ADOÇANTE-MEXICANO

26/12/2019 10:50

Lippia dulcis  Trevir.

Verbenaceae 


Sinonímias:

Phyla dulcis (Trevir.)Moldenke.

Nomes populares: Segundo o site de botânica (http://www.tropicos.org/Name) a nomenclatura científica aceita atualmente é Phyla scaberrima (A. Juss. ex Pers.) Moldenk.
Origem ou Habitat: América Central. Cresce em solos de bosques, margens de pântanos, ou em pastos, desde o nível do mar até 1800m de altitude. É encontrada na Guatemala, México, Honduras britânicas até a Colômbia .

Características botânicas: É uma planta perene, mede até 40 cm de altura. As folhas medem de 1-6 cm de comprimento, são aromáticas. Inflorescências em capítulos, flores esbranquiçadas. A raiz, quando mastigada, tem sabor de licor.
Partes usadas: Folhas.

Uso popular: Na América Central a Lippia dulcis é usada para o tratamento da tosse, bronquite e retenção urinária. No México é usada também como emenagogo e como abortivo..

Composição química: A composição do óleo essencial varia muito, depende do local de coleta, meses do ano e outras variantes. Na Guatemala (2006) foram encontrados os seguintes compostos no óleo essencial: 6-metil-5-hepten-2-ona, 3-metil-2-ciclohexen-1-ona, α-copaeno, β-cariofileno, β-farneseno, Germacreno D, biciclogermacreno, γ-cadineno, espatulenol, α-bisabolol.

OBS.:O sesquiterpenóide hernandulcin (derivado do bisaboleno), substância 1000 vezes mais doce que a sacarose, encontrado nesta planta em Porto Rico, não foi identificado neste estudo, provavelmente devido às diferenças na metodología de extração. É importante notar que a 6-metil-5-hepten-2-ona e a 3-metil-2-ciclohexen-1-ona são fragmentos da pirólise de hernandulcin.( Os autores)

Resultados obtidos no México (monoterpenóides, 86.3%; cânfora como componente principal).

Na Colômbia: alfa-copaeno (18,0%), beta-cariofileno (17,8%), e delta-cadineno (14,7%). O sesquiterpeno de sabor doce, hernandulcin, (1,1%).

Em outras pesquisas, alguns pesquisadores usaram um método de extração para o hernandulcin (Supercritical fluid extraction of hernandulcin from Lippia dulcis Trev.) e conseguiram 41,9 ± 0,01% (massa de hernandulcin relação à massa inicial da ext. na amostra).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: variedades químicas podem ter a presença de cânfora, o que contra indica o uso interno em altas doses ou uso continuado.

Contra-indicações: Grávidas não devem usar esta planta. Evitar o uso como adoçante.

Referências: 
MORENO-MURILLO, Quijano-Célis C, Romero AR, Pino JA. “Essential oil from leaves of Lippia dulcis grown in Colombia.” Nat Prod Commun. 2010 Apr;5(4):613-4. Acesso 24 AGO 2015.

PÉREZ SABINO, J.F. et all “Composição do óleo essencial de Phyla dulcisTrev. de uma população da Guatemala.” Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais, CCS– Bloco H, Ilha do Fundão–Rio de Janeiro–RJ, 21941-5902 Facultad de C.C.Q.Q. y Farmacia, USAC, Edif.T-12, Ciudad universitaria Z. 12, Guatemala (2006). Acesso 24 AGO 2015.

Francisco de Oliveira, Patricia; Machado, Ricardo Antonio Francisco; Bolzan, Ariovaldo; Barth, Danielle “Supercritical fluid extraction of hernandulcin from Lippia dulcis Trev.” Journal of Supercritical Fluids (2012), 63, 161-168. (Scifinder, art.20) Acesso 24 AGO 2015.

http://www.tropicos.org/Name/33700802- Acesso 24 AGO 2015.

Tags: AbortivoBroncodilatadoraTosse

ABUTUA

27/10/2019 22:03

Cissampelos pareira L.

Menispermaceae


Sinonímias Cissampelos acuminata Benth ., Cissampelos acuminata DC ., Cissampelos argentea Kunth , Cissampelos auriculata Miers , Cissampelos australis A. St.-Hil. Cissapelos caapeba L.

Nomes populares:  Abutua, barbasco, bútua, abuta, cipó-de-cobra, ciparoba, capeba, catojé, parreira-capeba, etc.

Origem ou Habitat: Nativa do Brasil.

Características botânicas: Segundo Lorenzi e Matos (2021), é uma planta dioica, trepadeira, de base lenhosa, com ramos de vários metros de comprimento que chegam ao topo de grandes árvores, é nativa do Brasil. As folhas são simples, arredondadas, peltadas, glabras na face superior e revestidas por uma pubescência sedosa na face inferior. Apresenta flores pequenas e amareladas. Os frutos são drupas globosas, vermelhas, de superfície hispida.

Partes usadas: Folhas, cascas e raízes.

