BUCHINHA-DO-NORTE
Luffa operculata (L.)Cogn.
Cucurbitaceae
Sinonímias: Momordica operculata L., Momordica purgans Mart., Luffa purgans (Mart.)Mart., Luffa astorii Svenson, Luffa operculata var. intermedia Cogn., Luffa operculata var. lobata Cogn., entre outros.
Nomes populares: Buchinha-do-norte, cabacinha, abobrinha-do-norte, buchinha-paulista, buchinha, bucha, purga-de-paulista, purga-dos-frades-da-companhia (Brasil), esponjilla, esponjuelo, pepino de monte, zapallito de monte (Espanha).
Origem ou Habitat: É nativo da América do Sul, principalmente do Brasil.
Características botânicas: Trepadeira herbácea escandente, com gavinha ramificada, anual, caule muito ramificado, volúvel (caule aéreo fino e longo, com pouca rigidez por isso tende a se enrolar em suportes mais rígidos), delgado, medindo até 10 m de comprimento.Folhas simples e cordiformes, tri a pentalobadas, medindo de 2-8 cm de comprimento por 3-15 cm de largura. Flores amarelo-pálidas com 5 pétalas, medindo 2 cm aproximadamente. Os frutos são ovoides ou fusiformes, de superfície rugosa e conteúdo esponjoso, medindo, aproximadamente, 5 cm de comprimento e pesando em torno de um grama, com três cavidades longitudinais contendo numerosas sementes escuras, achatadas e lisas.
Partes usadas: Frutos maduros e secos (bucha fibrosa interna).
Uso popular: Nas práticas caseiras da medicina tradicional do Nordeste é empregada como descongestionante nasal, para tratar sinusite, como emenagogo e como abortivo.
No Brasil, a infusão do fruto seco de Luffa operculata é utilizada para inalação ou instilação nasal, resultando em liberação profusa de muco que alivia os sintomas nasossinusais, mas há relatos freqüentes de irritação nasal, epistaxe e anosmia.
Na Europa e nos EUA, está em medicamentos homeopáticos.
Hoje existe no mercado nacional um preparado para uso nasal à base de Luffa operculata 1% e soro fisiológico, de venda livre nas farmácias.
Composição química: A análise fitoquímica de Luffa operculata revela a presença de glicosídeos, saponina, esteroides livres, fenóis, ácidos orgânicos e resina. Na resina são encontrados elaterina A, cucurbitacinas B e D e isocucurbitacina B (MATOS, 1979). Também são encontrados em menor quantidade buchinina, buchina e luffanina (alcaloides), citrulina, metacarboxi-fenilalanina e luperosídeos (CACERES, 1996; SOUSA NETO, 2006).
Ações farmacológicas: Vários trabalhos científicos relatam que a Luffa operculata Cong. possui várias atividades farmacológicas, tais como: citotoxicidade, atividade antiinflamatória, antitumoral, antioxidante e antimicrobiana.
Interações medicamentosas: Não encontrado na literatura pesquisada.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: É abortiva, irritante das mucosas, sendo que 1g do extrato é letal para 1 homem de 70 Kg. De acordo com alguns usuários, a administração sob a forma de inalação, além de causar irritações severas, provoca hemorragia nasal. Nos casos de intoxicação, através da ingestão de chás preparados com o fruto, foram relatados náuseas, vômitos, diarreia, cólica e dor de cabeça
Em preparações homeopáticas por via nasal e oral não foram evidenciadas sinais de toxicidade ou intolerância.
Contra-indicações: Não administrar durante a gravidez e amamentação, nem em casos de úlceras gástricas.
Posologia e modo de uso: Uma receita popular no Nordeste para tratar rinossinusites: extrato aquoso preparado com 1/4 do fruto seco lavado 9 vezes sucessivas com um pouco de água (500 ml) e deixado o material lavado em maceração na nona água durante a noite; para o tratamento coloca-se algumas gotas nas narinas, após o que ocorre intensa eliminação de secreções, deixando uma sensação de queimadura interna que pode ser seguida de hemorragia nasal, se for usado extrato muito concentrado.
Há recomendação na literatura do uso do extrato aquoso a 0,5-1% por instilação de 2 a 3 gotas no nariz, duas vezes ao dia, para tratar sinusite.
Observações:
A espuma observada no preparo das infusões pode ser atribuída à presença de saponina na Luffa operculata. Como os detergentes, ela não propriamente emulsifica, mas determina uma alteração da tensão superficial da mucosa provocando polarização, que resulta em efeito cáustico no tecido. Assim, a saponina deve ser o componente verdadeiramente irritante. Em doses terapêuticas, as saponinas são princípio ativo de alguns medicamentos mucolíticos.
O gênero Luffa é composto por oito espécies. Conforme MIYAKE (2004) Luffa cylindrica Roem. diferencia-se da Luffa operculata Cogn. , por se tratar de “esponja vegetal”, cujos frutos são maiores, oblongos e cilíndricos com até 35 cm de comprimento. A Luffa cylindrica Roem. é conhecida pelo nome de bucha-dos-paulistas, fruta-dos-paulistas, bucha-dos-pescadores, esfregão, pepino-bravo. Sendo usada para higiene pessoal e limpeza geral.
Referências:
ALONSO, J. Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos. Rosario, Argentina: Corpus Libros, 2004.
LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa , SP: Instituto Plantarum, 2002.
MATHEUS Dellaméa Baldissera , Priscila Marquezan Copetti, Pablo Sebastian Britto de Oliveira e Michele Rorato Sagrillo – Eeito genotóxico in vitro do extrato aquoso de Luffa operculata sobre células mononucleares de sangue periférico. Disciplinarum Scientia Série:Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 15, n. 1, p. 1-10, 2014. Acesso 02 Março 2015
MÔNICA Aidar Menon-Miyake; Paulo Hilário Nascimento Saldiva; Geraldo Lorenzi-Filho; Marcelo Alves Ferreira; Ossamu Butugan; Regiani Carvalho de Oliveira – Efeitos da Luffa operculata sobre o epitélio do palato de rã: aspectos histológicos. Rev. Bras. Otorrinolaringol. vol.71 no.2 São Paulo Mar./Apr. 2005 – Acesso 02 Março 2015 –
REBEKA Alves Caribé: Abordagem da atividade biológica do extrato de Luffa operculata Cogn. (CUCURBITACEAE) – Dissertação de mestrado: UFPE, Recife, 2008. – Acesso 02 Março 2015
http://www.brasilescola.com/biologia/caule.htm – Acesso 27 Fev 2015.
http://www.tropicos.org/Name/9200612 – Acesso 25 Fev 2015.