forma de uso em pessoas com sobrepeso ou diabéticas. 

Emplastro: O fruto picado acrescido de farinha de trigo ou arroz, na proporção de 2 colheres de sopa para 1 colher respectivamente, é aplicado diretamente sobre contusões e psoríase deixando-a durante 15 minutos (LORENZ et al., 2002).

Observações: O abacaxi, Ananas comosus (L.) Merril, símbolo de regiões tropicais e subtropicais, tem grande aceitação em todo o mundo, tanto na forma natural, quanto industrializado, agradando aos olhos, ao paladar e ao olfato. A fruta também está fortemente associada à história dos aborígenes americanos, tanto como fonte de alimento quanto como elemento simbólico de rituais (BENNETT, 2000 apud MENETTI et al., 2009).

No Brasil, que ocupa a terceira colocação no ranking da produção mundial de frutas, o abacaxi contribuiu com 8,4% do volume total da fruticultura brasileira, sendo uma das principais frutas produzidas no país. (DERAL, 2020).

A planta multiplica-se pelos brotos do ápice dos frutos e pelas brotações da base.

Referências:

BAEZ at el.,  In vivo antitumoral activity of stem pineapple (Ananas comosus) bromelain. Planta Med. 2007, 73, 1377–1383.

BENNETTI, B.C. Em Ethnobotany of Bromeliaceae in Bromeliaceae: Profile of an adaptative radiation; Benzing, D. H., ed.; Cambridge University: Cambridge, 2000, cap 14.

CHAKRABORTY, A. J. et al. Bromelain a Potential Bioactive Compound: A Comprehensive Overview from a Pharmacological Perspective Life 2021, Vol. 11, Page 317, 11, 4, 4 2021

CRESTANI, Maraisa et al. Das Américas para o Mundo – origem, domesticação e dispersão do abacaxizeiro – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA FITOTECNIA  Cienc. Rural vol.40 no.6 Santa Maria June 2010 acesso http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782010000600040 

DERAL – Departamento de Economia Rural –  Prognóstico 2020 Fruticultura – Análise da Conjuntura do Governo do Estado do Paraná. <https://www.agricultura.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-01/fruticultura_2020.pdf> Acesso em: 02 maio 2022

HALE. LP et al, Proteinase activity and stability of natural bromelain preparations. Int Immunopharmacol. 2005;5(4):783-793.15710346

Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/geral/ExibeFiguraFSIUC/ExibeFiguraFSIUC.do?idFigura=228362325>. Acesso em: 02 maio 2022

LORENZI, H. et al. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

MAURER, HR. Bromelain: biochemistry, pharmacology and medical use. Cell Mol Life Sci. 2001;58(9):1234-1245.11577981

MA, C et al. Chromatogr., A 2007, 1165, 39

MENETTI, L. M. et al. Metabólitos secundários da família bromeliaceae Revisão Quím. Nova 32 (7), 2009. https://doi.org/10.1590/S0100-40422009000700035

NYBG – Jardim Botânico de Nova Iorque <sweetgum.nybg.org/science/vh/specimen-details/?irn=952746> Coletor H. S. Irwin Acesso em: 03 maio 2022

OIPM – Observatório de Interações Planta-Medicamento <www.oipm.uc.pt/interacoes/index.php?target=list&search=plantas&start_at=10> Acesso em: 03 maio 2022

PARADA et al. Nat. Prod. Lett. 1995, 7, 69.

STEPEK, G., et al.  In vitro and in vivo anthelmintic efficacy of plant cysteine proteinases against the rodent gastrointestinal nematode, Trichuris muris. Parasitology 2006, 132, 681–689.

SUTHERLAND, G. K.; Gortner, W. A.; Australian J. Chem. 1959, 12, 240.

