GUAÇATONGA

11/02/2020 21:28

Casearia sylvestris Sw.

Salicaceae (antiga Flacourtiaceae)


SinonímiasAnavinga samyda Gaertn., Casearia parviflora Willd., Casearia puntacta Spreng., Samyda parviflora L., Samyda sylvestris (Sw.) Poir., Guidonia sylvestris (Sw.) Maza.

Nomes populares: Erva-de-lagarto, chá-de-bugre, cafezeiro-do-mato, língua-de-tiú, apiá-acanoçu, bugre-branco, guaçatunga, petumba, vassitonga, verre-forno.

Origem ou Habitat: Nativa de quase todo o Brasil, principalmente no Planalto Central. Existem no Brasil outras espécies de Casearia, com mesmos nomes populares e usos semelhantes.

Características botânicas: Árvore de 4-6 m de altura, folhas simples, alternas e pecioladas, persistentes, lanceoladas, com as bordas serrilhadas, com 6-12cm de comprimento. Vistas contra a luz, as folhas mostram minúsculos pontos translúcidos, que correspondem às glândulas de óleo essencial. As flores são pequenas e esverdeadas e exalam forte aroma. Fruto é uma cápsula que contém sementes envoltas por uma massa avermelhada.

Partes usadas: Folhas, ramos e cascas.

Uso popular: As folhas são usadas para o tratamento de queimaduras, ferimentos, herpes e pequenas injúrias cutâneas. Suas folhas e cascas são consideradas tônicas, depurativas, anti-reumáticas e anti-inflamatórias. É usada também contra mordidas de cobra, como analgésico e hemostático em mucosas e lesões cutâneas. É recomendada contra gastrite, úlceras internas e mau hálito na forma de chá por infusão. Em uso externo contra herpes labial e genital, gengivites, estomatite, aftas e feridas da boca e limpeza bucal.

Informações científicas: 🐁(AN): Estudos pré-clínicos mostraram que compostos extraídos das folhas da C. sylvestris apresentaram potencial antitumoral em camundongos (Ferreira et al., 2016). Estudos demonstraram atividade anti-inflamatória para o extrato alcoólico das folhas (Albano et al., 2013), e uma potencial redução de sintomas de úlcera gástrica com o uso do óleo essencial (Esteves et al., 2005).

Observação do uso clínico em Florianópolis: Planta ainda pouco utilizada na prática clínica, porém amplamente utilizada pela população na medicina popular.

Cuidado no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso. Evitar o uso interno em gestantes, lactantes, crianças menores de 06 anos e durante a menstruação. Deve-se evitar o emprego prolongado devido a sua ação antagônica com a vitamina K, para evitar acidentes hemorrágicos.

Posologia e modo de uso:

🍵 Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 3 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas. A associação da C. sylvestris (guaçatonga) com a espécie Maytenus ilicifolia (espinheira-santa) é empregada no tratamento de gastrite com a presença da bactéria Helicobacter pylori. Recomenda-se o uso da infusão de guaçatonga 3x ao dia, por 15 dias, alternando-se com a infusão da espinheira-santa, 3x ao dia, pelo mesmo período, durante 3 meses.

Composição química: Em suas folhas e casca são encontrados flavonas, óleos essenciais, saponinas, taninos, resinas e antocianosídeos que conferem a esta planta a sua fama como febrífuga, depurativa, anti-diarreica, cardiotônica, diurética e cicatrizante entre outros (Basile et al.,1990; Carvalho et al., 1999; Itokawa et al., 1990; Borges et al., 2000; UNESC, 2005). Outros princípios ativos tem sido detectados na Casearia sylvestris, denominados diterpenos clerodanos ou carofilenos.

Referências: 

1. ALONSO, J. Tratado de fitofármacos y Nutracéuticos. Argentina: Hábeas Libros, 2004.

2. BASILE, A. C.; et al. Pharmacological assey of Casearia sylvestris. I. Preventive anti-ulsur activity and toxicity of the leaf crude extract. Journal of Ethnopharmacology, v. 30, n. 2, p. 185-197, 1990.

