CAFÉ
Nomes populares: Cafeeiro-comum, cafezeiro, cafeeiro, café-arábica, coffee (EUA, English), xiao li ka fei (pinyin, China), etc.
Origem ou Habitat: Etiópia (antiga Abissínia – África). É cultivada em muitos países tropicais da Ásia e da América, particularmente no Brasil e na Colômbia.
Características botânicas: Arvoreta ou arbusto grande, perene, com até 4 m de altura, ramificada desde a base, dotada de copa densa e alongada. Folhas simples, opostas, totalmente glabras, de superfície brilhante, medindo de 8-12 cm de comprimento. Flores em glomérulos axilares, brancas e suavemente perfumadas. Fruto do tipo baga, vermelho ou amarelo quando maduro, medindo 10-15 mm, com duas sementes. Semente ovalada (10-15 x 6-8 mm), convexa em sua face dorsal e aplanada na face ventral que é atravessada por um sulco longitudinal, o hilo, dura, esverdeada e sem cheiro.
É também cultivada no Brasil, mais precisamente no vale do Rio Doce e Norte do Espírito Santo, o café-robusta (Coffea canephora Pierre ex A. Froehner), com propriedades similares ao café-arábica
Partes usadas: Sementes e folhas.
Uso popular: O café é bebida estimulante de amplo uso em todo o mundo; preparado na forma de infuso feito com as sementes tostadas e moídas(5).
Para melhorar a capacidade física e desempenho intelectual em situação de astenia psicofísica. Como estimulante cárdio-circulatório, na hipotensão arterial e braquicardia. Como diurético e auxiliar digestivo. Nas enxaquecas. No tratamento de diarreias, e de inflamações na boca e faringe. Para diabetes. Para febre intermitente. Para “limpar o sangue”, como hipoglicemiante e para afecções nos olhos, fazer banhos ou compressas locais, diluindo com metade de água o infuso, feito com o café tostado.
No Haiti é usado o cozimento das folhas em água com sal para “limpar” o sangue. O chá por infusão das sementes cruas é usado como hipoglicemiante.
Composição química: Nos grãos: Cafeína, teofilina, teobromina, hemicelulose e outros carboidratos, ácido clorogênico, trigonelina (ácido-metil-nicotínico); ácidos graxos, esteróis, fenóis, ácidos fenólicos, proteínas e taninos.
A torrefação dos grãos verdes modifica a composição química, resultando substâncias da combustão da hemicelulose, que dão a cor e o odor característico do café torrado.
Nas folhas: além dos mesmos componentes dos grãos mais os ácidos benzóico, cinâmico e ascórbico, quercetina e outros flavonóides.
Outros: ácido cafeico, ácido ferúlico; cafestol, kahweol e derivados kauránicos, ácido quínico.
Interações medicamentosas: Não associar a tranquilizantes nem estimulantes como ginseng, fáfia, noz-de-cola, guaraná, efedra, erva-mate.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Insônia, nervosismo, palpitações, sobretudo se associado a outros estimulantes. Grandes concentrações de cafeína podem causar gastrite, úlceras gástricas, hipertensão arterial, arritmia cardíaca, hiperglicemia, dificuldade de absorção de ferro nas anemias, dificuldade de absorção e aumento na excreção de cálcio, irritabilidade, excitação, dispnéia. Agrava quadros de hérnia de hiato com refluxo gastroesofágico. A abstinência de cafeína costuma causar cefaleias (nos primeiros 3-5 dias), irritabilidade e ansiedade. O vício em cafeína aumenta o risco de carcinogenicidade. Altas doses podem gerar dificuldade de engravidar. A intoxicação pela cafeína (ingestão de altas doses, dez xícaras ou mais) pode ser fatal.
Contra-indicações: Pessoas com úlcera péptica, hipertensão arterial, taquicardia, hipertireoidismo devem evitar o uso. Evitar nos pacientes diabéticos, renais crônicos, neuróticos, anêmicos, osteoporóticos, pacientes com colites e úlceras gastroduodenais, pacientes com insônia e no tremor essencial.
Mulheres grávidas ou amamentando devem evitar o uso do café. O uso prolongado pode causar habituação (cafeinismo) e reduzir a vitalidade.
Posologia e modo de uso: 8 g do pó de café para 750 ml de água dá para 6 xícaras (150 ml) contendo 85 mg de cafeína cada xícara. Como estimulante do sistema nervoso central, rins, músculos e coração é bastante tomar uma xícara e meia por dia. Para obter um efeito estimulante das secreções do estômago favorável à digestão tomar 3 xícaras. Nos casos de hipotonia e sonolência ou de resfriado e enxaqueca, associado a analgésicos. Com a dose de 5 xícaras por dia pode aparecer tensão nervosa e ansiedade; e acima destas doses aparecem os sintomas de intoxicação pela cafeína, que pode ser fatal com a ingestão de 10 ou mais xícaras.
Observações: Em 1730, Johann Sebastian Bach, compôs a “Cantata do café”. Em 1650, os estudantes com aspirações literárias e outros intelectuais, encontravam-se em cafeterias que eram a sensação da época, para degustar a bebida sedutora.
Referências:
CUNHA, A. P.; SILVA, A. P.; ROQUE, O. R.; Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. Pp. 184-185.
ROSS, I. A., Medicinal Plants of the World, Volume 3: Chemical Constituents, Traditional and Modern Medicinal Uses. New Jersey: Humana Press Inc., 2005. Pp. 155-195.
DRECHER, L. (Coord.) Herbanário da Terra: Plantas e receitas. Laranja da Terra-ES: Gráfica Aymorés, 2001. Pp. 206, 235.
BRUNETON, J.; Farmacognosia. Fitoquímica. Plantas Medicinales. Trad. Á. V. del Fresno; E. C. Accame; M. R. Lizabe. 2. ed. Zaragoza, Espanha: Acribia, 2001. Pp. 1067-1069.
LORENZI, H.; MATOS, F. J. A.; Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. Pp. 457-458.
MATOS, F. J. A.; O formulário terapêutico do Professor Dias da Rocha. 2ª ed. Fortaleza: UFC Edições, 1997. Pp. 87.
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http://www.tropicos.org/Name/27900016 – Acesso Abril 2014.
LAWS, Bill 50 plantas que mudaram o rumo da História (tradução de Ivo Korytowski). Rio de Janeiro: Sextante, 2013.