LOURO

13/02/2020 21:35


Laurus nobilis  L.

Lauraceae


Nomes populares: Louro, loureiro-ordinário, loureiro-dos-poetas, louro-comum, laurel (Ingles).

Origem ou Habitat: Ásia Menor. É amplamente distribuída nas áreas do Mediterrâneo e Europa e cultivada no Sul e Sudeste do Brasil.

Características botânicas: Árvore perene que mede de 2-10 m de altura, porém, nas regiões de origem pode chegar de 14-25 m. É ramificada e aromática. Folhas simples, alternas, pecioladas, coriáceas, brilhantes, ligeiramente onduladas nas bordas, de cor verde-escuro, de 4-8 cm de comprimento. Flores amareladas ou brancas, aromáticas, reunidas em fascículos axilares, em grupo de 3 a 4. Os frutos são bagas globosas de cor preta quando maduros. (Lorenzi & Matos, 2002).

Partes usadas: Folhas e frutos.

Uso popular: As folhas secas são amplamente empregadas na culinária de vários países como condimento (Alonso, 2004; Lorenzi & Matos, 2002; Stuart, 1981). Utilizada na medicina tradicional, como estimulante do apetite e da digestão, é indicada em casos de dispepsias, flatulência, cólicas, astenias e dores reumáticas e também em casos de estados gripais (acompanhados de mal estar e cansaço) (Lorenzi & Matos, 2002; Alonso, 2004). Externamente, é usada como antisséptica para a pele e antiparasitária (contra caspa e piolhos), reduzindo o mau cheiro dos pés e no combate aos fungos (Lorenzi & Matos, 2002; Drescher, 2001). É usada externamente na Turquia a decocção das folhas frescas em casos de hemorróidas e a decocção dos frutos macerados para mialgias (Alonso, 2004). No Irã, utiliza-se o óleo essencial das folhas como anticonvulsivante, enquanto na Amazônia brasileira prepara-se a decocção das folhas como antihipertensivo. Nas zonas de Mata Atlântica, a infusão das folhas é empregada em doenças do fígado, dores de cabeça, como emética e abortiva (Alonso, 2004; Di Stasi & Hiruma-Lima, 2002) Tem outros usos, como o empego na fabricação de cremes, loções, perfumes, sabonetes e detergentes (Alonso, 2004).

Composição química: As folhas possuem óleo essencial (1-3%) ricos em compostos terpênicos como cineol (40-44%), eugenol e metileugenol (17%), sabineno (6,2%), terpineol (5,7%), pineno (4,7%), linalol, lactonas sesquiterpênicas, fenilhidrazina, piperidina, geraniol, flavonoides, taninos e alcaloides isoquinolínicos (pricipalmente reticulina e em menor medida boldina, launobina, isodomesticina, neolitsina e nandigerina) (Alonso, 2004; Sayyah, et al., 2002). Os frutos possuem óleo essencial (2-4%) rico em derivados terpênicos como cineol (30-50%), alfa e beta-pineno (10%), citral, felandreno, limoneno, p-cimeno, eugenol (livre e esterificado), geraniol, sabineno e metilcinamato. Contém ainda lipídeos (25-55%, sendo muito abundante também nas sementes) compostos por glicerídeos dos ácidos láurico, oleico, palmítico e linoleico. Possui alcaloides isoquinolínicos e princípios amargos (lactonas sesquiterpênicas) como costunolídeo, dehidrocostuslactona, eremantina e laurenbiolídeo.

