ABUTUA
Cissampelos pareira L.
Sinonímias : Cissampelos acuminata Benth ., Cissampelos acuminata DC ., Cissampelos argentea Kunth , Cissampelos auriculata Miers , Cissampelos australis A. St.-Hil. Cissapelos caapeba L.
Nomes populares: Abutua, barbasco, bútua, abuta, cipó-de-cobra, ciparoba, capeba, catojé, parreira-capeba, etc.
Origem ou Habitat: Nativa do Brasil.
Características botânicas: Segundo Lorenzi e Matos (2021), é uma planta dioica, trepadeira, de base lenhosa, com ramos de vários metros de comprimento que chegam ao topo de grandes árvores, é nativa do Brasil. As folhas são simples, arredondadas, peltadas, glabras na face superior e revestidas por uma pubescência sedosa na face inferior. Apresenta flores pequenas e amareladas. Os frutos são drupas globosas, vermelhas, de superfície hispida.
Partes usadas: Folhas, cascas e raízes.
Uso popular: A planta tem sido amplamente utilizada na medicina tradicional para o tratamento de inúmeras doenças como úlcera, ferida, reumatismo, febre, asma, diarreia, inflamação, picada de cobra, malária, raiva, e também no Ayurveda e na medicina tradicional chinesa por suas propriedades purificadoras do sangue e anti-inflamatórias (KUMARI et al., 2021).
Kumari (2021) cita que na América do Sul a planta é comumente chamada de “erva de parteiras” ou “parreira” e que as raízes são usadas para cólicas menstruais e sangramento excessivo. Também é usado para prevenir a ameaça de aborto e parar a hemorragia uterina após o parto (FLORIANI, 1936; SUDHAKARAN, 2012 aput KUMARI et al., 2021).
Na Índia, a raiz é usada para tratar dor abdominal, inflamação, indigestão, disenteria, ferida, fístula, prurido, hemorróidas, picada de cobra, dor no peito, erupções cutâneas e distúrbios da secreção do leite materno (MUKERJI et al., 1959; AMRESH et al., 2004; CHAKRABORTY, 2006; KHARE, 2007; SUDHAKARAN, 2012 aput KUMARI, 2021).
Ocasionalmente preparados a partir das folhas também são usados no tratamento da febre da malária (DWIVEDI et al., 2019) e da dor do parto (BORA et al., 2016).
Composição química: Um estudo detalhado da literatura revelou que alcalóides (principalmente isoquinolina) são os principais constituintes de Cissampelos pareira L.
Das raízes foram relatados 35 alcalóides de diferentes subclasses da parte da raiz desta planta. Os alcalóides isolados da raiz são bis benzilisoquinolinas: pelosina, hayatina, hayatinina, haiatidina, d-isocondrodendrina, cissampareína, tetrandrina, cicloa nove, insularina, sepeerina, (+)-obaberina, (+)-obamegina, (+)-homoaromolina, (−)-nor-N’-condrocurina. Benzilisoquinolinas: 1-(4-formiloxi)-3-metoxibenzil)-6,7-dimetoxi-2,2-dimetil-1,2,3, 4-tetra-hidroisoquinolin-2-io, magnocurarina, (-)-oblongina, (+)-coclaurina, pareirarina. Aporfinas: dicentrina, dehidrodicentrina, magnoflorina. Tropoloisoquinolinas: pareirubrina A, pareirubrina B, isoimerubrina, grandirubrina e Pareitropone protoberberinas: cissamina e berberina. Azafluorantenos: norimeluteína e norruffscina e diversos: reserpina, cis-sampeline, transN-feruloiltiramina e salutaridina (KUMARI et al., 2021).
Cinco alcalóides, incluindo uma benzilisoquinolina, identificados como laudanosina e quatro aporfinas, nomeadamente nuciferina, corytuberina, bulbocarpina e nor-N-magnoflorina foram isolados do caule e folhas da espécie (KUMARI et al., 2021).
Outros constituintes que não alcalóides relatados das raízes de C. pareira são ácido oleanólico, ácido oleico, ácido araquídico, oleato de etila, 1-docoseno, tetracosano, quercetina, d-quercitol e timol (KUMARI et al., 2021).
O levantamento da literatura revelou que os flavonóides são os principais constituintes das partes aéreas. Os constituintes isolados das partes aéreas são mentoflavona, kaempferol-3-O-β-D-glucopiranosídeo, kaempferol-3-O-β-D-glucuronopiranosídeo, cissampeloflavona e pectina formados por unidades de ácido α-D-galacturônico (KUMARI et al., 2021).
Ações farmacológicas: Extratos e compostos de Cissampelos pareira L. têm sido investigados por várias atividades farmacológicas in vitro e in vivo, dentre as investigadas, destacam-se anti-inflamatória, analgésica, antipirética, antiartrítica e antidiarreica. As atividades antimaláricas, antidiabéticas e antiveneno parecem contar com suporte científico para as alegações tradicionais desta planta (KUMARI et al., 2021).
Segundo Lorenzi e Matos (2002), a planta possui atividade analgésica, anti-inflamatória, febrífuga e broncodilatadora. Estudos in vitro concluíram que Cissampelos pareira pode ser fonte de potente atividade antiviral contra todos os quatro sorotipos do vírus da dengue (SOOD et al., 2015). Outro estudo in vitro apontou atividade citotóxica das moléculas ácido oleanólico e o ácido oleico com potencial atividade anti-câncer (BALA et al, 2015).
Observações: Outras espécies deste gênero são: Cissampelos sympodialis Eichler, mais comum no Nordeste; Cissampelos glaberrima A. St.-Hil., comum nas regiões Sul e Sudeste; e Cissampelos ovalifolia DC., comum no Cerrado, que parecem possuir propriedades semelhantes (LORENZI, MATOS 2002).
Espécies do gênero Cissampelos tem uma rica história de uso tradicional em função de propriedades terapêuticas e tóxicas, sendo por exemplo utilizadas tradicionalmente para uma variada gama de condições e doenças, incluindo picada de cobra, icterícia, pressão arterial e problemas relacionados à pele. Por outro lado, há relatos de que eram tradicionalmente incluídos nas preparações do curare como veneno de flecha durante a caça para causar a morte de animais por asfixia. (SEMWAL et al, 2014).
Referências:
BALA, Manju; Pratap, Kunal; Verma, Praveen Kumar; Padwad, Yogendra; Singh, Bikram “Agentes citotóxicos para células KB e SiHa da fração n-hexano de Cissampelos pareira e sua composição química”. De Pesquisa de Produto Natural (2015), 29(7), 686-691. (SCIFINDER) Acesso 03 de março de 2016.
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SOOD R, Raut R, Tyagi P, Pareek PK, Barman TK, Singhal S, Shirumalla RK, Kanoje V, Subbarayan R, Rajerethinam R, Sharma N, Kanaujia A, Shukla G, Gupta YK, Katiyar CK, Bhatnagar PK, Upadhyay DJ, Swaminathan S, Khanna N. – “Cissampelos pareira Linn: Natural Source of Potent Antiviral Activity against All Four Dengue Virus Serotypes.” PLoS Negl Trop Dis. 2015 Dec 28;9(12):e0004255. doi: 10.1371/journal.pntd.0004255. eCollection 2015 -(PUBMED) Acesso 03 março de 2016.
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