PARACARI

17/02/2020 22:30

Marsypianthes chamaedrys  (Vahl) Kuntze.

Lamiaceae (antiga Labiatae)


SinonímiasClinopodium chamaedrys Vahl, Hyptis chamaedrys (Vahl) Willd., Hyptis pseudochamaedrys Poit., Marsypianthes arenosa Brandegee, Marsypianthes hyptoides Mart. ex Benth.

Nomes populares: Erva-do-paracari, paracari, paracaru, betônica-brava, hortelã-do-campo, erva-de-cobra, coração-de-frade, boia-caá, hortelã-do-Brasil.

Origem ou Habitat: Nativa do Continente Americano e encontrada em todo território brasileiro.

Características botânicas: Herbácea anual, aromática, de ramos prostrados ou decumbentes, pubescente, muito ramificada, medindo de 30 a 60 cm de altura. Folhas simples, membranáceas, pecioladas, revestida por pubescência branco-translúcida, de 2 – 4 cm de comprimento. Flores violetas, dispostas em capítulos longo-pedunculados axilares. Propaga-se por sementes.

Partes usadas: Folhas e raizes.

Uso popular: É considerada aromática, febrífuga, antiespasmódica e carminativa. Na forma de banhos quentes é empregada contra o reumatismo articular. A infusão das raizes é usada contra anemia e dor de cabeça. O suco da planta é utilizado para picadas de cobras, tanto interna como externamente e esfregado sobre a pele contra picadas de mosquitos e pernilongos.

Os indígenas da Amazônia ocidental, usam uma mistura de suas folhas com as de Lippia alba, em decocção, para o tratamento da diarréia.

Nas Guianas é usado a infusão de suas hastes e folhas como bebida digestiva, laxativa e para dores intestinais; já o seu decocto é usado contra dor de cabeça.

Composição química: Os primeiros estudos químicos desta planta revelaram a presença de esteróides (sitosterol e estigmasterol), triterpenos (incluindo os ácidos oleanóico, ursólico e tormêntico, germanicol, chamaedridiol, a-amirina e b-amirina) e o flavonóide rutina. Os principais constituintes do óleo essencial foram o b-burbuneno (17,98%), elemeno (11,93%) e g-cadineno (17,79%).

Em um trabalho científico apresentado em 2015, os constituintes do óleo essencial foram os seguintes: β-​Elemene, (E)​-​caryophyllene, α-​humulene, germacrene D, bicyclogermacrene, δ-​cadinene, spathulenol, caryophyllene oxide, and globulol.

Em artigo científico de 2001, os elementos encontrados foram: germacrene D (35.6​%)​, β-​caryophyllene (15.1​%) bicyclogermacrene (7.2​%) e α-​copaene (5.3​%)​, além de Bornyl acetate, α-​Pinene, Limonene, δ-​Cadinene, β-​Cedrene,Viridiflorol, Caryophyllene oxide, Sabinene, β-​Bourbonene, α-​Humulene, trans-​α-​Bergamotene, β-​Cubebene, entre outros.

Ações farmacológicas: Antiinflamatória, analgésica e moluscicida.

Posologia e modo de uso: Breve descrição da utilização da planta.

Observações: Os principais constituintes do óleo essencial foram o b-burbuneno, elemeno e g-cadineno. Não se tem informação da atividade contra veneno de cobra destas substâncias nem dos outros constituintes do óleo essencial.

Referências: 

DE ABREU MATOS, Francisco Jose; Machado, Maria Iracema Lacerda; Craveiro, Afranio Aragao; Alencar, Jose Wilson; de Sousa Meneses, Fabio -“Essential oil composition of Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze grown in northeast Brazil.” From Journal of Essential Oil Research (2001), 13(1), 45-46.

DE SOUSA MENEZES, FABIO; Da Silva, Celia Santos; Pereira, Nuno Alvares; De Abreu Matos, Francisco Jose; Borsatto, Angelo Saboia; Kaplan, Maria Auxiliadora Coelho – “Molluscicidal constituents of Marsypianthes chamaedrys.” From Phytotherapy Research (1999), 13(5), 433-435.