Ações farmacológicas: As folhas e alguns dos seus compostos presentes no óleo essencial demonstraram atividade inseticida contra baratas, enquanto o extrato aquoso das folhas evidenciou efeito inibitório sobre Biomphalaria glabrata, caramujo hospedeiro do Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose (Ré, 1987; Alonso, 2004). O óleo essencial obtido das folhas demonstrou efeitos antiparasitários in vitro, principalmente contra piolhos e ácaros na medicina veterinária (Alonso, 2004). Estudos em ratos com úlceras gástricas induzidas por etanol evidenciaram atividade protetora da mucosa gástrica quando tratados tanto com o extrato aquoso e metanólico quanto o óleo essencial das sementes (Alonso, 2004). Em um estudo sobre absorção alcoólica com cobaias, Yoshikawa (2000) concluiu que sete sesquiterpenos ativos da planta apresentaram atividade inibitória da absorção do álcool pelo organismo, atribuindo potente ação preventiva sobre intoxicação alcoólica aguda. A planta possui atividade anticonvulsivante comprovada em estudos com ratos, prevenindo convulsões tônicas induzidas por eletrochoque e por pentilenetetrazol, atribuída a compostos como metileugenol, eugenol e pineno. Em doses anticonvulsivantes, produziu sedação e comprometimento motor, corroborando seu uso na medicina popular iraniana como antiepilética. Os autores colocam, no entanto, a necessidade de mais estudos antes de conclusões absolutas (Sayyah, et al., 2002).

Efeitos adversos e/ou tóxicos: É uma espécie com potencial alergênico na pele devido a presença de lactonas sesquiterpênicas, monoterpenos monocíclicos (limoneno, felandreno) e bicíclicos (pineno), os quais podem provocar desde dermatite de contato (Adisen & Onder, 2007; Ozden, et al., 2001) até fotossensibilização. Em altas doses ou com uso muito frequente, pode causar gastrite e úlceras na mucosa digestiva, devido às lactonas e taninos. No entanto, é considerada uma planta segura para uso medicinal em humanos nos EUA e Espanha (Alonso, 2004).

Contra-indicações: Contra-indicada na gravidez (abortiva), lactação, em crianças menores de 6 anos, gastrite, úlceras gástrica ou duodenal, colite ulcerativa, doença de Chron, hepatopatias, epilepsia e doença de Parkinson (Alonso, 2004, citando Arteche Garcia A. et al., 1998).

Posologia e modo de uso: Infusão: 1 colher (sobremesa) de folhas picadas para 1 xícara de água fervente. Tomar 1 xícara antes das refeições.
Decocção para uso externo: 5 colheres (sopa) de folhas picadas em 1 litro de água. Ferver por 10 minutos; é indicado banho de imersão por 15 minutos como antisséptico para a pele, como relaxante muscular contra mau cheiro dos pés e no combate a fungos, parasitos e suor.

Observações: Na antiguidade, os gregos consideravam esta planta muito nobre, de tal forma que coroavam seus heróis com suas folhas e ramos. As expressões “laureado” = premiado e “os louros da vitória” são usadas em alusão a esta planta: Laurus nobilis.

Referências: 

Chen, Hongqiang; Xie, Chunfeng; Wang, Hao; Jin, Da-Qing; Li, Shen; Wang, Meicheng; Ren, Quanhui; Xu, Jing; Ohizumi, Yasushi; Guo, Yuanqiang – Sesquiterpenes Inhibiting the Microglial Activation from Laurus nobilis. Journal of Agricultural and Food Chemistry (2014), 62(20), 4784-4788. | – Acesso 14 Jul 2014.

ADISEN, E. e ONDER, M. Allergic contact dermatitis from Laurus nobilis oil induced by massage. Contact Dermatitis. 2007 Jun;56(6):360-1.

ALONSO, Jorge. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos – 1. ed.; Argentina, Rosario. Corpus Libros, 2004. Pp. 665-667.

DI STASI, Luiz Claudio., HIRUMA-LIMA, Clélia Akiko; colaboradores Alba Regina Monteiro Souza-Brito, Alexandre Mariot, Claudenice Moreira dos Santos. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. 2. ed. rev. e ampl. – São Paulo: Editora UNESP, 2002. Pp. 107-108.

DRESCHER, Lírio (coordenador). Herbanário da Terra – Plantas e Receitas. – 1. ed. 2001. Pp. 86.

LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. – 1. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. Pp. 267.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa/SP: Instituto Plantarum, 2008.

OZDEN, MG., OZTAS, P., OZTAS, MO., ONDER, M. Allergic contact dermatitis from Laurus nobilis (laurel) oil. Contact Dermatitis. 2001 Sep;45(3):178.

