AÇAFRÃO DA ÍNDIA

26/12/2019 01:12

Curcuma longa  L.

Zingiberaceae 


Sinonímias:

Curcuma domestica Valeton, Amomum curcuma Jacq., Stissera curcuma Raeusch.

Nomes populares: cúrcuma, açafrão-da-índia, açafrão-da-terra, açafroa, turmeric, gengibre-dourada, mangarataia.

Origem ou Habitat: Índia.

Características botânicas: Segundo a descrição de LORENZI & MATOS(2008): planta herbácea, perene, caducifólia, aromática, possui folhas grandes, longamente pecioladas, invaginantes e oblongo-lanceoladas. Flores amareladas, pequenas, dispostas em espigas compridas. As raízes terminam em um rizoma elíptico, de onde partem vários rizomas menores, todos marcados em anéis de brácteas secas. Cada rizoma mede até 10 cm de comprimento e quando cortados mostram uma superfície de cor alaranjada, exalando cheiro forte e agradável e com sabor aromático e picante.

É cultivada em todo o mundo tropical.

Partes usadas: rizomas.
Uso popular: É utilizada como condimento na culinária de quase todo o mundo. A Comissão “E” de Fitoterapia (1997) e o Instituto Federal Alemão de Medicamentos confirmam as seguintes indicações para a Curcuma longa: tônico estomacal que estimula as secreções digestivas gástricas e facilita a digestão, combate a flatulência e atonia estomacal, além de ser um tônico biliar e protetora do fígado.

Composição química: Curcuminóides ou corantes (2-9%): curcumina ou diferuloilmetano (60%), curcumina I,II,III; dihidrocurcumina, ciclocurcumina. As curcuminas por oxidação convertem-se em vanilina.

Óleo essencial (1,5-5,5%): composto aproximadamente 60% pela lactona sesquiterpênica turmerona, além de zingibereno, alfa e gama-atlantona, bisaboleno, guayano, germacreno, 1,8-cineol, borneol, delta-sabineno, ácido caprílico, deshidroturmerona, 1-fenil-HO-N-pentano, limoneno, linalol, eugenol, curcumenol, ukonan A, B e C , curcumenona e felandreno.

Outros: polissacarídeos A,B,C e D, arabino-galactano, sais de potássio, resina , glicídeos (amido) ao redor de 40-50%.

Ações farmacológicas: De acordo com a grande quantidade de trabalhos realizados, especialmente com os curcuminóides, que são os corantes amarelos abundantes no rizoma, a cúrcuma possui atividade hepatoprotetora, colerética, digestiva, hipolipemiante, hipoglicemiante, antimicrobiana, anti-inflamatória, anti-oxidante, imunoestimulante, anti-agregante plaquetário, entre outras.

A substância zingibereno possui propriedades anti-ulcerosas, o 1-fenil-hidroxi-N-pentano estimula as secreções de secretina, gastrina e sucos pancreáticos além de contribuir para a manutenção do ph gástrico. O eugenol e o zingibereno são os responsáveis pelas propriedades carminativas. As substâncias que estão envolvidas com as propriedades hepatoprotetoras são as curcuminas, coadjuvantes são borneol, turmenona, eugenol e ácido cafeico. Alguns estudos apontam que a curcumina poderia ter ação colecistocinética e um efeito antiinflamatório. O rizoma da cúrcuma contém alguns compostos anticancerígenos: curcumina e curcuminóides, betacarotenos, curcumenol, curdiona, turmenona, terpineol e limoneno. Possuem efeito protetor frente ao câncer de pele, de duodeno, de mama e câncer de cólon.

Interações medicamentosas: A presença de substâncias com atividade anticoagulante pode interferir com aqueles pacientes que estão recebendo tratamento anticoagulante.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Vários estudos demonstraram a ausência de toxicidade da cúrcuma, inclusive com doses muito elevadas (8 g). Relato de um usuário atribuiu ao açafrão da Índia a alteração no ritmo cardíaco que percebeu após o uso.

Contra-indicações: A cúrcuma possui efeito emenagogo e não se recomenda na gravidez. Não há informação suficiente para determinar a sua segurança durante a lactância. É contra-indicada para crianças menores de 4 anos, pessoas com oclusão das vias biliares e úlceras gástricas.

Posologia e modo de uso: A dose terapêutica está em torno de 300 mg de curcumina, 3 x ao dia. Os rizomas da cúrcuma possuem entre 4 e 5% de curcumina e a dose terapêutica corresponde a 6 gr de raiz fresca ao dia .

