ESTÉVIA
Stevia rebaudiana (Bertoni) Bertoni.
Sinonímias: Eupatorium rebaudianum Bertoni.
Nomes populares: Etévia, azuca-caá, caá-hé-e, caá-jhe-hê, caá-yupi, capim-doce, eira-caá, erva-adocicada, estévia, folha-doce, planta-doce, hah’e, estévia-de-brasília.
Origem ou Habitat: Nativa do Brasil, na área de domínio da Floresta Tropical Atlântica.
Características botânicas: Herbácea perene, semi-ereta, de 40-80cm, podendo chegar até 1 metro de altura, muito ramificada¹; caule pardo, pubescente, ramificado e folioso até o ápice; folhas simples, de pouco mais de 1cm de comprimento, opostas, subsésseis, obtusas e cuneiformes na base; flores esbranquiçadas, reunidos em pequenos capítulos terminais, e sua floração ocorre no verão; a raiz é pivotante. Geralmente perde a parte aérea depois de 1 ano, rebrotando em seguida a partir de sua parte subterrânea. Multiplica-se por sementes e estaquia.
Partes usadas: Folhas.
Uso popular: Conhecida durante séculos pelos índios guaranis do Paraguai e Brasil como adoçante, principalmente para adoçar o chá mate muito consumido por esses povos. É empregada com fins medicinais como tônico para o coração, contra obesidade, hipertensão, azia e para fazer baixar os níveis de ácido úrico. É usada como tônico vascular, exerce efeito calmante sobre o sistema nervoso, eliminando a fadiga, a depressão, a insônia e a tensão. Estimula as funções digestivas e cerebrais e age como anti-inflamatória. É refrigerante, diurética, antidiabética. É anticárie e contraceptiva. Usada contra obstipação (intestino preso). Na China, empregam a stévia como estimulante de apetite, enquanto os indígena do Paraguai atribuem a suas folhas propriedades contraceptivas (Alonso, 2004).
Composição química: Os resultados das análises fitoquímicas mostram a presença de 5 a 10% de steviosídeo (A,B,D e E), 2 a 4% de rebaudiosídio A e dulcosídio (A e B). Apresenta também steviobiosídio, saponinas, taninos e óleo essencial, que contém álcool benzílico, a-bergamoteno, bisaboleno, borneol, b-bouboneno, a e g-cadineno, calacoreno, clameneno, centaureidina, carvacrol, cosmosiina. O esteviosídeo é o principal componente da planta e tem um poder adoçante 300 vezes superior a sacarose e pode representar até 18% da composição total da folha.
- Ácidos fenólicos: Ácido clorogênico, ácido cafeico, ácido cinâmico, ácido cumarico, ácido gálico, ácido protocatecuico, 4-metilcatecol e sinapico.
- Flavonóides: Austrinulina, catequina, epicatequina, rutina, quercetina, dentre outros.
- Diterpenos (esteviolglicosídeos): Esteviosídeo, rebaudiosídeo A-F, esteviolbiosideo, dulcosídeo, óxido de rebaudi, dentre outros.
- Álcools alifáticos: Ciclodecanol, hexadecanol, iso-heptadecano, dotriacontanol.
- Alcalóides de polihidroxi-indozilidina: Esteviamina
- Triterpenos: β-amirina
- Esteroides: β-sitosterol e estigmasterol.
Ações farmacológicas: A planta possui uma importante atividade hipoglicemiante, e a maior parte dos estudos centraram-se nesta propriedade. Estudos com humanos (diabéticos e obesos) demonstraram que as curvas de tolerancias a sobrecarga de glicose pós-prandial foram melhores naqueles que receberam o extrato da stévia, comparado ao hipoglicemiante oral (glibenclamida). No Paraguai, estudos também realizados em humanos, mostraram resultados satisfatórios como hipoglicemiante, sem efeitos adversos. Tanto o esteviosídio quanto o rebaudiosídio A demonstraram um efeito protetor frente aos germes constituintes da placa bacteriana dental. Também se constatou um efeito bactericida em extratos aquosos da stévia contra uma ampla gama de bactérias infectantes de alimentos, como a E. coli. In vitro, o extrato inibiu a replicação de quatro sorotipos de rotavirus humano. Vários experimentos com animais demonstraram atividade anti-hipertensiva do componente esteviosídio, inibindo o efeito contrátil de vasopressina e fenilefrina no músculo liso de ratas.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Cerca de 1.000 toneladas anuais de extrato de stévia são consumidas no Japão, sem que nenhum efeito tóxico tenha sido denunciado ao Japanese Food and Drug Safety Center. Estudos com animais não mostraram índices de toxicidade.
Contra-indicações: Alguns usos populares indicam a stévia como contraceptiva. Na literatura consultada, apenas Duke, no Medicinal Plants of Latin America, coloca que o uso da stévia deve ser evitado na gestação e lactação, já que os dados que atestam a segurança do uso nessas condições são insuficientes.
Posologia e modo de uso: Infusão de uma colher de chá de folhas por xícara, 2 vezes ao dia. As folhas secas podem ser trituradas, resultando em um pó fino, de 10 a 15 vezes mais doce que o açúcar. Outra preparação como adoçante recomenda uma colher de sopa das folhas verdes para cada copo de bebida. Outra infusão, com uma colher de chá de folhas por xícara, filtrada e com a adição do suco de um limão e gelo também é recomendada. Toma-se um copo por dia.
Referências:
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