CARAPIÁ ou CONTRA-ERVA

07/01/2020 22:00

Dorstenia brasiliensis  Lam.
Moraceae  


Sinonímias: Dorstenia brasiliensis var. guaranitica Chodat & Vischer, Dorstenia brasiliensis var. major Chodat & Hassl., Dorstenia brasiliensis var. palustris Hassl., Dorstenia brasiliensis var. tomentosa (Fisch. & C.A. Mey.) Hassl., Dorstenia brasiliensis var. tubicina (Ruiz & Pav.) Chodat & Vischer, Dorstenia montevidensis Miq., entre outras.  

Nomes populares:  Contra-erva, carapiá, carapá, cayapiá, conta-de-serpente, eiga-eiga, figueirilha. 

Origem ou Habitat: Nativa do Brasil. Segundo ALONSO (2004), é encontrada desde o México até Argentina, sendo muito comum em Montevidéo (Uruguay), Sul do Brasil, Paraguay, Noroeste e Nordeste da Argentina. 

Características botânicas:  Segundo ALONSO (2004): Erva perene, rosetada, medindo de 60-70 cm de altura, talo pequeno, raiz tuberosa simples ou ramificada, nodosa, medindo até 10 cm de extensão. Folhas inteiras ovado-cordadas com margens dentadas, medindo 8 cm de comprimento e 6 cm de largura, com a face superior áspera e a inferior pilosa, dispostas em espiral, formando uma roseta basal. Flores monóicas, diminutas, agrupadas sobre um receptáculo comum pedunculado plano, carnoso, medindo mais de 2 cm de espessura, comumente orbicular ou elíptico. 

Partes usadas:Rizomas (principalmente), e folhas. 

Uso popular:  No Brasil é usada para tratamento de febres, dismenorréia, atonia do aparelho digestivo, gastrite, disenteria, reumatismo, dermatite, como expectorante, tônico-estimulante, contra picadas de serpentes (emplastro com raiz fresca) e em diarreias crônicas. Na Argentina as folhas são usadas como febrífugo, diurético, emenagogo e abortivo. No Paraguai é empregada para controle de fertilidade. Na Guatemala como tônico-estimulante, febrífugo, emenagogo, antigripal e antidiarreico. No México contra sarampo, febre e tétano. 

Usada em cigarros de palha para acrescentar um sabor especial ao fumo. 

Composição química:  Triterpenóides (ácidos dorstênicos A e B) e furanocumarinas (bergapteno, bergaptol), cardenolídeo esteroidal (sinogenina), catequina, epicatequina e os ácidos benzóico, málico, cítrico e tartárico. 

Ações farmacológicas: Até o momento não foram realizados ensaios clínicos com esta planta, somente em animais de laboratório e testes in vitro. Algumas ações farmacológicas estudadas foram: atividade analgésica e anti-inflamatória.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Pode ocorrer foto-toxicidade devido as furanocumarinas através do contato com a pele.(Gruenwald J., 1998 apud Alonso, J., 2004). 

Contra-indicações:  Em vista de seu uso como abortivo é contraindicado para mulheres grávidas. 

Posologia e modo de uso: Decocção: 2g do rizoma em 150 ml de água. Tomar 2 a 3 xícaras ao dia.. 

Observações: autor do binômio é Jean Baptiste Antoine Pierre de Monnet de Lamarck (1786).  

Existe outra espécie chamada de Dorstenia contrajerva L. nativa do México “toman el cocimiento de la raíz y hojas, junto con otras plantas, como contraveneno para la mordedura de víbora, de perro rabioso o cualquier intoxicación alimenticia.” Fonte: Biblioteca Digital de la Medicina Tradicional Mexicana.  

As frações solúveis em hexano dos rizomas ou das folhas de cinco espécies do gênero Dorstenia (Moraceae) (D. bahiensis Kl., D. bryoniifolia Mart ex. Miq., D. carautae C.C.Berg., D. cayapiaa Vell. e D. heringerii Car. & Val.) foram analisadas por GC-MS (cromatografia gasosa de alta resolução acoplada a espectrometria de massas). Foram identificados triterpenos pentacíclicos, esteróides e furocumarinas. GC-MS mostrou ser uma ferramenta valiosa para a análise dos terpenóides de Dorstenia spp. 