Uso na alimentação: a cúrcuma é empregada como corante culinário e constitui um dos principais condimentos na mistura que compõe o curry, integrado juntamente com pimenta, coentro, canela, gengibre, cravo da índia, cardamomo, cominho e noz moscada.

É muito utilizado na arte culinária goiana e mineira.

 

Observações: O rizoma de Curcuma longa encontra-se aprovado pelas Farmacopéias da Alemanha, Brasil, Chile, China, Korea, Espanha, EEUU, França, Holanda, Índia, Indonésia, Japão, ex-URSS e Vietnam.

Faz parte do 1º fascículo das monografias selecionadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2000).

Faz parte da lista de drogas vegetais aprovadas para uso humano pela Comissão “E” de Monografias da Alemanha (Blumenthal, M., 2000).

Na indústria têxtil oriental é empregada para tingir seda, lã e algodão, inclusive a vestimenta dos monges budistas.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BLUMENTHAL, M. et al. German Federal Institute for Drugs and Medical Devices. Commission “E” – The complete German Commission E monographs: therapeutic guide to herbal medicine. Austin, Texas: Ed. American Botanical Council, 2000.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

http://www.botanical-online.com/curcuma_longa_propiedades_medicinales.htm – acesso em: 12 de setembro de 2012.

http://www.tropicos.org/Name/34500029?tab=synonyms – acesso em: 12 de setembro de 2012

Tags: Anti-agregante plaquetárioAnti-inflamatórioAnti-oxidanteAntimicrobianoHepatoprotetoraHipoglicemianteHipolipemianteImunoestimulante

ABUTUA

27/10/2019 22:03

Cissampelos pareira L.

Menispermaceae


Sinonímias Cissampelos acuminata Benth ., Cissampelos acuminata DC ., Cissampelos argentea Kunth , Cissampelos auriculata Miers , Cissampelos australis A. St.-Hil. Cissapelos caapeba L.

Nomes populares:  Abutua, barbasco, bútua, abuta, cipó-de-cobra, ciparoba, capeba, catojé, parreira-capeba, etc.

Origem ou Habitat: Nativa do Brasil.

Características botânicas: Segundo Lorenzi e Matos (2021), é uma planta dioica, trepadeira, de base lenhosa, com ramos de vários metros de comprimento que chegam ao topo de grandes árvores, é nativa do Brasil. As folhas são simples, arredondadas, peltadas, glabras na face superior e revestidas por uma pubescência sedosa na face inferior. Apresenta flores pequenas e amareladas. Os frutos são drupas globosas, vermelhas, de superfície hispida.

Partes usadas: Folhas, cascas e raízes.

Uso popular: A planta tem sido amplamente utilizada na medicina tradicional para o tratamento de inúmeras doenças como úlcera, ferida, reumatismo, febre, asma, diarreia, inflamação, picada de cobra, malária, raiva, e também no Ayurveda e na medicina tradicional chinesa por suas propriedades purificadoras do sangue e anti-inflamatórias (KUMARI et al., 2021).

Kumari (2021) cita que na América do Sul a planta é comumente chamada de “erva de parteiras” ou “parreira” e que as raízes são usadas para cólicas menstruais e sangramento excessivo. Também é usado para prevenir a ameaça de aborto e parar a hemorragia uterina após o parto (FLORIANI, 1936; SUDHAKARAN, 2012 aput KUMARI et al., 2021).

Na Índia, a raiz é usada para tratar dor abdominal, inflamação, indigestão, disenteria, ferida, fístula, prurido, hemorróidas, picada de cobra, dor no peito, erupções cutâneas e distúrbios da secreção do leite materno (MUKERJI et al., 1959; AMRESH et al., 2004; CHAKRABORTY, 2006; KHARE, 2007; SUDHAKARAN, 2012 aput KUMARI, 2021).

Ocasionalmente preparados a partir das folhas também são usados no tratamento da febre da malária (DWIVEDI et al., 2019) e da dor do parto (BORA et al., 2016).

Composição química: Um estudo detalhado da literatura revelou que alcalóides (principalmente isoquinolina) são os principais constituintes de Cissampelos pareira L.
Das raízes foram relatados 35 alcalóides de diferentes subclasses da parte da raiz desta planta. Os alcalóides isolados da raiz são bis benzilisoquinolinas: pelosina, hayatina, hayatinina, haiatidina, d-isocondrodendrina, cissampareína, tetrandrina, cicloa nove, insularina, sepeerina, (+)-obaberina, (+)-obamegina, (+)-homoaromolina, (−)-nor-N’-condrocurina. Benzilisoquinolinas: 1-(4-formiloxi)-3-metoxibenzil)-6,7-dimetoxi-2,2-dimetil-1,2,3, 4-tetra-hidroisoquinolin-2-io, magnocurarina, (-)-oblongina, (+)-coclaurina, pareirarina. Aporfinas: dicentrina, dehidrodicentrina, magnoflorina. Tropoloisoquinolinas: pareirubrina A, pareirubrina B, isoimerubrina, grandirubrina e Pareitropone protoberberinas: cissamina e berberina. Azafluorantenos: norimeluteína e norruffscina e diversos: reserpina, cis-sampeline, transN-feruloiltiramina e salutaridina (KUMARI et al., 2021).

