CAPIM-LIMÃO
Cymbopogon citratus (DC.) Stapf.
Poaceae (Gramineae)
Sinonímias: Andropogon ceriferus Hack., Andropogon citratus DC.
Há uma espécie diferente o Cymbopogon flexuosus que tem porte maior, no Brasil essa espécie floresce mas tem composição química diferente do Cymbopogon flexuosus.
Nomes populares: Capim-limão, capim-cidró, capim-cidreira, capim-cidrilho, capim-santo, capim-cheiroso, capim-marinho, erva-cidreira, cana-cidreira, chá-de-estrada, fever grass (English, United States), lemongrass (English, United States), sontol (Spanish), té de limón (Spanish), zacate de limón (Spanish), xiang mao (China), belgata e chá-do-gabão (Portugal), surwai (Índia), citronelle (França).
Origem ou Habitat: Nativo da Índia e Sul da Ásia. Cresce em climas tropicais úmidos, ensolarados, até 1200 m do nível do mar. Atualmente é cultivado na Ásia, América Central e Sul da América.
Características botânicas: Erva perene, com caule tipo colmo, formando touceiras compactas e grandes, cerca de 1 – 2 m de altura. Folhas com 60 – 100 cm de comprimento e, 1,5 – 2 cm de largura, invaginantes, alternas, paralelinérveas, lineares, longo-atenuadas no ápice e com cobertura cerosa, ásperas em ambas as faces, cortantes. Inflorescência formada por espiguetas reunidas em racemos espiciformes, de 30 – 60 cm no ápice dos colmos. Fruto cariopse.
Partes usadas: Folhas e rizomas.
Uso popular: As folhas são utilizadas na forma de decocto ou infuso como calmante, febrífugo, antiespasmódico, diurético, depurativo do sangue, tratamento de hemorróidas, pressão alta, problemas nervosos, distúrbios de fígado, má digestão, enjôos e diarréia.
Na Argentina as folhas são usadas (decocção ou tintura) em casos de gripe, febre, tosse, espasmos digestivos, diarréia, meteorismo, quadros respiratórios, nervos, insônia, pé-de-atleta, hipertensão arterial, dor de garganta, laxante e como antiemético.
Em Honduras, além dos usos tradicionais, usam como antimalárico, antiasmático e para lavar os olhos.
Em Tobago é indicada a decocção das raízes contra gripe e febre.
Em Malásia elaboram uma pasta feita com as folhas trituradas para aplicar sobre a fronte em casos de dor de cabeça. Topicamente, a decocção das folhas é usada em dores reumáticas, lombalgias, eczemas, neuragias, etc.
A medicina ayurvédica recomenda a decocção das folhas como laxante, antiparasitário, em bronquites, como anticonvulsivante, contra a lepra e como afrodisíaco.
Composição química: A planta contém um óleo rico em inúmeros alcoóis, ácidos voláteis, aldeídos, cetonas, ésteres, terpenos. O citral, compostos pelos isômeros neral e geranial, é responsável pelo odor de limão e é o composto majoritário, juntamente com geraniol e mirceno. Comercialmente, distinguem-se dois tipos de óleo essencial de Cymbopogon citratus, o East Indian e o West Indian, que diferem por possuírem concentrações diferentes de mirceno. Entre os constituintes fixos da parte aérea, encontram-se substâncias alcaloídicas, hexacosanol, triacontanol, sitosteral, flavonóides, além de dois triterpenóides isolados da cera que recobre as folhas, uma cetona (cimbopogona) e um álcool (cimbopogonol).
Quanto ao teor de Citral, principal componente do óleo essencial, foi verificado por Cicogna Junior et al. (1986-1987) apud Martins et al. (2004), que a maior quantidade encontrada de Citral a e b em espécies brasileiras foi de 43,6%, muito abaixo dos valores registrados na literatura especializada (75 – 85%). Por outro lado, foi descrito por Ekundayo (1984) apud Martins et al. (2004), a ocorrência de 57% de Citral no óleo essencial de Cymbopogon citratus nigeriano, porém, esta porcentagem está abaixo do esperado para as espécies africanas (70%). Ele explica que essa variação na quantidade de Citral é devida a fatores genéticos e não ambientais, já que a porcentagem de Citral em C. citratus nigeriano é a mesma durante as diferentes estações do ano.