HASHIMOTO, M.Y. et all.”Chemotaxonomy of Marsypianthes Mart. ex Benth. based on essential oil variability.” From Journal of the Brazilian Chemical Society (2014), 25(8), 1504-1511. Acesso 7 OUT 2015.

LORENZI, H. & MATOS, J.F.A. “Plantas medicinais no Brasil: nativas e cultivadas. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP, 2002.

SELENE MAIA DE MORAIS(PQ) e Valdir Alves Facundo(PQ) – “CONSTITUINTES QUÍMICOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE MARSYPIANTHES CHAMAEDRYS DA AMAZÔNIA” – /Departamento de Química e Física do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza – Ceará / Departamento de Ciências Exatas da Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho – Rondônia. Disponível em http://www.sbq.org.br/ranteriores/23/resumos/0765-1/index.html, Acesso 7 OUT 2015.

http://www.tropicos.org/Name/17601496?tab=synonyms – Acesso 7 OUT 2015.

Tags: Anti-espasmódicoAromáticaCarminativaCefaléiaDiarreiasFebrífugaLaxativasReumatismo

MARIJUANA

14/02/2020 23:08

Cannabis sativa  L.

Cannabaceae


SinonímiasCannabis indica Lam.

Nomes populares: Marihuana, cânhamo das Índias, maconha, hemp.

Origem ou Habitat: Ásia.

Características botânicas: Herbácea anual, dióica, ás vezes monóica, medindo de 1 a 5 metros de altura. Folhas membranáceas, finas, alternas e palmadas, com 3 a 11 folíolos dentados, medindo de 7-12 cm de largura. As flores masculinas se dispõem em panículas de 23 – 40 cm de largura e as femininas em espigas de 2 cm de comprimento. As flores são esverdeadas. As sementes são globulares e medem 2 mm de diâmetro aproximadamente. A planta toda é recoberta por uma resina.

Partes usadas: Sumidades floridas de plantas femininas, folhas e sementes.

Uso popular: apesar de ainda ser proibida no país, existem diversas associações de usuários de Cannabis medicinal no Brasil que tem conseguido liminares e Habeas Corpus permitindo o cultivo e uso da planta, especialmente como óleo medicinal. Há registros de usos tradicionais em diversos países do mundo.

A marijuana é uma erva muito usada em tribos africanas e asiáticas seja como cerimonial ou como medicinal (na forma de remédio analgésico ou narcótico). A tintura das flores é utilizada como euforizante e antidepressivo.

A planta contém tetrahidrocanabinóis (THC), que induzem euforia e alegria. Atenuam a dor e atuam como sedativo e anti-espasmódico. As sementes são alimentos para as aves.

Os pintores utilizam o óleo da semente de cânhamo para misturar cores e como verniz (Segredos e Virtudes …1999). Na Índia se elaboram vários produtos cosméticos com o óleo de cânhamo, extraído das sementes da Cannabis sativa. O óleo é isento de canabinóides.

Composição química: Canabinóides, flavonóides, alcalóides, derivados do estilbeno, óleo essencial. A composição do óleo obtido das sementes prensadas tem alto conteúdo em ácido linoleico, linolênico e y-linolênico.

Oleo essencial: Óxido de cariofileno, α-pinene, β-mirceno, dentre outros.

Canabinoides: Tetrahidrocanabinol (THC), canabidiol (CBD), canabinol (CBN), dentre outros.

Ácidos graxos: Ácido γ-linolênico, α-linolênico, ácido palmítico, linoleico e oleico, dentre outros.

Ações farmacológicas: Em pacientes com esclerose lateral amiotrófica, os resultados indicaram que a Cannabis pode ser moderadamente eficaz na redução dos sintomas de perda de apetite, depressão, dor, espasticidade. Em pacientes com câncer, exerce efeitos paliativos, evitando a náusea, vômitos, dor e estimulando o apetite. Apresenta efeito orexígena (estimuladora do apetite), relaxante, antiglaucomatosa, espermicida em humanos.