Cinco alcalóides, incluindo uma benzilisoquinolina, identificados como laudanosina e quatro aporfinas, nomeadamente nuciferina, corytuberina, bulbocarpina e nor-N-magnoflorina  foram isolados do caule e folhas da espécie (KUMARI et al., 2021).

Outros constituintes que não alcalóides relatados das raízes de C. pareira são ácido oleanólico, ácido oleico, ácido araquídico, oleato de etila, 1-docoseno, tetracosano, quercetina, d-quercitol e timol (KUMARI et al., 2021).

O levantamento da literatura revelou que os flavonóides são os principais constituintes das partes aéreas. Os constituintes isolados das partes aéreas são mentoflavona, kaempferol-3-O-β-D-glucopiranosídeo, kaempferol-3-O-β-D-glucuronopiranosídeo, cissampeloflavona e pectina formados por unidades de ácido α-D-galacturônico (KUMARI et al., 2021).

Ações farmacológicas: Extratos e compostos de Cissampelos pareira L. têm sido investigados por várias atividades farmacológicas in vitro e in vivo, dentre as investigadas, destacam-se anti-inflamatória, analgésica, antipirética, antiartrítica e antidiarreica. As atividades antimaláricas, antidiabéticas e antiveneno parecem contar com suporte científico para as alegações tradicionais desta planta (KUMARI et al., 2021).

Segundo Lorenzi e Matos (2002), a planta possui atividade analgésica, anti-inflamatória, febrífuga e broncodilatadora. Estudos in vitro concluíram que Cissampelos pareira pode ser fonte de potente atividade antiviral contra todos os quatro sorotipos do vírus da dengue (SOOD et al., 2015). Outro estudo in vitro apontou atividade citotóxica das moléculas ácido oleanólico e o ácido oleico com potencial atividade anti-câncer (BALA et al, 2015).

Observações: Outras espécies deste gênero são: Cissampelos sympodialis Eichler, mais comum no Nordeste; Cissampelos glaberrima A. St.-Hil., comum nas regiões Sul e Sudeste; e Cissampelos ovalifolia DC., comum no Cerrado, que parecem possuir propriedades semelhantes (LORENZI, MATOS 2002).

Espécies do gênero Cissampelos tem uma rica história de uso tradicional em função de propriedades terapêuticas e tóxicas, sendo por exemplo utilizadas tradicionalmente para uma variada gama de condições e doenças, incluindo picada de cobra, icterícia, pressão arterial e problemas relacionados à pele. Por outro lado, há relatos de que eram tradicionalmente incluídos nas preparações do curare como veneno de flecha durante a caça para causar a morte de animais por asfixia. (SEMWAL et al, 2014).

Referências:

BALA, Manju; Pratap, Kunal; Verma, Praveen Kumar; Padwad, Yogendra; Singh, Bikram “Agentes citotóxicos para células KB e SiHa da fração n-hexano de Cissampelos pareira e sua composição química”. De Pesquisa de Produto Natural (2015), 29(7), 686-691. (SCIFINDER) Acesso 03 de março de 2016. 

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2021.

REZA, H. M.; Shohel, M.; Aziz, Sadia B.; Pinaz, Farzana I.; Uddin, M. F.; Al-Amin, M.; Khan, I. N.; Jain, Preeti – “Phytochemical and pharmacological investigation of ethanol extract of Cissampelos pareira.” From Indian Journal of Pharmaceutical Sciences (2014), 76(5), 455-458. (SCIFINDER) Acesso 03 março de 2016.

SAYANA, Suresh Babu. Evaluation of Diuretic Activity of Alcoholic Extract of Roots of Pharmacology Section Cissampelos Pareira in Albino Rats. Journal Of Clinical And Diagnostic Research, [s.l.], p.1-4, 2014.

SEMWAL, Deepak Kumar; Semwal, Ruchi Badoni; Vermaak, Ilze; Viljoen, Alvaro – “From arrow poison to herbal medicine – The ethnobotanical, phytochemical and pharmacological significance of Cissampelos (Menispermaceae)”. – From Journal of Ethnopharmacology (2014), 155(2), 1011-1028. (SCIFINDER) Acesso 03 março de 2016.

