ROSA VERDE

19/02/2020 23:39

Rosa sp.

Rosaceae


SinonímiasNomes scientificos.

Nomes populares: Rosa-verde, green rose.

Origem ou Habitat: China.

Características botânicas: Arbusto perene, com muitos galhos, pode medir 1 metro de altura ou mais, possui acúleos, folhas compostas, e a flor formada por sépalas que variam de verdes a verdes acastanhados ou rosados.

Partes usadas: Sépalas.

Uso popular: Calmante, palpitação, aperto no peito, sensação de bem estar, laxante, controle da oleosidade da pele, ansiedade.

Observações: Para a nomeação de um cultivar, podemos usar uma ou mais palavras vernaculares, em caracteres romanos (nunca em itálico), sempre com a primeira letra em maiúscula e entre aspas simples.

Referências: 

Boletim da equipe inter-transdisciplinar da Pastoral da Saúde da região sul de SC, 2012

http://blog.adonline.id.au/the-green-rose/ – acesso em 03 de dezembro de 2012.

http://ciencianojardim.blogspot.com.br/2011/03/o-que-e-um-cultivar.html – acesso em 06 de dezembro de 2012.

http://www.tropicos.org/Name/27801139 – acesso em 03 de dezembro de 2012.

http://ilgiardinodishamash.wordpress.com/tag/rosa-chinensis-viridiflora/ – acesso em 04 de dezembro de 2012.

Tags: AnsiedadeCalmanteLaxantePalpitações

LARANJEIRA E LIMOEIRO

13/02/2020 21:21

Citrus aurantium & Citrus limon  L.

Rutaceae


Sinonímias:

Citrus aurantium L. subsp. aurantium (= subsp. amara (L.) Engl.) – laranja amarga

Citrus sinensis (L.) Osbeck. – laranja doce.

Origem ou Habitat: Oriente.

Características botânicas: O gênero Citrus é composto de diversas espécies, variedades e híbridos. São muitos apreciados pelos frutos comestíveis (laranja, limão, lima, etc) e como fonte de óleos essenciais, pectinas e flavonóides. Na Ilha, espécies de laranja e limão são empregadas com fins medicinais.

A espécie Citrus aurantium é uma árvore pequena (até 5m), com folhas elípticas, verdes, pecíolo alado articulado na inserção do limbo. As flores, de odor suave, são brancas ou amareladas. A espécie Citrus sinensis cresce até 10m de altura.

A espécie Citrus limon é uma árvore que se diferencia da laranjeira por apresentar folhas com pecíolo rara ou estreitamente alado. As flores são brancas na parte interna das pétalas e vermelho-violáceo na parte exterior.

Partes usadas: Flores, folhas, cascas, suco.

Uso popular: Segundo as comunidades da Ilha

As folhas da laranjeira e do limoeiro, bem como o suco do limão, são empregados na forma de decocto ou xarope com mel para gripes, tosses e resfriados. A folha e flor da laranjeira e do limão são empregados em dores de cabeça e ansiedade.

Segundo a literatura

As cascas da laranja são empregadas como estimulante do apetite (SCHILCHER, 1992) e no tratamento sintomático dos problemas funcionais da fragilidade capilar cutânea. As flores e folhas da laranjeira amarga e doce são empregadas como sedativo suave, em problemas do sono. A casca do limão é usada como estomáquico. O suco é empregado, internamente, contra flatulências, afecções hepáticas e biliares, dores de cabeça, febres e resfriados. Externamente como anti-inflamatório para feridas e como calmante de dores de gengivas e dos dentes.

O suco fraco, sem açucar e morno pela manhã, em jejum, favorece a evacuação.

Composição química: Os dados químicos comuns às espécies de Citrus serão apresentados conjuntamente.

