IVATINGI / AÇOITA-CAVALO

12/02/2020 21:51

Luehea divaricata  Mart.

Malvaceae (Tiliaceae)


SinonímiasExistem duas variedades: Luehea divaricata var. divaricata ; Luehea divaricata var. megacarpa Meijer.

Nomes populares: Pau-de-canga, pau-de-estribo, açoita-cavalo, ibatin-gui, ivatinga, ivatingi (guarany), ka’a oveti. Existem várias espécies chamadas de açoita-cavalo, que, por terem galhos muito flexíveis recebem este nome popular, são as seguintes: Luehea divaricata Mart.; Luehea grandiflora Mart.; Luehea ochrophylla Mart.; Luehea paniculata Mart.; Luehea rufescens St.Hil

Origem ou Habitat: O gênero Luehea é exclusivamente americano e compreende umas 25 espécies nativas de América Tropical e, no Brasil, forma parte da flora da Mata Atlântica, abrangendo desde Goiás até o Rio Grande do Sul.

Características botânicas: Árvore ou arbusto caducifolio, de 5 a 15 metros de altura, com copa arredondada, ramagem flexível e tronco grosso de até 1 metro de diâmetro. Folhas alternas, curto-pecioladas, simples, geralmente dentadas na metade superior. Flores grandes, brancas ou rosadas, solitárias, dispostas em racimos ou em panículas axilares ou terminais, com longas brácteas. Fruto em cápsula lenhosa ovoidal, contendo numerosas sementes aladas. Floresce no verão e frutifica no outono (Alonso Paz et al., 1992; Cabrera, 1965; López et al., 1987).

Partes usadas: Folhas, flores, córtex e raízes.

Uso popular: A infusão das flores é citada como sedante, das folhas como anti-inflamatório e a decocção da córtex como tônica, anti-diarréica e digestiva (Alonso Paz et al., 1992; Toursarkissian, 1980). No Brasil as folhas são usadas como diurético e os talos como anti-inflamatório. A córtex e as partes aéreas são empregadas externamente na forma de banhos vaginais e como hemostático em feridas de pele. A córtex, por via interna, em casos de reumatismo e disenteria (Buttura, 2003; Tanaka et al., 2003). Mors et al., também mencionam o uso da córtex e das folhas em tratamento da laringite e bronquite.

Na Argentina (Missiones), as folhas são empregadas para o tratamento de resfriados e catarros, e a córtex como adstringente, em afecções da garganta (faringite e anginas) e febre. (Amat e Yajía, 1998). Segundo Pio Correa, 1984, possui as seguintes propriedades: a casca e as folhas são adstringentes. As folhas são reputadas como anti-disentéricas e anti-leucorreicas, úteis na blenorragia, hemorragia, tumores artríticos e diarreias crônicas; a raiz é reputada como depurativa. Suas flores atraem as abelhas na fabricação de mel

Composição química: Destaca-se o alto conteúdo de manganês nas folhas. Nos talos foliáceos foi detectado a presença de mucilagens enquanto que da córtex foram isolados polifenóis (Hegnauer, 1973). Foram identificados ainda taninos, saponinas e flavonóides (Alice e Silva, 1985). Do extrato metanólico das folhas foram isolados um derivado do ácido tormêntico (ácido 3-b-p-hidroxibenzoil-tormêntico) e uma mescla contendo ácido maslínico (Tanaka et al., 2003). O estudo químico do extrato bruto metanólico das folhas resultou, em um primeiro momento, no isolamento do ácido 3β-p-hidroxibenzoil tormêntico, triterpeno com esqueleto básico dos ursenos, e de uma mistura cuja substância majoritária foi o ácido maslínico, triterpeno derivado dos oleanenos. Posteriormente, foram isolados do mesmo extrato a vitexina, uma flavona C-glicosilada e o esteróide glicopiranosilsitosterol.

Do extrato bruto metanólico das cascas do caule, foi isolado o flavonóide (-)-epicatequina, um flavan-3-ol. (Tanaka et al., 2005).

Ações farmacológicas: Os estudos farmacológicos para esta espécie são escassos. Possui atividade adstringente, anti-microbiana, (em especial a sua ação sobre dermatófitos) e inseticida.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: O extrato aquoso de partes aéreas de Luehea divaricata demonstrou atividade mutagênica no teste de Ames (Vargas et al., 1991).

De acordo com estudos realizados em animais de laboratório, sugerem que o uso continuado de extratos desta espécie pode produzir danos hepáticos, renais ou pulmonares (Bianchi et al.,1992).

Contra-indicações: Não são conhecidas até o momento e, por precaução, deve ser evitado seu uso em grávidas, crianças abaixo de 2 anos e não deve ter uso contínuo.

Posologia e modo de uso: Uma receita popular é feita fervendo as folhas até ficar rosado e depois acrescentar mel.

Observações: Fatos e curiosidades da planta.

Referências: 

ALONSO, J. R. Plantas Medicinales autóctonas de Argentina: bases científicas para su aplicación en atención primaria de la salud. Buenos Aires, 2005. p. 67-69

PIO CORRÊA, M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: IBDF, Ministério da Agricultura, Imprensa Nacional, 1984. Vol.I pgs 26-28

Quim. Nova, Vol.28, No.5, 834-837, 2005.