SOOD R, Raut R, Tyagi P, Pareek PK, Barman TK, Singhal S, Shirumalla RK, Kanoje V, Subbarayan R, Rajerethinam R, Sharma N, Kanaujia A, Shukla G, Gupta YK, Katiyar CK, Bhatnagar PK, Upadhyay DJ, Swaminathan S, Khanna N. – “Cissampelos pareira Linn: Natural Source of Potent Antiviral Activity against All Four Dengue Virus Serotypes.” PLoS Negl Trop Dis. 2015 Dec 28;9(12):e0004255. doi: 10.1371/journal.pntd.0004255. eCollection 2015 -(PUBMED) Acesso 03 março de 2016.

Kumari, S. et al. Cissampelos pareira L.: A review of its traditional uses, phytochemistry, and pharmacology Journal of ethnopharmacology, 274, 6 2021

KUMAR, Choudhury Pradeep; SACHIN, Jadhav. Extração e Isolamento de Compostos Bioativos da Casca de Ficus racemosa e Raiz de Cissampelos Pareira por Técnicas Cromatográficas. Revista Internacional de Ciências Farmacêuticas Revisão e Pesquisa, [sl], v. 20, n. 2, p.101-106, jun. 2013.

PORTO, Niara Moura et al. Caracterização microscópica e espectrofotométrica UV/Vis de Cissampelos pareira do Brasil e da África. Revista Brasileira de Farmacognosia, [sl], v. 26, n. 2, p.135-146, mar. 2016.

RAMIREZ, Irama et al. Cissampeloflavona, um dímero chalcona-flavona de Cissampelos pareira. Fitoquímica, [sl], v. 64, n. 2, p.645-647, conjunto. 2003.

MANU, Arora et al. UMA REVISÃO INTERNA DE CISSAMPELOS PAREIRA LINN: UMA PLANTA MEDICINA EM POTENCIAL DA ÍNDIA. International Research Journal Of Pharmacy, Nova Delhi, v. 12, n. 3, p.38-41, 2012.

MORITA, Hiroshi et al. Estruturas e Formas Tautoméricas de Estado Sólido de Dois Novos Alcalóides Tropoloisoquinolínicos Antileucêmicos, Pareirrubrinas A e B, de Cissampelos pareira. Boletim Químico e Farmacêutico, [sl], v. 41, n. 8, p.1418-1422, 1993.

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. 16 de maio de 2022 <https://tropicos.org/name/20600001>

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. 09 de maio de 2022<http://www.tropicos.org/Image/100224523> Fotógrafo: Patrice Antilahimena, MBG-Madagascar CC-BY-NC-ND

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. 09 de maio de 2022<http://www.tropicos.org/Image/100390506> Fotógrafo: MBG CC-BY-NC-SA

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. 16 de maio de 2022<http://www.tropicos.org/Image/100172078> Fotógrafo: GA Parada CC-BY-NC-SA

Tropics.org. Jardim Botânico do Missouri. 16 de maio de 2022<http://www.tropics.org/Image/100519740> Fotógrafo: Fidy Ratovoson, MBG-Madagascar CC-BY-NC-ND

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri. 16 de maio de 2022<http://www.tropicos.org/Image/100560205> Fotógrafo: Fortunat Rakotoarivony CC-BY-NC-ND

Tags: AnalgésicoAnti-inflamatórioAntidiarreicoBroncodilatadoraFebrífugaHemorróidaMaláriaMenorreia

ABACAXI

27/10/2019 21:47

Ananas comosus (L.) Merril

Bromeliaceae


Sinonímias: Bromelia comosa L., Bromelia ananas L., etc.

Nomes populares: abacaxi, ananás, pineapple (inglês), piña (espanhol), etc.

Origem ou Habitat: Nativo do Brasil, principalmente no cerrado do Brasil (LORENZ et al., 2002). Foi utilizado por povos originários na bacia dos rios Paraná-Paraguai. (BERTONI, 1919 apud CRESTANI et al., 2010).

Características botânicas: Planta herbácea perene, quase acaule, com folhas em forma de espadas canaliculadas e margens grosseiramente espinhentas e serreadas, dispostas em roseta na base da planta, medindo de 60 a 90 cm de altura. Flores numerosas, de cor lilás, com brácteas vermelhas, dispostas num racemo denso na extremidade de uma longa haste floral. Sementes ausentes ou muito raras (LORENZ et al., 2002).