A folha da laranjeira possui flavonóides, compostos amargos e 0,3% de óleo essencial contendo 70-75% de linalol, 10-15% de geraniol, semelhante ao óleo das flores . A flor da laranjeira possui 0,2-0,5% de óleos essenciais, constituídos basicamente por monoterpenos, além de citroflavonóides e substâncias amargas . O pericarpo tanto da laranja doce quanto da amarga contém 1 – 2,5% de óleo essencial, constituído de aproximadamente 98% de limoneno. Também contém citroflavonóides, pectinas e furanocumarinas. O pericarpo do limão possui composição semelhante, diferindo apenas quantitativamente . Os citroflavonóides encontram-se no pericarpo e polpa das frutas.

Das folhas e cascas dos frutos de algumas espécies de Citrus foi isolada sinefrina.

A polpa dos frutos cítricos é rica em vitamina C.

Ações farmacológicas: Os dados farmacológicos comuns às espécies de Citrus serão apresentados conjuntamente.

São indicados no tratamento das manifestações de insuficiência venosa crônica, funcional e orgânica, dos membros inferiores. Alguns desses flavonóides apresentam forte ação hipotensora em ratos, após a administração intravenosa.

A sinefrina é um alcalóide simpatomimético.

A pectina age como um laxante suave, por promover o aumento do bolo fecal e, conseqüentemente, estimular o peristaltismo do cólon.

Experimentos com o suco dos frutos de Citrus sinensis e, principalmente, de Citrus limon, demonstraram que os mesmos aumentam significativamente os níveis plasmáticos de lipoproteína de alta densidade (HDL) e reduzem os níveis de colesterol, de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e de triglicerídeos em ratos.

O óleo das flores apresentou atividade antimicrobiana(HOPPE, 1981).

estudo em ratos mostrou ação sobre ansiedade , com provável ação sobre receptores tipo benzodiazepínicos , e sobre depressão.

A vitamina C possui propriedades antiescorbúticas.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: As furanocumarinas presentes nas cascas de laranja e, principalmente, do limão, podem provocar reações de fotossensibilização cutânea, especialmente em pessoas de pele clara.

Reações alérgicas ao suco ou ao óleo essencial já foram relatadas. Neste último, os terpenos presentes seriam os responsáveis pela sensibilização.

Contra-indicações: Pessoas com sensibilidade ao limão e a laranja.

Observações: Para o tratamento da constipação habitual, recomendamos tomar em jejum, meio copo de água morna com 1 limão espremido, e introduzir as modificações necessárias na dieta e nos hábitos.

Referências: 

BISSET, N.G. (Ed.) Herbal Drugs and Phytopharmaceuticals. 4.ed. Stuttgart Medpharm, Boca Raton: CRC Press, 1994.

BRUNETON, J. Pharmacognosie Phytochimie Plante Médicinales. 2.ed. Londres: Technique et Documentation Lavoiser, 1993.

FARIAS, M.R. et al. Plantas medicinais na ilha de Santa Catarina: Grupo de Estudos em Fitoterapia, Florianópolis: UFSC/P.M.F., 1996, 111p. (inédito)

GIRRE, L. La Santé Par Les Plantes. Rennes: Edilarge S.A., 1992.

HARDMAN, J.G.; UMBIRD, L.E. (Eds.) Goodman & Gilman’s The Pharmacological Basis of Therapeutics. 9.ed. New York: McGraw-Hill, 1995.

HOPPE, H. A. Taschenbuch der Drogenkunde. Berlin: Walter de Gruyter, 1981.

REYNOLDS, J.E.F. (Ed.) Martindale The Extra Pharmacopoeia. 30.ed. London: The Pharmaceutical Press, 1993.

ROTH, L; DAUNDERER, M.; KORMANN, K. Giftpflanzen Pflanzengifte. 3.ed. Lech: Ecomed, 1987.

SCHILCHER, H. Phytoterapie in der Kinderheilkunde: Handbuch für Arzte und Apotheker. Sttutgart: Wissenschaftliche, 1992.

TANG, W.; EISENBRAND, G. Chinese Drugs of Plant Origin. Berlin: Springer, 1992.

TROVATO, Α. Effects of fruit juices of Citrus sinensis L. and Citrus limon L. on experimental hypercholesterolemia in the rat. Phytomedicine, v.2, n.3, p.221-7, 1996.