Estas substâncias podem estar ligadas à utilização tradicional de Dorstenia spp. como plantas anti-ofídicas.(JANETE et all.,1997)..
 

 

Referências:

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. 1. ed. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004. 

JANETE H. Y. Vilegas a , Fernando M. Lanças ª*, Wagner Vilegas b , and Gilberto L. Pozetti b “Further Triterpenes, Steroids and Furocoumarins from Brazilian Medicinal Plants of Dorstenia genus (Moraceae)” – J. Braz. Chem. Soc. vol.8 no.5 São Paulo, 1997. Acesso 28 Março 2016. 

http://www.bihrmann.com/caudiciforms/subs/dor-bra-sub.asp – Acesso 22 MARÇO 2016. 

http://www.medicinatradicionalmexicana.unam.mx/monografia.php?l=3&t=Contrayerba&id=7352 – Acesso 28 Março 2016.  

http://www.flordocamponatural.com.br/chas/carapia.htm – Acesso 29 Março 2016.  http://www.tropicos.org/Name/21301596?tab=synonyms

Tags: AbortivoDermatiteDiarreiasDisenteriaDismenorreiaDiuréticoEmenagogoExpectoranteFebreGastriteReumatismo

BUCHINHA-DO-NORTE

04/01/2020 23:33

Luffa operculata (L.)Cogn.
Cucurbitaceae 


SinonímiasMomordica operculata L., Momordica purgans Mart., Luffa purgans (Mart.)Mart., Luffa astorii Svenson, Luffa operculata var. intermedia Cogn., Luffa operculata var. lobata Cogn., entre outros.

Nomes popularesBuchinha-do-norte, cabacinha, abobrinha-do-norte, buchinha-paulista, buchinha, bucha, purga-de-paulista, purga-dos-frades-da-companhia (Brasil), esponjilla, esponjuelo, pepino de monte, zapallito de monte (Espanha)

Origem ou HabitatÉ nativo da América do Sul, principalmente do Brasil.

Características botânicasTrepadeira herbácea escandente, com gavinha ramificada, anual, caule muito ramificado, volúvel (caule aéreo fino e longo, com pouca rigidez por isso tende a se enrolar em suportes mais rígidos), delgado, medindo até 10 m de comprimento.Folhas simples e cordiformes, tri a pentalobadas, medindo de 2-8 cm de comprimento por 3-15 cm de largura. Flores amarelo-pálidas com 5 pétalas, medindo 2 cm aproximadamente. Os frutos são ovoides ou fusiformes, de superfície rugosa e conteúdo esponjoso, medindo, aproximadamente, 5 cm de comprimento e pesando em torno de um grama, com três cavidades longitudinais contendo numerosas sementes escuras, achatadas e lisas

Partes usadas: Frutos maduros e secos (bucha fibrosa interna).

Uso popularNas práticas caseiras da medicina tradicional do Nordeste é empregada como descongestionante nasal, para tratar sinusite, como emenagogo e como abortivo.

No Brasil, a infusão do fruto seco de Luffa operculata é utilizada para inalação ou instilação nasal, resultando em liberação profusa de muco que alivia os sintomas nasossinusais, mas há relatos freqüentes de irritação nasal, epistaxe e anosmia.

Na Europa e nos EUA, está em medicamentos homeopáticos.

Hoje existe no mercado nacional um preparado para uso nasal à base de Luffa operculata 1% e soro fisiológico, de venda livre nas farmácias.

Composição químicaA análise fitoquímica de Luffa operculata revela a presença de glicosídeos, saponina, esteroides livres, fenóis, ácidos orgânicos e resina. Na resina são encontrados elaterina A, cucurbitacinas B e D e isocucurbitacina B (MATOS, 1979). Também são encontrados em menor quantidade buchinina, buchina e luffanina (alcaloides), citrulina, metacarboxi-fenilalanina e luperosídeos (CACERES, 1996; SOUSA NETO, 2006).