O fruto do abacaxi é caracterizado por um aglomerado de uma ou duas centenas de pequenos frutos (gomos) em torno de um mesmo eixo central, em que cada “olho” ou “escama” da casca do abacaxi é um fruto verdadeiro que cresceu a partir de uma flor, e estes se fundem em um grande corpo, chamado infrutescência, no topo do qual se forma a coroa (SILVA et al., 2001 apud CRESTANI et al., 2010).

Partes usadas: Polpa e casca dos frutos (infrutescência).

Uso popular: O abacaxi é uma fruta (infrutescência) muito apreciada, sendo consumido in natura, enlatado, congelado, em calda, cristalizado, em forma de passa e picles e utilizado na confecção de doces, sorvetes, cremes, balas e bolos. É também consumido na forma de suco, refresco, xarope, licor, vinho, vinagre e aguardente e serve de matéria-prima para a extração de álcool e ração animal, pela utilização dos resíduos da industrialização (CRESTANI et al., 2010). A polpa e as cascas do fruto são comumente utilizadas em xaropes para tosse.

A população também utiliza a planta como carminativo, estomáquico, anti-inflamatório, diurético e para problemas gerais das vias respiratórias. O fruto é utilizado topicamente com farinha de trigo em emplastro para lesões de psoríase, eczema e contusões (LORENZ et al., 2002).

Composição química: O fruto é abundante em açúcar, se amadurecido na planta, é muito rico em sais minerais e vitaminas A, B1, B2 e C, em que cada 100 g de polpa fresca de abacaxi contém aproximadamente 50 quilocalorias, 89% de água, 0,3% de proteína, 0,5% de lipídios, 5,8% de glicídios, 3,2% de celulose e 0,3% de sais, apresentando quantidade considerável de potássio, ferro, cálcio, manganês e magnésio (GOMES, 1976; SOARES et al., 2004 apud CRESTANI et al.,2010). 

Entre os constituintes do aroma do abacaxi, encontram-se a furanona (4-hidroxi-2,5-dimetil-3[2H]-furanona (HDF) ou furaneol), ésteres como 2-metilbutanoatos de metila e etila, 2-metilpropanoato de etila, hexanoato de metila, 3-(metiltio)propanoatos de metila e etila, como também vários hidroxi e acetoxi ésteres, γ-lactonas e o 1-(E,Z)-3,5-undecatrieno (MENETTI et al. 2009). Os cicloartanos ácido ananásico, ananasasídeos A e B também já foram isolados da espécie (SUTHERLAND et al., 1959 apud MANETTI et al. 2009.)

Além, destes, no tecido do caule do abacaxi foi demonstrado a presença de ácidos cinâmicos, di-p-cumarato de quinila e outros ésteres do ácido quínico (MA et al., 2007 apud MANETTI et al. 2009.)

Outro estudo identificou 6 lignanas dietéticas nos frutos de Ananas comosus pinoresinol, medioresinol, siringaresinol, lariciresinol, secoisolariciresinol e matairesinol (PARADA et al., 1995 apud MENETTI et al., 2009).Efeitos adversos e/ou tóxicos: Os frutos verdes são abortivos.

Ações farmacológicas: Ensaios clínicos têm sido publicados para apoiar as alegações terapêuticas para a bromelina (CHAKRABORTY el al., 2021), substância presente no extrato aquoso bruto do abacaxi. A bromelina, obtida também do resíduo da industrialização do abacaxi, é um grupo de enzimas do complexo proteolítico que protege o fruto da depredação por larvas de insetos, apresentando grande valor comercial devido à sua aplicabilidade, tal como exposto por Manetti et al. (2009), na indústria farmacêutica (possível atividade anti-helmíntica, anti-inflamatória e anticancerígena) e na indústria alimentícia (amaciante de carnes vermelhas, produção de cerveja, pães, leite de soja e ovos desidratados).

Além disso, a substância é considerada diurética e depurativa, sendo utilizada no tratamento de hematomas, contusões e também como expectorante de mucosidades no sistema respiratório (MANETTI et al., 2009).

Um estudo in vivo, em animal, mostrou que a bromelina pode funcionar como imunomodulador, sendo antimetastático, antiedematoso, antitrombótico e anti-inflamatório (BAEZ et al., 2007).

Além disso, em relação a atividade de bromelina como anti-helmíntica contra nematóides gastrointestinais, um estudo documentou a atividade para Trichuris murisTrichoderma viride e Heligmosomoides polygyrus (STEPEK, G., et al. 2006).

