ABACATE

27/10/2019 16:36

Persea americana Mill.

Lauraceae


Sinonímias: Laurus persea L., Persea americana var. angustifolia Miranda, Persea drymifolia Schltdl. & Cham., Persea leiogyna S.F. Blake., Persea nubigena L.O. Williams, Persea edulis Raf., Persea gratissima C.F. Gaertn.

Nomes populares: abacateiro, abacate, aguacate, palta, avocado (espanhol), avocato, avocado, alligator-pear (inglês).

Origem ou Habitat: América Tropical (Lorenzi e Matos). Segundo outros autores, Persea é Africana (SCORA, 1996).

Características botânicas: Árvore grande de copa arredondada e densa, medindo de 12 a 20 m de altura; folhas simples, oval a elíptica, verdes escuras; flores andróginas ou hermafroditas reunidas em racemos axilares e terminais, formadas na primavera e muito procuradas por abelhas. Os frutos são drupas piriformes, ovaladas ou globosas dependendo da variedade, com polpa carnosa e comestível de até mais de 1 kg de peso (LORENZI, 2021).

Partes usadas: folhas, flores, frutos, sementes, casca da árvore e do fruto.

Uso popular: A polpa dos frutos, além de nutritiva devido aos teores de proteína, sais minerais e vitaminas, é considerada na medicina tradicional como carminativa, útil contra o ácido úrico e também é utilizada em casos de caspa, prurido e eczema do couro cabeludo associado com babosa (Aloe vera).enquanto os chás obtidos das folhas, da casca e das sementes raladas são considerados úteis como diurético, anti-reumático, carminativo, anti-anêmico, anti-diarreico e anti-infeccioso para os rins e bexiga, além de estimulante da vesícula biliar, estomáquico, emenagogo e balsâmico. A casca do fruto moída é recomendada contra as verminoses.

Composição química: Planta inteira: Avocadofuranos. Flavonóides: Quercetina, afzelina, quercetin 3-O-d-arabinopiranosideo, catequina, epicatequina (componentes majoritarios das sementes) dentre outros; Cumarinas: Persina, scopoletina (folhas). Alcanóis: 1,2,4-trihidroxiheptadec-16-eno, 1,2,4-trihidroxiheptadec-16-ine e 1,2,4-trihidroxinonadecane (frutas não maduras) e 1,2,4-trihidroxiheptadec-16-eno (folhas secas), (HAKANSSON, 2018).

Ações farmacológicas: Destacam-se suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, antimicrobianas, diuréticas e cosméticas, além de atividades imunomoduladora e anti tumoral, essas em animais de laboratório (ALONSO, 2004).

Na França foi desenvolvida uma formulação com as frações insaponificáveis do abacate (Persea americana) e da soja (Glycine max), para o tratamento da artrose. Foi baseada na riqueza em esteróis destas frações e de uma possível relação sobre o metabolismo do cálcio, similar a ação da vitamina D (MAGLOIRE, 1988 apud ALONSO, 2004).

Em outro estudo onde participaram 264 pacientes que sofrem de osteoartrite (coxartrosis o gonartrosis fémoro-tibial) constatou-se que a administração de uma cápsula de insaponificáveis de abacate-soja de 300 mg diários, produziu melhorias significativas em 70% dos casos. Mesmo assim, 100% do grupo de pacientes medicados com diclofenaco diminuíram a dose, em média, de 114 mg para 40 mg diários (MAHEU, 1992 apud ALONSO, 2004).

Um estudo em voluntários e pacientes hipercolesterolêmicos mostrou que o abacate pode ser uma fonte de ácidos graxos monoinsaturados (ácido oleico) em pessoas saudáveis que em substituição de gorduras saturadas, exerce efeitos benéficos tais como a redução dos níveis de colesterol total, de triglicerídeos e de LDL-colesterol, além disso, no estudo em indivíduos hipercolesterolêmicos houve uma diminuição significativa do colesterol total sérico (17%), colesterol LDL (22%) e triglicerídeos (22%) e aumento dos níveis de colesterol HDL (11%) com a dieta de abacate (LEDESMA, 1996).

Em estudo cruzado, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo foi visto que a polpa dos frutos do abacate melhora a recuperação cardiovascular e autonômica após corrida submáxima, reforçando a informação de que o consumo regular do abacate apresenta efeitos vantajosos no sistema cardiovascular (SOUSA, 2020).

Um estudo sugere, após consulta em literatura (estudos in vitro, animais e humanos), que o gengibre (Zingiber officinale) e o abacate (Persea amaricana) podem ser considerados nutracêuticos úteis no tratamento da obesidade por efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios melhorando a atividade enzimática e modulando deficiências relacionadas à obesidade no sistema anti-inflamatório em diferentes tecidos. (TRAMONTIN, 2020.)

Interações medicamentosas: Os pacientes que recebem tratamento antidepressivo com inibidores da mono-amino-oxidase (I.M.A.O.) podem sofrer crises hipertensivas devido à tiramina. (SAPEIKA, 1976 apud ALONSO, 2004). 
O consumo de 100 a 200 g de abacate diários em pacientes que estão recebendo terapia anticoagulante com warfarina diminui o efeito desta droga. Os pesquisadores desconhecem o mecanismo desta interferência (BLICKSTEIN et al., 1991 apud ALONSO, 2004), mas provavelmente deve-se a vitamina K presente na sua composição química. 