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri, <http://www.tropicos.org/Image/100107356> Fotógrafo: David Stang CC-BY-NC-SA Acesso em: 03 maio 2022

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri.<http://www.tropicos.org/Image/100107357> Fotógrafo: David Stang CC-BY-NC-SA Acesso em: 03 maio 2022

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri.<http://www.tropicos.org/Image/60117> Fotógrafo: CM Taylor CC-BY-NC-SA Acesso em: 03 maio 2022

VARILLA, C et al, 2021, Bromelain, a Group of Pineapple Proteolytic Complex Enzymes ( Ananas comosus) and Their Possible Therapeutic and Clinical Effects. A Summary

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ABACATE

27/10/2019 16:36

Persea americana Mill.

Lauraceae


Sinonímias: Laurus persea L., Persea americana var. angustifolia Miranda, Persea drymifolia Schltdl. & Cham., Persea leiogyna S.F. Blake., Persea nubigena L.O. Williams, Persea edulis Raf., Persea gratissima C.F. Gaertn.

Nomes populares: abacateiro, abacate, aguacate, palta, avocado (espanhol), avocato, avocado, alligator-pear (inglês).

Origem ou Habitat: América Tropical (Lorenzi e Matos). Segundo outros autores, Persea é Africana (SCORA, 1996).

Características botânicas: Árvore grande de copa arredondada e densa, medindo de 12 a 20 m de altura; folhas simples, oval a elíptica, verdes escuras; flores andróginas ou hermafroditas reunidas em racemos axilares e terminais, formadas na primavera e muito procuradas por abelhas. Os frutos são drupas piriformes, ovaladas ou globosas dependendo da variedade, com polpa carnosa e comestível de até mais de 1 kg de peso (LORENZI, 2021).

Partes usadas: folhas, flores, frutos, sementes, casca da árvore e do fruto.

Uso popular: A polpa dos frutos, além de nutritiva devido aos teores de proteína, sais minerais e vitaminas, é considerada na medicina tradicional como carminativa, útil contra o ácido úrico e também é utilizada em casos de caspa, prurido e eczema do couro cabeludo associado com babosa (Aloe vera).enquanto os chás obtidos das folhas, da casca e das sementes raladas são considerados úteis como diurético, anti-reumático, carminativo, anti-anêmico, anti-diarreico e anti-infeccioso para os rins e bexiga, além de estimulante da vesícula biliar, estomáquico, emenagogo e balsâmico. A casca do fruto moída é recomendada contra as verminoses.

Composição química: Planta inteira: Avocadofuranos. Flavonóides: Quercetina, afzelina, quercetin 3-O-d-arabinopiranosideo, catequina, epicatequina (componentes majoritarios das sementes) dentre outros; Cumarinas: Persina, scopoletina (folhas). Alcanóis: 1,2,4-trihidroxiheptadec-16-eno, 1,2,4-trihidroxiheptadec-16-ine e 1,2,4-trihidroxinonadecane (frutas não maduras) e 1,2,4-trihidroxiheptadec-16-eno (folhas secas), (HAKANSSON, 2018).

Ações farmacológicas: Destacam-se suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, antimicrobianas, diuréticas e cosméticas, além de atividades imunomoduladora e anti tumoral, essas em animais de laboratório (ALONSO, 2004).

Na França foi desenvolvida uma formulação com as frações insaponificáveis do abacate (Persea americana) e da soja (Glycine max), para o tratamento da artrose. Foi baseada na riqueza em esteróis destas frações e de uma possível relação sobre o metabolismo do cálcio, similar a ação da vitamina D (MAGLOIRE, 1988 apud ALONSO, 2004).

Em outro estudo onde participaram 264 pacientes que sofrem de osteoartrite (coxartrosis o gonartrosis fémoro-tibial) constatou-se que a administração de uma cápsula de insaponificáveis de abacate-soja de 300 mg diários, produziu melhorias significativas em 70% dos casos. Mesmo assim, 100% do grupo de pacientes medicados com diclofenaco diminuíram a dose, em média, de 114 mg para 40 mg diários (MAHEU, 1992 apud ALONSO, 2004).