3. BORGES, M.H., JAMAL, C.M., dos SANTOS, D.C.M., RASLAN, D.S. and de LIMA, M.E. Partial Purification of Casearia sylvestris Sw. Extract and its anti-PLA2 action. Comp. Biochem. Physiol. B. Biochem. Mol. Biol., v.127, n. 1, p. 21-30, Sep., 2000.

4. CARVALHO, T. C. T. Fitoterápicos anti-inflamatório: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2004.

5. ITOKAWA,H. et al New antitumor principles, casearines A-F, for Casearia sylvestris Sw. (Flacourtiaceae). Chemical and Pharmaceutical Bulletin, v. 38, n. 12, p. 3-384, 1990.

6. LOPES, A. M. V. Plantas Usadas na Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Santa Maria: Infograph, 1995.

7. LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

8. PIO CORRÊA, M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. , Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura/IBDF, Imprensa Nacional, 1984. 6 v.

9. SILVA, A. A. Essentia Herba: plantas bioativas. Florianópolis: Epagri, 2006. 2 v.

10. UNIVERSIDADE do EXTREMO SUL CATARINENSE. Jornada Catarinense de plantas medicinais: Guaçatonga. Disponível em:http://www.unesc.rctsc.br/plantas_medicinais/guaca.htm. 4 p. Acesso em: 21 nov. 2005.

11. FERREIRA, P. M. P. et al. Preclinical anticancer effectiveness of a fraction from Casearia sylvestris and its component Casearin X: in vivo and ex vivo methods and microscopy examinations. Journal Of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 186, p.270- 279, jun. 2016. Elsevier BV. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378874116302021?via%3Dihub

12. ALBANO, Micheline N. et al. Anti-inflammatory and antioxidant properties of hydroalcoholic crude extract from Casearia sylvestris Sw. (Salicaceae). Journal Of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 147, n. 3, p.612-617, jun. 2013. Elsevier BV Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874113002055?via%3Dihub

13. ESTEVES, I., et al. Gastric antiulcer and anti-inflammatory activities of the essential oil from Casearia sylvestris Sw. Journal Of Ethnopharmacology, [s.l.], v. 101, n. 1-3, p.191-196, out. 2005. Elsevier BV. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874105003041?via%3Dihub

 

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ALFAVACA

27/12/2019 00:47

Ocimum basilicum  L.

Lamiaceae (Labiatae) 


SinonímiasOcimum thyrsiflorum L., Ocimum basilicum var. thyrsiflorum (L.) Benth.

Nomes populares: Alfavaca-cheirosa, basilicão, basilico-grande, manjericão-de-molho, folhas-largas-dos-cozinheiros, manjericão-da-folha-larga, manjericão-doce.

Origem ou Habitat: Ásia tropical.

Características botânicas: É uma erva anual com caule quadrangular muito ramificado, quase glabro na base e com pelos macios no topo, cerca de 60 cm de altura, formando touceira. Folhas com 2,5 – 7,5 cm de comprimento, 1,5 – 4 cm de largura, simples, opostas, pecioladas, ovadas ou ovadas-lanceoladas, com margens serradas ou inteiras e ciliadas. Inflorescência tipo cacho terminal, com 6 flores em cada nó. Flores brancas ou ligeiramente violáceas, cerca de 0,8cm de comprimento, formando pseudo-umbelas axilares nas partes superiores dos ramos ou nas extremidades dos galhos.

Partes usadas: Folhas e sumidades floridas.

Uso popular: As folhas são usadas internamente como estomáquico, carminativo, antiespasmódico, em gastrite, constipação, em reumatismo, inflamação das mucosas do trato urogenital e, eventualmente, como diurético e galactagogo, além de estimulante do apetite. O infuso das partes aéreas é também indicado contra catarro, em casos de tosse, coqueluche, rouquidão (chá adicionado de gemada, uma gema de ovo batida com açúcar), em casos de inflamação das vias urinárias, e para casos de frieira. Externamente, o infuso é recomendado para banhos.