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Os frutos do abacate são, em geral, bem tolerados para o consumo humano. Pode existir sensibilidade cruzada a alérgenos do látex de borracha natural. As cápsulas de insaponificáveis de abacate-soja são bem toleradas, no entanto, longe das refeições podem ocasionar regurgitações.
Existem evidências que o consumo de folhas de abacate podem ser tóxicas para animais, por exemplo cabras (ALONSO, 2004). 

Contra-indicações: Não é recomendado a decocção das folhas do abacateiro para mulheres grávidas e que amamentam (ALONSO, 2004).

Posologia e modo de uso popular: Infusão: colocar 1 colher (sobremesa) de folhas ou flores picadas para 1 litro de água. Tomar uma xícara 3 vezes ao dia por 2 semanas. (MARTINS, 2000) 
Decocção com a semente: ralar o caroço e medir uma colher de sopa para meio litro de água. Ferver, repousar e filtrar. Tomar duas vezes ao dia, por 2 a 3 semanas.
Uso externo: compressas locais com a infusão ou óleo, friccionar várias vezes ao dia. Cataplasma: tostar e moer o caroço do abacate, misturar o pó no próprio chá e aplicar com gaze nos locais afetados (LIMA, 2000). Fitocosmético: o óleo é empregado na forma de cremes e loções.
Polpa do fruto: é usado sob a forma de alimento, misturado com gel de babosa para afetar o couro cabeludo.
A dose da fração insaponificável de abacate com a fração insaponificável da soja é : abacate I. 100mg e soja I. 200mg – tomar um comprimido ao dia.

Observações: Usos etnomedicinais: Os indígenas Shuar do Equador trituram e maceram as sementes em aguardente para o tratamento de picadas de serpentes; os Tikunas da Colômbia empregam a decocção das folhas como hepatoprotetor; os Sionas-Secoya e os Quechua atribuem-lhe propriedades contraceptivas; no México é frequente o uso da casca seca e moída do fruto como antidisentérico e a infusão das folhas é aplicada para lavar feridas infectadas na pele; em República dos Camarões (África), a decocção das folhas e córtex é usada para hipertensão arterial e a infusão das folhas é empregado como abortivo (ALONSO, 2004).

 

Referências:

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. 1. ed. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. 

Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/geral/ExibeFiguraFSIUC/ExibeFiguraFSIUC.do?idFigura=284381094>. Acesso em: 26 abr. 2022

Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/geral/ExibeFiguraFSIUC/ExibeFiguraFSIUC.do?idFigura=229121523>. Acesso em: 26 abr. 2022

GUPTA, M.P. 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas. Santafé de Bogotá, Colômbia: Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnologia para el Desarrollo (CYTED), 1995. 617p.

HAKANSSON, R. B. Revisão literária da composição química das plantas constantes no site do Horto Didático de Plantas Medicinais da UFSC (parte I). Orientadora: Maique Weber Biavatti, TCC (Graduação) – Curso de Farmácia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.

LEDESMA, R. L. et al. Monounsatureted fatty acid (avocado) rich diet for mild hypercholesterolemia. Archives of Medical Research, USA, v. 27, p. 519-523, 1996

LIMA, L.C.B. Hortifrutigranjeiros: guia completo. Porto Alegre: editora Sagra Luzzatto, 2000.

LIMA, C. R. et al. Anti-diabetic activity of extract from Persea americana Mill. leaf via the activation of protein kinase B (PKB/Akt) in streptozotocin-induced diabetic rats.Plant Foods Hum Nutr., v.67, n.1, p.6-10, mar. 2012. 

LORENZI, H. et. al. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 3. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2021. 

MARTINS, E. R. et al. Plantas Medicinais Viçosa:UFV, 2000. 

PAHUA-RAMOS, M. E. et al. Hypolipidemic effect of avocado (Persea americana Mill) seed in a hypercholesterolemic mouse model. J Exp Ther Oncol., v.9, n.3, p.30-221, 2011. 

PAUL, R. KULKARNI, P. GANESH, N. Avocado fruit (Persea americana Mill) exhibits chemo-protective potentiality against cyclophosphamide induced genotoxicity in human lymphocyte culture. J Exp Ther Oncol., v.9, n.3, p.30-221, 2011.

SCORA, R. .W.; BERGH, B. The Origins and Taxonomy of Avocado (Persea Americana) Mill. Lauraceae. Acta horticulturae, 1990. p.387-394.
Q-027 Sesquiterpenos no extrato hexânico do caroço do abacate, Persea americana Mill. In: XIV SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 1996. Florianópolis, SC.Resumos. Florianópolis: [s.i.], 1996. 

SOUSA, F. H. et al. Avocado (Persea americana) pulp improves cardiovascular and autonomic recovery following submaximal running: a crossover, randomized, double-blind and placebo-controlled trial Scientific reports, 10, 1, 12 2020

TRAMONTIN, N. dos S. et al. Ginger and avocado as nutraceuticals for obesity and its comorbidities. Phytotherapy Research, 34, 6, 6 2020

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. Disponível em < https://tropicos.org/name/17801262> Acesso em: 26 abr. 2022

http://www.tropicalfruitandveg.co.uk/showpage.php?show=all&type=fruit&pn=1&pp=6. Acesso em: 08 de março de 2012.

http://fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:Honeybee_(Apis_mellifera)_pollinating_Avocado_cv._Zutano_(Persea_americana)_flower.JPG. Acesso em: 08 de março de 2012.

http://luirig.altervista.org/naturaitaliana/viewpics.php?title=Persea+americana. Acesso em: 08 de março de 2012.

http://www.actahort.org/books/275/275_47.htm> Acesso em: 12 de março de 2012.

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