RE, Liliane and KAWANO, Toshie. Effects of Laurus nobilis (Lauraceae) on Biomphalaria glabrata (Say, 1818). Mem. Inst. Oswaldo Cruz [online]. 1987, vol.82, suppl.4, pp. 315-320. Acessado em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0074-02761987000800060&script=sci_arttext

SAYYAH, M., VALIZADEH, J. And KAMALINEJAD, M. Anticonvulsant activity of the leaf essential oil of Laurus nobilis against pentylenetetrazole- and maximal electroshock-induced seizures. Phytomedicine Volume 9, Issue 3, 2002, Pages 212-216. Acessado em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S094471130470104X

STUART, Malcolm. Enciclopedia de Hierbas y Herboristería. Ediciones Omega, S. A., Barcelona, 1981. Pp. 211.

YOSHIKAWA, M., SHIMODA, H., UEMURA, T., MORIKAWA, T., KAWAHARA, Y., MATSUDA, H. Alcohol absorption inhibitors from bay leaf (Laurus nobilis): structure-requirements of sesquiterpenes for the activity. Bioorganic & Medicinal Chemistry Volume 8, Issue 8, August 2000, Pages 2071-2077. Acessado em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0968089600001279 Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 04 Jul 2011

http://www.tropicos.org/Name/17804359 – Acesso 14 Jul 2014.

Tags: Abortivoanti-hipertisivoAnti-parasitáriaAnticonvulsivaAntissépticaAsteniaCólicaCondimentoDispepsiaDores reumáticasEméticaFlatulênciaGripeHemorróidaMialgias

ARNICA WEDÉLIA

28/12/2019 00:15

Sphagneticola trilobata (L.) Pruski

Familia botânica; Asteraceae.


SinonímiasSphagneticola ulei O. Hoffm.; Wedelia brasiliensis (Spreng.) S.F.Blake; Wedelia paludosa DC.; Complaya trilobata (L.) Strother; Thelechitonia trilobata (L.) H.Rob. & Cuatrec.; Wedelia trilobata A.St.-Hil.;

Nomes populares: Arnica-do-mato, arnica-do-brejo, pseudo-arnica, vedelia, vadelia, malmequer, mal-me-quer do brejo, margaridão, pingo-de-ouro (SILVA, 2001), insulina vegetal (no Rio Grande do Sul).

Observação: Diversas espécies da família botânica Asteraceae são conhecidas pelo nome popular “arnica”, sendo amplamente utilizadas na medicina popular em todo o Brasil. A origem etimológica da palavra arnica deriva do grego “arnakis”, que significa “pelos de carneiro” e provavelmente refere-se às sépalas cobertas de pelos macios que cercam a flor.

Saiba mais sobre as as diferentes plantas conhecidas como “arnica aqui.

Origem ou Habitat: Planta nativa do Brasil, ocorre naturalmente ao longo da costa brasileira e de outros países do conesul.

Características botânicas: .Sphagneticola trilobata é uma planta herbácea, espontânea, perene com folhas trilobatas e capítulos florais amarelos. A espécie apresenta caules castanho-avermelhados e pode ser propagada por estaquia, sendo um planta espontânea e muito comum em todo o sul do Brasil. Tolera sombreamento, porém floresce com mais intensidade ao sol. É também usada como planta ornamental.

Partes usadas: Flores e folhas.

Uso popular: A população utiliza a alcoolatura da planta para uso externo em casos de dores, afecções do trato respiratório e infecções bacterianas. Na forma de tinturas é indicada para contusões, machucados, ferimentos, nevralgias, anemia e coqueluche. No Rio Grande do Sul, onde a planta é conhecida pelo nome popular de “insulina vegetal”, usa-se a infusão das folhas para casos de diabetes.

Observação do uso clínico em Florianópolis:  O uso externo na forma de compressas, da alcoolatura, tintura ou infusão preparada com as partes aéreas desta planta tem bons resultados em dores musculares, articulares, contusões e machucados.