Como gargarejo em inflamações da garganta e aftas, bem como na preparação de compressas para feridas.

O extrato alcoólico pode ser incorporado em pomadas para o tratamento de feridas de difícil cicatrização.

Composição química: Nas partes aéreas: óleo essencial contendo linalol, estragol, eugenol, pineno, cineol, lineol, cinamato de metila, etc.; flavonóides principalmente xantomicrol e heterosídeos da quercetina e do kaempferol; cumarina (esculetina);

Análise alimentícia sobre 100 g de folhas frescas: calorias 43, água 86,5%, proteínas 3,3g, lipídeos 1,2g, hidratos de carbono 7g, fibras 2g, cinzas 2g, cálcio 320mg, fósforo 38mg, ferro 4,8mg, sódio 12mg, potássio 429mg, caroteno 4500ug, tiamina 0,08mg, riboflavina 0,35mg, niacina 0,80mg e ácido ascórbico 27mg.

Ações farmacológicas: A atividade anti-ulcerogênica de extratos aquosos e metanólicos das folhas parece estar relacionada aos flavonóides presentes.

O óleo essencial possui atividades anti-helmíntica, antifúngica in vitro e antimicrobiana.

Interações medicamentosas: Não há relatos.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses indicadas não apresenta toxicidade. Evitar o uso do óleo essencial.

Contra-indicações: O chá não é adequado durante a gravidez.

Posologia e modo de uso:  O infuso é preparado com 1 – 2 colheres de chá (2 – 4 g) de folhas rasuradas adicionadas a 150 ml de água fervente, se necessário use durante 15 dias e faça uma pausa de 7 dias.

pode ser usada a tintura de alfavaca para tratar micose de unha, uma gota embaixo da unha 2 vezes ao dia.

Observações: Existem várias raças, subespécies ou quimiotipos de Ocimum basilicum L., além de outras espécies de Ocimum. O Ocimum americanum L. também conhecido como manjericão ou manjericão de folha miúda (foto abaixo) é usada para os mesmos fins da O. basilicum L.. Outra espécie (Ocimum sp.) muito apreciada na Ilha de Santa Catarina é chamada alfavaca de peixe (foto abaixo).

 

Referências: 
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.

BISSET, N.G. (Ed.) Herbal Drugs and Phytopharmaceuticals. 4.ed. Stuttgart Medpharm, Boca Raton: CRC Press, 1994.

CORDEIRO, H.M. et al. Atividade antifúngica in vitro de óleos essenciais contra o gênero Tri-Chophyton. In: XIV SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL,1996, Florianópolis. Resumos. p. 151.

GIRRE, L. La Santé Par Les Plantes. Rennes: Edilarge S.A., 1992.

HOPPE, H. A. Taschenbuch der Drogenkunde. Berlin: Walter de Gruyter, 1981.

NAKAMURA, C.V. Atividade antifúngica do óleo essencial de Ocimum gratissimum L. In: In: XIV SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL,1996, Florianópolis. Resumos. p. 125.

POUSSET, J. L. Plantes Medicinales Africaines: Utilization Pratique. Paris: Agence de Cooperation Ellipses Culturelle et Technique, 1989.

THESEN, R.; SCHULZ, M.¡ BRAUN, R. Ganz oder teilweise negativ bewertete Arzneistoffe. Basilicumöl Pharm. Ztg., v.137, n.38, p.2-2900, 1992.

VAN HELLEMONT, J. Compendium de phytothérapie. Bruxelles: Association Pharmaceutique Belge, 1986.

http://www.tropicos.org Acesso em: 17 de maio de 2011.

http://www.hawriverprogram.org/NCPlants/Ocimum_basilicum_page.html Acesso em: 03 de junho de 2011.

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