Uso popular: A planta tem sido amplamente utilizada na medicina tradicional para o tratamento de inúmeras doenças como úlcera, ferida, reumatismo, febre, asma, diarreia, inflamação, picada de cobra, malária, raiva, e também no Ayurveda e na medicina tradicional chinesa por suas propriedades purificadoras do sangue e anti-inflamatórias (KUMARI et al., 2021).

Kumari (2021) cita que na América do Sul a planta é comumente chamada de “erva de parteiras” ou “parreira” e que as raízes são usadas para cólicas menstruais e sangramento excessivo. Também é usado para prevenir a ameaça de aborto e parar a hemorragia uterina após o parto (FLORIANI, 1936; SUDHAKARAN, 2012 aput KUMARI et al., 2021).

Na Índia, a raiz é usada para tratar dor abdominal, inflamação, indigestão, disenteria, ferida, fístula, prurido, hemorróidas, picada de cobra, dor no peito, erupções cutâneas e distúrbios da secreção do leite materno (MUKERJI et al., 1959; AMRESH et al., 2004; CHAKRABORTY, 2006; KHARE, 2007; SUDHAKARAN, 2012 aput KUMARI, 2021).

Ocasionalmente preparados a partir das folhas também são usados no tratamento da febre da malária (DWIVEDI et al., 2019) e da dor do parto (BORA et al., 2016).

Composição química: Um estudo detalhado da literatura revelou que alcalóides (principalmente isoquinolina) são os principais constituintes de Cissampelos pareira L.
Das raízes foram relatados 35 alcalóides de diferentes subclasses da parte da raiz desta planta. Os alcalóides isolados da raiz são bis benzilisoquinolinas: pelosina, hayatina, hayatinina, haiatidina, d-isocondrodendrina, cissampareína, tetrandrina, cicloa nove, insularina, sepeerina, (+)-obaberina, (+)-obamegina, (+)-homoaromolina, (−)-nor-N’-condrocurina. Benzilisoquinolinas: 1-(4-formiloxi)-3-metoxibenzil)-6,7-dimetoxi-2,2-dimetil-1,2,3, 4-tetra-hidroisoquinolin-2-io, magnocurarina, (-)-oblongina, (+)-coclaurina, pareirarina. Aporfinas: dicentrina, dehidrodicentrina, magnoflorina. Tropoloisoquinolinas: pareirubrina A, pareirubrina B, isoimerubrina, grandirubrina e Pareitropone protoberberinas: cissamina e berberina. Azafluorantenos: norimeluteína e norruffscina e diversos: reserpina, cis-sampeline, transN-feruloiltiramina e salutaridina (KUMARI et al., 2021).

Cinco alcalóides, incluindo uma benzilisoquinolina, identificados como laudanosina e quatro aporfinas, nomeadamente nuciferina, corytuberina, bulbocarpina e nor-N-magnoflorina  foram isolados do caule e folhas da espécie (KUMARI et al., 2021).

Outros constituintes que não alcalóides relatados das raízes de C. pareira são ácido oleanólico, ácido oleico, ácido araquídico, oleato de etila, 1-docoseno, tetracosano, quercetina, d-quercitol e timol (KUMARI et al., 2021).

O levantamento da literatura revelou que os flavonóides são os principais constituintes das partes aéreas. Os constituintes isolados das partes aéreas são mentoflavona, kaempferol-3-O-β-D-glucopiranosídeo, kaempferol-3-O-β-D-glucuronopiranosídeo, cissampeloflavona e pectina formados por unidades de ácido α-D-galacturônico (KUMARI et al., 2021).

Ações farmacológicas: Extratos e compostos de Cissampelos pareira L. têm sido investigados por várias atividades farmacológicas in vitro e in vivo, dentre as investigadas, destacam-se anti-inflamatória, analgésica, antipirética, antiartrítica e antidiarreica. As atividades antimaláricas, antidiabéticas e antiveneno parecem contar com suporte científico para as alegações tradicionais desta planta (KUMARI et al., 2021).

Segundo Lorenzi e Matos (2002), a planta possui atividade analgésica, anti-inflamatória, febrífuga e broncodilatadora. Estudos in vitro concluíram que Cissampelos pareira pode ser fonte de potente atividade antiviral contra todos os quatro sorotipos do vírus da dengue (SOOD et al., 2015). Outro estudo in vitro apontou atividade citotóxica das moléculas ácido oleanólico e o ácido oleico com potencial atividade anti-câncer (BALA et al, 2015).

Observações: Outras espécies deste gênero são: Cissampelos sympodialis Eichler, mais comum no Nordeste; Cissampelos glaberrima A. St.-Hil., comum nas regiões Sul e Sudeste; e Cissampelos ovalifolia DC., comum no Cerrado, que parecem possuir propriedades semelhantes (LORENZI, MATOS 2002).

Espécies do gênero Cissampelos tem uma rica história de uso tradicional em função de propriedades terapêuticas e tóxicas, sendo por exemplo utilizadas tradicionalmente para uma variada gama de condições e doenças, incluindo picada de cobra, icterícia, pressão arterial e problemas relacionados à pele. Por outro lado, há relatos de que eram tradicionalmente incluídos nas preparações do curare como veneno de flecha durante a caça para causar a morte de animais por asfixia. (SEMWAL et al, 2014).