Ações farmacológicas: Vários trabalhos científicos relatam que a Luffa operculata Cong. possui várias atividades farmacológicas, tais como: citotoxicidade, atividade antiinflamatória, antitumoral, antioxidante e antimicrobiana.

Interações medicamentosas: Não encontrado na literatura pesquisada

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É abortiva, irritante das mucosas, sendo que 1g do extrato é letal para 1 homem de 70 Kg. De acordo com alguns usuários, a administração sob a forma de inalação, além de causar irritações severas, provoca hemorragia nasal. Nos casos de intoxicação, através da ingestão de chás preparados com o fruto, foram relatados náuseas, vômitos, diarreia, cólica e dor de cabeça

Em preparações homeopáticas por via nasal e oral não foram evidenciadas sinais de toxicidade ou intolerância.

Contra-indicaçõesNão administrar durante a gravidez e amamentação, nem em casos de úlceras gástricas.

Posologia e modo de uso: Uma receita popular no Nordeste para tratar rinossinusites: extrato aquoso preparado com 1/4 do fruto seco lavado 9 vezes sucessivas com um pouco de água (500 ml) e deixado o material lavado em maceração na nona água durante a noite; para o tratamento coloca-se algumas gotas nas narinas, após o que ocorre intensa eliminação de secreções, deixando uma sensação de queimadura interna que pode ser seguida de hemorragia nasal, se for usado extrato muito concentrado.

Há recomendação na literatura do uso do extrato aquoso a 0,5-1% por instilação de 2 a 3 gotas no nariz, duas vezes ao dia, para tratar sinusite.

Observações: 

A espuma observada no preparo das infusões pode ser atribuída à presença de saponina na Luffa operculata. Como os detergentes, ela não propriamente emulsifica, mas determina uma alteração da tensão superficial da mucosa provocando polarização, que resulta em efeito cáustico no tecido. Assim, a saponina deve ser o componente verdadeiramente irritante. Em doses terapêuticas, as saponinas são princípio ativo de alguns medicamentos mucolíticos.

O gênero Luffa é composto por oito espécies. Conforme MIYAKE (2004) Luffa cylindrica Roem. diferencia-se da Luffa operculata Cogn. , por se tratar de “esponja vegetal”, cujos frutos são maiores, oblongos e cilíndricos com até 35 cm de comprimento. A Luffa cylindrica Roem. é conhecida pelo nome de bucha-dos-paulistas, fruta-dos-paulistas, bucha-dos-pescadores, esfregão, pepino-bravo. Sendo usada para higiene pessoal e limpeza geral.

Referências: 

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.

MATHEUS Dellaméa Baldissera , Priscila Marquezan Copetti, Pablo Sebastian Britto de Oliveira e Michele Rorato Sagrillo – Eeito genotóxico in vitro do extrato aquoso de Luffa operculata sobre células mononucleares de sangue periférico. Disciplinarum Scientia Série:Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 15, n. 1, p. 1-10, 2014. Acesso 02 Março 2015

MÔNICA Aidar Menon-Miyake; Paulo Hilário Nascimento Saldiva; Geraldo Lorenzi-Filho; Marcelo Alves Ferreira; Ossamu Butugan; Regiani Carvalho de Oliveira – Efeitos da Luffa operculata sobre o epitélio do palato de rã: aspectos histológicos. Rev. Bras. Otorrinolaringol. vol.71 no.2 São Paulo Mar./Apr. 2005 – Acesso 02 Março 2015 –

REBEKA Alves Caribé: Abordagem da atividade biológica do extrato de Luffa operculata Cogn. (CUCURBITACEAE) – Dissertação de mestrado: UFPE, Recife, 2008. – Acesso 02 Março 2015

http://www.brasilescola.com/biologia/caule.htm – Acesso 27 Fev 2015.

http://www.tropicos.org/Name/9200612 – Acesso 25 Fev 2015.

Tags: AbortivoDescongestionanteEmenagogoSinusite

BARDANA-MENOR

30/12/2019 23:50

Arctium minus (Hill) Bernh.