Interações medicamentosas: O Observatório de Interações Planta-medicamento (OIPM), cita em sua base de dados de interações, que o abacaxi (Ananas comosus) poderia interagir com o medicamento antiviral Indinavir, diminuindo a concentração plasmática, de forma que pode comprometer o efeito terapêutico do antiviral (HU et al. 2005 apud OIPM, 2022).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Devido às suas propriedades ácidas, pessoas com sensibilidade ao fruto podem sofrer de aftas na mucosa oral pela ingestão.

Contra-indicações: Não consumir o abacaxi verde em pessoas sensíveis.

Posologia e modo de uso popular: Tanto o consumo in natura da polpa do abacaxi maduro, como o preparo de suco ou chá são benéficos para a saúde. É importante optar por uma fruta em que não tenha sido aplicado agrotóxicos para o consumo da casca, principalmente.

Xarope: em banho-maria ou no forno desidratar a fruta e adicionar açúcar mascavo e/ou 1 colher de sopa de mel e 10 gotas de própolis. Fazer o consumo de 2 ou 3 colheres por dia do preparado (LORENZ et al., 2002). Evitar essa forma de uso em pessoas com sobrepeso ou diabéticas. 

Emplastro: O fruto picado acrescido de farinha de trigo ou arroz, na proporção de 2 colheres de sopa para 1 colher respectivamente, é aplicado diretamente sobre contusões e psoríase deixando-a durante 15 minutos (LORENZ et al., 2002).

Observações: O abacaxi, Ananas comosus (L.) Merril, símbolo de regiões tropicais e subtropicais, tem grande aceitação em todo o mundo, tanto na forma natural, quanto industrializado, agradando aos olhos, ao paladar e ao olfato. A fruta também está fortemente associada à história dos aborígenes americanos, tanto como fonte de alimento quanto como elemento simbólico de rituais (BENNETT, 2000 apud MENETTI et al., 2009).

No Brasil, que ocupa a terceira colocação no ranking da produção mundial de frutas, o abacaxi contribuiu com 8,4% do volume total da fruticultura brasileira, sendo uma das principais frutas produzidas no país. (DERAL, 2020).

A planta multiplica-se pelos brotos do ápice dos frutos e pelas brotações da base.

Referências:

BAEZ at el.,  In vivo antitumoral activity of stem pineapple (Ananas comosus) bromelain. Planta Med. 2007, 73, 1377–1383.

BENNETTI, B.C. Em Ethnobotany of Bromeliaceae in Bromeliaceae: Profile of an adaptative radiation; Benzing, D. H., ed.; Cambridge University: Cambridge, 2000, cap 14.

CHAKRABORTY, A. J. et al. Bromelain a Potential Bioactive Compound: A Comprehensive Overview from a Pharmacological Perspective Life 2021, Vol. 11, Page 317, 11, 4, 4 2021

CRESTANI, Maraisa et al. Das Américas para o Mundo – origem, domesticação e dispersão do abacaxizeiro – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA FITOTECNIA  Cienc. Rural vol.40 no.6 Santa Maria June 2010 acesso http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782010000600040 

DERAL – Departamento de Economia Rural –  Prognóstico 2020 Fruticultura – Análise da Conjuntura do Governo do Estado do Paraná. <https://www.agricultura.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-01/fruticultura_2020.pdf> Acesso em: 02 maio 2022

HALE. LP et al, Proteinase activity and stability of natural bromelain preparations. Int Immunopharmacol. 2005;5(4):783-793.15710346

Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/geral/ExibeFiguraFSIUC/ExibeFiguraFSIUC.do?idFigura=228362325>. Acesso em: 02 maio 2022

LORENZI, H. et al. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

MAURER, HR. Bromelain: biochemistry, pharmacology and medical use. Cell Mol Life Sci. 2001;58(9):1234-1245.11577981

MA, C et al. Chromatogr., A 2007, 1165, 39

MENETTI, L. M. et al. Metabólitos secundários da família bromeliaceae Revisão Quím. Nova 32 (7), 2009. https://doi.org/10.1590/S0100-40422009000700035

NYBG – Jardim Botânico de Nova Iorque <sweetgum.nybg.org/science/vh/specimen-details/?irn=952746> Coletor H. S. Irwin Acesso em: 03 maio 2022

OIPM – Observatório de Interações Planta-Medicamento <www.oipm.uc.pt/interacoes/index.php?target=list&search=plantas&start_at=10> Acesso em: 03 maio 2022

PARADA et al. Nat. Prod. Lett. 1995, 7, 69.

STEPEK, G., et al.  In vitro and in vivo anthelmintic efficacy of plant cysteine proteinases against the rodent gastrointestinal nematode, Trichuris muris. Parasitology 2006, 132, 681–689.

