JABUTICABA

12/02/2020 22:00

Plinia spp.

Myrtaceae 


SinonímiasSão conhecidas em torno de nove espécies de jabuticabeira (Mattos, 1978). Dentre estas espécies, destacam-se a Plinia trunciflora (O.Berg) Kausel (jabuticaba de cabinho) de ocorrência natural na região Sudoeste do Paraná, tem como sinonímia Myrciaria trunciflora O. Berg. Plinia cauliflora (Mart.) Kausel (jabuticaba paulista ou jabuticaba Açu)

e a Plinia jaboticaba (Vell) (jabuticaba sabará) que produzem frutos apropriados tanto para a indústria como para consumo in natura (Mattos, 1983; Donadio, 1983).

A alteração nomenclatural do gênero Myrciaria (Berg, 1857) para o gênero Plinia foi proposta por Sobral (1985).

Nomes populares: Jabuticaba, jabuticaba-de-cabinho, jabuticaba-açu, jabuticaba-sabará, jabuticaba-tuba.

Origem ou Habitat: Nativa do Brasil, desde o Pará até o Rio Grande do Sul.

Características botânicas: Árvore frondosa, de tronco liso e castanho, folhas opostas, lanceoladas, glabras, vermelhas quando novas; flores brancas, dispostas sobre o caule e galhos, exalando leve perfume; fruto baga globosa, violáceo avermelhada ou roxa, com polpa branca aquosa de sabor agridoce e agradável. As sementes são dois caroços arroxeados e chatos.

Partes usadas: Frutos, folhas e entrecasca do caule.

Uso popular: O decocto da entrecasca é indicado contra asma, hemoptise, diarreias e disenterias. E, externamente, em banhos, para erisipela. O decocto das cascas dos frutos é indicado para amigdalites crônicas.

Os frutos são muito apreciados para consumo natural ou são utilizados na produção de diversos produtos como vinhos, sucos, geleias, licores e vinagres.

Seus pigmentos podem ser utilizados como corantes de alimentos.

Composição química: A jabuticaba é composta de pigmentos, taninos, vitaminas, fibras e sais minerais. A polpa contém ferro, fósforo, cálcio, vitamina C e niacina (vitamina do complexo B). A casca escura contém excelentes teores de pectina e altos teores de antocianinas. As folhas contém taninos.

Ações farmacológicas: Antioxidante, adstringente, nutritiva..

Observações: A fruta oxida-se logo depois de apanhada do pé, por isso, consumi-la em seguida. Pode ser guardada em sacos plásticos na geladeira.

Referências: 

DONADIO, L. C. Cuidados com a Jabuticabeira. O Estado de São Paulo, São Paulo, 23 de novembro de 1983. Suplemento Agrícola, p.16.

DRESCHER, L. (coord.). Herbanário da Terra: Plantas e Receitas. Laranja da Terra, ES: ARPA (Associação Regional dos Pequenos Produtores Agroecológicos), 2001.

MATTOS, J. L. R. Frutos indígenas comestíveis do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Agricultura, s.d., 1978. 31 p.

MATTOS, J. L. R. Frutíferas nativas do Brasil. São Paulo: Nobel, 1983. 92p

MIELKE, M. S.; FACHINELLO, J. C.; RASEIRA, A. Fruteiras nativas: Características de 5 mirtáceas com potencial para exploração comercial. HortiSul, Pelotas, v.1, n.2, p.32-36, 1990.

SOBRAL, M. Alterações Nomeclaturais em Plinia (Myrtaceae). Boletim do Museu Botânico de Curitiba, Curitiba, n. 63, p.1-4, 1985.

SOBRAL, M. et al Myrtaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB010852 – Acesso em: 07 de outubro de 2012.

Tags: AmigdaliteAsmaDiarreiasdisenteErisipela

FOLHA-DA-FORTUNA

20/01/2020 22:30

Bryophyllum pinnatum  (Lam.) Oken.

Crassulaceae 


Sinonímias: Bryophyllum calycinum Salisb, Cotyledon pinnata Lam., Bryophyllum pinnatum (Lam.)Kurz., Kalanchoe pinnata (Lam.)Pers., Crassula pinnata L.

