KAVA-KAVA
Piper methysticum G. Forst.
Nomes populares: Kava-kava, kava, pimenta-embriagante, kawa-kawa, opu, makea, liwa e papa (Hawaii), wati (Nova Guiné).
Origem ou Habitat: É nativo da Oceania, em especial dos estados e das Ilhas de Papua e Nova Guiné, Nova Caledônia, Vanuatu, Fidji, Samoa, Tahiti, Ilhas da Micronésia e Hawaii.
Características botânicas: É um arbusto dióico, ereto, trepador, perene, medindo de 2 a 3 metros de altura. Folhas grandes e rígidas, cordiforme, profundamente cortadas na base. Possuem de 9 a 13 nervuras principais, estípulas presentes e grandes. Contém inúmeras flores pequenas que se arranjam em cachos tipo espigas, com 3 a 9 cm de comprimento. A parte central do rizoma é bastante porosa, com feixes lenhosos e finos, que são torcidos de forma irregular e separados por raios medulares, dando origem a malhas sob a casca. O caule é subterrâneo do tipo rizoma, podendo pesar até 10 kg, ramificado, suculento, com várias raízes, cor negro-acinzentado por fora e esbranquiçado no interior.
Partes usadas: A parte utilizada é o rizoma seco. Ao mastigar o rizoma de kava-kava provoca dormência na língua e salivação.
Uso popular: Os nativos das distintas Ilhas e estados da Oceania preparam uma mistura com as raízes e a córtex deste arbusto, mediante processo de decocção e maceração, dando o nome de “kava”. É a bebida nacional, por exemplo de Fidji, usada em cerimoniais ou situações importantes na vida da comunidade.
Para as comunidades de Hawaii, a bebida “kava” teria efeitos refrescantes, aperitivos, redutores da fadiga, ansiolíticos, anti-asmáticos, geradores de uma sensação prazerosa e bom regulador do sono.
Em outras Ilhas do Pacífico também se empregam como descongestionante e anti-infeccioso urinário, anti-sifilítico e antigonorréico, reconstituinte para crianças debilitadas, anti-asmático, redutor de peso e antiartrítico.
Com as folhas fazem um cataplasma para casos de cefaléia e febre.
Composição química: Raízes – Resina (5-10%): constituída por lactonas chamadas kavalactonas ou kavapironas. Outros compostos são kawain, methysticin, dihydrokawain, dihydromethysticin, methoxyyangonin e desmetoxy-yangonin. Possuem também mucilagens, óleo essencial, alcalóide piperidínico (pipermetistina) e glicídeos.
Ações farmacológicas: Kavalactonas ligam-se a vários neuroreceptores, especialmente GABA e os receptores de Dopamina, e inibem os canais de Na+. Estas interações podem explicar os efeitos sedativo, relaxante muscular, anti-convulsivante, tranquilizante e analgésico.
Mostrou atividade antimicótica frente a alguns fungos, por exemplo Aspergillus niger.
Interações medicamentosas: Se Kava-kava for consumido junto com anti-arrítmico amiodarona pode aumentar o perfil hepatotóxico da amiodarona.
É contra-indicado o uso concomitante.
Não administrar extratos de kava-kava a pacientes que estejam em tratamento com ansiolíticos pela possibilidade de potenciação dos efeitos.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: A kava pode causar diarreia, vertigem, dilatação das pupilas, distúrbios do equilíbrio e acomodação oculomotor, raramente alergias na pele. A kava pode afetar a capacidade de dirigir e operar máquinas. Pode causar sonolência e diminuir os reflexos motores.
O uso crônico de altas doses de kava tem sido associado com dermopatia, síndrome caracterizada por pele seca e escamosa, olhos avermelhados, coloração amarelada temporária da pele, cabelos e unhas. Normalmente ocorre dentro de 3 meses a 1 ano de uso de kava e pode ser reversível com a diminuição ou interrupção do uso de kava.
Também há alguma preocupação de que a kava possa afetar adversamente o fígado. A toxicidade hepática está associada ao uso prolongado de doses muito altas, pacientes com história de hepatite recorrente. Há relatos de uso de kava em curto prazo e em doses normais que causou hepatite aguda em alguns pacientes.
Contra-indicações: Gestação, lactação e crianças menores de 3 anos.
Tampouco recomenda-se seu emprego por mais de 3 meses de tratamento contínuo.
Não administrar em pacientes depressivos endógenos por perigo de piora do quadro.
Não administrar em pessoas com histórico de distúrbios hepáticos e alcoolismo.
Observações: “Piper” em alusão ao sabor picante e “methysticum” deriva da palavra grega ‘methu’ que significa “bebida embriagante” ou “bebida intoxicante”, “Kava” significa amargo.
A preparação tradicional e cerimonial da kava-kava envolvia a mastigação da raiz fresca por indivíduos jovens. Atualmente esta prática foi abandonada e usa-se outras ferramentas como madeira, pedra ou metal para preparar a bebida com kava. A raiz mastigada ou esmagada, era colocada em uma tigela de madeira e adicionada água ou leite de coco.
Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. 1. ed. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.
http://www.itpac.br/arquivos/Revista/63/3.pdf – Acesso 02 Junho 2015.
http://www.plantasmedicinales.org/archivos/kava_kava___estudios_farmacognosticos.pdf – Acesso 02 Junho 2015.
http://www.tropicos.org/Name/25001137 – Acesso 02 Junho 2015.
Xing, Chengguo; Hecht, Stephen; Lu, Junxuan; Upadhyaya, Pramod; Murphy, Sharon; Leitzman, Pablo; Narayanapillai, Sreekanth; Balbo, Silvia “Kava derived therapeutic compounds and methods of use thereof”. From PCT Int. Appl. (2015), WO 2015070226 A1 20150514. (Scifinder, artigo 4) Acesso 8 Junho 2015.