ZIN, J.; WEISS, C. La Salud Por Medio de las Plantas Medicinales. 6. ed. Santiago: Editoral Salesiana, 1980.

Pharmazie, v. 66, n. 8, p.7-623, Aug., 2011.

Sedative, anxiolytic and antidepressant activities of Citrus limon (Burn) essential oil in mice. L M Lopes C, Gonçalves e Sá C, de Almeida AA, da Costa JP, Marques TH, Feitosa CM, Saldanha GB, de Freitas RM. Source Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Laboratório de Pesquisa em Neuroquímica Experimental da Universidade Federal do Piauí, Brazil.

 

Tags: AnsiedadeAnti-inflamatórioCefaléiaFebreFlatulênciaGripeResfriadoSedativoTosse

HIPÉRICO

11/02/2020 21:41

Hypericum perforatum  L.

Hypericaceae


SinonímiasHypericum nachitschevanicum Grossh., Hypericum perforatum var. confertiflorum Debeaux, Hypericum perforatum var. microphyllum H. Lév.

Nomes populares: Hipérico, St. John’s-wort (English, United States), erva-de-são-joão, hipericão, mil-furada. O nome popular St. John’s-wort traduzido do inglês “erva-de-são-joão”, pode causar confusão com as ervas-de-são-joão conhecidas no Brasil, Ageratum conyzoides L. (também conhecida como mentrasto) e Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers. (cipó-de-são-joão)

Origem ou Habitat: Europa.

Características botânicas: Herbácea perene, ramificada, prostrada nos países tropicais, hastes avermelhadas, de 30-60 cm de altura. Folhas simples, opostas, sésseis, ovadas, medindo 1-1,5 cm de comprimento, possui glândulas translúcidas ao longo das bordas das folhas, que observadas à luz parecem orifícios, ricas em hipericina. Inflorescências axilares e terminais. Flores amarelas com 5 sépalas e 5 pétalas. Os frutos são cápsulas ovóides estriadas.

Partes usadas: Folhas, flores e raízes.

Uso popular: É empregada como calmante, contra ansiedade e tensão nervosa, distúrbios da menopausa, síndrome pré-menstrual, ciática e fibrose. É indicada também para asma, bronquite crônica, tosses, cefaléias e dores reumáticas. Externamente é empregada em casos de queimaduras, escoriações, ferimentos, dor ciática, neuralgia e cotovelo-de-tenista.

Composição química: Óleo essencial: alfa-pineno, beta-pineno, 1,8-cineol, mirceno, cadineno, cariofileno, alfa-terpineol, aromandreno, limoneno, geraniol, ésteres do ácido isovaleriânico, etc.;

  • Antraquinonas: hipericina (diantroquinona policíclica de coloração avermelhada), pseudo-hipericina, proto-hipericina, iso-hipericina, etc.);
  • Flavonóides: quercitrina, iso-quercitrina, rutina, hiperosídeo, biapigenina, amentoflavona, luteolina, campferol, catequina, iso-catequina, quercetina, proantocianidinas, etc.;
  • Ácidos orgânicos: ácidos caféico, nicotínico, iso-valeriânico, mirístico, palmítico, p-cumárico, clorogênico, esteárico, ferúlico, etc.;
  • Outros: hiperflorina, carotenóides (violaxantina, luteoxantina, cis-trolixantina, luteína e trolicromona), beta-sitosterol, saponinas, pectina, ácido tânico, fenilpropanos, xantonas, aminoácidos, taninos.

Ações farmacológicas: Adstringente, analgésica, antisséptica, calmante do sistema nervoso, anti-inflamatória e cicatrizante.

Interações medicamentosas: O hipérico apresenta muitas incompatibilidades com os barbitúricos, antidepressivos, narcóticos, quimioterápicos, anti-retrovirais, inibidores da acidez.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A hipericina é um agente fotossensibilizante que pode causar reações alérgicas na pele quando exposta à radiação ultravioleta (UV).