Informações científicas: 👥(HU): Estudo acompanhou o uso da infusão das folhas de S. trilobata por cinco agricultoras (mulheres com idade entre 48 e 74 anos) como coadjuvante no tratamento da diabetes mellitus, sem informar se foi eficaz para o controle da glicemia. 🐁(AN): Estudo in vivo realizado em camundongos mostrou redução da hepatotoxicidade induzida por paracetamol devido à provável ação dos terpenos presentes no extrato bruto da S. trilobata administrados por via oral levando a uma redução significativa no tamanho das lesões. 🧫🦠(IV): Estudo in vitro realizado com extrato etanólico do caule e flor mostrou atividade antimicrobiana, antioxidante e anti-inflamatória. Os resultados mostram ação antimicrobiana do extrato alcoólico frente a cepas Gram-positivas e Gram-negativas.

Modo de usar:

Uso interno: A segurança do uso interno desta planta ainda não está bem estabelecida, devendo o seu uso ser realizado somente acompanhado por profissional especialista.

Uso externo: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das partes aéreas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, realizar o uso tópico na forma de compressa local com auxílio de um algodão ou pano limpo, até 3 vezes ao dia, por no máximo duas semanas, para alívio de dores reumáticas, artralgias e contusões.

Tintura: preparada com as partes aéreas na proporção de 1:10 em álcool 70% e 1:5 em álcool 90%. Deixar armazenado em garrafa de vidro e em local escuro por 15 dias e utilizar para uso tópico na forma de compressas com auxílio de um algodão ou pano limpo para alívio de dores reumáticas, artralgias e contusões.

Cuidados no uso desta espécie: 

Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas o seu uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso.

Deve-se evitar o uso durante a gestação e a lactação.

Devido à falta de informações sobre seus efeitos colaterais deve-se realizar o uso interno desta planta somente com acompanhamento profissional.

Em casos isolados pode provocar reações alérgicas com formação de vesículas e necrose.

Atentar para possíveis reações em pessoas com sensibilidade a plantas da família Asteraceae.
Não aplicar em lesões abertas.

Composição química: Luteolina (flores e caules), ácido caurenóico (em maior concentração nas raízes), chalcona coreopsina (flores), esteróides e terpenóides (raízes),³ friedelan-3β-ol, ácido ent-16β-hidroxi-cauran-19-óico,¹ wedelactona(8) paludolactona,² ácido grandiflorênico(RONAN,2009) estigmasterol, glicosídeos de estigmasterol e sitosterol, ésteres derivados do ácido oleanóico(CARVALHO, et al., 2001).

Óleo essencial: (E)- cariofileno, α- pineno, canfeno, dentre outros.

Diterpenos: Ácido caurenoico

Flavonoides: Luteolina, Coreopsin

Lactonas sesquiterpenicas: Paludolactona

Esteroides: Estigmasterol

Ácidos fenólicos: Ácido clorogênico, ácido -5-O-cafeoilquinico, ácido -3-O-cafeoilquinico, dentre outros.

 

Referências: 

LEMÕES,M.A.M, et al.  The Use Of the Plant Sphagneticola trilobata Farmers Affected By Diabetes Mellitus. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental (Universidade estadual do Rio de Janeiro), Rio de Janeiro, v. 1, n. 4, p.2733-2739, 2012. Trimestral.

ROSA, J. M., et al., Protective effect of crude extract from Wedelia paludosa (Asteraceae) on the hepatotoxicity induced by paracetamol in mice. Journal of Pharmacy and Pharmacology, 58: 137–142. (2006).

GOVINDAPPA M., et al., Antimicrobial antioxidant and in vitro antiinflammatory activity of ethanol extract and activep hytochemical screening of Wedelia trilobata (L.) Hitchc. Journal of Pharmacognosy and Phytotherapy, Karnataka, v. 3, n.3, p.43-51, 2011.

MICHALAK, I. E. Apontamentos fitoterápicos da Irmã Eva Michalak. Florianópolis: EPAGRI, 1997. 60p.

SILVA, R. C. Plantas Medicinais na Saúde Bucal. Vitória: [s. i.], 2001. p. 113.

 

http://www.tropicos.org/- Acesso em: 03 de agosto de 2023.

 

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