Nomes populares:  Folha-gorda, erva-da-costa, sempre-viva, planta-do-amor, coirama, courama, courama-vermelha, folha-da-fortuna, fortuna, folha-grossa, folha-de-pirarucu, diabinho, folha-da-vida, fortuna-milagre-de-são-joaquim, folha-do-ar, saião(BR), leaf of life (Jamaica, Madagascar), cathedral bells, air-plant, curtain-plant, floppers, good-luck-leaf, life-plant, mexican love-plant, miracle-leaf (INGLÊS, EEUU).

Origem ou Habitat: África Tropical (Ilha de Madagascar), e amplamente distribuída em América Tropical, Índia, China e Austrália.

Características botânicas:  Herbácea perene, pouco ramificada que mede de 1 a 1,5 metros de altura e a haste é oca e tubular. As folhas são opostas, pinado-compostas, suculentas, margem crenada, medindo de 10-30 cm de comprimento. Os folíolos são oblongos, ovalados ou elípticos; panículas de 10-40 cm; cálice inchado de 3,0 a 3,5 cm e corola rósea ou arroxeada de até 7 cm. O fruto tem 4 folículos.

Partes usadas: Folhas.

Uso popular:  Na medicina caseira é usado no tratamento local de furúnculos e por via oral, na preparação de xaropes para a tosse.

Usos etno-medicinais: na região do Caribe, onde é conhecida por folha-da-vida, é usada para tratar edemas, abcessos, picadas de insetos e contusões, problemas pulmonares, dor de cabeça, resfriado, tosse, hipertensão, falta de ar, asma e problemas menstruais.

Em um trabalho de pesquisa bibliográfica da 3a. fase do curso de medicina da UFSC, foram apresentadas as seguintes indicações de uso popular: Infecção pulmonar, erisipela, queimaduras, feridas, úlceras de pele, verrugas, azia, gastrite, úlceras, dores de cabeça, disenteria e diarreia, cólicas e distúrbios menstruais;

Equilibrar o diabetes; eliminar ou reduzir cálculos renais; inflamações em geral; febre; hematomas internos e ossos quebrados; epilepsia; dores de dente e de ouvido; infecções oculares e conjuntivite; flatulência e gases; distúrbios linfáticos;

Artrite; linfomas; uretrites; insuficiência renal ou pedra nos rins; prisão de ventre; pé de atleta; tosses intermitentes; tuberculose, gripes e resfriados;

Nervosismo, ansiedade e depressão; nefrites; náuseas e muitas outras indicações.

Composição química:  Compostos fenólicos, flavonóides, ácidos orgânicos, mucilagem, cálcio e cloro, bufadienólidos (briofilinas A,B e C), N-triacontano, patuletina, ácidos graxos.

  • Bufadienolideos: Briofilina A (briotoxina C), briofilina B, briofilina C, briofilol, bersaldegenina-1,3,5-ortoacetato, dentre outros.
  • Flavonóides: Glicosídeos de quercetina e canferol, quercitrina, afzelina, acacetina, rutina, luteolina, dentre outros.
  • Ácidos fenólicos: Ácido gálico, ácido cafeico e ácido ferúlico.
  • Triterpenos: α –amirina, briofolona, briofinol, dentre outros.
  • Lignanas: Briofilusideo
  • Ácidos simples: Ácido málico, ácido oxálico, ácido cítrico, dentre outros.
  • Ácidos graxos: Ácido palmítico, ácido esteárico, ácido araquídico e ácido bekênico.
  • Esteroides: β-sitosterol, briofilol, estigmast-24-enol, dentre outros.

Ações farmacológicas: Foram observadas as atividades anti-inflamatória, cicatrizante, antialérgica, antiúlcera e imunossupressiva.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em vários testes com animais não foi demonstrado toxicidade. A dose letal aplicada aos animais foi muito alta e por via intra-peritonial.

Contra-indicações:  Grávidas e lactantes deverão abster-se de seu uso até melhores esclarecimentos de sua inocuidade.

Posologia e modo de uso: Para tratar edemas, abcessos, picada de insetos e contusões: por aquecimento da folha e aplicar na área afetada.

O sumo extraído da folha pode ser misturado com mel e consumido como remédio para problemas pulmonares e para dor de cabeça.

O suco é usado para tratar resfriado, tosse, hipertensão.

O chá por infusão é usado para falta de ar, asma e problemas menstruais.

Dose: 30-40 g/l (não ultrapassar a 5%).

Observações: Recomenda-se não empregar extratos desta planta por mais de 15 dias consecutivos.