Quando estiver em uso de hipérico, evitar exposições solares prolongadas.

Observações: Existem no Brasil duas espécies nativas deste gênero: Hypericum brasiliense Choisy e Hypericum connatum Lam., que são empregadas como vulnerária, antiespasmódica e antiofídica e na forma de gargarejo contra aftas e estomatites.

Referências: 

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2008.

SILVA JUNIOR, A.A. Essentia herba – Plantas bioativas. Florianópolis: Epagri, 2003.

http://www.botanical-online.com/medicinalshypericumperforatum.htm – Acesso 14 Julho 2015.

http://www.tropicos.org/Name/7800012 – acesso em 24 de setembro de 2013.

Tags: AnsiedadeAsmaBronquiteCalmanteCefaléiaDores reumáticasEscoriaçoesFeridasQueimaduraTosse

ERVA-DOS-GATOS

19/01/2020 22:54

Nepeta cataria  L.

Lamiaceae (Labiatae) 


Sinonímias: Calamintha albiflora Vaniot, Nepeta bodinieri Vaniot, Cataria vulgaris (L.) Gaterau, Glechoma cataria (L.) Kuntze.

Nomes populares:  Erva-dos-gatos, erva-gato, erva-gateira, catária, nêveda, nêveda-dos-gatos, erva-cidreira-do-cabo-branco, cat-mint (English, United States), catnip (English, Canada).

Origem ou Habitat: Originária da Europa e Ásia e introduzida em zonas temperadas.

Características botânicas:  Planta herbácea, perene, de odor intenso, ramificada, pubescente, ereta, de 40 cm a 1 m de altura. Folhas de 3-7 cm de comprimento, serradas, de cor verde-cinza e esbranquiçada na parte inferior, ovadas ou oblongas, pecioladas. Flores brancas, com manchas púrpuras, de 6 mm de comprimento, em densos verticilos terminais e em verticilos axilares espiciformes. Propaga-se por estaquia ou dividindo a raiz.

Partes usadas: Partes aéreas.

Uso popular:  Indicada o uso das partes aéreas da planta em casos de ansiedade, insônia, cãibras, cólicas intestinais, problemas respiratórios (tosse e bronquites) e ginecológicos (Cunha, et al., 2003). O chá é particularmente eficaz em cólicas intestinais e diarreias infantis e útil no tratamento de resfriados, irritabilidade e para menstruação atrasada. Externamente, pode ser aplicada sobre cortes e contusões (Stuart, 1981).

Composição química:  Óleo essencial (0,3 a 1%) contendo alfa-nepetalactona e beta-nepetalactona (70 a 90%), cariofileno, cânfora, humuleno, carvacrol, timol, pulegona (Cunha, et al., 2003), nepetol, ácido nepetálico (Stuart, 1981). Possui flavonoides livres e combinados e iridoides não voláteis (actinidina), saponinas, taninos e ácidos fenólicos (Cunha, et al., 2003). Foram também identificados em seu óleo essencial: 1,8-cineol (21,00%), alfa-humuleno (14,44%), alfa-pineno (10,43%) e acetato de geranil (8,21%) (Gilani, et al., 2009). Daucosterol (beta-sitosterol 3-O-beta-D-glucosideo), junto com pequenas quantidades de beta-sitosterol, campesterol, alpha-amirina and beta-amirina também foram isolados (Klimek, et al., 2005).

Ações farmacológicas: Antiespasmódica, antidiarreica, carminativa, estomáquica, emenagoga suave (Stuart, 1981). Possui ação sedativa ligeira atribuída às nepetalactonas e à actinidina e também conta com propriedades antipiréticas, diaforéticas e diuréticas (Cunha, et al., 2003) e broncodilatadora (Gilani, et al., 2009). O óleo essencial possui propriedades repelentes de insetos (contra mosca doméstica e baratas), e em estudos comparativos mostrou-se tão boa quanto ou até melhor que DEET (repelente químico) e citronelal (Schultz, et al., 2004).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não são conhecidos efeitos tóxicos, porém seu uso não é recomendado na gestação (Cunha, et al., 2003). Considerada um alucinógeno suave se fumada (Stuart, 1981), com efeitos semelhantes, porém mais leves, que o da Cannabis sp. (Grognet, 1990).

