CAMAPÚ
Physalis angulata L.
Solanaceae
Sinonímias: Physalis angulata var. capsicifolia (Dunal) Griseb., Physalis capsicifolia Dunal, Physalis esquirolii H. Lév. & Vaniot, Physalis lanceifolia Nees, Physalis linkiana Nees, Physalis ramosissima Mill.
Nomes populares: Bucho-de-rã, camapú, camapum, joá, joá-de-capote, juá-de-capote, mata-fome, balão, balãozinho, camaru,(SIMAS, 2005) mulaca, bolsa-mulaca, tomate-silvestre, cereja-de-inverno(STASI; HIRUMA-LIMA, 2002) cut-leaf ground-cherry (English, United States), ku zhi (Pinyin, China), lance-leaf ground-cherry (English, United States), Popa o Chimbonba (Spanish, Nicarágua, Manágua).
Origem ou Habitat: É nativa do Brasil (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal)(STEHMANN et al, 2012).
Características botânicas: Herbácea ereta, anual, ramificada, de 40-70 cm de altura, com folhas simples, membranáceas, de margens denteadas, de 3 a 5 cm de comprimento. Flores de cor creme, geralmente solitárias, de cerca de 1 cm de diâmetro. Os frutos são bagas globosas, envolvidos pelas sépalas concrescentes, conferindo ao conjunto a forma de um pequeno balão inflado.
Ocorrem no Brasil outras espécies deste gênero com propriedades mais ou menos semelhantes, das quais as mais comuns são Physalis pubescens L. e Physalis neesiana Sendt.
A espécie Physalis alkekenji L. é muito encontrada na Europa Central e Meridional, China e Indochina, e também possui propriedades e usos semelhantes.
O nome do gênero Physalis vem do grego physa = “bexiga, bolha”, referindo-se à forma do fruto.
Partes usadas: Folhas, frutos maduros e raízes.
Uso popular: Planta usada pelos índios Amazônicos há muito tempo, e seus frutos (maduros) comestíveis são muito apreciados pelos habitantes da região e pelos animais em geral. A infusão das folhas é empregada pelos índios como diurético, anti-inflamatório e desinfetante para doenças da pele. Na medicina popular é empregada no tratamento caseiro do reumatismo crônico, problemas renais, da bexiga e do fígado, febre, vômitos, sedativo, anti-inflamatório, doenças da pele, afecções do baço e icterícia(MATOS, 1997), prevenção do aborto, infecções pós-parto(TAYLOR, 2004), hemorragia, cólica, náusea, diarréia, dispepsia, congestão, edema, nefrose, asma, hepatite, dor em geral, abcessos, acaríase, micoses, vermes, malaria, hemorróidas, gonorréia, infertilidade. Utilizada também em inflamações do tipo purulentas e problemas do reto, inflamações da garganta e do trato gastrointestinal, cervicite, tratamento da doença do sono (tripanossomíase), síncope, hemostasia (externamente), para facilitar o parto e para tratar febre oriunda da dengue(SIMAS, 2005).
Composição química: Planta inteira: flavonóides, alcalóides, fitosteróis (estigmasterol, sitosterol), ácidos graxos (entre eles ácido nonacosanóico, octadecanóico, 14-metilpentadecanóico)(TOMASSINI, et al, 1996) aianina, ácido clorogênico, colina, ixocarpanolídeo, miricetina, figrina, fisagulinas de A a G, fisalinas de A a K, fisangulídeo, vamanolídeo, vitaminimina, vitangulatina A, vitanolídeo D, vitanolídeo T, vitafisanolídeo,10 β-felandreno, β-damascenona, hidrocarbonetos, terpenóides, ácidos carboxílicos, ácido oleanólico(SIMAS, 2005).
Ações farmacológicas: Estudos em laboratório: imunomoduladora (ROSAS, et al.,1998), tripanossomicida (RIBEIRO, et al, 1998), antineoplásica(SOARES, et al., 1998), antiespasmódica, bactericida, antiviral, moluscicida, miocontractora, hipotensor, anticoagulante(TAYLOR, 2004)
Estudos farmacológicos recentes ainda em andamento mostraram, em animais de laboratório, atividade imunoestimulante, ação citotóxica para diversos tipos de células cancerosas e atividade antiviral (inclusive contra o HIV e o HSV-1 causador do herpes labial). Porém esses estudos ainda não são suficientes para justificar seu uso terapêutico, a não ser quanto ao tratamento local das crises de herpes labial. Um estudo in vitro e um estudo em animais indicaram que esta planta ou princípios ativos isolados desta planta têm ação hipotensora e anticoagulante(TAYLOR, 2004).
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Perturbações digestivas quando ingeridos os frutos verdes (CUNHA et al., 2003 ; DUKE, 2009).
Doses elevadas podem provocar diarreia (STUART, 1981).
Contra-indicações: Os frutos verdes são tóxicos e não devem ser ingeridos (DUKE, 2009). Pessoas com distúrbios de coagulação, com problemas cardíacos ou com hipotensão não devem utilizar esta planta sem supervisão e conselho de um profissional de saúde qualificado (TAYLOR, 2004; AMARAL, 2005).
Posologia e modo de uso: Infusão: 1 colher (chá) de folhas para 1 xícara de água fervente. Tomar de 1 a 3 xícaras ao dia. O fruto maduro pode ser ingerido cru ou cozido (DUKE, 2009). Cozimento da raiz para afecções do fígado, do baço e icterícia(MATOS, 1997).
Referências:
AMARAL, Ana Cláudia F., SIMÕES, Elaine V., FERREIRA, José Luiz P (Coordenadores). Coletânea científica de plantas de uso medicinal. 20. ed. Rio de Janeiro. FIOCRUZ, 2005. Pp. 147-164
CUNHA, A. P.; SILVA, A. P.; ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p.120.
DUKE, J. A.; BOGENSCHUTZ-GODWIN, M. J.; OTTESEN, A. R. Duke’s Handbook of Medicinal Plants of Latin America. [S. I.]: CRC Press, 2009. p. 535-537.
LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2008. p. 455
MATOS, F. J. A. O Formulário Fitoterápico do Professor Dias da Rocha. 2 ed. Fortaleza: UFC Edições, 1997. p. 91.
RIBEIRO, I. M. et al. Avaliação da atividade tripanossomicida “in vitro” de Physalis angulata L. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 15, 1998, Águas de Lindóia, SP. [Águas de Lindóia], 1998. p. 56.
ROSAS, E. C. et al. Avaliação imunofarmacológica de frações da raiz de Physalis angulata L. (Solanaceae). In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 15, 1998, Águas de Lindóia, SP. [Águas de Lindóia], 1998. p. 73.
SIMAS, N. K. Physalis angulata L. – Coletânea Científica de Plantas de Uso Medicinal. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005. p. 147-160.
SOARES, R. O. A. et al. Avaliação da atividade antineoplásica, in vitro, de extratos de Physalis angulata L. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 15, 1998, Águas de Lindóia-SP. [Águas de Lindóia], 1998.
STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas Medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo: UNESP, 2002. p. 399-400.
TAYLOR, L. The Healing Power of Rainforest Herbs: A Guide to Understanding and Using Herbal Medicinals. [S. I.]: [s. i.], 2004.
TOMASSINI, T. C. B. et al. Investigação dos constituintes químicos presentes em Physalis angulata L. – Raízes – Parte II. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 14, 1996, Florianópolis-SC.
STEHMANN, J. R. et al. Solanaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB014697 – Acesso em: 17 de maio de2012.
http://www.tropicos.org/Name/29600086 – Acesso em: 24 de novembro de 2011