 

Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

Braz, D.C.; Oliveira, L.R.S.; Viana, A.F.S.C.- Atividade antiulcerogênica do extrato aquoso da Bryophyllum pinnatum (Lam.) Kurz – Rev. bras. plantas med. vol.15 no.1 Botucatu, SP, 2013.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 1.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

Kamboj A, Saluja AK Bryophyllum pinnatum (Lam.) Kurz :. perfil fitoquímico e farmacológico: uma revisão. Phcog Rev [periódico online] 2009 [citado em 07 março 2014]; 3:364-74. Disponível em: http://www.phcogrev.com/text.asp?2009/3/6/364/59536

KHOOSHBU, Pasha; ANSARI, Imtiyaz. A pharmacognostical and pharmacological review on bryophyllum pinnatum (panphuti). Asian Journal Of Pharmaceutical And Clinical Research, [s.l.], v. 12, n. 1, p.34-39, 7 jan. 2019.

THORAT, Sheela S et al. A REVIEW ON BRYOPHYLLUM PINNATUM. International Research Journal Of Pharmacy, [s.l.], v. 8, n. 12, p.1-3, 22 jan. 2018.

FURER, Karin et al. Bryophyllum pinnatum and Related Species Used in Anthroposophic Medicine: Constituents, Pharmacological Activities, and Clinical Efficacy. Planta Medica, [s.l.], v. 82, n. 11/12, p.930-941, 24 maio 2016.

http://www.tropicos.org/Name/8902864?tab=synonyms – acesso 06 março 2014.

Tags: AbcessoAnti-inflamatórioAsmaAziaCefaléiaCólicaDiarreiasDisenteriaEdemaErisipelaFeridasGastriteHipertensãoQueimaduraResfriadoTosse

BELDROEGA

31/12/2019 00:06

Portulaca oleraceae  L.

Portulacaceae 


SinonímiasPortulaca oleracea var. sylvestris (L.) DC., Portulaca parvifolia Haw., Portulaca sativa Haw.

Nomes populares: beldroega-pequena, beldroega-verdadeira, beldroega-vermelha, beldroega-da-horta, caaponga, ora-pro-nobis, bredo-de-porco, onze-horas, ma chi xian shu (China), etc.

Origem ou Habitat: Portulacaceae são cosmopolitas, com 25-30 gêneros e 450-500 espécies. A maioria dos gêneros e espécies ocorrem no oeste da América do Norte, América do Sul e África, com alguns representantes na Europa e Ásia. Na América tropical e nas regiões limítrofes, existem cerca de 11 gêneros e 170 espécies provavelmente.

Características botânicas: Herbácea prostrada, anual, suculenta, ramificada, glabra, ramos rosados de 20-40cm de comprimento. Flores solitárias, axilares, amarelas, que abrem-se apenas de manhã.

Partes usadas: Planta toda, folhas, caules e sementes.

Uso popular: beldroega é considerada uma planta refrescante.

É empregada internamente contra disenteria (principalmente infantil), enterite aguda, mastite e hemorróidas.

Afecções do fígado, dos rins e da bexiga, cálculos biliares, escorbuto (Planta toda).

Azia, erisipela, inflamação dos olhos, afecções das vias urinárias (folhas e caules).

Externamente é usada em queimaduras, úlceras, feridas e nevralgias. O suco é efetivo, no tratamento de doenças de pele.

Distúrbios menstruais, afecções das vias urinárias, verminose (sementes).

É uma planta comestível, podendo ser consumidos talos e folhas quando tenros e verdes, crus ou refogados.

As raízes são amargas e duras.

Indígenas das Guianas usam-na contra diabetes, para problemas digestivos e como emoliente e, externamente, como ungüento para problemas musculares.

No Vietnan é usada a associação do suco de beldroega (P. oleracea) juntamente com Centella asiatica para tratamento de resfriados, gripe, cefaléia, anorexia e constipação. (Alonso, 2004).

Composição química: Ácidos fenólicos (ácido clorogênico, ácido caféico); Flavonóides (rutina, miricetina, canferol, apigenina, quercetina, luteolina e hesperidina); Noradrenalina e Dopamina; Ácido ascórbico; b-caroteno; Ácido graxo a-linolênico; Alcalóides fenólicos (oleraceins A, B, C, D e E).

Análise alimentícia em g/100g: proteínas (1,60g), lipídeos (0,40g), carboidratos (2,50g), cálcio (140,00g), fósforo (493,00mg), ferro (3,25mg), retinol (250,00mg), vitamina B1 (20,00mg), vitamina B2 (100,00mg), niacina (0,50mg), vitamina C (26,80mg). (Franco, G., 1992).