Contra-indicações:  Seu uso não é recomendado na gestação.

Posologia e modo de uso: Infusão das folhas, de 2 a 3 vezes por dia (Cunha, et al., 2003).

Observações: A planta recebe estes nomes populares devido a atração que gera em gatos e outros felinos. Costuma-se esfregar brinquedos com esta planta para apresentá-los aos gatos..

 

Referências:
CUNHA, A. P., SILVA, A. P., ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 5-204.

GILANI, A. H., et al. Chemical composition and mechanisms underlying the spasmolytic and bronchodilatory properties of the essential oil of Nepeta cataria L. Journal of Ethnopharmacology, [S. I.], v. 121, n. 3, p. 11-405, 30 Jan. 2009.

GROGNET, J. Catnip: Its uses and effects, past and present. Canadian Veterinary Journal, v. 31, n. 6, p. 455–456, June 1990. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1480656/pdf/canvetj00079-0049.pdf – Acesso em: 2 julho de 2012.

KLIMEK, B.; MODNICKI, D. Terpenoids and sterols from Nepeta cataria L. var. citriodora (Lamiaceae). Acta Pol Pharm. [S. I], v. 62, n. 3, p.5-231, 2005.

SCHULTZ, G. et al.Nepeta cataria (Lamiales: Lamiaceae)—A Closer Look: Seasonal Occurrence of Nepetalactone Isomers and Comparative Repellency of Three Terpenoids to Insects. Environmental Entomology, [S. I], v. 33, n. 6, December 2004, p. 1562-1569.

STUART, M. Enciclopedia de Hierbas y Herboristería. Barcelona: Ediciones Omega, S. A., 1981. p. 228.

www.tropicos.org – Acesso em: 01 de junho de 2011.

Tags: AnsiedadeBronquiteCãibraCólicaInsôniaResfriadoTosse

CIPÓ MIL-HOMENS

08/01/2020 15:50

Aristolochia spp.

Aristolochiaceae 


Nomes populares:  Urubu-caá, angelicó, calunga, capa-homem, contra-erva, batarda, jarrinha, cipó jarrinha, mil-homens, papo-de-peru, aristolóquia, caçaú, cassau, cassiu, chaleira-de-judeu, cipó-mata-cobra, erva-de-urubu, contra-erva, erva-bicha, giboinha, milhomem, papo-de-galo, camará-açú, crista-de-galo, raja, mata-porcos, mil-homens-do-ceará, mil-homens-do-rio-grande (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002),(LORENZI; MATOS, 2002),(CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1998).

Origem ou Habitat: No Brasil, ocorrem aproximadamente sessenta espécies distintas de Aristolochia (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002).

As espécies mais importantes no uso medicinal são:

Aristolochia cymbifera Mart. & Zucc. (regiões Sul e Sudeste, até a Bahia),

Aristochia triangularis Cham. (no Rio Grande do Sul),

Aristolochia esperanzae O. Kuntze (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul),

Aristolochia ridicula N.E.Br. (São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul),

Aristolochia brasiliensis Mart.&Succ.(do Nordeste),

Aristolochia arcuata Mast. (São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul) e

Aristolochia gigantea Mart.&Zucc. (caatinga) (LORENZI; MATOS, 2002).

O gênero ocorre também no Uruguai, Argentina e Paraguai (ALONSO; DESMARCHELIER, 2006),(GUPTA, 1995),(SIMÕES, 1998).

Características botânicas:  Trepadeira herbácea, de ramos finos e flexuosos, com a base engrossada com casca corticosa fissurada, folhas simples, de consistência membranácea, pecioladas, glabras, de 12-20 cm de comprimento. Flores solitárias, com a forma de urna muito característica, e frutos capsulares elipsoides deiscentes, com inúmeras sementes achatadas (LORENZI; MATOS, 2002). Rizoma tuberoso (CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1998).

