PICÃO-PRETO

18/02/2020 22:17

Bidens pilosa L.

Asteraceae


Sinonímias: Bidens affinis Klotzsch & Otto; Bidens alausensis Kunth; Bidens chilensis DC.; Bidens hirsuta Nutt.; Bidens hispida Kunth; Bidens montaubani Phil.; Bidens odorata Cav.; Bidens reflexa Link; Coreopsis leucantha L.; Bidens pilosus L.;

Nomes populares: Amor-seco, carrapicho-picão, pico-pico, picão-amarelo, picão-das-horas, picão-do-campo, carrapicho-de-agulha.

Origem ou Habitat: Brasil (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal).

Características botânicas: Erva anual, de 30 a 150 cm de altura, ereta, subespontânea, ramificada desde a base, caules tetragonais, glabra ou sub-pilosa, folhas compostas e opostas (as superiores alternas), pecioladas, margem serreadas; inflorescências tubulares e radiadas, amarelas; frutos escuros quando maduros, com aristas que se prendem à roupa ou pêlo dos animais. A raiz tem aroma que lembra a cenoura (Alonso, 2004).

Partes usadas: Toda a planta.

Uso popular: Usada como antiinflamatória, em dores de dente e de cabeça, dismenorréia, infecções urinária e vaginais (Di Stasi, 2002), vulnerária (em feridas). Folhas e raízes para a pressão arterial elevada. em verminoses. Folhas e frutos para tratamento de diabetes. indicado em icterícia e hemorróidas.

Informações científicas: 🐁 (AN*): Estudos em animais com compostos extraídos de B. Pilosa demonstraram atividade antihipertensiva para frações da extração com etileno acetato (Bilanda et al., 2017); efeito hiperglicemiante para o extrato aquoso e atividade antimalárica para compostos extraídos da raiz da espécie (Hsu et al., 2009; Oliveira et al., 2004).

🧪(IV*): Estudo in vitro demonstrou potencial atividade antimicrobiana de frações extraídas das folhas com metanol frente às bactérias E. coli, S. aureus e P. aeruginosa (Singhi et al., 2017). Foi também relatada atividade antiviral para vírus simples da herpes (Nakama, 2012).

*AN: estudos pré-clínicos realizados em animais; IV: pesquisas básicas realizadas com células cultivadas in vitro.

Observação do uso clínico em Florianópolis: Bidens pilosa é uma planta que tem boa resposta como vulnerária (depurativa e cicatrizante), com o uso da infusão preparada com as suas folhas para lavar feridas e machucados; para a realização de bochechos em afecções da boca e na forma de banho de assento em casos de infecções vaginais.

Cuidados no uso desta espécie: Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas o uso concomitante desta espécie vegetal com outros medicamentos deve ser cauteloso. Deve-se evitar o uso interno em gestantes, lactantes e crianças menores de 04 anos. Pessoas com hipersensibilidade às plantas da família Asteraceae não devem fazer uso desta espécie.

Posologia e modo de uso

Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.

Uso externo: Infusão com uma colher de sopa para uma xícara de água.

Composição química: Derivados de poliacetilenos e tiofanos, além de flavonóides, esteróis, ácidos graxos, taninos, acetilenos, o óleo essencial contém alfa-pineno, beta-pineno, limoneno, alfa-felandreno, timol, alfa cpoeno, beta-guaieno, beta-cariofileno, alfa-humuleno, cadineno, alfa farneseno e beta-bisaboleno ; também ácido linoléico e linolênico, os triterpenos friedelina e friedelan-3-beta-ol (Di Stasi, 2002), 1-fenil-heptatriina, sílica. O teor de óleo essencial varia de 7,8% a 11,8% conforme a latitude e 7,9% a 12,14% de acordo com a época da colheita.

Observações: Existe outra espécie parecida, a B. alba que tem lígulas maiores.

Referências: 

1. ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario,Argentina: Corpus Libros, 2004. p. 146.

2. CARVALHO , J.C.T. Fitoterápicos anti- inflamatórios

3. LOPES, A. M. V. Plantas usadas na medicina popular do Rio Grande do Sul: Santa Maria: UFSM, 1997. 49 p.

4. LORENZI, H. & Matos, F.J.A. – Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas – Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002

5. http://www.tropicos.org/Name/2700301 – acesso em 18 de maio de 2012.

6. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB103749 – acesso em 18 de maio de 2012.

7. DI STASI L. C.-plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica 2ª ed.São Paulo:editora UNESP 2002.

8. BILANDA D.C. et al., Bidens pilosa Ethylene acetate extract can protect against L-NAME-induced hypertension on rats. BMC Complementary and Alternative Medicine 2017 17:479. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5633871/>.

9. HSU Y.J., et al., Anti-hyperglycemic effects and mechanism of Bidens pilosa water extract. Journal of Ethnopharmacology. 2009 Mar 18; 122(2):379-83. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378874108006697?via%3Dihub>.

10. OLIVEIRA F.Q., et al., New evidences of antimalarial activity of Bidens pilosa roots extract correlated with polyacetylene and flavonoids. Journal of ethynopharmacology.Vol93.2004pag39-42. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378874104001187?via%3Dihub>.

11. SINGHI G. et al., Pharmacological potential of Bidens pilosa L. and determination of bioactive compounds using UHPLC-QqQLIT-MS/MS and GC/MS. BMC Complementary and Alternative Medicine. 2017 (17):492. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5689161/>.

12. NAKAMA S. Efficacy of Bidens pilosa Extract against Herpes Simplex Virus Infection In Vitro and In Vivo. Evidence-Based Complementary e Alternative Medicine. 2012; 2012:413453. Haghi G. Journal of Ethnopharmacology. 2008 Sep 26; 119(2):325-7.Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3303703/>.

Tags: Anti-inflamatórioCefaléiaDismenorreiaVerminoses