ALCACHOFRA
Cynara scolymus L.
Asteraceae (antiga Compositae)
Sinonímias: Cynara cardunculus L., Cynara cardunculus subsp. cardunculus L.
Nomes populares: Alcachofra, alcachofra-comum, alcachofra-cultivada, alcachofra-da-horta, alcachofra-rosa, carciofo, artichaut etc.
Origem ou Habitat: Originária do Mediterrâneo.
Características botânicas: É uma planta perene que pertence a família da asteraceae. Apresenta folhas grandes, talo longo pouco ramificado e um capítulo floral grande, composto por um receptáculo carnoso e numerosas flores de cor azul violeta ou púrpuras, implantadas sobre cálices provido de brácteas, que aparecem durante a segunda metade do verão. As folhas são simples e apresentam sabor amargo. Quando jovens, são sésseis e, quando maduras, apresentam um pecíolo curto. Quando totalmente desenvolvida varia de aproximadamente 70 cm a 120 cm de comprimento e 30cm a 55cm de largura.
Partes usadas: Brácteas e folhas.
Uso popular: Por terem uma concentração maior dos componentes da planta as folhas são a principal parte da planta quando se trata do uso medicinal, mas as brácteas tem um importante valor nutricional.
São utilizadas para fins medicinais envolvendo principalmente queixas no sistema digestivo, dispepsia, melhora no metabolismo lipídico, colagogo, náuseas, flatulência, diurético, urticária, asma e eczema além de melhorar o sistema urinário também.
Tem uma grande capacidade de diminuir a glicose pós prandial, diminuir os níveis de colesterol, triglicerídeos e LDL além de aumentar os níveis HDL, o que está associado ao seu uso para emagrecimento e controle de peso, auxiliando consequentemente no controle de comorbidades associadas com os níveis lipídicos como problemas cardiovasculares. É também muito usada pela sua capacidade hepato protetora, sendo inclusive responsável pela normalização de marcadores de danos hepáticos em estudos com ratos em uso de altas doses de paracetamol.
Composição química: Extensivos estudos têm se debruçado sobre a composição química das partes da alcachofra haja visto a sua importância na medicina cultural. Todos os estudos relatam uma quantidade grande de compostos fenólicos, flavonoide e taninos na composição de todas as partes desta planta mas principalmente nas folhas, substâncias que são responsáveis pelos efeitos fitoterápicos da planta. Em um estudo realizado com plantas cultivadas na Mongólia foram avaliadas a composição de flores, folhas e raízes em relação a quantidade de proteínas, carboidratos, lipídios e vitamina C; além de realizar uma análise fitoquímica comprovando a presença de compostos fenólicos, flavonoides e saponinas em todas as partes da planta, quantidade dos compostos foi avaliada também, sendo evidenciado diferentes concentrações nas partes, sendo as folhas da planta onde se encontravam em maior concentração.
Outro estudo, mais focado na caracterização dos compostos fenólicos presentes no extrato metanólico de folhas de Cynara scolymus compradas na região de Granada na Espanha, conseguiu identificar cerca de 61 compostos fenólicos, dentre os quais 34 foram identificados pela primeira vez. Dentre os compostos fenólicos caracterizados no estudo estão classificados em hidroxibenzóicos; hidroxicinâmicos (Ácido clorogênico, Ácido monocaffeoilquinico, Ácido dicafeoilquínico e derivados); flavonol (Rutin I e II); flavona (Luteolina, Apigenina, Cinaroside, Veronicastroside e derivados) e lignana.
Ações farmacológicas: As ações farmacológicas derivadas da Cynara scolymus são provenientes dos seus compostos majoritários ou de possíveis sinergias que aconteça com os compostos presentes no extrato. Estudos tentam elucidar como os componentes majoritários já identificados possam atuar nas células a fim de proporcionar os efeitos obtidos, alguns desses modelos atribuem a os efeitos redutores de peso a capacidade do extrato de inibir enzimas digestivas como a 𝛂-amilase, bloquear enzimas digestivas é uma maneira eficiente de diminuir a absorção de açúcares e proporciona uma sensação de saciedade.