Artigo *e-mail: ccsilva@uem.br CONSTITUINTES QUÍMICOS DE Luehea divaricata MART. (TILIACEAE) Júlio Cesar Akio Tanaka e Cleuza Conceição da Silva* Departamento de Química, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo, 5790, 87020-900 Maringá – PR Benedito Prado Dias Filho e Celso Vataru Nakamura Departamento de Análises Clínicas, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo, 5790, 87020-900 Maringá – PR João Ernesto de Carvalho e Mary Ann Foglio Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas, Universidade Estadual de Campinas, CP 6171, 13083-970 Campinas – SP

MULLER , J. de B. Avaliação de atividade antimicrobiana , antioxidante e antinociceptiva das folhas de Luehea divaricata Martius – dissertação de mestrado-Santa Maria RS,2006.

Tags: Anti-diarreicoAnti-inflamatórioDigestivoDiuréticoHemostáticoResfriadoSedativoTônico

IPÊ-ROXO

12/02/2020 21:45

Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos

Bignoniaceae


SinonímiasTabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl., Tabebuia avellanedae   Lorentz ex Griseb, Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos, Handroanthus avellanedae (Lorentz ex Griseb.) Mattos, Tabebuia ipe var. integra (Sprague) Sandwith.

Nomes populares: Ipê, ipê roxo, Ipê cavatan, Ipê Comum, Ipê de São Paulo, Ipeuva, Aipe, Cavatan, Guiraiba, Lapacho, Pau d’Arco Roxo, Pau d’Arco Vermelho, Peuva, Peuva Roxa, Piúva , Queraiba ou Upeuva no Brasil; Lapacho ou Lapacho negro na Argentina; Lapacho no Paraguai; Tayihú no Guarani; e Taheebo na antiga Inca (Hashimoto 1962;. da Silva et al, 1977; Accorsi 1988). Em uma antiga língua dos incas, quíchua, que ainda é mantida pelos habitantes das serras, a espécie Tabebuia é chamada tahuari (Williams 1936).

Origem ou Habitat: É nativa da América do Sul, do Brasil até o norte da Argentina (Williams 1936; Hashimoto 1962; da Silva et al 1977).

Características botânicas: Árvore de porte mediano com 20 a 35 m de altura, de tronco grosso. Folhas compostas digitadas de 5 folíolos. Flores vistosas rosadas ou roxas cobrindo quase toda a planta que fica completamente sem folhas durante a floração. As plantas dão vagens longa suspensas contendo numerosas sementes de setembro para outubro. As sementes são aladas. A madeira é valiosa para a construção geral e marcenaria.

Partes usadas: Cascas.

Uso popular: Diurético, adstringente, anti-infeccioso, antifúngico. É usado no tratamento caseiro de impetigo, câncer de pele, lupus, doença de Parkinson, psoríase e alergias.

Composição química: As naftoquinonas lapachol, B-lapachona e xiloidona são consideradas importantíssimas. O Ipê-roxo também contém quercetinas, lapachenol, carnosol, indol, coenzyma Q, alcalóides como tecomina, ácidos hidroxibenzóicos, e saponinas. Naftoquinonas (lapachol, lapachona e derivados), lapachenol, quercetina e o ácido hidroxibenzóico.

Ações farmacológicas: O lapachol e outras substâncias isoladas,apresentaram, em ensaios biológicos, atividade antineoplásica, antimicrobiana, anti-inflamatória e anticoagulante.

O Ipê-roxo também demonstra atividades anti-parasitária e anti-virais, e tem se mostrado efetivo como fungicida no tratamento de infestações por Candida albicans e micoses.

Posologia e modo de uso: Decocção: 3 colheres (sopa) de entrecasca quebrada em pequenos pedaços para 1 copo d´água.

Observações: A recente redescoberta de drogas vegetais de Tabebuia como eficazes para o câncer, fez de T. avellanedae um recurso medicinal importante (Hartwell 1968; Gottlieb e Mors 1980; MM Rao e Kingston 1982; Accorsi 1988; Ueda e Tokuda 1990; Zani et al 1991;. Saizarbitoria et al., 1992).

A primeira substância pesquisadas extensivamente foi descoberta em 1956, no Brasil: o lapachol, bactericida. No ano seguinte, a mesma equipe isolou o a- e b-lapachona, e a xyloidona. Esses constituintes são comprovadamente fungicidas e bactericidas.

Referências: 

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A.; Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

Medicinal and Aromatic Plants VII Volume 28 of the series Biotechnology in Agriculture and Forestry pp 445-456; acesso em http://link.springer.com/chapter/10.1007%2F978-3-662-30369-6_27#page-1, em 29 Junho 2016

https://portalverde.wordpress.com/tag/lapachenol/- Acesso em 29 Junho 2016

http://www.tropicos.org/Name/3700873 – Acesso em 29 Junho 2016.

Tags: AdstringenteAnti-infecciosoAntifúngicoDiuréticoPsoríase