Foram verificados, em ratos, atividades carcinogênica, teratogênica, hiperglicêmica, de inibição de secreção gástrica e efeito de estimulação uterina.

Foram verificados, em coelhos, atividades teratogênica, de redução da pressão intraocular e de estimulação da musculatura lisa intestinal e efeito embriotóxico.

Atividade hipotensiva em cães.

Interações medicamentosas: Efeito sinérgico entre hidroxianisol butilado (um aditivo alimentar) e o delta-9-THC na produção de efeitos citotóxicos em células do pulmão.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não use a não ser sob supervisão médica. A utilização do cânhamo ou maconha, fumado ou ingerido, pode ter efeitos físicos e psicológicos (Reader’s Digest, 1999)..

Contra-indicações: Contra-indicada durante a gravidez.

Observações: Medicamentos registrados com princípios ativos da Cannabis: Marinol® (dronabinol, versão sintética do delta-9-tetrahidrocannabinol), para tratamento de náuseas e vômitos associados à quimioterapia de cancer em pacientes que não respondem adequadamente aos tratamentos convencionais. Sativex® (delta-9-tetrahidrocannabinol e cannabidiol) para tratar a esclerose múltipla.

Referências: 

APPENDINO, G.; CHIANESE, G.; TAGLIALATELA-SCAFATI, O.. Cannabinoids: Occurrence and Medicinal Chemistry. Current Medicinal Chemistry, [s.l.], v. 18, n. 7, p.1085-1099, 1 mar. 2011.

ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BAGCI, Eyup et al. A Chemotaxonomic Approach to the Fatty Acid and Tocochromanol Content of Cannabis sativa L. (Cannabaceae). Turkish Journal Of Botany, [s.l.], v. 27, n. 2, p.141-147, 2003.

BRUNETON, J.; Farmacognosia. Fitoquímica. Plantas Medicinales. Trad. Á. V. del Fresno; E. C. Accame; M. R. Lizabe. 2. ed. Zaragoza, Espanha: Acribia, 2001. Pp. 441-450

CARLINI, E. A.; NAPPO, S. A.; GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; Drogas psicotrópicas – o que são e como agem. Revista IMESC 3. pp. 9-35, 2001

FLORES-SANCHEZ, Isvett Josefina; VERPOORTE, Robert. Secondary metabolism in cannabis. Phytochemistry Reviews, [s.l.], v. 7, n. 3, p.615-639, 8 abr. 2008.

GW Pharmaceuticals (http://www.gwpharm.com/sativex.aspx) Acesso 26 AGO 2010.

Marinol product information (http://abbottgrowth-us.com/products/marinolproductinformation/0,,12413-2-0,00.htm) Acesso em 26 agosto 2010.

MANSUR, J.; CARLINI, E. A.; Drogas: subsidios para uma discussão. 4ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2004. Pp. 81-95

ROSS, I. A., Medicinal Plants of the World, Volume 3: Chemical Constituents, Traditional and Modern Medicinal Uses. New Jersey: Humana Press Inc., 2005. Pp. 26-116

ROTHSCHILD, Miriam; BERGSTRÖM, Gunnar; WÄNGBERG, Sten-Åke. Cannabis sativa: volatile compounds from pollen and entire male and female plants of two variants, Northern Lights and Hawaian Indica. Botanical Journal Of The Linnean Society, [s.l.], v. 147, n. 4, p.387-397, abr. 2005.

KHAN, Abdul Waheed et al. An Updated List of Neuromedicinal Plants of Pakistan, Their Uses, and Phytochemistry. Evidence-based Complementary And Alternative Medicine, [s.l.], v. 2019, p.1-27, 3 mar. 2019.

Reader’s Digest Brasil Ltda. Segredos e Virtudes das plantas medicinais, 1999.

http://www.tropicos.org/Name/21302042?tab=synonyms – acesso em 06 março 2014.

Tags: AnalgésicoAnti-espasmódicoAntidepressivoCerimonialSedativo

LÁGRIMA-DE-NOSSA-SENHORA

13/02/2020 21:15

Coix lacryma-jobi  L.