A modulação do perfil lipídico pelo extrato das folhas acontece principalmente pela ação do ácido clorogênico e luteolin nas células hepáticas. Luteolin consegue diminuir a expressão de HNF4α (fator nuclear de hepatócito 4α) que consequentemente diminui a síntese de colesterol pela inibição da SREBP-2 (Proteínas de Ligação a Elemento Regulador de Esterol) e HMG-CoA Redutase. A redução na expressão de HNF4α também diminui a síntese de apolipoproteína B, diminuindo os níveis de LDL e VLDL. O ácido clorogênico consegue também diminuir a síntese de de colesterol por estimular AMPK e consequentemente diminuir a SREBP-2, é possível que o ácido clorogênico ainda tenha a capacidade de diminuir os níveis de triglicerídeos através da estimulação de Carnitina Palmitoil Transferase (CPT) que aumenta a β-oxidação e inibe a malonil-CoA.
A alcachofra ainda tem uma capacidade de modulação do sistema antioxidante nos hepatócitos, visto principalmente pelos resultados positivos no níveis de transaminases e ROS encontrados em experimentos com administração de extrato de folhas, os compostos mais prováveis de serem os responsáveis por esse efeito sendo o ácido cafeoilquínico e luteolin, estas têm potencial de diminuir a cascata de sinais da TLR4, que ativa a NF-κB. A NF-κB no núcleo consegue estimular várias citocinas pró-inflamatórias que vão danificar a célula e sua membrana consequentemente levando ao aumento dos níveis de transaminases no sangue.
Outra substância encontrada em abundância na alcachofra é o Inulin, este tem capacidade de modular o perfil lipídico através do ciclo entero hepático, quando ingerida em quantidade suficiente a inulina no intestino aumenta a demanda de sais biliares in situ, e diminui o retorno ao fígado fazendo assim com que o fígado aumente a bioconversão de colesterol em sais biliares e a sua excreção, levando a uma diminuição nos níveis de VLDL e LDL.
Interações medicamentosas: Não há estudos.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: A alcachofra está na cultura alimentar e medicinal de várias populações pelos séculos, a evidência da sua segurança é clara pela falta de relatos de intoxicações, apesar de reações alérgicas já terem sido reportadas em doses recomendadas. Apesar disso, a sua dose letal (LD50) foi identificada como sendo cerca de 2000 mg/Kg em ratos wistar.
Contra-indicações: A alcachofra é contra indicada na gravidez pelo seu efeito emenagogo e na lactação pela possibilidade de o leite materno ficar amargo. Além disso, para casos de cálculo biliar. Igualmente, em caso de fermentação intestinal ou alergias à alcachofra ou a outras plantas da mesma família, a utilização é igualmente contra indicada.
Posologia e modo de uso: Chás (infusão ou decocção): 10g de folhas em um litro de água, uma xícara após as refeições principais. Pode ser adicionado menta, ou outro corretor organoléptico para amenizar o gosto amargo da planta. Após o preparo, este deve ser consumido de imediato, uma vez que, com o tempo, podem surgir substâncias tóxicas derivadas das reações provenientes do preparo. O chá de alcachofra pode ser ingerido por períodos prolongados.
Folhas secas e trituradas: 5 a 10 g/dia misturadas em água morna;
Extrato seco (5:1): 1 a 2 g/dia, 3x ao dia, preferencialmente após as refeições;
Extrato fluído (1 g= 50 gotas): 6 a 15 g/dia, 3x ao dia, após as refeições;
Tintura alcoólica a 30%: 35 gotas após as principais refeições;
Alimentação: As inflorescências imaturas (cabeças) são alimentos de baixo valor calórico, ricos em fibras, minerais, compostos bioativos e ferro, pequeno teor de gorduras e rico em inulina (tipo de carboidrato), especialmente indicados para pacientes diabéticos, obesos, obstipados e anêmicos.
Observações: Aspectos nutricionais: O alto conteúdo de ferro encontrado na planta a torna indicada para pessoas com anemia. Em razão de ser um vegetal com baixo valor calórico, rico em fibras e baixo teor de gorduras, e com um conteúdo hidrocarbonado na sua maioria formado pela inulina (não gera glicose ao ser degradada), é indicada especialmente na dieta de pessoas com diabetes, constipação e obesidade
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