SUTHERLAND, G. K.; Gortner, W. A.; Australian J. Chem. 1959, 12, 240.

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri, <http://www.tropicos.org/Image/100107356> Fotógrafo: David Stang CC-BY-NC-SA Acesso em: 03 maio 2022

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri.<http://www.tropicos.org/Image/100107357> Fotógrafo: David Stang CC-BY-NC-SA Acesso em: 03 maio 2022

Tropicos.org. Jardim Botânico do Missouri.<http://www.tropicos.org/Image/60117> Fotógrafo: CM Taylor CC-BY-NC-SA Acesso em: 03 maio 2022

VARILLA, C et al, 2021, Bromelain, a Group of Pineapple Proteolytic Complex Enzymes ( Ananas comosus) and Their Possible Therapeutic and Clinical Effects. A Summary

Tags: Anti-inflamatórioDiuréticoTosseVermífuga

ABACATE

27/10/2019 16:36

Persea americana Mill.

Frutos

Lauraceae


Sinonímias: Laurus persea L., Persea americana var. angustifolia Miranda, Persea drymifolia Schltdl. & Cham., Persea leiogyna S.F. Blake., Persea nubigena L.O. Williams, Persea edulis Raf., Persea gratissima C.F. Gaertn.

Nomes populares: abacateiro, abacate, aguacate, palta, agua (espanhol), avocato, avocado, alligator-pear (inglês). 

O nome aguacate, em espanhol, vem do idioma náutatle ou asteca que literalmente que dizer testículo. Os incas do Peru chamavam de palta (BARRIENTOS-PRIEGO, 2000).

Origem ou Habitat: América Tropical (Lorenzi e Matos). Segundo outros autores, Persea é Africana (SCORA, 1996).

Características botânicas: Árvore grande de copa arredondada e densa, medindo de 12 a 20 m de altura; folhas simples, oval a elíptica, verdes escuras; flores andróginas ou hermafroditas reunidas em racemos axilares e terminais, formadas na primavera e muito procuradas por abelhas. Os frutos são drupas piriformes, ovaladas ou globosas dependendo da variedade, com polpa carnosa e comestível de até mais de 1 kg de peso (LORENZI, 2021).

Partes usadas: folhas, flores, frutos, sementes, casca da árvore e do fruto.

Uso popular: A polpa dos frutos, além de nutritiva devido aos teores de proteína, sais minerais e vitaminas, é considerada na medicina tradicional como carminativa, útil contra o ácido úrico, enquanto os chás obtidos das folhas, da casca e das sementes raladas são considerados úteis como diurético, anti-reumático, carminativo, anti-anêmico, anti-diarreico e anti-infeccioso para os rins e bexiga, além de estimulante da vesícula biliar, estomáquico, emenagogo e balsâmico. A casca do fruto moída é recomendada contra as verminoses.

Experiências de uso por profissional da saúde: para caspa, prurido e eczema no couro cabeludo: polpa do abacate associado com babosa (Aloe vera). Também podem ser usadas sementes raladas e com álcool de cerais fazer uso tópico para alergias na pele.

Relato popular ouvido por profissional de saúde em consulta em Unidade Básica de Saúde: uso do caroço do abacate para tratar dores, em álcool de cereais para uso externo e em decoção breve.

Composição química: Planta inteira: Avocadofuranos. Flavonóides: Quercetina, afzelina, quercetin 3-O-d-arabinopiranosideo, catequina, epicatequina (componentes majoritarios das sementes) dentre outros; Cumarinas: Persina, scopoletina (folhas). Alcanóis: 1,2,4-trihidroxiheptadec-16-eno, 1,2,4-trihidroxiheptadec-16-ine e 1,2,4-trihidroxinonadecane (frutas não maduras) e 1,2,4-trihidroxiheptadec-16-eno (folhas secas), (HAKANSSON, 2018).

Ações farmacológicas: Destacam-se suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, antimicrobianas, diuréticas e cosméticas, além de atividades imunomoduladora e anti tumoral, essas em animais de laboratório (ALONSO, 2004).

Na França foi desenvolvida uma formulação com as frações insaponificáveis do abacate (Persea americana) e da soja (Glycine max), para o tratamento da artrose. Foi baseada na riqueza em esteróis destas frações e de uma possível relação sobre o metabolismo do cálcio, similar a ação da vitamina D (MAGLOIRE, 1988 apud ALONSO, 2004).