Ações farmacológicas: Estudos concluiram que o chá tem efeito hipertensivo em ratos (devido a presença de catecolaminas) e atividade relaxante da musculatura esquelética.(Lorenzi, 2008)

Atividade antioxidante, anti-hemorrágica, relaxante muscular, broncodilatadora.

Contra-indicações: Não deve ser usada na gravidez e em pessoas com problemas digestivos e de pressão alta.

Posologia e modo de uso: Decocção: 40g da planta toda para um litro de água. Tomar 3 a 4 xícaras ao dia.

Suco fresco (folhas e caules): tomar uma colher (sopa) 1 a 2 vezes ao dia.

Uso externo: folhas e caules amassados, para aplicação tópica, sob a forma de emplastros e chá por decocção das folhas sob a forma de compressas.

Observações: Os ácidos fenólicos e flavonóides foram em estudos com beldroegas tailandesas; os alcalóides fenólicos, a noradrenalina e dopamina foram em estudos com ervas chinesas e o ácido a-linolênico e b-caroteno foram em estudos com beldroegas australianas.

Os alcalóides fenólicos são uma nova classe de antioxidantes descobertos em P. oleracea.

A hesperidina e ácido caféico foram isolados pela 1ª vez em amostras chinesas em 2007.

 

 

Referências: 
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

CARIBÉ, J.; CAMPOS, J.M. Plantas que ajudam o Homem: Guia prático para a Época Atual. São Paulo: Pensamento,1991.

FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9ªed. São Paulo: Atheneu, 1992.

HABTEMARIAM S. , HARVEY A.L. , WATERMAN, P.G. As propriedades relaxantes musculares de Portulaca oleracea estão associados com altas concentrações de íons potássio. J. Ethnopharmacology, [S.I], v. 40, n. 3, p. 195-200, dez. 1993.

JUAN CHEN; SHI YAN-PING; LIU JING-YAN. Determinação de noradrenalina e dopamina em chinês extratos de ervas de Portulaca oleracea L. por cromatografia líquida. Jornal da cromatografia A., [S.I.], v. 1003, n. 1-2, p. 127-132, 2003.

LAN XIANG; DONGMING XING ; WANG WEI. Alcalóides de Portulaca oleracea L. Phytochemistry A. Amsterdam, vol. 66, n. 21 p. 2595-2601, 2005.

LIM, YY; QUAH, EPL :Propriedades antioxidantes de diferentes cultivares de Portulaca oleracea. Química de Alimentos , [S.I.], v.103, n.3, p.734-740, 2007.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

MALEK F. et al. Broncodilatory effect of Portulaca oleracea in airways of asthmatic patients. J. Ethnopharmacology, [S.I], v. 93, n. 1, p. 57-62, 2004.

SHOBEIRI S.F. et al. Portulaca oleracea L. no Tratamento de Pacientes com Sangramento Uterino Anormal: um ensaio clínico piloto. Phytother, [S.I.], v. 23, n. 10, p. 4-1411, out. 2009.

SIRIAMORNPUN S.; SUTTAJIT M. Microchemical Components and Antioxidant Activity of Different Morphological Parts of Thai Wild Purslane (Portulaca oleracea). Weed Science. [S.I.], v. 58, n. 3, p. 182-188, jul-sep. 2010.

XUEQIN X.; LISHUANG Y.; GUONAN C. Determination of flavonoids in PortulacaoleraceaL. by capillary electrophoresis with electrochemical detection. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis. [S.I.], 3 Mai 2006, v. 41, n. 2, p. 493-499.

ZI-JUAN, Y., YI-NAN, Z., LAN, X. Study on chemical constituents of Portulaca oleracea. Zhong Yao Cai Journal of Chinese, [S.I.], 2007, v. 30, n. 10, p. 1248-1250.

ZHU, H.; WANG, Y.; LIU, Y. Analysis of Flavonoids in Portulaca oleracea L. by UV–Vis Spectrophotometry with Comparative Study on Different Extraction Technologies. Food Analytical Methods,Jun. 2010, v. 3, n. 2, p. 90-97.

http://www.tropicos.org – Acesso em: 26 maio 2011.

http://ci-67.ciagri.usp.br/pm/index.asp – Acesso em: 20 maio 2011.

http://www.kew.org/science/tropamerica/neotropikey/families/Portulacaceae.htm – Acesso em: 14 junho 2011.

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