BOLDO SETE-DORES

04/01/2020 23:17

Plectranthus barbatus Andrews.
Lamiaceae (Labiatae) 


SinonímiasColeus barbatus (Andr.) Benth.

Nomes populares: Boldo, boldo-de-jardim, boldo-africano, boldo-silvestre, boldo-nacional, falso-boldo, boldo-do-reino, malva-santa, malva-amarga, sete-sangrias, sete-dores, folha-de-oxalá, tapete-de-oxalá. 
Origem ou Habitat: Originária da Índia (LORENZI; MATOS, 2008).

Observação: O nome popular “Boldo” deriva da espécie Peumus boldus, uma árvore da família Monimiaceae, conhecida e comercializada em lojas especializadas e farmácias como Boldo-do-Chile devido as suas propriedades colagoga e colerética nas dispepsias funcionais. Esta árvore é nativa da região ocidental dos Andes e não está aclimatada ao Brasil, onde comumente as espécies Plectranthus barbatus e Plectranthus ornatus , são conhecidas popularmente como “boldos” e utilizadas por terem o sabor amargo semelhante ao Boldo-do-Chile. Outra planta também conhecida pelo nome popular de “boldo” no Brasil é a espécie   Gymnanthemum amygdalinum (Boldo Alumã) pertencente a família Asteraceae e que também apresenta o sabor amargo.

Características botânicasÉ um arbusto perene, pubescente, com aproximadamente 1,5m de ni altura. Folhas com 4 – 8 cm de comprimento, 2,5 – 6 cm de largura, simples, opostas, ovado-oblongas, com margem dentada, pubescentes em ambas as faces, pecioladas. Inflorescência ereta, do tipo racemo. Flores azul-violáceas , com até 2 cm de comprimento, hermafroditas, fortemente zigomorfas, 5 pétalas e 5 sépalas, corola bilabiada, lábio inferior maior, em forma navicular. Fruto formado por quatro núculas.  Apresenta folhas pilosas (peludas),sendo esta uma importante característica que a diferencia das outras espécies, popularmente conhecidas como “boldo”. A especie é amplamente cultivada e utilizada na medicina popular em todo o país e pode ser propagada por estacas produzidas a partir dos seus cau umles, podendo ser cultivada em local com incidência direta de sol ou sombreado, sendo considerada uma espécie aclimatada e espontânea em todo o Brasil.

Partes usadas: Folhas.

Uso popular: Planta presente na maioria dos estudos etnobotânicos brasileiros, mostrando o largo uso medicinal feito pela população. A preparação mais comum é a maceração a frio de meia a uma folha empregado na má digestão, azia e mal-estar gástrico em geral, bem como em libações alcoólicas e alimentares. Também usa-se externamente, a infusão das folhas da planta no combate a piolhos.

Informações científicas: 🐁(AN): Estudo mostrou potencial anti-secretor e anti-úlcera de diterpenos isolados das folhas de P. barbatus. Extratos da decocção das folhas frescas de várias espécies do gênero Plectranthus apresentaram atividade inibitória sobre as enzimas ADH e Acetilcolinesterase.

Observação do uso clínico em Florianópolis:     O uso interno da maceração de meia folha da planta com água fria tem boa resposta para aliviar sintomas decorrentes de azia e má digestão.

Modo de usar

Uso interno: A infusão é preparada com ½ folha e uma xícara (200 ml) de água fria, amassando-se as folhas para extrair seu líquido que deve ser ingerido até duas vezes ao dia, por no máximo três dias seguidos.

Uso externo: O uso tópico local para afastar piolhos pode ser feito aplicando-se a decocção de 6 folhas da planta com 1 litro de água após esfriar e no momento em que a criança estiver tomando banho. Em crianças menores de 4 anos utilizar apenas 1 folha no preparo da decocção.

Tintura: Utilizar 20 gramas das folhas secas e rasuradas para 100 ml de álcool etílico 70% e armazenar em vidro escuro protegido da umidade e da luz. Tomar 50 gotas da tintura, diluídas em 75 ml de água, três vezes ao dia. A indicação dessa tintura é como auxiliar no alívio dos sintomas dispépticos

Cuidados no uso dessa espécie:

Devido à falta de estudos completos sobre interações medicamentosas desta espécie, o seu uso concomitante com outros medicamentos deve ser cauteloso (ver no tópico “interações medicamentosas”)

Não deve ser utilizado por gestantes, lactantes, crianças,hipertensos e portadores de obstrução das vias biliares. Não usar no caso de tratamento com metronidazol ou dissulfiram, medicamentos depressores do SNC e anti-hipertensivos.