Em outro estudo onde participaram 264 pacientes que sofrem de osteoartrite (coxartrosis o gonartrosis fémoro-tibial) constatou-se que a administração de uma cápsula de insaponificáveis de abacate-soja de 300 mg diários, produziu melhorias significativas em 70% dos casos. Mesmo assim, 100% do grupo de pacientes medicados com diclofenaco diminuíram a dose, em média, de 114 mg para 40 mg diários (MAHEU, 1992 apud ALONSO, 2004).

Um estudo em voluntários e pacientes hipercolesterolêmicos mostrou que o abacate pode ser uma fonte de ácidos graxos monoinsaturados (ácido oleico) em pessoas saudáveis que em substituição de gorduras saturadas, exerce efeitos benéficos tais como a redução dos níveis de colesterol total, de triglicerídeos e de LDL-colesterol, além disso, no estudo em indivíduos hipercolesterolêmicos houve uma diminuição significativa do colesterol total sérico (17%), colesterol LDL (22%) e triglicerídeos (22%) e aumento dos níveis de colesterol HDL (11%) com a dieta de abacate (LEDESMA, 1996).

Em estudo cruzado, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo foi visto que a polpa dos frutos do abacate melhora a recuperação cardiovascular e autonômica após corrida submáxima, reforçando a informação de que o consumo regular do abacate apresenta efeitos vantajosos no sistema cardiovascular (SOUSA, 2020).

Um estudo sugere, após consulta em literatura (estudos in vitro, animais e humanos), que o gengibre (Zingiber officinale) e o abacate (Persea amaricana) podem ser considerados nutracêuticos úteis no tratamento da obesidade por efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios melhorando a atividade enzimática e modulando deficiências relacionadas à obesidade no sistema anti-inflamatório em diferentes tecidos. (TRAMONTIN, 2020.)

Interações medicamentosas: Os pacientes que recebem tratamento antidepressivo com inibidores da mono-amino-oxidase (I.M.A.O.) podem sofrer crises hipertensivas devido à tiramina. (SAPEIKA, 1976 apud ALONSO, 2004). 
O consumo de 100 a 200 g de abacate diários em pacientes que estão recebendo terapia anticoagulante com warfarina diminui o efeito desta droga. Os pesquisadores desconhecem o mecanismo desta interferência (BLICKSTEIN et al., 1991 apud ALONSO, 2004), mas provavelmente deve-se a vitamina K presente na sua composição química. 

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Os frutos do abacate são, em geral, bem tolerados para o consumo humano. Pode existir sensibilidade cruzada a alérgenos do látex dos frutos, mediada por IgE, a qual interage com a endoquitinase dos frutos. As cápsulas de insaponificáveis de abacate-soja são bem toleradas, no entanto, longe das refeições podem ocasionar regurgitações. Existem evidências que o consumo de folhas de abacate podem ser tóxicas para animais, por exemplo cabras (ALONSO, 2004). 

Contra-indicações: Não é recomendado a decocção das folhas do abacateiro para mulheres grávidas e que amamentam (ALONSO, 2004).

Posologia e modo de uso popular: Infusão: colocar 1 colher (sobremesa) de folhas ou flores picadas para 1 litro de água. Tomar uma xícara 3 vezes ao dia por 2 semanas. (MARTINS, 2000) 
Decocção com a semente: ralar o caroço e medir uma colher de sopa para meio litro de água. Ferver, repousar e filtrar. Tomar duas vezes ao dia, por 2 a 3 semanas.
Uso externo: compressas locais com a infusão ou óleo, friccionar várias vezes ao dia. Cataplasma: tostar e moer o caroço do abacate, misturar o pó no próprio chá e aplicar com gaze nos locais afetados (LIMA, 2000). Fitocosmético: o óleo é empregado na forma de cremes e loções.
Polpa do fruto: é usado sob a forma de alimento, misturado com gel de babosa para afetar o couro cabeludo.
A dose da fração insaponificável de abacate com a fração insaponificável da soja é : abacate I. 100mg e soja I. 200mg – tomar um comprimido ao dia.

Observações: Usos etnomedicinais: Os indígenas Shuar do Equador trituram e maceram as sementes em aguardente para o tratamento de picadas de serpentes; os Tikunas da Colômbia empregam a decocção das folhas como hepatoprotetor; os Sionas-Secoya e os Quechua atribuem-lhe propriedades contraceptivas; no México é frequente o uso da casca seca e moída do fruto como antidisentérico e a infusão das folhas é aplicada para lavar feridas infectadas na pele; em República dos Camarões (África), a decocção das folhas e córtex é usada para hipertensão arterial e a infusão das folhas é empregado como abortivo (ALONSO, 2004).

 

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