Um estudo em voluntários e pacientes hipercolesterolêmicos mostrou que o abacate pode ser uma fonte de ácidos graxos monoinsaturados (ácido oleico) em pessoas saudáveis que em substituição de gorduras saturadas, exerce efeitos benéficos tais como a redução dos níveis de colesterol total, de triglicerídeos e de LDL-colesterol, além disso, no estudo em indivíduos hipercolesterolêmicos houve uma diminuição significativa do colesterol total sérico (17%), colesterol LDL (22%) e triglicerídeos (22%) e aumento dos níveis de colesterol HDL (11%) com a dieta de abacate (LEDESMA, 1996).

Em estudo cruzado, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo foi visto que a polpa dos frutos do abacate melhora a recuperação cardiovascular e autonômica após corrida submáxima, reforçando a informação de que o consumo regular do abacate apresenta efeitos vantajosos no sistema cardiovascular (SOUSA, 2020).

Um estudo sugere, após consulta em literatura (estudos in vitro, animais e humanos), que o gengibre (Zingiber officinale) e o abacate (Persea amaricana) podem ser considerados nutracêuticos úteis no tratamento da obesidade por efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios melhorando a atividade enzimática e modulando deficiências relacionadas à obesidade no sistema anti-inflamatório em diferentes tecidos. (TRAMONTIN, 2020.)

Interações medicamentosas: Os pacientes que recebem tratamento antidepressivo com inibidores da mono-amino-oxidase (I.M.A.O.) podem sofrer crises hipertensivas devido à tiramina. (SAPEIKA, 1976 apud ALONSO, 2004). 
O consumo de 100 a 200 g de abacate diários em pacientes que estão recebendo terapia anticoagulante com warfarina diminui o efeito desta droga. Os pesquisadores desconhecem o mecanismo desta interferência (BLICKSTEIN et al., 1991 apud ALONSO, 2004), mas provavelmente deve-se a vitamina K presente na sua composição química. 

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Os frutos do abacate são, em geral, bem tolerados para o consumo humano. Pode existir sensibilidade cruzada a alérgenos do látex de borracha natural. As cápsulas de insaponificáveis de abacate-soja são bem toleradas, no entanto, longe das refeições podem ocasionar regurgitações.
Existem evidências que o consumo de folhas de abacate podem ser tóxicas para animais, por exemplo cabras (ALONSO, 2004). 

Contra-indicações: Não é recomendado a decocção das folhas do abacateiro para mulheres grávidas e que amamentam (ALONSO, 2004).

Posologia e modo de uso popular: Infusão: colocar 1 colher (sobremesa) de folhas ou flores picadas para 1 litro de água. Tomar uma xícara 3 vezes ao dia por 2 semanas. (MARTINS, 2000) 
Decocção com a semente: ralar o caroço e medir uma colher de sopa para meio litro de água. Ferver, repousar e filtrar. Tomar duas vezes ao dia, por 2 a 3 semanas.
Uso externo: compressas locais com a infusão ou óleo, friccionar várias vezes ao dia. Cataplasma: tostar e moer o caroço do abacate, misturar o pó no próprio chá e aplicar com gaze nos locais afetados (LIMA, 2000). Fitocosmético: o óleo é empregado na forma de cremes e loções.
Polpa do fruto: é usado sob a forma de alimento, misturado com gel de babosa para afetar o couro cabeludo.
A dose da fração insaponificável de abacate com a fração insaponificável da soja é : abacate I. 100mg e soja I. 200mg – tomar um comprimido ao dia.

Observações: Usos etnomedicinais: Os indígenas Shuar do Equador trituram e maceram as sementes em aguardente para o tratamento de picadas de serpentes; os Tikunas da Colômbia empregam a decocção das folhas como hepatoprotetor; os Sionas-Secoya e os Quechua atribuem-lhe propriedades contraceptivas; no México é frequente o uso da casca seca e moída do fruto como antidisentérico e a infusão das folhas é aplicada para lavar feridas infectadas na pele; em República dos Camarões (África), a decocção das folhas e córtex é usada para hipertensão arterial e a infusão das folhas é empregado como abortivo (ALONSO, 2004).

 

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