Poaceae (antiga Gramineae) 


Sinonímias:

Coix lacryma L., Coix agrestis Lour. , Coix arundinacea Lam., Coix exaltata Jacq., Coix pendula Salisb., Lithagrostis lacryma-jobi (L.) Gaertn. , Sphaerium lacryma (L.) Kuntze.

Nomes populares: Capim-de-contas, contas-de-rosário, conta-de-lágrimas, lágrima-de-nossa-senhora, lágrima-de-jó, capim-rosário, capim-missanga, capiá, biurá, biuri.

Origem ou Habitat: Originária da Ásia tropical e naturalizada em quase todo o Brasil.

Características botânicas: Segundo LORENZI (2008), é uma herbácea cespitosa, anual, ereta, de colmos cheios e glabros, com enraizamento nos nós inferiores, medindo de 1,0-1,8 m de altura. Folhas cartáceas, glabras, com margens serrado-espinescentes, de 10-20 cm de comprimento. Inflorescências terminais, em racemos curtos e inclinados. Fruto globoso, liso-vernicoso, duro, perolado, de cor esbranquiçada com matizes cinzentas ou pretas. Propaga-se apenas por sementes.

Partes usadas: Sementes, folhas e colmos.

Uso popular: Usada há muito tempo pelos chineses como diurética e para combater a rigidez das articulações em doenças reumáticas.

Sua utilização nos dias de hoje está baseado na tradição popular, seus frutos (grãos) são usados como anti-inflamatório, analgésico, anti-espasmódico, antitérmico, antimicrobiano, contra pedras nos rins e em doses mais elevadas, contra a diabetes. Segundo Irmã Eva Michalak (1997), a tintura das sementes é diurética, anti-reumática, emoliente e útil nas afecções catarrais.

Externamente é indicada a tintura em fricções e o decocto em banhos contra o reumatismo.

As sementes são empregadas por indígenas para a confecção de adornos e utilizados pela população rural e artistas para trabalhos artesanais, como contas de rosário, colares, pulseiras e utensílios.

No interior dos grãos existe uma reserva amilácea rica em proteínas, vitaminas e sais minerais, que pode ser transformada numa farinha de alto valor nutritivo.

Folhas e colmos, (uso externo:) anti-reumático, excitante; (uso interno:) antiasmático, diurético.

Composição química: Ácidos graxos, ácido mirístico, alpha e beta sitosterol, arginina, beta-caroteno, coixans A e B, coixenólido, coixol, histidina, leucina, lisina, proteínas, sais minerais (cálcio, fósforo, ferro), tirosina, riboflavina, niacina.

Ações farmacológicas: Em experimentos com animais constatou-se atividade antitérmica, diurética e relaxante muscular, sendo que o relaxamento da musculatura é atribuído ao coixol, um dos componentes químicos encontrados nos grãos.

Contra-indicações: Não deve ser usada por gestantes e nutrizes. Não fazer uso prolongado.

Posologia e modo de uso:  Decocção de 10 a 30 g de sementes tostadas em uma xícara de água.

– folhas e colmos em decocção: banhos no tratamento do reumatismo e excitante. Internamente: diurético, antiasmático, artrite, cistite, edemas.

Referências: 

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

MICHALAK, E.,Irmã. “Apontamentos fitoterápicos da Irmã Eva Michalak.” Florianópolis: Epagri, 1997.

PHUNG, T. H.; Nguyen, H. A.; Nguyen, Q. C.; Nguyen, T. D.; Nguyen, T. H. “Chemical composition and effects on carbohydrate metabolism of chloroform fraction of Coix lachryma-​jobi (L) stem extract”. From Mahidol University Journal of Pharmaceutical Sciences (2012), 39(1), 19-24. (Art. Scifinder) Acesso 26 Junho 2015.

http://www.plantamed.com.br/plantaservas/especies/Coix_lacryma-jobi.htm – Acesso 03 Julho 2015.

http://www.tropicos.org/Name/25515612?tab=synonyms – Acesso 26 Junho 2015.

Tags: AnalgésicoAnti-espasmódicoAnti-inflamatórioAntimicrobianoAntitérmicoDiuréticoReumatismo