Asteraceae (Compositae) 


SinonímiasArctium pubens Bab., Lappa minor Hill.

Nomes populares: Bardana, bardana-ordinária, pagamasso-menor (Cunha, 2003), carrapicho-grande, pega-pega (Cavalli, et al., 2007).

Origem ou Habitat: Originária da Europa e Ásia (Alonso, 2004), ocorre de maneira acidental no Sul do Brasil e na Argentina e está perfeitamente adaptada a estes climas (Vivot & Cruañes, 2008).

Características botânicas: Possui praticamente as mesmas características da Arctium lappa L., porém com porte menor (Alonso, 2004). Mais comum em Portugal do que a A. lappa.

Partes usadas: Sementes, folhas e raízes.

Uso popular: Os mesmos usos da Arctium lappa L. (Cunha, 2003; Vivot & Cruañes, 2008).

De acordo com Alonso (2004), a raiz é indicada como diurética, laxante, febrífuga e antigotosa, sendo considerada, na Ásia, uma planta com propriedades antiasmática, emenagogo e béquica.

Utilizada popularmente no tratamento de diabetes como hipoglicemiante (Cavalli, et al., 2007).

Na medicina popular turca, as folhas são utilizadas externamente contra dores reumáticas, febre e insolação (Erdemoglu, et al., 2008).

Composição química: Há poucos estudos sobre a composição química da Arctium minus. Entre os flavonoides, foram isolados do extrato etanólico: isoquercetrina, rutina, astragalina, canferol 3-O-rhamnoglucosideo, quercetina 7-0-glucosideo, um isômero da quercetina e quercetina 3-O-arabinosideo. Em outro estudo, foi isolado um derivado de lactona terpênica, a arctiopicrina. As espécies do gênero Arctium são conhecidas por serem fontes ricas de lignanas. A arctina, uma lignana encontrada em sementes da Arctium lappa, também foi isolada da Arctium minus (Erdemoglu, et al., 2008

Ações farmacológicas: Especificamente, a espécie Arctium minus foi estudada por Cavalli, et al., (2007). Foram utilizados os extratos brutos da raiz e das folhas em ratos diabéticos induzidos por aloxano, e notou-se diminuição dos níveis de glicose destes, confirmando a atividade hipoglicemiante. Em estudos com modelos animais, Arctium minus demonstou atividade anti-inflamatória e antioxidante (Erdemoglu, et al., 2008), e atividade antimicrobiana contra M. luteus e S. aureus (Vivot & Cruañes, 2008.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Idem a Arctium lappa.

Posologia e modo de uso: Idem a Arctium lappa.

 

 

Referências: 
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004 p. 204.

CAVALLI, V. L. L. O. et al. Avaliação in vivo do efeito hipoglicemiante de extratos obtidos da raiz e folha de bardana Arctium minus (Hill.) Bernh. Revista Brasileira de Farmacognosia, João Pessoa, v.17, n.1, p. 64-70, jan./mar. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-695X2007000100014&script=sci_abstract&tlng=pt – Acesso em: 21 junho 2011.

CUNHA, A. P., SILVA, A. P., ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 162-163

ERDEMOGLU, N. et al. Estimation of anti-inflammatory, antinociceptive and antioxidant activities on Arctium minus (Hill) Bernh. ssp. minus. Journal of Ethnopharmacology, [S. I.], Jan., 2009, v. 121, n. 2, p. 318-323, . Acesso em: 21 de junho de 2011

VIVOT, E. P., CRUAÑES, M. J. Actividades antimicrobiana y antiviral de extractos vegetales de algunas especies de la flora de Entre Ríos. Ciencia, docencia y tecnologia, Concepción del Uruguay, n.37, nov. 2008. Disponível em: http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1851-17162008000200008 – Acesso em: 21 de junho de 2011.

http://www.xidservices.com – Photo by Richard Old – Acesso em: 21 junho 2011

http://www.tropicos.org/Name/2701732 Acesso em: 21 Junho 2011.

Tags: AntiasmáticaDiuréticoDores reumáticasEmenagogoFebrífugaHipoglicemianteLaxante
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