Referências:

BALA, Manju; Pratap, Kunal; Verma, Praveen Kumar; Padwad, Yogendra; Singh, Bikram “Agentes citotóxicos para células KB e SiHa da fração n-hexano de Cissampelos pareira e sua composição química”. De Pesquisa de Produto Natural (2015), 29(7), 686-691. (SCIFINDER) Acesso 03 de março de 2016. 

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2021.

REZA, H. M.; Shohel, M.; Aziz, Sadia B.; Pinaz, Farzana I.; Uddin, M. F.; Al-Amin, M.; Khan, I. N.; Jain, Preeti – “Phytochemical and pharmacological investigation of ethanol extract of Cissampelos pareira.” From Indian Journal of Pharmaceutical Sciences (2014), 76(5), 455-458. (SCIFINDER) Acesso 03 março de 2016.

SAYANA, Suresh Babu. Evaluation of Diuretic Activity of Alcoholic Extract of Roots of Pharmacology Section Cissampelos Pareira in Albino Rats. Journal Of Clinical And Diagnostic Research, [s.l.], p.1-4, 2014.

SEMWAL, Deepak Kumar; Semwal, Ruchi Badoni; Vermaak, Ilze; Viljoen, Alvaro – “From arrow poison to herbal medicine – The ethnobotanical, phytochemical and pharmacological significance of Cissampelos (Menispermaceae)”. – From Journal of Ethnopharmacology (2014), 155(2), 1011-1028. (SCIFINDER) Acesso 03 março de 2016.

SOOD R, Raut R, Tyagi P, Pareek PK, Barman TK, Singhal S, Shirumalla RK, Kanoje V, Subbarayan R, Rajerethinam R, Sharma N, Kanaujia A, Shukla G, Gupta YK, Katiyar CK, Bhatnagar PK, Upadhyay DJ, Swaminathan S, Khanna N. – “Cissampelos pareira Linn: Natural Source of Potent Antiviral Activity against All Four Dengue Virus Serotypes.” PLoS Negl Trop Dis. 2015 Dec 28;9(12):e0004255. doi: 10.1371/journal.pntd.0004255. eCollection 2015 -(PUBMED) Acesso 03 março de 2016.

Kumari, S. et al. Cissampelos pareira L.: A review of its traditional uses, phytochemistry, and pharmacology Journal of ethnopharmacology, 274, 6 2021

KUMAR, Choudhury Pradeep; SACHIN, Jadhav. Extração e Isolamento de Compostos Bioativos da Casca de Ficus racemosa e Raiz de Cissampelos Pareira por Técnicas Cromatográficas. Revista Internacional de Ciências Farmacêuticas Revisão e Pesquisa, [sl], v. 20, n. 2, p.101-106, jun. 2013.

PORTO, Niara Moura et al. Caracterização microscópica e espectrofotométrica UV/Vis de Cissampelos pareira do Brasil e da África. Revista Brasileira de Farmacognosia, [sl], v. 26, n. 2, p.135-146, mar. 2016.

RAMIREZ, Irama et al. Cissampeloflavona, um dímero chalcona-flavona de Cissampelos pareira. Fitoquímica, [sl], v. 64, n. 2, p.645-647, conjunto. 2003.

MANU, Arora et al. UMA REVISÃO INTERNA DE CISSAMPELOS PAREIRA LINN: UMA PLANTA MEDICINA EM POTENCIAL DA ÍNDIA. International Research Journal Of Pharmacy, Nova Delhi, v. 12, n. 3, p.38-41, 2012.

MORITA, Hiroshi et al. Estruturas e Formas Tautoméricas de Estado Sólido de Dois Novos Alcalóides Tropoloisoquinolínicos Antileucêmicos, Pareirrubrinas A e B, de Cissampelos pareira. Boletim Químico e Farmacêutico, [sl], v. 41, n. 8, p.1418-1422, 1993.

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. 16 de maio de 2022 <https://tropicos.org/name/20600001>

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. 09 de maio de 2022<http://www.tropicos.org/Image/100224523> Fotógrafo: Patrice Antilahimena, MBG-Madagascar CC-BY-NC-ND

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. 09 de maio de 2022<http://www.tropicos.org/Image/100390506> Fotógrafo: MBG CC-BY-NC-SA

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. 16 de maio de 2022<http://www.tropicos.org/Image/100172078> Fotógrafo: GA Parada CC-BY-NC-SA

Tropics.org. Jardim Botânico do Missouri. 16 de maio de 2022<http://www.tropics.org/Image/100519740> Fotógrafo: Fidy Ratovoson, MBG-Madagascar CC-BY-NC-ND

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. 16 de maio de 2022<http://www.tropicos.org/Image/100560205> Fotógrafo: Fortunat Rakotoarivony CC-BY-NC-ND

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