Partes usadas: Caule, folhas e raízes.

Uso popular:  Na região amazônica, o decocto das folhas é útil contra cólicas abdominais e problemas estomacais, enquanto o banho preparado com folhas em água fria é utilizado contra dores de cabeça e dores musculares. Outros usos populares indicam que a raiz é tônica, estomáquica, estimulante, antisséptica, sudorífica, diurética, anti-histérica e útil contra febres graves, catarros crônicos, disenteria e diarreia; é usada também como abortiva e contra veneno de cobra (LORENZI; MATOS, 2002),(GUPTA, 1995)(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008). O chá da raiz é também usado como emenagogo, excitante, cicatrizante e contra úlceras crônicas, sarnas, caspa e orquites (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002),(LORENZI; MATOS, 2002),(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008). É empregada ainda para asma, gota, hidropisia, convulsões, epilepsia, palpitações, flatulência, prurido e eczemas e até como sedativa. Algumas regiões a usam contra anorexia, ansiedade, prisão de ventre e como anti-helmíntica (LORENZI; MATOS, 2002),(CORRÊA; SIQUEIRA-BATISTA; QUINTAS, 1998),(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008). Também para amenorreia (falta de menstruação)(LORENZI; MATOS, 2002)(DUKE; BOGENSCHUTZ-GODWIN; OTTESEN, 2008) e clorose (anemia por excesso de sangramento menstrual)(LORENZI; MATOS, 2002).

Composição química:  Os ácidos aristolóquicos são os principais componentes de inúmeras espécies do gênero Aristolochia. Outros componentes incluem terpenoides, alcaloides apoporfíricos, alcaloides aristolactâmicos, alcaloides do grupo da berberina, outros alcaloides, sesquiterpenolactonas, lignanas, beta-cariofileno, alfa-copaeno, beta-elemeno, gama-elemeno, alfa-humuleno e amidas (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002). Análises de raízes e caules tem demonstrado diterpenos e, nas folhas, sesquiterpenoides(LORENZI; MATOS, 2002).

Ações farmacológicas: Substâncias isoladas de A. versicolor e A. indica apresentaram atividade antifertilidade em alguns estudos; alguns apontam que o ácido aristolóquico é antiespermatogênico, por interferir na espermiogênese no estágio de formação das espermátides e reduzir a produção de células de Leydig maduras. O ácido aristolóquico de A. indica apresentou propriedades antiestrogênica e anti-implantacional. O ácido aristolóquico de A. rodix foi eficaz contra o veneno de ofídeos. Diterpenos isolados de A. albida agem como importantes antídotos de picada de cobra do gênero Naja. Constituintes químicos da A. manshuriensis obtidos por cultura celular apresentaram importante atividade cardiotônica. A magnoflorina, alcaloide obtido de várias espécies do gênero, diminui a pressão arterial em coelhos e induz hipotermia em camundongos. O ácido aristolóquico I promove contrações em músculos lisos isolados, enquanto uma atividade relaxante muscular inespecífica em músculos lisos foi descrita para o extrato etanólico de A. papillaris. Estudos com A. birostris demonstraram atividade analgésica e antitérmica e inibição das contrações induzidas por histamina, acetilcolina e ocitocina, a nível central. Atividade anti-inflamatória foi observada em A. tulobataA. multiflora possui atividade citotóxica. A. niaurorum demonstrou atividade antisséptica e cicatrizante. Atividade antifúngica e antibacteriana foi associada a A. papillarisA. gigantea e A. paucinervis também mostraram atividade antibacteriana. A. triangularis foi relacionada à atividade antiviral, enquanto A. paucinervis agiu contra Helicobacter pylori. A constatação da atividade citotóxica experimentalmente abre portas para estudos na área de oncologia (ALONSO,; DESMARCHELIER, 2006)..

Efeitos adversos e/ou tóxicos: A presença de ácido aristolóquico contra indica o uso interno.