Doses acima das recomendadas e utilizadas por um período maior do que os recomendados podem causar irritação gástrica

Há também casos de sensibilidade alérgica a esta espécie.

Em relação à tintura: não usar em pessoas com hipersensibilidade aos componentes da formulação, bem como em gestantes, lactantes, alcoolistas e diabéticos – em função do teor alcoólico.

Composição químicaAs folhas fornecem até 0,1% de óleo essencial rico em guaieno e fenchona, responsáveis pelo seu aroma, alguns constituintes fixos de natureza terpênica, como a barbatusina e ciclobarbatusina, e outros compostos correlatos e princípios amargos (MATOS, 2000).

  • Óleo essencial:β-O-cimeno, β-cariofileno, mirceno, dentre outros.
  • Diterpenos: Forscolina, Coleonol, Barbatusina, Forskoditerpeno A, Forskoditerpenosideo A – C, Barbaterpeno, Barbatusterol, dentre outros. -Monoterpenos: Cuminil-O-β-D-glicopiranosil-(1-2)-β-D-galactopiranosídeo, coleosideo B
  • Triterpenos:α-amirina, ácido coleônico, ácido miriântico, dentre outros.
  • Ácido búlulico, Ácido arjúnico e arjungenina
  • Tetraterpenos: Dialdeído de crocetina
  • Sesquiterpenos: α-credol e 4β, 7β , 11-enantioeudesmantriol
  • Flavonóides:Genkwanina, 7-O-metilapigenina, 7-O-glucuronídeo de apigenina e 7-O-glucuronídeo de luteolina.
  • Fenólicos: Ácido cafeico, Guaiacol glicerina éter e olexantona.
  • Glicolipídios: Monogalactosil diacilglicerol, digalactosil diacilglicerol, trigalactosil diacilglicerol, dentre outros.

Observações: É muito utilizado na medicina ayurvédica a espécie denominada C. forskohlii, na Índia(9). Na literatura consultada somente Cunha et al. (2003) considera Coleus forskohlii como uma espécie distinta de Plectranthus barbatus (sin. Coleus barbatus).

 

 

Referências:

ALASBAHI, R. H.; MELZIG, M. F.; Plectranthus barbatus: a review of phytochemistry, ethnobotanical uses and pharmacology – Part 1. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 76, n. 7, p. 61-653, mai. 2010.

ALBUQUERQUE,R. L. et al Diterpenos tipo abietano isolados de Plectranthus barbatus Andrews. Química Nova, v. 30, n. 8, p. 1882-1886, nov. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v30n8/a16v30n8.pdf – Acesso em: 10 de setembro de 2010.

AMINA, Musarat et al. Barbaterpene and Barbatusterol, New Constituents from Plectranthus barbatus Growing in Saudi Arabia. Letters In Drug Design & Discovery, [s.l.], v. 15, n. 8, p.851-856, 21 jun. 2018.

ANVISA. RDC N° 10/2010. Diário Oficial da União (Imprensa Nacional), 2010. Ano CXLVII, N° 46, Seção 1. p. 52-59.

BRUNETON, J. Farmacognosia: Fitoquímica, Plantas Medicinales. Tradução de Á. V. del Fresno; E. C. Accame; M. R. Lizabe. 2. ed. Zaragoza, Espanha: Acribia, 2001. p. 645

CARRICONDE, C. et al. Plantas medicinais & plantas alimentícias. Olinda: Centro Nordestino de Medicina Popular, 1996.

COSTA, M. A. et al Plantas e Saúde: Guia introdutório à fitoterapia. Brasília: Governo do Distrito Federal, 1992.

COSTA, M.C.C.D.; Uso popular e ações farmacológicas de Plectranthus barbatus Andrews. (Lamiaceae): revisão dos trabalhos publicados de 1970 a 2003. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 8, n. 2, p. 81-88, 2006.

CUNHA, A. P.; SILVA, A. P.; ROQUE, O. R. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. p. 246-247.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. p. 328-329.

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http://www.tropicos.org/Name/17602720?tab=synonyms – acesso em 2010.

PESQUISAR: Matos FJA, Alencar JW, Craveiro AA, Machado MIL 1988. Características distintivas de duas espécies de Coleus usadas em medicina popular. X Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, São Paulo, Brasil.

Amina et al., 2018; Waldia et al., 2011; alasbahi; Melzig, 2010; Santos et al., 2015.

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