O Citral é utilizado como matéria-prima de importantes compostos químicos denominados iononas, utilizados na perfumaria e na síntese da Vitamina A.
INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS:
👥(HU): Estudo randomizado mostrou
potencial atividade para a infusão preparada com as folhas do C. citratus no tratamento de candidíase oral em pacientes com HIV.
Estudos clínicos de fase I e II mostram potencial ação antifúngica na pitiríase versicolor em formulações contendo o óleo essencial da planta (menor que o controle cetoconazol). Seu
benefício no tratamento da ansiedade ainda não está esclarecido. 🐁(AN): Na literatura é reportada a propriedade gastroprotetora para a infusão das folhas em ratos. 🦠🧫 (IV): Estudo com os rizomas mostrou potencial antimicrobiano para micobactérias causadoras da tuberculose.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Trata-se de uma espécie bem tolerada em qualquer forma galênica e nas doses recomendadas.
Doses maiores, por exemplo, 500 – 1000 ml da decocção em dose única, pode ocasionar depressão geral e sedação.
A infusão das folhas, administrada por via oral a ratas, durante dois meses e em doses 20 vezes superiores à estabelecidas para humanos, não evidenciou toxicidade alguma.
Foram feitas provas de toxicidade aguda e subaguda com a infusão das folhas em 11 voluntários humanos e não foram observadas alterações nos principais parâmetros hematológicos nem nos ECG e EEG. Resultados semelhantes observou-se com a decocção das folhas, por via oral, durante dois meses (Alonso, 2004).
O decocto ou o infuso devem ser filtrados para evitar ingerir os microfilamentos, que a longo prazo podem provocar quadros erosivos na mucosa esofágica
Contra-indicações: McGuffin et al. (1997) apud Der Maderosian (2001) que diz ser contra-indicado na gravidez por ser abortivo.
Contra-indicado em úlcera péptica; pode provocar gastrite e azia em pessoas sensíveis (Botsaris, 2002).
Posologia e modo de uso: Uso interno e/ou externo: infusão ou decocção: 20g de folhas trituradas em 1 litro de água, filtrar e tomar 3 a 4 xícaras ao dia.
Observações: No Brasil, esta espécie ( Cymbopogon citratus (DC.) Stapf) não floresce; porém, existe outra espécie – Cymbopogon flexuosus (Nees ex Steud.)Will.Watson – que tem porte maior, composição química e usos semelhantes e floresce no Brasil (fotos abaixo). As folhas de Cymbopogon citratus (DC.) Stapf são reconhecidas pelas Farmacopéias da França e Vietnam entre outras, pelo Códex Farmacêutico da Índia, pelo Diretório de Drogas do Japão e pelos Ministérios da Saúde de Bolívia, Colômbia, Cuba e Venezuela (Alonso, 2004)
Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.
BELÉM L. F. Atividade antifúngica de óleos essenciais obtidos de plantas medicinais contra Malassezia furfur. In: XVI- SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 2000, Refice, PE.
BOTSARIS, A. S. As fórmulas mágicas das plantas. 3. ed., Rio de Janeiro: Nova Era, 2002. p. 300.
DI STASI, L. C. Plantas medicinais na Amazônia. São Paulo: UNESP, 1989.
MARTINS, M. B. G. et al. Caracterização anatômica da folha de Cymbopogon citratus (DC.)Stapf (Poaceae) e perfil químico do óleo essencial. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. v.6, n.3, p.20-29, Botucatu, 2004.
ROBINEAU, L. (Ed.) Towards a Caribbean Pharmacopeia TRAMIL 4: Scientific research and popular use of Medicinal plants in the Caribbean. Honduras: [s. i.] 1989.
SIMÕES, C. M. O. Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1986.
SOUSA, M. P. Constituintes químicos ativos de plantas medicinais brasileiras. Fortaleza: EUFC, 1991.
WENIGER, Β.; ROBINEAU, L. Seminário TRAMIL 3: Elements pour une Pharmacopée Caribe. Santo Domingo: Editora Compio, 1988.
http://www.ibb.unesp.br/servicos/publicacoes/rbpm/pdf_v6_n3_2004/artigo_5_v6_n3.pdf – Acesso em: 29 de novembro de 2011
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/academica/article/view/556/464 – Acesso em: 29 de novembro de 2011.
http://www.tropicos.org/Name/25511805 – Acesso em: 25 de novembro de 2011.