Contra-indicações:  Existem pelo menos 14 tipos de ácidos aristolóquicos (JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005). O consumo crônico da infusão da Aristolochia sp. por humanos leva ao aparecimento rápido de fibrose renal intersticial. Há evidências de que o ácido aristolóquico, além de levar a esta nefropatia, aumenta o risco de câncer urotelial. Estudos mostram o surgimento de lesões renais em um mecanismo dose-dependente em apenas 3 dias de tratamento com 10, 50 ou 100mg/kg por via oral em animais. Na Bélgica, na década de 90, uma contaminação de fitoterápicos chineses, usados para emagrecimento, com ácido aristolóquico proveninente de A. fangchi levou ao relato de dezenas de casos dessa nefropatia, além da associação nesses pacientes com o aumento do risco para carcinoma urotelial. Depois se soube de casos semelhantes em outros países da Europa, Japão, Estados Unidos, etc. Por causa da semelhança da clínica e da histologia entre a “nefropatia da erva chinesa” e a nefropatia dos Bálcãs, iniciou-se uma série de investigações que sugerem que o ácido aristolóquico também é o agente etiológico desta última. A nefropatia dos Bálcãs também cursa, além da lesão tubulointersticial rapidamente progressiva, com pressão arterial normal, leucocitúria asséptica, proteinúria de baixo peso molecular e anemia precoce e severa. A doença afeta homens e mulheres que vivem em áreas rurais da Bósnia, Croácia, Romênia e Sérvia, caracterizada por início insidioso, invariável progressão para insuficiência renal crônica e forte associação com carcinoma urotelial. Estudos epidemiológicos evidenciaram a ocorrência focal da doença em certas vilas e famílias, mas não um padrão de herança da doença. Os achados, entretanto, não são definitivos quanto à associação entre o ácido aristolóquico e a nefropatia endêmica, e outros agentes etiológicos continuam sendo discutidos, como a contaminação da água com toxinas do carvão, e a ocratoxina A, uma toxina proveniente de alguns fungos, também associada à nefrotoxicidade e carcinogênese e encontrada em altos níveis no sangue de indivíduos das áreas de alta endemicidade da doença. planta proibida em vários países, não deve ser usada interna mente.

Observações: O nome do gênero Aristolochia vem do grego: aristos = bom e lochia = nascimento, parto. Segundo a Teoria das Assinaturas, a forma curvada da flor de uma das espécies (Aristolochia clematitis) lembra o feto em posição antes do nascimento, razão pela qual a planta era usada popularmente para facilitar o parto (STASI; HIRUMA-LIMA, 2002).

Aristolochia triangularis possui acido aristolóquico em suas raízes .

 

Referências:
ALONSO, J.; DESMARCHELIER, C. Plantas Medicinales Autoctonas de La Argentina. Buenos Aires: Fitociencia, 2006.

CORRÊA, A. D.; SIQUEIRA-BATISTA, R.; QUINTAS, L. E. Plantas Medicinais: Do Cultivo a Terapêutica. Petrópolis: Vozes, 1998.

DUKE, J. A.; BOGENSCHUTZ-GODWIN, M. J.; OTTESEN, A. R. Duke’s handbook of medicinal plants of Latin America. Boca Raton: CRC Press, 2008.

GUPTA, M. P. (ed.). 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas. Santafé de Bogotá, Colombia:. Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarollo (CYTED), 1995.

GROLLMAN, A. P. et al. Aristolochic acid and the etiology of endemic (Balkan) nephropathy. Proceedings of the National Academy of Sciences, [S. I.], v. 104, n. 29, 12129-12134, 2007.

JUNIOR, V. F.; PINTO, A. C.; MACIEL, M. A. Plantas medicinais: cura segura. Química nova, [S. I], v. 28, n. 3, p. 28-519, 2005.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

SIMÕES, C.M.O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1988.

STASI L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. São Paulo: Editora UNESP, 2002.

http://www.tropicos.org/NameSearch.aspx?name=Aristolochia&commonname – acesso em 20 de março de 2012.

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